terça-feira, 5 de março de 2013

CAPÍTULO XVII - O MANDALA ASTROLÓGICO




Mandala é um desenho abstrato utilizado por um artista criativo para concentração e meditação. O mandala esboça a essência de um conceito artístico; meditando sobre ele o artista concentra suas faculdades inspiradas, às quais posteriormente dá forma através da pintura, da escultura ou de qualquer outro meio que use para se expressar.

O astrólogo é um artista interpretador cujo mandala essencial é o desenho comumente conhecido como horóscopo natural. Ponha nas cúspides de uma roda astrológica, e na devida ordem, os símbolos dos signos zodiacais, começando naturalmente por Áries na cúspide do Ascendente, Touro na segunda cúspide, etc.. A seguir ponha os símbolos do Sol, da Lua e dos estelares nos signos e casas de suas dignificações; Marte em Áries, na primeira casa; Vênus em Touro e Libra, nas segunda e sétima casa; Mercúrio em Gêmeos e Virgem na terceira e sexta casa; a Lua em Câncer, na quarta casa; o Sol em Leão, na quinta casa; Plutão em Escorpião na oitava casa; Júpiter em Sagitário na nona casa; Saturno em Capricórnio na décima casa; Urano em Aquário na décima primeira casa; Netuno em Peixes na décima segunda casa.

O desenho resultante da colocação desses símbolos em volta e dentro de um círculo com doze secções iguais é considerado pelo autor o maior mandala criado pela mente humana. É o símbolo composto da natureza vibratória da entidade a que chamamos humanidade. O horóscopo calculado para a encarnação de qualquer ser humano é uma variação deste mandala; os mesmos elementos essenciais são encontrados em todos os horóscopos de toda a humanidade, qualificados em cálculos somente pelas diferenças de datas, horas e locais de nascimento.

O “Grande Mandala”, como o chamaremos, é um símbolo composto de tal magnitude e complexidade que a imaginação se embaraça quando o contempla. É bom formar o mandala passo a passo, desde o começo.

Use uma folha de papel em branco, calcule exatamente o centro e ponha nele um ponto. Este ponto é o símbolo da Consciência que torna possível a manifestação de uma galáxia, um sistema solar ou a encarnação de um ser humano. Ele é o símbolo essencial da “existência” em todos os planos.

Trace uma linha vertical do comprimento do papel e que passe pelo ponto; esta linha representa o princípio dinâmico, energizante da Natureza – o símbolo da geração cósmica, da “existência” no processo de tomar forma, o símbolo essencial do sexo masculino. Agora trace outra linha que passe pelo ponto, desta vez horizontal e da largura do papel; esta linha é o aspecto subjetivo da “existência”, o símbolo essencial da forma em si, o princípio feminino da Natureza – aquele que é energizado ou sobre o qual atua. Até aqui o traçado representa uma irradiação de um ponto central – a Consciência, um composto dos princípios dinâmico e subjetivo, as linhas essenciais de força pelas quais a manifestação se realiza, o padrão da cruz que é o símbolo eterno da “existência objetivada”. Esta parte do desenho – um abstrato geométrico – pode ser chamada de mandala básico e pode ser usada para meditação por todos os astrólogos. É o esqueleto de toda a estrutura do horóscopo, a representação da Paternidade-Maternidade de Deus e o símbolo essencial do sexo cósmico que resulta na manifestação física.

Existe uma indefinição acerca da aparência do mandala básico descrito acima; as linhas a partir do ponto central podem prolongar-se indefinidamente – pelo que é transmitida uma impressão de caos, ou de algo sem forma. Uma vez que a manifestação (encarnação) serve ao propósito da evolução, e as forças evolutivas sempre requerem formas específicas como instrumentos, vão dar agora o próximo passo para criar, em nosso mandala básico, um campo de propósitos evolutivos.

Com a ponta de um compasso no ponto faça um círculo; a circunferência resultante interceptará, naturalmente, as linhas vertical-dinâmica e horizontal-subjetiva duas vezes. Desde que todos os pontos na circunferência de um círculo são eqüidistantes do centro, criamos agora, simbolicamente, um campo perfeito designando um instrumento para as forças evolutivas; cada um dos quatro setores do círculo é igual ao outro em área, como são iguais os hemisférios inferiores e superiores e os dois hemisférios laterais ou verticais.

Agora apague as linhas levemente traçadas fora do círculo e intensifique as linhas da circunferência e as linhas vertical e horizontal dentro da mesma. O resultado pode ser chamado “Mandala da Encarnação”. Sua forma é definida – uma coisa fechada em que certas especificações das forças evolutivas podem atuar. Este Mandala da Encarnação pode ser utilizado como um ponto focal para meditação sob dois pontos de vista:

  a) de dentro para fora,

  b) de fora para dentro.

O astrólogo deve flexibilizar tanto sua habilidade interpretativa que nunca perca de vista o significado espiritual de qualquer Carta astrológica que estude.

  1) De dentro para fora: A Vontade criadora de Deus expressando-se através de uma manifestação; a centelha Divina inerente à consciência de cada e todo ser humano irradiando em todos os fatores da experiência individual.

  2) De fora para dentro: O Amor Divino e a Sabedoria Divina protegendo e interpenetrando cada ponto de manifestação; a manifestação sendo “cingida pelos Braços Divinos e sempre à vista dos Olhos Divinos”; o ser humano busca encontrar em sua consciência a origem de suas condições e os canais para se expressar melhor; ele volta a conscientizar-se de seus poderes e potencialidades; sua consciência é refletida por sua condição externa – as irradiações a partir do Centro – mas o Centro permanece eternamente como origem de tudo o que ele experimenta. A “Vida” de um horóscopo está dentro da circunferência, não fora dela; portanto nós não achamos nossas soluções essenciais fora de nós mesmos, mas em nossa particular expressão da Consciência Eterna e em nossa compreensão cada vez mais profunda deste fato.

Embora pareça simples, o círculo com sua divisão em quadrantes por duas linhas retas é um mandala de enorme complexidade. Se considerarmos que o círculo em si é ativado ao ser bisseccionado pela linha horizontal, os dois hemisférios que resultam dessa bissecção são em si indiferenciados e inativos; sua ativação torna-se possível pela linha vertical.

Cada bissecção simboliza o Princípio Cósmico de Dualidade – a duo-unidade. O “Dinâmico” e o “Subjetivo” são atributos inerentes a qualquer parte de qualquer manifestação. Como tais, estas duas palavras, em conjunto, são expressas pela palavra “sexo” quando se referem à Vida encarnada. Sexo ativado é geração e regeneração – o “prosseguimento” da Vida. Qualquer dos dois pares de hemisférios, justaposição, resulta no composto Um; nenhum dos pares pode representar a Vida funcionando criativamente sem a ignição fricativa do outro par. Para meditação, trace círculos em que estejam representadas individualmente essas bissecções; cada par de hemisférios pode ser tomado para representar uma expressão de geração cósmica.

À representação plana, bidimensional do círculo dividido em quatro será dada agora, abstratamente, uma dimensão adicional.

O Mandala da Encarnação é uma matriz essencial; mas encarnação implica em expressão dessa matriz na forma física. Os termos comprimento altura e profundidade são normalmente considerados, expressões diferentes das dimensões físicas. Quando consideramos que toda manifestação física é tridimensional compreenderemos que comprimento, altura e profundidade são três atributos de uma dimensão essencial – a dimensão da manifestação física. Cada um dos quadrantes do Mandala da Encarnação é um nível especializado de Consciência e, correspondentemente, de experiências. Uma vez que a experiência é refletida na dimensão da manifestação física e interpretada pela consciência, aplicaremos o princípio de três dimensões em uma ao Mandala da Encarnação.

Partindo do centro do círculo, ou por meio de mais quatro diâmetros de polaridade, subdividida cada quadrante em três seções iguais. Isto constitui a divisão em doze partes da roda que usamos como casas ambientais do horóscopo. As três dimensões de cada setor não são comprimento, altura e profundidade, mas são em termos de signos, dimensões de consciência refletidas pelas casas como dimensões de experiência.

A dimensão da primeira casa de cada quadrante (primeira, quarta, sétima e décima casa) é a declaração do Ser – o “Eu Sou”: Primeira casa, eu sou um indivíduo; quarta casa, eu sou um aspecto individual de uma entidade chamada grupo de família ou consciência familiar; sétima casa, eu sou um dos dois fatores de um padrão de relacionamento emocional intensamente focalizado; décima casa, eu sou um aspecto individual da entidade chamada humanidade.

A dimensão da segunda casa de cada quadrante (segunda, quinta, oitava e décima primeira casa) é a posse do recurso emocional pelo qual a vida da casa cardeal anterior é sustentada. Segunda casa, minha vida física é sustentada materialmente pelo exercício da minha consciência de posse e capacidade administrativa e por intercâmbio com outras pessoas; quinta casa, minha consciência de família é sustentada pelas liberações de meu recurso de amor criador; oitava casa, minha consciência de relação é sustentada pela transmutação de minhas forças de desejo através do exercício da minha consciência amorosa no intercâmbio emocional com meus complementos; décima primeira casa, minha identidade como um aspecto da entidade universal – chamada humanidade – é sustentada através do exercício de minha consciência amorosa impessoal e espiritualizada.

A dimensão da terceira casa de quadrante (a terceira, sexta, nona e décima segunda casa) é a destilação impessoal das duas casas anteriores. Terceira casa, faculdades intelectuais pelas quais eu identifico o mundo das formas; sexta casa, minha criatividade expressa como serviço à vida através do melhor que possa como trabalhador; nona casa, sabedoria – compreensão espiritual – destilada da regeneração do desejo através da relação de amor; décima segunda casa, minha consciência de servir universalmente, minhas redenções necessárias da encarnação anterior que me impeliu à presente, o grau de consciência cósmica destilada do cumprimento perfeito de todas as responsabilidades através do amor espiritualizado.

A tríplice dimensão é expressa em relação à roda como um todo pelos “grandes trígonos”; os triângulos equiláteros formados pela ligação das cúspides: a) a primeira, quinta e nona casa; b) a segunda, sexta e décima casa; c) a terceira, sétima e décima primeira casa; e d) a quarta, oitava e décima segunda casa. Estes trígonos referem-se respectivamente, aos quatro elementos: 1. Fogo - Espírito; 2. Terra - Consciência da avaliação das formas; 3. Ar - Identificação da consciência de relacionamento; 4. Água - Resposta emocional – o princípio da vibração simpática.



Sugerem-se aqui alguns padrões básicos do mandala:

1) Doze rodas, cada uma das quais tem os signos nas cúspides em seqüência, cada uma com o Ascendente diferente; cada uma dessas mandalas pode ser utilizado para meditação sobre as quadraturas entre os signos cardeais, fixos e mutáveis, e os trígonos entre os signos de fogo, de terra, de ar e de água e os setores de fogo-ar e terra-água.

2) Mandala planetário ambiental – um princípio planetário que se expressa através de uma casa em particular – pode ser encontrado em dez grupos de doze rodas cada; cada grupo refere-se à colocação de cada um dos dez estelares (Sol, Lua e os oito estelares – Vênus, Mercúrio, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão) em cada uma das doze casas, desprezando-se a colocação dos signos.

3) Os mandalas planetários relativos à vibração podem ser criados por rodas com os signos nas cúspides – colocando-se o estelar sob consideração em cada um dos doze signos e estudando-se o mesmo, não importando a casa em que se posicione.

4) Síntese dos grupos 2 e 3; mandalas para meditação sobre a regência do Ascendente; doze rodas, com os signos em sequência para cada um dos dez estelares como regente do Ascendente. O regente deve ser colocado em cada uma das doze casas.

5) Elaboração do número 4 em termos de meditação sobre o regente do Ascendente e seu posicionamento por setor: 1. A primeira, segunda e terceira casas; 2. A quarta, quinta e sexta casa; 3. A sétima, oitava e nona casa; 4. A décima, décima primeira e décima segunda casa.

Mandalas simples e complexas podem ser extraídas de qualquer horóscopo natal. Aqui estão algumas sugestões pelas quais o estudante pode concentrar sua habilidade para sintetizar:

1) Separe todos os estelares dignificados de determinada Carta astrológica numa roda com signos natais posicionados nas cúspides; medite sobre a localização dessas essências vibratórias concentradas em termos de sua casa de regência, casa em que se localiza e posicionamento por setor ou quadrante.

2) Tome de determinada Carta natal qualquer quadratura ou oposição específica e qualquer um de seus meios regeneradores (estelar formando um trígono ou um sextil com qualquer um dos estelares aflitos);

3) Sugere-se separar o mandala de Saturno de toda Carta natal sob estudo colocando-se Saturno e todos os estelares que faz aspecto com ele em uma roda com os signos natais nas cúspides. Interprete Saturno como o princípio do cumprimento de responsabilidades e medite sobre o seu significado na Carta em todas as abordagens.

4) Os mais importantes de todos os mandalas abstraídos de uma Carta natal são os que dizem respeito à décima segunda casa. Em conjunto, eles dão as chaves dos porquês e para quê da presente encarnação. Sugere-se um mandala para ser aplicado a uma roda com os signos natais nas cúspides para todo fator isolado que se refira à décima segunda casa do horóscopo natal; posicionamento vibratório e ambiental de cada estelar que forma aspecto ao regente; cada condição referente a qualquer estelar na décima segunda casa, e, por último, um mandala composto dos signos na cúspide da décima segunda casa e na do Ascendente e a colocação dos seus regentes planetários.