terça-feira, 2 de outubro de 2018

CAPÍTULO LX - O ASTRÓLOGO COMO CIENTISTA, ARTISTA E SACERDOTE-PROFESSOR


Os símbolos do círculo, seus quadrantes, os Signos zodiacais, os Astros e seus Aspectos devem ser entendidos como sendo símbolos essenciais da vida, seus objetivos e funções, isso se colocarmos a Astrologia no justo lugar da família das iluminações. A abordagem que considera qualquer coisa descrita na astrologia como essencialmente má torna, relativamente, impossível se realizar adequadamente o trabalho construtivo; e mais, tal abordagem tem quase tanta correspondência com a verdade astrológica como o tem a versão cristã do “infernofogo-e-condenação” com os ensinamentos básicos e luminosos de Jesus.
Filosofia significa “Amor à Sabedoria” e são vários os caminhos que se oferecem aos seres humanos para alcançar o conhecimento. Considerando que a Astrologia é um dos principais caminhos por onde a humanidade pode obter a iluminação, dedicamos este trabalho a todos os estudantes para que possam obter um reconhecimento mais claro dos três caminhos que deveria ser percorrido por eles, em algum grau, se eles estão firmes em realizar seus objetivos como “astrofilósofos”.
A roda do horóscopo e seus “ingredientes vibratórios” contém os segredos essenciais de toda classe dos esquemas humanos em todas as suas formas, níveis e graus. A progressão da roda, do Ascendente à décima segunda Casa, caminhando na ordem inversa à dos ponteiros do relógio, abre à nossa visão o “para frente e acima” do desenvolvimento evolucionário, que se expressa pela canção do “EU SOU”, em seus quatro quadrantes. A “Trindade Cósmica” é fisicamente manifestada no que usualmente chamamos “as três dimensões” de comprimento, largura e altura, mas nenhuma dessas três dimensões pode se manifestar sem as outras duas. Essa tri-unidade de uma dimensão física composta tem sua correspondência astrológica na tri-unidade da divisão de cada quadrante de três Casas; os quatro quadrantes são então vistos para expressar a totalidade da roda em doze Casas – os quatro níveis de consciência e desdobramento tridimensional. Essa é a representação simbólica do “Progresso do Peregrino”. 
Já que os esquemas da roda de doze Casas descrevem o progresso essencial de todo o desenvolvimento humano, então, naturalmente, seus símbolos podem ser relacionados às nossas experiências, como astrólogos. Em outras palavras, certas faculdades e qualidades específicas da consciência, abarcam, em conjunto, o aspecto “astrológico” de nosso ser; e por um determinado número de encarnações esse ramo de consciência é empregado de um certo modo, como um fator da nossa evolução.  
Nossa “consciência astrológica”, por causa das suas especializações, pode ser admitida como uma “sub-entidade”, na entidade de nossa consciência composta, do mesmo modo que poderíamos dizer, que o “amarelo” ou o “roxo” são sub-entidades de um conjunto que chamamos “cor”.  Cada sub-entidade tem, naturalmente, suas divisões principais que, por sua vez, têm infinidades de formas de expressão. Assim acontece com a roda e os Signos que se subdividem em decanatos, graus, minutos e segundos. 
A “parte astrólogo” da consciência do ser humano é um conjunto de fatores que o torna cientista, artista e sacerdote-professor. Assim como as vibrações cardinais de cores estão ligadas entre si pelas suas gradações, então esses três correlativos humanos se misturam para criar o “espectro” da consciência astrológica. Todos os que trabalham em astrologia tendem, em determinado grau, a se alinhar, essencialmente, com uma dessas três categorias, mas devemos atingir a “síntese de nós mesmos”, com todas as três, se queremos que o nosso desenvolvimento astrológico seja completo e organizado.
Os significados essenciais das três primeiras Casas contêm os segredos dos três quadrantes remanescentes: 2ª, 3ª e 4ª sendo “extensões” do primeiro. Considerando como uma visão de “raio-X” do primeiro quadrante, podemos desbloquear o segredo dessas qualidades e capacidades da consciência humana que, em uma expressão especializada, dão uma definição ao nosso “eu astrológico” – a soma de quais imagens da humanidade como “astro-filósofo”. 
A primeira Casa: o Ascendente de cada horóscopo é a primeira declaração de “EU SOU”; o envoltório físico que instrumentaliza a consciência é a ciência do ser e da manifestação física; é a consciência da “existência” de todas as coisas; é a consciência exotérica que identifica a humanidade como fator no Universo manifestado; no início o ser humano  percebe essa manifestação como forma exterior a si; subsequentemente, na crisálida da consciência da primeira Casa, ele percebe a multidimensionalidade da vida, por meio do conhecimento e da realização “esotérica” ou “subjetiva”.
Como expressão da primeira Casa, o astro-filósofo é “astrólogo-como-cientista”. Sua abordagem busca se firmar no seu desejo de compreender a expressão física da vida, sob ângulo diferente do que ele já tinha conhecido antes. Sua atenção está focalizada na forma; ele, naturalmente, presta uma atenção cuidadosa na qualidade e mensuração das coisas.  Ele treina a si mesmo, com meticulosa precisão, em relação aos cálculos matemáticos, porque sabe que eles constituem o esqueleto sobre o qual se desenvolverão suas habilidades interpretativas. Ainda mais, ele procura desvendar os segredos dos símbolos abstratos e na proporção em que eles participam dos processos de manifestação do Mundo Físico. Ele reconhece que as funções da humanidade pelos seus princípios especializados, da mesma forma como uma máquina funciona, segundo seus princípios mecânicos. Estuda os eventos na medida em que surgem, dentro do aspecto formal dos esquemas astrológicos em ação. Estuda seu próprio tema em termos sincronizados de eventos com os Aspectos, isto é, procurando relacionar as influências e experiências que sente com os Aspectos de seu tema. Nos primeiros estágios de desenvolvimento identifica seus Aspectos relacionando-os com as vibrações exteriores.
Uma vez que ele é “expressão da primeira Casa”, o astrólogo-cientista é um pioneiro astrológico. Ele é um desbravador no sentido de que ele “projeta” o conhecimento das verdades astrológicas no seu círculo de convivência e de associações. É um “estimulador” que leva o conhecimento de “um novo assunto” a seu círculo imediato de relacionamento ou ao mundo em geral.
Os desenvolvimentos do astrólogo-cientista são mostrados pela primeira Casa do segundo e terceiro quadrante, isto é, da 4ª e 7ª Casas. É através delas que o astrólogo-cientista começa a desenvolver seus conhecimentos subjetivos, porque, nesses níveis, ele deve se converter seus “olhos de astrólogo-cientista” nos temas daqueles a quem ele é projetado nos padrões de família e dos relacionamentos. A “cientificidade” de sua abordagem é impulsionada, naturalmente, para tentar entender os temas daqueles que lhe são mais queridos e próximos, no relacionamento pessoal. O astrólogo-cientista falhará, nesse ponto, se permitir a influência de sentimentos em relação à pessoa cujo horóscopo esteja interceptado. O objetivo, não emocional, científico da parte dele deve ser treinado e disciplinado para se manter naquilo que é verdade, sem se identificar com sentimentos que ele tem pela pessoa cujo tema ele está estudando. Desse modo, o astrólogo-filósofo provará o valor do trabalho “impessoal” da natureza de desejos; torna possível uma técnica em que a Mente pode ser treinada a “ver claramente”, a despeito das solicitações de sua natureza de desejos; como astrólogo-filósofo, nós devemos adquirir e manter essa atitude impessoal e científica em relação a todos os temas.
Na expressão da décima Casa, o astrólogo-cientista expande seus estudos pela inclusão da compreensão de muitos, senão de todos os padrões de interpretação. Ele estuda a astrologia horária; ele estuda os temas de nações e dos governos, dos grupos, de instituições e dos eventos que afetam a muitas pessoas. Estuda a astrobiologia e astrodiagnose; ele sabe alguma coisa de como um mesmo assunto é encarado por “sistemas diferentes” de análise. Em outras palavras, essa cientificidade se amplia a fim de possuir melhor compreensão das vibrações essenciais de todas as espécies de manifestação da vida objetiva da humanidade. O astro-cientista que mantém seu interesse não comercial no assunto tem a melhor chance de se desenvolver de forma rítmica e natural. 
A segunda Casa, abstratamente regida por Vênus, é o correlativo feminino da primeira Casa. Ela é a primeira das Casas Fixas. Sua cúspide é o ponto inicial do símbolo-Trígono, que inicia aqueles níveis de consciência pelos quais o astrólogo artista nasce. É o único Signo feminino do primeiro quadrante e inicia as duas triplicidades dos Trígonos dos Signos de Terra e de Água que abrangem a simbolização dos recursos e afinidades emocionais da humanidade; o impulso para amar, para transmutar, o impulso para beleza, para dar o aspecto estético das visões, inspirações, aspirações, sonhos e ideais de toda ordem. 
O termo “astrólogo-artista” é usado para designar aquela parte de nossa consciência que lança a primeira Casa em termos de identidade com as demais e não meramente a “compreensão das coisas”. A segunda Casa é o centro de amor que toda vocação artística cultiva. Por ela, todo serviço verdadeiro é projetado e todo refinamento realizado. O astrólogo-artista vê na astrologia um canal para a liberação de suas necessidades emocionais; também, por meio do conhecimento acumulado em seu “estágio científico”, ele expressa o desejo de harmonizar e embelezar a vida humana, trazendo para os demais um conhecimento da bondade e das belezas essenciais contidas nos grandes Princípios da Vida, tais como esses são simbolicamente expressos. 
A mola mestra da motivação do astrólogo-artista é a simpatia, um atributo básico da consciência feminina (segunda Casa: Touro, regido por Vênus, ponto de exaltação da Lua). Ele quer ajudar, encorajar, consolar, elevar e inspirar. Se ele não estiver firmado nos requisitos do “estágio científico”, seu impulso para ajudar e para expressar seu sentimento de simpatia podem ser, até certo ponto, impedidos, porque ele falhou em treinar a si mesmo nas técnicas sobre o assunto. Em outras palavras, por motivação pessoal intensa, do centro dos sentimentos ele deve desenvolver o “lado da forma” do assunto, a fim de que sua interpretação resulte em figuras precisas. Por seu apego à sinceridade de motivação, o astrólogo-artista evita as armadilhas que possam lhe surgir no caminho, oriundas de todos aqueles cuja afinidade emocional é a nota-chave de suas naturezas. Essas armadilhas poderiam ser a simpatia descontrolada pelo conhecimento; a falsa piedade pela qual ele se arrisca a voltar ao ponto de uma nova direção que foi mostrado no tema e o malogro na percepção de COMO CADA INDIVÍDUO PODE APRENDER A SE AJUDAR A SI MESMO PELA COMPREENSÃO DE SUA PRÓPRIA NATUREZA.  O astrólogo-artista “completo” cultiva o desapego e neutralidade para evitar o contágio emocional das pessoas cujo horóscopo examina; ele utiliza seu conhecimento do Princípio de Causa e Efeito na conformidade em que ele se manifeste no horóscopo, vendo como essa Lei age nesse horóscopo. Contudo, seu Coração, sua Mente e suas mãos estão abertos e dispostos para receber e ajudar a todos que necessitem de uma orientação; o astrólogo-artista é fiel à verdade e se exercita naquelas áreas de consciência e faculdades, por meios das quais a inspiração e a intuição brotam, para ajudá-lo gradativamente mais. 
A terceira Casa é onde o astrólogo-cientista combina as qualidades da primeira e segunda Casa, lhes adicionando o conhecimento da consciência humana e tornando possível a interpretação dos esquemas astrológicos em suas fases mais profundas e subjetivas. Ele tem habilidade, uma mentalidade treinada e uma técnica perfeita. A todas estas qualidades junta um coração compassivo – uma consciência calorosamente receptiva para com as íntimas necessidades de seus semelhantes.
Para isso, acrescenta ao anterior, um completo domínio mental do significado de todos os símbolos astrológicos e esquemas, de conformidade com o que exprimem dos estados de ser de relacionamento e de evolução e não apenas para mostrar os acontecimentos e sofrimentos. Considerando que a terceira Casa é polarizada na nona Casa, vemos que o astrólogo-filósofo do tipo da terceira Casa é cientista, artista e professor. A composição de sua consciência lhe permite que seja designado como sacerdote-professor ou astrólogo-sacerdote. É um “irmão mais velho” para todos os que nele buscam orientação, porque passou pelos estágios de experiência pelos quais passaram os que lhe solicitam ajuda e pode, por isso, compreendê-los muito bem. Compreende os outros por meio de suas próprias experiências.
Conhece o sexo e o casamento, em variadas vivências, porque destilou compreensão de suas encarnações passadas, como homem e como mulher; ele conhece a condição de marido e esposa, paixão e sacrifício, infância e paternidade. Sabe que o exterior é um reflexo do interior e busca, sempre, fazer que os outros se familiarizem com essa verdade. Permanece como intermediário amoroso entre a ignorância do ser humano e sua iluminação; o astrólogo-sacerdote desempenha a mesma função em seu serviço astrológico que qualquer sacerdote sincero cumpre suas tarefas de cerimônia religiosa; como sacerdote, “vê o problema” do vantajoso ponto de vista da sabedoria. O astrólogo-cientista conhece o efeito das forças vibratórias sobre os indivíduos e grupos; e o astrólogo-sacerdote compreende a vida vibratória da humanidade. O cientista é objetivo, o sacerdote é subjetivo; o artista pode ser uma coisa ou outra, pois depende de sua ligação a uma ou a outra, em menor ou maior intensidade. Contudo, a motivação do astrólogo-sacerdote não é científica; embora também inclua aquele aspecto, iluminando e valorizando sua consciência, que abrange os mais elevados e transcendentais níveis da Mente e do Coração.
O desenvolvimento do astrólogo-filósofo como sacerdote-professor é muito interessante porque a última fase de sua “cruz” (os Signos Comuns) é a décima segunda Casa: o “final” da roda. Sendo ele um composto dos dois primeiros tipos e mais alguma coisa, seu desenvolvimento é resultado de experiência e de méritos comparativamente maiores dos que os conquistados pelos outros dois aspectos.
Em seu “primeiro estágio”, o astrólogo-sacerdote é o moralista, sub-expressão da nona Casa. Suas interpretações literais são necessárias porque ele ainda não tem suficiente experiência para dar forma à sua compreensão. Nesse nível, o astrólogosacerdote vê o tema como um “desenho do bem contra o mal”. Uma vez que permaneça como ponto de diferenciação desses dois fatores na Mente das pessoas a quem orienta, elas são atraídas a ele pelo poder vibratório da simpatia: sua “consciência moral”, ponto focal de suas interpretações. Muitas vezes, nessa posição, ele não pode perceber a “relatividade” daquilo que chama de “bem e mal” e lê no tema de quem lhe procura seus próprios padrões. Ele pode ter o melhor dos dois primeiros tipos, mas, nesse estágio, a verdade lhe é de certo modo vedada. A polaridade da terceira Casa e da nona Casa resulta do quadrante iniciado pela sétima Casa, realizada pelas transmutações da oitava Casa. A compreensão decorrente está representada pela nona Casa. É o que o astrólogo-filósofo, como astrólogoprofessor, se empenha em desenvolver, como a porta para um quarto-quadrante.
A terceira Casa “floresce” na sétima e décima primeira Casas; nesses pontos, o astrólogo-sacerdote encontra o “paralelo” entre ele e todas as pessoas; a medida que seu desenvolvimento progride pelas transcendências de suas experiências, ele realiza o amor-sabedoria. Ele reconhece o humano é a suspensão do cósmico em todas as suas expressões e, em si mesmo, ele encontra aquilo que reflete as soluções dos problemas das pessoas a quem deseja ajudar. Então, entende que o objetivo composto do astrólogo-filósofo é perceber que o pior da pessoa a quem deseja ajudar é o seu pior, em algum momento do passado; o melhor é uma iluminação nos cantos escuros das condições e reações da pessoa a quem deseja ajudar daquelas condições. Sua sabedoria e seu amor se tornam, desse modo, insondáveis, no redirecionamento dos padrões humanos.

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