terça-feira, 20 de dezembro de 2016

CAPÍTULO LIII – FILMES

O desenvolvimento de filmes como arte para entretenimento é um dos fenômenos mais marcantes da atualidade. Ele trouxe drama, comédia, música, cor, dança, viagens, notícias, avanço educacional e uma pronunciada influência cultural, nas suas melhores formas, para a vida de milhões de pessoas que de outro modo poderiam nunca experimentar essas coisas. Estamos interessados neste discurso não com o desenvolvimento técnico, mas com a significância oculta dos filmes agindo assim como seus efeitos sobre as mentes e consciências das pessoas de hoje. Como em qualquer outra arte, há os pioneiros que ousaram fazer brilhar as trilhas em direção a um avanço cultural mais extenso. Então, há aqueles trabalhadores que adaptam as apostas dos pioneiros e as desenvolvem para uma escala maior e mais perfeita com o passar do tempo. Há ainda aqueles que não estão particularmente interessados ou mesmo conscientes do avanço cultural que "dão ao público o que ele deseja" em termos de manter aquilo que foi estabelecido como padrão de valor de entretenimento. O último grupo é aquele que mais conspicuamente "alimenta a tendência escapista do público"; os dois primeiros servem para melhorar, ampliar e regenerar o gosto e apreciação do público, sendo eles que na maior parte são responsáveis pela mais alta qualidade do valor artístico encontrado nesse trabalho.

Muitas vezes se refere aos filmes como "um mecanismo de fuga", uma "panaceia" que serve para ajudar as pessoas se esquecerem de si e de seus problemas. Tal interpretação mostra uma falta de compreensão. A arte do filme não é essencialmente um mecanismo de fuga mesmo que algumas pessoas o utilizem como tal. Uma abordagem psicológica a essa "idiossincrasia" da natureza humana deve recair sobre o fator humano, não no fator filme. Os nomes dos "mecanismos de escape" são legião; consideremos sua essência. Astrologicamente falando, a vibração de Netuno não regenerado em combinação com qualquer aspecto de quadratura ou oposição é um potencial para o mecanismo de fuga. Os aspectos de quadratura e oposição são pontos de divisão interior, congestão de potenciais, tendências de desintegração, pontos de ignorância, confusão de identidades, falta de autoconfiança e de autoconsciência, inibição por medo-ameaça, etc. Netuno não regenerado é, entre outras coisas, nosso poder de dar poder às ilusões. E, todos fazem isso, de uma ou outra forma, até que a consciência se inunde com a luz da compreensão e da percepção clara como resultado do aprendizado através da desilusão. Quando sofremos de qualquer dessas condições negativas e não sabemos por que sofremos, tendemos a identificar verdades interiores com algo, ou alguém, fora de nós. Isso é essencialmente o que significa "mecanismo de escape" - a tentativa de escapar da dor das congestões e confusões interiores.

Se pudermos falar de um objetivo comum que motiva a humanidade, ele é certamente a realização de ideais. O ideal é a música que uma vez ouvida se torna irresistível. A busca por realizar essa idealização é o grande impulso evolucionário; nós seguimos essa "música", consciente ou inconscientemente desde nossa primeira manifestação. A realização dessa idealização é o cumprimento, através de expressão regenerada, de potenciais. Até que nos tornemos plenos enquanto indivíduos, tendemos a ser impulsionados a buscar este desenvolvimento em alguém ou em algo. Evolução depende de expressão; "não expressar" ou "não fazer" é "não evoluir". Mesmo uma pessoa que viva em termos do que chamamos "criminalidade" está evoluindo, pois está expressando seus potenciais; ele determina causas que reagirão como retorno cármico a partir das quais ele poderá finalmente aprender mais sobre princípios. A posse de dinheiro é para muitas pessoas o símbolo do maior bem da vida e nada as faz parar até a realização desse ideal; entretanto, com o tempo, e através da experiência, elas aprendem o que o dinheiro realmente é e então se condicionam a ajustar suas consciências e ações de acordo com a clarificação do princípio em suas próprias mentes. Gibran disse: "Mesmo uma fala hesitante fortalece uma língua fraca"; cessar a procura pelo ideal é morrer em consciência; continuar a expressar, enquanto meio de procurar por aquilo que é mais valorizado e querido é evoluir.

Nossa resposta emocional à outra pessoa a identifica como um símbolo para nós. Se a reação for de inveja, ciúmes, ódio, medo, etc., ela serviu para estimular alguma de nossas congestões, confusões ou frustrações internas; a pessoa que "odiamos" (desejamos destruir) serve, pelo estímulo de sua vibração, para nos lembrar de um passado muito sério, enquanto inadequadamente errado. Nós nunca "odiamos" outra pessoa; podemos apenas odiar nossos fracassos e destruí-los a partir de uma expressão regenerada. Se nossa reação ao outro for de harmonia, alegria, amor, admiração, inspiração, etc., então, quem ou o que quer que seja serviu para nos lembrar, pela sua vibração, de nosso próprio estado regenerativo interior. Isto explica porque pessoas de fé amam plena e profundamente aqueles que possam destratá-las e machucá-las; a ligação magnética do carma provê ao que ama "pábulo" sobre o qual depositar seu amor. Nós amamos o ideal que o outro representa para nós e aquele "ideal personalizado" é sempre um padrão de nosso próprio profundo "sonho de perfeição". O antigo criminoso financeiro bem sucedido pode ser um "ideal" para o mais jovem inexperiente, que se comprometeu a exercitar ele mesmo no que denominamos "formas criminosas". Assim, em suas ações antissociais, destrutivas e sem princípios ele ainda expressa em seu impulso profundo a imitar o símbolo do homem mais velho. Em favor dos que são ignorantes e pouco evoluídos, lembremos que a pessoa que denominamos "criminosa" pode expressar uma devoção profunda àqueles para quem ou com quem trabalha, e nessa sua limitação particular de consciência pode lidar de forma honorável com aqueles de sua "profissão", além de poder utilizar muito de seu "ganho ilegal" para ser verdadeiramente de algum auxílio. Ninguém é inteiramente um criminoso, pois todos estão buscando realizar um ideal. O parasitário "fazer nada" é um tradutor pior da própria natureza que o criminoso ativo. Um ladrão ou algo do gênero apresenta ao menos uma pequena quantidade de coragem. O "fazedor de nada" não tem nem isso e por sua natureza ele é um não contribuinte. Ele terá que realizar esforços intensificados no futuro para compensar suas deficiências no presente.

Assim, a pessoa cujas potencialidades não sejam satisfatoriamente expressas ou que se condicionou fora de linha com seu ideal interior pode, e frequentemente o faz, se voltar aos filmes e aos personagens que atuam neles, para obter vivências, apesar de contato artificial, com suas ideias pessoais. Esse discurso não pretende criticar ou julgar o trabalho de personagens específicos, a não ser uma avaliação pertinente a este assunto; mas alguns personagens serão mencionados devido à sua personalidade marcantemente arquetípica e sua aparência física, mais certo nível de habilidade técnica, pela qual eles exercitam o poder do simbolismo vivencial no subconsciente de grupos e indivíduos. Dos muitos que exerceram uma influência duradoura sobre a subconsciência do público, consideraremos quatro homens, de tipos contrastantes, que trabalham em filmes americanos e que representam exemplos notáveis de personalidades arquetípicas simbólicas: Lon Chaney, Bing Crosby, Rudolph Valentino e Clark Gable.

O Sr. Chaney, cujo trabalho no cinema mudo o qualificou como o maior artista de performance e um dos maiores pantomimistas do teatro americano, cumpriu, enquanto arquétipo, o impulso universal instintivo da humanidade de transcender a monotonia da "experiência cotidiana". Suas caracterizações foram, quase sem exceção, de corpos deformados e personalidades transtornadas. Ele deu às audiências uma satisfação às suas atrações subconscientes ao estranho e horrível. Suas apresentações resultaram em grande impacto emocional, ele tinha grandes poderes projetivos e suas melhores performances, como Quasímodo no Corcunda de Notre Dame, foram inesquecíveis experiências dramáticas. Ele exemplificou o "inefável" pelo qual a humanidade sofre em decorrência da malformação física e as terríveis frustrações resultantes das necessidades normais ou naturais. Em suma, seu propósito oculto foi trazer à audiência dos cinemas uma consciência do trágico na arte dramática. Ele não foi um "entretenedor" de modo algum, seja em propósito ou no tipo de apresentação. Responder verdadeira e reverentemente ao marcante trabalho do Sr. Chaney significa uma amplificação da consciência de paixão ao sofrimento humano. Seu propósito oculto foi direcionado para estimular a compaixão no coração humano.

O autor percebeu há tempos que o trabalho do Sr. Bing Crosby nas telas é uma das mais marcantes influências espirituais no mundo (1951). Com muito da religião organizada de hoje em um estado de mutação e movimento, a vibração e talento desse homem servem para trazer, através do som e da comédia leve, um estímulo de longo e poderoso alcance, "gentilmente expresso" ao ideal humano de bondade e amizade simples e naturais. Sua vibração, do ponto de vista astrológico, é fortemente venusiana – tendo Libra como Ascendente, Sol em Touro e Lua trígono Mercúrio e Vênus. E quem personifica mais perfeitamente o ideal de não resistência construtiva? Para exercitar uma (possível) analogia elegante, ele poderia ser chamado o "São Francisco de Assis do século 20", tão convincente são a bondade e sinceridade do arquétipo que ele representa. Palavras são escritas e ações planejadas, mas ele em si tem a especialização de consciência que projeta esta qualidade arquetípica. Outros atuam e cantam, são agradáveis e merecem o respeito do público, mas há apenas um Bing Crosby, o "trovador do mundo" e, arquetipicamente, o amigo de todos com que entra em contato. Quem não amaria possuir o poder de amizade que ele simboliza? Ele derrete os corações mais duros e, com sua completa ausência de tensão suas são as performances mais naturais – ele simboliza a personalidade não congesta, expressiva, bondosa, persuasiva mais que forçada, com a percepção do bem que é inerente em todos. Se as pessoas em frente a suas fotos reconhecessem que elas, enquanto indivíduos, precisam apenas emular este arquétipo e descristalizar resíduos de malícia, inveja, ciúmes, impulsos ferinos, etc., elas não apenas apreciariam suas performances ainda mais, mas tomariam seu exemplo em seus corações. O Sr. Crosby personifica verdades da natureza humana regenerada – seu trabalho é uma série de sermões através de atuação e canto. Pessoas do mundo inteiro o amam poie ele representa seus melhores potenciais interiores de coração e espírito. Você tem o Sr. Crosby – nas telas – como uma "invenção da imaginação" completamente remota de você e sua vida, ou você reconhece que ele sustenta um espelho que reflete aspectos de sua própria gentileza, amizade e harmonia inatas? Pense a esse respeito cuidadosamente.

O Sr. Valentino, um Europeu Latino de aparência extraordinariamente fina, personificado em seu tempo como um ideal romântico que suplantou em poder aquele de qualquer outro ator de seu tipo. A psicologia poderia dizer muito em relação à possessão que este homem exerceu sobre o subconsciente da mulher americana. É verdade, desconfortável possa ser falar, que o miasma do puritanismo é uma influência de ruina sobre as mentes e corações de pessoas por muitos anos, e sua influência desviou pessoas - milhões delas – de realizarem o ideal do preenchimento espontâneo do relacionamento amoroso. O arquétipo representado pelo Sr. Valentino foi a antítese completa dessa "filosofia" falsa, materialista, corruptiva e anormal. Os fatores compostos do temperamento Latino, somado à bela face e psique, acrescidos de uma grande estratégia de projetar as intensidades do magnetismo sexual, tornaram possível a esse ator efetivar um arquétipo focado da personalidade masculina que representou, para o subconsciente feminino, um ideal de complementação de amor. Sob o feitiço de sua vibração, mulheres reencontraram sua feminilidade básica e instintiva – o desejo de serem conquistadas, sobrepujado e transfigurado pelo poder projetivo do masculino estrategicamente cultivado. Nada na vibração e personalidade desse homem foi "americano"; ele representou a personalidade típica da graciosidade, cortesia, habilidades românticas e o charme de uma civilização antiga. Pode ou não ocorrer que outros na atualidade das telas hoje sejam comparáveis à vibração e habilidade desse homem, mas ele foi, em seu tempo, arquetípico daquilo que muitas, senão a maioria das mulheres procuraram como ideal de parceiro amoroso. O senhor Valentino é uma referência respeitável do padrão masculino e o que ele simbolizou deveria ser pensado e aprendido por muitos homens que permitiram que seus conceitos de relacionamento homem mulher se congestionassem pela falta de graça, ignorância, puritanismo – com seus complexos de culpa e falta de percepção daquilo que é verdadeiramente belo na mulher. Em suas performances nas telas, o Sr. Valentino prestou homenagem ao ideal da beleza feminina. Por vaidade pessoal, muitas mulheres buscaram forçar a homenagem dos homens por truques e artifícios, mas homens prestam homenagens ultimamente a seus ideais, nunca a máscaras e paredes. Há uma lição a ser aprendida pelos homens na consideração do trabalho desse ator. O propósito oculto do trabalho desse ator nas telas foi para o homem perceber e ativar a partir dessa percepção, a verdadeira beleza da mulher, para que a mulher possa se tornar e seja a beleza que inspira.

O Sr. Gable, uma personificação do tipo Marte-Saturno-Mercúrio é provavelmente a maior contraparte americana do que o Sr. Valentino representou enquanto europeu. Ele é designado, e com justiça, o maior arquétipo da personalidade masculina nas telas de hoje. Ele é todos os homens para todas as pessoas – sua Lua em Câncer designa sua faculdade oculta de "alimentar o inconsciente coletivo", e seu trabalho é acompanhado entusiasticamente por homens e mulheres. É fácil pensar dele em suas aparições nas telas enquanto cumpridor de uma forma de "sacerdócio" na medida em que um padre na religião cerimonial é a personificação de princípios de vida. Por mais fantasioso que pareça, o significado oculto do trabalho desse ator é profundamente religioso, pois ele ativa no subconsciente das pessoas uma percepção intensificada dos princípios masculinos da personalidade.

Os estudantes podem não ver conexão entre as palavras "religioso" ou "espiritual" e as caracterizações terrenas, usualmente não sutis, duras e que batem forte do Sr. Gable; mas sua pessoa e vibração conferem um símbolo de plenitude de recursos, resistência, autoconfiança, força física, bom humor genial e acima de tudo a qualidade da coragem, que é a qualidade regenerativa arquetípica da qualidade da vibração de Marte (Ele tem Marte fazendo quatro aspectos maiores, os trígonos com Júpiter e Saturno, o sextil com a Lua e a quadratura com Urano). As pessoas tendem às vezes a adoecer internamente com suas próprias futilidades, incompetências e fraquezas, assim como com as das pessoas ao redor delas. O Sr. Gable chama atenção para a realidade dos padrões de grande força física, mental e de caráter. Sua vibração certamente ativa um padrão ideal, visto que coragem, autoconfiança, resistência e poder físico são arquétipos de Marte, e como tais representam qualidades que estamos buscando realizar em nós mesmos. Lua, Marte e Saturno constituem a trindade planetária básica de cada ciclo evolutivo; Lua-Saturno, enquanto regentes do eixo estrutural Câncer-Capricórnio, representam o recurso parental do "Eu Sou" de Marte assim como seu cumprimento em maturidade. Uma maturidade forte e bem integrada pressupõe um Marte bem integrado, e as qualidades dinâmicas fortemente individualizadas do arquétipo Marte que o Sr. Gable simboliza é uma essência vibratória que todos nós, homens e mulheres temos como potencial a ser cumprido e expresso. O apelo universal de suas encenações é representado na composição de dois padrões distintos em seu mapa: Lua em Câncer, Saturno em Capricórnio, com o Sol e o regente de Marte em Aquário em sextil com Urano; o posicionamento da décima segunda casa de seu Marte-Ascendente (Leão interceptado na sétima casa) nos dá uma chave para o significado oculto de sua vibração enquanto símbolo arquetípico de personalidade.

Se você é um dos que se sentiram "compelidos" a "encontrar-se através de filmes" e você quer libertar-se deste aprisionamento simbólico, faça uma cópia de seu mapa sem os números dos graus; isso é o que o autor chama de seu mapa "Luz Branca" - é o seu retrato simbólico enquanto arquétipo. Estude-o com olhar atento para determinar quais são seus pontos vibratórios focais (esqueça quadraturas e oposições neste estudo) e faça algo para organizar sua vida de forma a poder dar expressão plena e livre de seus potenciais vibratórios essenciais. Estude o trabalho do ator ou atriz, cujo trabalho na tela o "fascina" e reconheça que algo em sua personalidade ou vibração existe em você também. É seu direito e dever encontrar sua verdade enquanto expressão individualizada do arquétipo humano. Quando você começar essa reorganização, você se encontrará gradualmente liberto da compulsão de identificar-se a partir do outro – e sua apreciação da arte dramática e entretenimento ganharão sinceridade, pois você será cada vez mais capaz de gostar e apreciá-la por ela mesma. A arte de viver é descobrir quem e o que podemos realizar a partir de nós mesmos. 



quarta-feira, 10 de agosto de 2016

CAPÍTULO LII – ARTE DRAMÁTICA

O instinto de atuar é tão primordial à natureza humana quanto qualquer outro instinto. Considere a tendência natural de toda pessoa de enfatizar ou intensificar a comunicação pela fala com gestos e expressões faciais. Esta ênfase natural é aquela que se cultiva pelo treinamento intensivo da arte dramática, assim como a beleza natural da voz que fala é cultivada na arte de cantar. Dramatizar significa intensificar em qualquer forma ou por qualquer meio. 
Consequentemente, a dramatização é um dos atributos arquetípicos de todas as artes – a expressão organizada de um "ponto" específico da reação emocional, pensamento ou realização. Mesmo a execução de duas ou três oitavas de uma escala ao piano (usualmente não visto como algo particularmente belo) pode ser dramatizada pelo uso da dinâmica tonal de tal modo que sua identidade mecânica enquanto "escala" seja transformada em um "ponto" de musicalidade expressiva. A destreza técnica pode, e às vezes o faz, servir para produzir obras de arte universalmente designadas medíocres. A mediocridade artística é essencialmente arte produzida de forma não inspirada. Inspiração em qualquer forma – e há várias formas pelas quais ela pode ser experimentada – é a mais alta forma de dramatização da experiência humana; de nenhum outro modo experimentamos reação e realização com maior intensidade. Assim como Marte e Lua são "oitavas inferiores" da impregnação e receptividade, o Sol e Netuno são respectivamente "oitavas superiores" desses dois mesmos atributos. O cálice de Netuno recebe os raios do poder solar na "semente da alma" (o pequeno círculo sob o símbolo de Netuno), o símbolo da impregnação psíquica ou espiritual, que em qualquer forma é inspiração; e a inspiração é sempre uma designação de resposta ao poder solar do amor – o signo de Leão da Grande Mandala. O Peixes de Netuno é a oitava superior do trígono de água, iniciado por Câncer cardinal, que é o princípio triuno da responsividade vibratória simpática. O Sol e Netuno são (em composição) a identidade planetária da Divindade-Paterna-Materna da humanidade. 
arte dramática tem sua origem na cerimônia; cerimônia por sua vez era uma forma do homem personalizar por meio de um simbolismo ativo suas realizações espirituais. A cerimônia e o mito são duas maneiras de dizer a mesma coisa: exoterizando, por ação e história, aquilo que representa os conceitos de princípios de vida da humanidade. A verdade do homem é "a verdade da Vida vista em um espelho"; o espelho é o estado evolucionário da consciência emocional do ser em evolução. A arte de atuar é a mais completamente personalizada de todas as formas de artes interpretativas – usando como instrumentos a voz do cantor e o corpo do dançarino. O dançarino se move em ritmos específicos, o cantor "fala" em tons específicos, o ator (por movimento e fala) tem algo de ambos. O grande ator funde estes dois altamente especializados talentos; aquele da pantomima, que é "dança tornada literal", e aquele da leitura das linhas, que é "canção tornada literal". Grandes atuações formalizam certos princípios estéticos assim como grandes escritas em prosa o faz; os movimentos do dançarino e a expressão vocal do cantor correspondem à atuação assim como a poesia em relação às grandes obras em prosa. 
Mantendo em mente que "dramatizar" significa "intensificar" consideremos a significância do diâmetro Leão-Aquário, signos de quinta casa de Áries-Libra, enquanto símbolo arquetípico do princípio da expressão dramática. Este diâmetro é a polarização daquilo que é essencialmente simbolizado pela quinta casa da Grande Mandala – a radiação individualizada de poderes emocionais. Leão, fogo fixo, é o signo inicial da cruz fixa, analogamente a Áries e Sagitário em relação às cruzes cardinal e mutável, respectivamente. É o aspecto amor do EU SOU arquetípico e devido à sequência posicional, é a liberação daquilo estabelecido na quarta casa. Sua palavra chave é Eu libero e ele é pábulo não apenas para os demais signos da cruz fixa, mas também para a expressão ativa do Sol no horóscopo. 
Geração é a oitava casa de Escorpião enquanto liberação individualizada é a quinta casa de Leão, polarizada espiritualmente e naturalmente através da décima primeira casa de Aquário. Devemos manter em mente que o poder, enquanto Princípio Solar, não serve para nada até que seja liberado e irradiado. Todo amor no coração humano, todo talento criativo, toda genialidade inspirada manifesta ou interpretativa são relativamente insignificantes se não forem expressas, e é através de Leão-Aquário e Sol-Urano que nos expressamos criativamente, até onde os humanos podem ser criativos. É através do atributo amor de Leão que contribuímos com a vitalização emocional dos relacionamentos e para nosso trabalho. Através dela encontramos o recurso daquilo que é complementação focada, é geração e regeneração Escorpiana. Leão é o símbolo arquetípico da alegria natural e espontânea, o atributo dinâmico de cuja realização passiva e transitória é chamada "felicidade". Apenas através da alegria nós verdadeiramente amamos, verdadeiramente manifestamos ou interpretamos e sinceramente servimos. Mesmo em "sangue, suor e lágrimas" a alegria é um fator inevitável na consciência do artista; ser "não preenchido de alegria" é ser não amante e não radiativo, no sentido criativo da palavra. As tristezas de Leão-Sol estão enraizadas na perda de oportunidades ou na congestão na habilidade de exercitar a radiação de amor às outras pessoas ou ao trabalho. As agonias de Aquário-Urano estão enraizadas na inabilidade em enfrentar os desafios gravitacionais da Lua-Saturno e nas "dores de crescimento" da manifestação bipolar.  A consciência humana não individualizada é representada pela sequência dos primeiros quatro signos zodiacais - Áries, Touro, Gêmeos e Câncer. A radiatividade desta oitava de percepção primitiva está no signo de Escorpião, signo da quinta casa da Lua-Câncer - o instinto para gerar formas enquanto liberação dos recursos de desejo. Com a individualização, entretanto, a pessoa se move na sequência evolucionária um passo à frente para o diâmetro Leão-Aquário e sua radiação-desejo é transformada em um aspecto menos primitivo da consciência de amor e de poder individualizado. A consciência de poder individualizada é o primeiro "dever" no desenvolvimento e cumprimento da artimanha atuante ou interpretativa. Portanto o artista de qualquer tipo deve saber que ele é um poder, e a integração pessoal deve ser alcançada antes que a consciência de poder possa ser expressa. Agora para o dramaturgo e o ator: 
dramaturgo é uma especialização de (cada um ou ambos) escritor em prosa e escritor em poesiaEntretantopelas especializações dessa arte, ele é mais essencialmente o escritor da poesia que da prosa, mesmo que ele não escreva (e a maioria dos dramaturgos não o faz) especificamente em versos. Escrever peças envolve não apenas uma sintonia instintiva com o princípio do ritmo, mas também com a musicalidade inerente aos valores vocais. Ele deve, pois atuar é pantomima e ação assim como fala, saber algo dos valores dos movimentos inerentes à dança. O senso de "proporção temporal" é tão necessário a seu trabalho como o de "proporção espacial" ao pintor ou o de "proporção tonal" ao compositor. A consciência temporal é o que chamamos de consciência da sequência de reação e realização. As "reações e realizações humanas" são o que o dramaturgo apresenta na forma esteticamente organizada "dramatizada". De fato, o que se apresenta no palco é a objetivação de sequências de reações e realizações individualizadas. No palco ou na vida real, este "fazer" é sempre uma representação de estados interiores. A mentalidade proteana ou compreensão do dramaturgo torna possível a ele construir a ação de sua peça de acordo com um profundo "conhecimento interior" da consciência temporal individualizada. O dramaturgo pode ou não buscar apresentar uma mensagem em seu trabalho; mas o que ele apresenta, tanto como "mensagem" ou "drama puro", é a organização de seu conceito de arquétipos refletidos através da consciência humana individual ou composta. Leia qualquer peça merecedora de ser designada como arte dramática e você encontrará, em algum lugar, um "ponto emocional" que é o arquétipo de toda peça, qualquer seja sua complexidade estrutural. A arte da expressão dramática (dramaturgia) é a organização harmônica e expressiva de elementos focalizados, assim como a árvore está focalizada em sua semente, em seu ponto emocional. 
A Grande Mandala Astrológica com Áries no Ascendente, pontos estruturais cardinais conectados em um quadrado, os signos de água conectados em um triângulo, é a figura simbólica daquilo que todas as artes buscam interpretar. Aqui está a família humana – o masculino e feminino do “parente e criança”, masculino e feminino nos estados imaturo e maduro, e o intercâmbio quadrimembrado da polaridade física, genérica e evolucionária. O trígono dos signos aquosos representa o princípio da vibração simpática pela qual compositores e intérpretes “sintonizam” em arquétipos a serem expressos através de conceitos individualizados em meios estéticos. 
A segunda apresentação da Grande Mandala tem os signos fixos nos pontos estruturais, Leão como Ascendente, Escorpião como base. Esta é a mandala de todos artistas compositores (criativos), irradiando a partir de seus recursos de poder criativo, polarizados pela originalidade de Aquário, para cumprir a redenção cármica inspirativa da subconsciência  de grupo da humanidade.  A posição de Câncer como signo da décima segunda casa dessa mandala nos mostra que o potencial irradiado pelo Ascendente Leão deriva de uma fonte profunda de simpatia, da qual o “parentesco” é o arquétipo. Nenhum grande dramaturgo realiza seu melhor e mais inspirado trabalho basicamente impulsionado por um desejo de fazer milhões em dinheiro ou obter isso e aquilo em fama e aplausos. Ele faz isso, pois não pode se refrear e viver, mais do que pessoas verdadeiramente maduras podem viver (no sentido real da palavra) sem contribuir para a vida. O dramaturgo ou qualquer artista compositor é um parente espiritual, um “progenitor” de seu arquétipo. A base Escorpiônica dessa mandala aponta para a base psicológica de intenso desejo-poder regenerativo. Nenhum grande artista de qualquer tipo é uma “ineficácia psicológica”; há percepção profunda, percepção profunda, sexualidade forte, emoções intensas e consciente ou inconscientemente uma aspiração brilhante em todos. 
A terceira apresentação básica da Grande Mandala tem Sagitário no Ascendente, signos mutáveis nos pontos estruturais, e Peixes como base. Este é o mandato do artista interpretativo que se sintoniza ao conceito do compositor e faz de si um veículo para a incorporação do mesmo. Ele pode ser chamado, como retrato abstrato do artista interpretativo, a “mandala da instrumentação individualizada”. O artista interpretativo disciplina, desenvolve e organiza suas habilidades e faculdades de modo a se qualificar para o exercício inspirativo. Há um número de artistas nas áreas do drama, dança e música que se qualificaram para a designação tanto de compositores como intérpretes. Dentre os artistas intérpretes há dois tipos básicos: 
Um tipo é aquele da personalidade arquetípica da qual há e tem havido vários exemplos notáveis no campo da atuação em filmes. Representantes desse tipo em filmes falados ou mudos são tais como: Rodolfo Valentino, Theda Bara, Mary Pickford (a queridinha da América de anos atrás), Douglas Fairbanks, Mae West, Clark Gable, entre outros. O exemplo excepcional de personalidade arquetípica nos filmes de hoje é Bing Crosby – o trovador do mundo (1951). 
O segundo tipo é aquele do verdadeiro intérprete dramático, o ator ou atriz cuja personalidade e equipamento profissional são pábulos para sintonizar ao conceito do compositor. Todos os grandes artistas dramáticos são desse tipo e eles, em suas pessoas e por sua influência, estão entre os mais conspícuos “inspiradores” da raça humana. O Ascendente Sagitário da “mandala do intérprete” retrata a vocação esotérica (ou psicológica) de toda a representação dramática. Pelo poder do ator, a essência das vibrações da personalidade humana é representada nos papéis que ele atua; estes padrões de vibração da personalidade são condensações de princípios de vida que se expressam através do arquétipo humano. A projeção inspirativa do ator aliada à estratégia e conhecimento do dramaturgo contribui para a vitalização da conscientização humana de sua própria experiência e identidade enquanto expressão de vida. O homem sempre busca realizar as verdades de seu arquétipo e, mais que em qualquer arte, o drama tem o poder de “ativar” pontos dessa realização. Não vemos realmente nosso ser (individual) nas performances dos grande atores; vemos “pontos do ser” representados. Nossa resposta ao impacto de uma grande performance do drama trágico tem o efeito de elevar nossa consciência de "dor localizada em nossas tristezas" a uma vasta participação nas tristezas e sofrimentos da humanidade em evolução. O ator e atriz são intermediários entre nossa consciência pessoal separativa e nossa consciência de identidade com a pessoalidade de nosso arquétipo, humanidade. Pense um pouquinho a respeito de sua reação às performances de grandes atuações. Você lembra do senso de "expansão para um ser maior" pelo estímulo à sua simpatia, sua coragem, sua fé, seu amor e suas inspirações? 
Seja mencionada aqui aquela que em seus dias foi considerada por muitos como sendo a maior no campo da arte dramática e cujo cumprimento do compromisso artístico representou um dos maiores desenvolvimentos da arte teatral: Madame Sarah Bernhardt. A carreira desta grande atriz francesa (ela era uma nativa de Paris e também de Escorpião) nos palcos do mundo cobriu um tempo de 60 anos e, do ponto de vista da pureza "quantidade de expressão", assim como da qualidade, ela foi um fenômeno de proporções estonteantes. Ela não apenas interpretou papéis maiores dos repertórios clássico, melodramático e lírico, mas o poder de sua vibração era tão grande que ela inspirou a escrita de um grande número das melhores peças de seu tempo – por autores como Francois Coppe, Victor Hugo, Edmond Rostand e muitos outros. Essa mulher foi verdadeiramente uma sacerdotisa da arte dramática, consagrada com toda fibra de seu ser ao cumprimento de um papel que foi verdadeiramente um gesto do divino para aqueles nesse plano. Leia uma boa biografia de sua vida. Ela recarregará sua consciência com uma fé renovada no poder da beleza residente no arquétipo humano. 
Na aplicação à leitura astrológica, a essência simbólica da habilidade dramática é Vênus, Júpiter e Netuno, os signos Peixes e Leão e a quinta casa. A "carreira dramática" envolverá certas configurações favoráveis com a Lua (enquanto símbolo do público) e também da sexta e décima casas. (As conquistas prodigiosas de Madame Bernhardt são mostradas pelo Sol em Escorpião em combinação com uma conjunção de Júpiter e Urano; é possível que ela tivesse ambos Lua e Netuno em Peixes – Décima  Segunda Casa – com Ascendente Áries. 
O astrólogo atua? Se o faz, qual é seu teatro e quais linhas ele lê? Um fator na ética do serviço astrológico demanda que o astrólogo submerja em seus sentimentos pessoais, assim evitando impingir vibrações negativas em seu cliente problemático e aquela clareza de sintonia com o horóscopo aconteça. Nesse sentido ele faz exatamente o que o ator tem que fazer. O astrólogo, em sua pessoa e vibração, deve dramatizar serenidade, amizade, iluminação, encorajamento e amor. Isso não é "hipocrisia", apesar da palavra "hipócrita" significar essencialmente "alguém que prega uma peça". O hipócrita representa equivocadamente através de uma falsa natureza; o astrólogo representa através das verdades da natureza humana. 
O astrólogo "lê as linhas" da natureza humana enquanto explicação dos princípios de vida funcionais a partir de um arquétipo particular. Seu palco é qualquer lugar onde ele possa apresentar verdades astrológicas para a iluminação da consciência de outras pessoas, privada ou publicamente. O astrólogo serve para dramatizar o bem essencial da pessoa para quem ele lê, e nessa função ele prova sua identidade enquanto irmão espiritual do artista dramático.