segunda-feira, 16 de julho de 2012

CAPÍTULO IX – JÚPITER: O PRINCÍPIO DO APERFEIÇOAMENTO


          Quando analisamos o símbolo de Júpiter vemos um semicírculo sobrepondo-se, ou cobrindo, a cruz da manifestação material. Este semicírculo pode ser interpretado como a Lua – a função de nutrir – ou como um símbolo geral do espírito. Em ambos os casos é transmitida a essência do propósito de Júpiter.
          No primeiro caso vemos o “princípio de nutrição” permeando toda manifestação física – preservando, curando e ampliando as partes componentes da experiência como encarnação; o segundo caso identifica Júpiter como o agente pelo qual as forças espirituais são manifestas à consciência terrena.
          Júpiter sempre deve atuar através da forma; sua esfera de ação está condicionada definitivamente pelos ditames e exigências de saturno. Ele não é transcendente como Urano e Netuno; é uma “sombra antecipada” deles, já que proporciona um canal para a apresentação exotérica das verdades espirituais. Em aplicação psicológica, ele é aquelas qualidades da mente e do coração que proporcionam avivamento e exaltação à consciência evoluinte. Ele é o sangue arterial no corpo físico – o fluido fresco, puro e nutritivo que em seu curso efetua um trabalho de renovação e sustento. Ele é a nona casa do horóscopo – a compreensão e julgamento verdadeiros, destilados da experiência, e que provêem pábulo para o progresso construtivo da vida.
          Sempre há uma qualidade de “mais” na vibração de Júpiter. Ele é “mais que o suficiente”. É grandeza e amplitude em qualquer forma. Ele não é uma vibração especificamente estética, mas sua “personalidade” é por certo claramente evidenciada na complexidade, magnificência e esplendor dos cenários do balé e das grandes óperas. Ele é a extensão da energia de Marte que chamamos “representação”. Ele é o entusiasmado, risonho, progressista e generoso amante da vida.
          Se fosse requerida apenas uma palavra para resumir as virtudes de Júpiter, por certo essa palavra deveria ser benevolência. Júpiter é a nossa capacidade de dar – sincera, abundante e sabiamente. É através de Júpiter que nos misturamos com as vidas dos outros com pretexto de ajudá-los, irradiando-lhes o melhor do nosso coração, da nossa mente e dos nossos recursos materiais. Júpiter é filantropia, é a benevolência da religião. Ele é qualquer meio pelo qual nós, individual e coletivamente, melhoramos as condições desse plano evolutivo. Júpiter pode ser expresso, é claro, em termos de “eu e só eu”, mas não é apenas isso. Não importa quanta riqueza o individuo adquira, quão grande seja sua mansão, quão repleto seja seu guarda-roupa, quão vasta seja sua herança, ou quão extensos tenham sido seus estudos, ele não vive a altura de seu Júpiter enquanto não der algo de sua abundância para melhorar algo fora de sim mesmo. É por meio dessa expansão que Júpiter neutraliza possíveis dificuldades causadas pela cristalização de Saturno devido ao medo de perder. Júpiter e Saturno trabalham de mãos dadas quando a receita se faz acompanhar de uma despesa beneficente.
          Atenção, senhores psiquiatras, psicólogos e astro-analistas: Júpiter nunca demonstra seu poder mais especificamente que quando um gasto é feito como expressão de gratidão por se receber algo em troca. A gratidão sincera – a uma pessoa ou a Deus – proporciona uma qualidade de abertura de consciência que a sintoniza mais e mais com o crescimento e com a abundância de expressão. Nenhum aspirante deixa passar um único dia de sua vida sem sentir e/ou expressar gratidão a alguém por algo. Esta gratidão é sincera, jubilosa, positiva; não é um rastejar servil pelo qual aquele que recebe degrada-se a si próprio e insulta àquele que dá. A psicologia de Júpiter – agradecimentos pela dádiva e o desejo de compartilhá-la com outros – é algo profundo e de longo alcance. É alimento para a mente, para o corpo e para a alma, infundindo de fato uma corrente de energia renovadora nas condições a que se permitiu tornarem-se cristalizadas, mórbidas e doentias. O Dia Nacional de Ação de Graças é comemorado quando o Sol transita pelo signo de Sagitário – regido por Júpiter!
          Alguns pretendem que Júpiter seja considerado um símbolo do pai – exercendo a versão masculina do impulso de nutrir. Seja como for, de uma coisa podemos ter certeza: Júpiter é o símbolo do professor ou do “pai espiritual”. Júpiter nutre a mentalidade espiritual e, como tal é representado pelo sacerdote. Todo professor é um parente espiritual – seu trabalho e propósito é guiar a pessoa mais jovem, ou menos desenvolvida, ao longo de linhas de desenvolvimento não especificamente relacionadas com as necessidades físicas. Saturno é o princípio da Lei, no sentido esotérico; mas a Casa IX é a profissão da lei, como proteção às pessoas. A Casa IX é também a Igreja como instituição protetora e instrutora. Por conseguinte a Casa IX, através da regência de Júpiter, parece resumir a “consciência do certo e do errado”, não no sentido abstrato ou absoluto, mas em termos de ciclo de desenvolvimento da pessoa, de seu background familiar e dos moldes religiosos envolvidos.
          Júpiter é a nossa expressão externa e direta dessa consciência, de maneira que sua posição e aspectos no horóscopo mostram como e por quais meios, se existe algum, nós sentimos o impulso de ensinar às pessoas o caminho (nós pensamos) que devem seguir. Uma Casa IX não aflita por planetas que a ocupem ou pelo seu planeta regente, indica que a pessoa, de modo geral, não terá dificuldades em encontrar a religião que realmente necessita e quer, na presente encarnação. Ela será posta em contato com os mestres mais adequados para satisfazer seus anseios espirituais. Aflita, a IX Casa indica obstáculos para se alcançar satisfações religiosas ou filosóficas. Grandes atrasos, confusões, desilusões e desapontamentos são indicados pelas aflições da Casa IX, e as aflições ao próprio Júpiter mostram como nós, individualmente, precisamos nos disciplinar e exercitar para expressarmos nossa capacidade total como mestres ou líderes morais. Pode-se identificar muito carma nas aflições da Casa IX por dedução de Causa e Efeito; eles são os “desvios” cometidos pelo indivíduo no caminho de seu desenvolvimento espiritual. Este desenvolvimento de consciência e compreensão espirituais certamente comprova a função de Júpiter como o “Princípio do Aperfeiçoamento”.
          Uma das mais fascinantes fases da interpretação astrológica encontra-se nos aspectos “negativos” ou “cármicos” de Júpiter. Benevolência, elevada compreensão, proteção, abundância, generosidade – como pode tal planeta representar o “mal”? Abundância, meus amigos, abundância!
          No que Tange a Júpiter ser “dinâmico”, seus malefícios são encontrados, como nos casos do Sol, Marte e Urano, no desequilíbrio, no descontrole e na negligência. Quando o desejo de melhorar é pervertido, Júpiter se manifesta por muitas maneiras desagradáveis, sendo o principal:
          ORGULHO AUTO-INDULGENTE: Isto significa o indivíduo cujos anseios por auto-aprovação são tão fortes que ele não pode ouvir conselhos ou crítica sincera. Por isso ele não pode – e geralmente é assim – melhorar a si mesmo por um ou outro processo, mas prossegue mantendo uma avaliação distorcida do seu próprio mérito. O astro-analista que interpreta para uma pessoa com este aspecto precisa usar de tática – você não pode ajudá-lo focalizando seus defeitos porque então ele resistirá e se ressentirá de suas observações. Você deve manter uma atitude de aprovação e, sem faltar à verdade, deve adoçar-lhe o remédio. Se ele pede a “verdade nua”, lembre-se de que para ele o “disfarce” torna a verdade aceitável. Analise cuidadosamente a Carta de modo a encontrar algo em que ele possa sentir-se justificadamente orgulhoso de si mesmo. Ao mesmo tempo você deve verificar que tipo de obstáculo em sua vida leva-o a usar uma máscara de falsa superioridade. Seu orgulho pode centralizar-se na família, na posição, na nacionalidade, nos seus conhecimentos, na posse de dinheiro ou num talento genuíno. Não importa, o que quer que seja valioso para seu eu interior deve tornar-se utilizável e objetivável para ter qualquer valor real.
          ARROGÂNCIA: Esta qualidade é uma variação da anterior, e é causada por uma combinação de Marte com Júpiter aflito; uma qualidade notavelmente desamorosa que leva o indivíduo a “forçar suas pretensões”. A pessoa arrogante é essencialmente indelicada – suas atitudes para com outras pessoas parecem conter condescendência, superioridade injustificável e esnobismo, e certa crueldade com que expressa seu falso orgulho, não importando quem seja ofendido no processo.
          RIQUEZA: A abundância financeira é uma das armadilhas favoritas do diabo. Uma vez que o dinheiro é um meio de troca, nada mais nada menos, somente as pessoas que podem usá-lo sem ser escravizados ou enganados por ele é que possuem uma consciência financeira bem integrada. A riqueza, para certos tipos de pessoas, é sinônimo de caráter, de virtude, de espiritualidade, etc. Dizem que o êxito de um casamento é garantido se o marido em perspectiva tem “posses em abundância”. Para esses tipos o ganho financeiro justifica a perpetração de qualquer tipo de desonestidade, injustiça ou deturpação de responsabilidade. “Homem de sorte”, dizem, é o rico, é aquele que tem tanto dinheiro que não precisa trabalhar. Pode comprar tudo que deseja, seus filhos podem ter tudo o que querem e sua esposa nada no luxo e na ociosidade. Ocasionalmente eles dizem que sua riqueza pode compensar qualquer sofrimento ou problema em suas vidas. Tais pessoas não podem aprender através de seus sofrimentos, nem podem entender ou lidar com seus problemas. Ao receberem uma herança de milhões, elas podem fazer a viagem mais curta possível para o desastre. Atribuem ao dinheiro um poder que ele não possui – e assim esgotam os seus próprios poderes. O descendente de uma família fabulosamente rica há alguns anos atrás herdou algo próximo de 10 milhões de dólares ao completar seus 21 anos. Vivia cercado de luxo desde a mais tenra idade – e não sabia nada mais. Aos 35 anos suicidou-se, deixando um bilhete para um amigo, em que dizia: “restam-me somente 15 mil dólares – não tenho nada por que viver”. Isto é simbólico de um Júpiter, possivelmente aflito por Netuno, regendo a Casa 12 – a ilusão do poder da riqueza como fonte da própria ruína. Deixemos os ricos com seus Júpiteres aflitos encarregarem-se do uso que fazem do dinheiro e do grande poder que lhe atribuem sobre eles mesmos. A riqueza implica em grande esfera de utilização – e, desde que “não podemos levá-la conosco”, podemos ao menos aprender a aplicá-la como expressão de um viver construtivo e produtivo.
          GENEROSIDADE: Em certos ciclos de evolução as pessoas são provadas na sinceridade com que expressam seus impulsos de dar. Pode-se pensar superficialmente que, se um homem sente um impulso de dar alguma coisa, como pode haver impedimentos? Mas há, e aqui está um exemplo hipotético: durante a encarnação passada a pessoa viveu principalmente para adquirir – dava somente quando era absolutamente necessário, ou com o motivo dissimulado de obter algo em troca. Na última parte da vida ele foi alvo de um ato generoso e desinteressado praticado por outra pessoa. Ele sentiu por isso profunda gratidão, de modo que quando faleceu impressionou seu subconsciente com o desejo de viver mais para poder por sua vez expressar sua gratidão. Na presente encarnação ele vem com aquele anelo à flor da pele, mas a sinceridade desse anelo, em virtude de ter-se desenvolvido tardiamente, tem que ser provada para que sua realidade possa incorporar-se à sua consciência. Por conseguinte, ele pode ter um pai super-indulgente para com ele e que não lhe permita dar nada a ninguém – então a pessoa vê-se envolvida numa circunstância de atrito. Se ele quer realmente expressar seu sentimento de gratidão deve resistir à super-indulgência do pai. Se permitir que a influência do pai o afaste de sua via de expressão, então ele falha na prova. À medida que permita que outras influências abafem seus generosos impulsos ele voltará a emaranhar-se, não apenas no próprio interesse, mas num complexo de frustração muito doloroso. Seu “desejo de dar” representa um impulso de sua natureza superior – a frustração desse desejo causa uma reação especial de auto-desprezo e sentimento de indignidade e auto-degradação. Se no exemplo acima, de alguém com pais super-indulgentes, o indivíduo percebe que o ressentimento e o atrito aumentam e transparecem em suas atitudes para com os pais, ele pode, com abordagens filosóficas contrariar essas tendências e transmutá-las através do sentimento de gratidão aos pais por proporcionarem-lhe uma prova muito necessária, ainda que inconscientemente. Sua atitude deve “salientar-se” cada vez mais consoante seus propósitos de crescimento. Os grandes líderes religiosos, ou quaisquer pessoas que “doam o melhor de si mesmos”, são testados desta maneira. Elas darão o melhor de si mesmas, não importa qual seja o resultado imediato.
          EXPERIÊNCIA NA IGREJA: Em seus processos de crescimento em direção ao desenvolvimento da compreensão espiritual, muitas pessoas acham que suas lições advêm do distinguir o “real do irreal” através de contatos com outras pessoas em atividades na igreja. Este tipo de carma – Júpiter aflito regendo ou ocupando a Casa 12 – parece referir-se a pessoas que vieram à presente encarnação com uma forte “ânsia por religião”. Muito de suas transmutações pode ser estimulado pelo contato com hipócritas, fanáticos, e por aqueles cujas pretensões espirituais não coincidem com o seu desenvolvimento. Tais pessoas – membros da mesma igreja – são objetivações dos aspectos aflitivos a Júpiter, e suas “atuações” são por certo uma fonte de grande provação para o aspirante. Ele ama sua igreja, acredita e tem fé nos ensinamentos, procura por todos os modos possíveis estabelecer cooperação e harmonia com os outros, para que a igreja possa permanecer acreditada junto à comunidade como um modelo de conduta espiritual – e o que ele consegue? Cada um empurrando e lutando para ser o dirigente deste ou daquele “comitê”, crítica caluniosa o tempo todo; o ministro faz de seus ensinos religiosos flagelo e castigo; o benfeitor ameaça retirar seu apoio financeiro toda vez que seus desejos pessoais – e preconceitos – parecem ser ignorados, e assim por diante. Você já deparou com tais, uma e outra vez. Tudo isso é representação de falso orgulho, arrogância, presunção e pretensão, blefe e falsa aparência. Não são imagens bonitas, mas são Júpiter não regenerado. O indivíduo com a vibração de Júpiter aflito que é lesado e desiludido (provado) por tais pessoas contempla o reflexo de suas próprias experiências do passado. Ele agora é sincero e aspirante, mas nesta encarnação são dadas oportunidades à sua sinceridade, à sua fé, e à sua confiança nos princípios espirituais, de ver o que é real e o que é irreal e falso. Ele poderá fracassar em sua prova se permitir que as “sombras” o desviem de seu progresso. Ele deve aprender das sombras, não ser dominado por elas.
          Na linguagem psicológica o termo “mecanismo” é usado para identificar certas tendências subconscientes profundamente arraigadas. Correlacionando isso com astrologia, nós identificamos o “mecanismo de defesa” como Marte, e o “mecanismo de fuga” como Netuno. Júpiter certamente identifica-se como “mecanismo de compensação”. Todos e cada um de nós estamos em busca de realização, e quando os padrões cármicos criam desordem, imperfeições, frustração e carência, sentimos automaticamente impulso de compensar a nós mesmos naquilo que sentimos ser a nossa mais profunda perda. Em outras palavras, somos levados a estabelecer “melhoramento” e “beneficência” mesmo que tenhamos de fazê-lo no lugar de outrem. O aspecto na Carta que indique a “carência” ou “frustração” mais fortemente sentida pode, por certo, envolver Júpiter – mas não necessariamente. Todavia, em virtude da própria natureza deste planeta, não é razoável supor-se que a expressão “positiva” dele pode prover a mais direta e satisfatória “compensação”? É através de Júpiter que nos damos; quando damos abrimo-nos, em consciência, para receber. Não podemos receber a realização das nossas mais profundas necessidades a não ser que, e até que, ponhamos em ação nossa boa vontade de tornar essa realização possível para outro. Então entremos em “contato” com nosso Júpiter por expressão direta em termos de sua posição por Casa (fator ambiental), de aspectos benéficos (esfera de ação construtiva) e de planetas com os quais ele se relaciona por aspectos benéficos (relacionamentos, atividades). Um Júpiter sem aspectos indica que “é tempo de começar a dar”. Enquanto pensarmos na vida em termos de “auto-isolamento”, estagnamos – e Júpiter se torna cada vez mais obstruído pelas cristalizações de Saturno. Júpiter com múltiplos aspectos, mas aflito, necessita de vários tipos de controle e orientação; Júpiter nessas condições pode representar muitos complexos psicológicos que a pessoa deve, para compreendê-los claramente, abordar com a razão, com fatos, com discernimento e com análises. Mercúrio-Saturno é o corretivo mais intimamente aplicável às desordens de Júpiter.
          Ao sintetizarmos os padrões Júpiter em uma Carta, observamos não somente os aspectos, a Casa que ocupa e a Casa que rege; devemos estudar, também correlativamente as condições da Casa 9, para obtermos a imagem de Júpiter com significador espiritual. Júpiter indica o nível de consciência espiritual das pessoas que se manifesta através das formas. Nesse sentido, ele emparelha-se às vibrações de Urano e Netuno nas vidas das pessoas que alcançaram, em certa medida, a consciência da transcendência.
          Júpiter amplia, qualquer coisa que toque. A menos que esteja dignificado – em Sagitário – é importante analisar com cuidado as condições do seu planeta dispositor. Um Júpiter inteiramente aflito, ou variável, “dispositado” por um planeta sem aflições indica que as qualidades construtivas do planeta “dispositor” podem ser usadas para ajudar Júpiter a controlar-se e a disciplinar-se. Júpiter sem aflições “dispositado” por um planeta aflito indica que este planeta pode, em grande medida, ser redimido de suas aflições através da expressão das melhores qualidades de Júpiter. Neste caso, Júpiter deve “limpar a casa onde mora” – expressões construtivas de sua vibração proporcionam um canal de transmutação para o planeta aflito.
          A conjunção aflitiva de Júpiter com outro planeta indica a tendência desse planeta para expressar-se excessivamente – implica numa qualidade de “demasia”. As expressões da pessoa no sentido das condições e experiências do planeta em conjunção são desviadas, porque Júpiter aflito é “fraco em julgar”; definindo-se “julgamento” como “conhecimento da alma”, destilação de experiência – não o resultado do estudo concreto. Todavia, no caso de tal conjunção aflitiva, o poder de Júpiter promete grande recompensa se o planeta em questão for expresso construtivamente; A expressão construtiva do mesmo só pode ocorrer como resultado de destacada observação associada a uma extensa auto-disciplina. A contínua expressão negativa de tal conjunção – energias sem direção – indica um inevitável esgotamento de recursos.
          As “graduações” de Júpiter mostram que suas vibrações se expressam mais puramente em Sagitário, Câncer e Peixes. Ele está em desvantagem nos signos mercuriais: Gêmeos e Virgem, e, na opinião do autor, Júpiter é perfeitamente menos jupiteriano em Virgem e Capricórnio. Virgem é analítico, detalhista, meticuloso e crítico – oposto do magnânimo generoso Júpiter. Em Capricórnio, Júpiter é oportunista – ele tende a dar, mas visando aquilo que pode receber em troca. O impulso religioso, misturado com a vibração de Saturno, tende ao formalismo e ao dogmatismo. Se Júpiter tem múltiplos aspectos em Capricórnio e tem alguma ligação direta com a casa 9 da Carta, então o impulso religioso é amplo, mas a pessoa deve estudar religiões com o propósito de compreendê-las para poder entender outras pessoas, e não com o propósito de reprimir, discutir ou forçar suas opiniões aos outros. Se o indivíduo é um mestre, qualquer classe de mestre, seu Júpiter em Capricórnio enfatiza tendência para a ambição e para a ostentação. Ele deve aprender de algum modo a “penetrar na mente de seus pupilos” para que em seus ensinamentos, possa ser mais apto para desenvolver as capacidades latentes deles. Sua tendência será tentar adaptá-los à sua particular maneira de pensar. Júpiter em Capricórnio precisa aprender como dar – e dar sem considerar a possibilidade de um retorno.
          Em Leão, Júpiter brilha esplendorosamente, mas quando aflito, a auto-justificativa e o amor próprio são fortes. Esta é uma “posição de nobreza”, mas se for pervertido e debilitado ele pode manifestar uma arrogância abrasiva e superioridade gigantesca. Em Touro, combinado com a vibração de Vênus, Júpiter se colore de “abundância financeira” – expressa suas qualidades em termos de coisas da terra. Em Aquário ele é muito sociável e humanitário; busca estabelecer e manter a abundância em suas relações com amigos – é uma influência benéfica em atividades de grupo. E assim com os demais signos.
          Júpiter na Casa XII: os aspectos benéficos descrevem Júpiter como um “anjo da guarda” – uma profunda percepção subconsciente de proteção. Isto evidencia ter “dado sigilosamente” no passado e é promessa de “sorte de último instante”, nesta encarnação. Tudo parece estar perdido, então aparece alguém em cima da hora para salvar a situação. Este é o tipo de pessoa que não deve fazer alarde de suas dádivas – se o fizer corrompe a expressão pura de Júpiter e enfraquece seu poder para fazer o bem. Não importa o signo em que este planeta se encontre, a Casa XII está associada ao signo de Peixes, de maneira que Júpiter nesta Casa indica, em certa medida, a posse de uma irradiação de poder curativo para aqueles que estão doentes e reclusos. Nenhuma pessoa com esta posição deve pensar que não existe ninguém que não precise dela – há uma abundância delas em hospitais, orfanatos e asilos, onde podem dar o melhor de si mesmas para aliviar aos que sofrem e melhorar as condições. Dar dinheiro para bons propósitos é muito nobre, mas quando Júpiter se encontra em suas melhores condições, impele o indivíduo a dar de si mesmo – seu tempo, seu trabalho e seu interesse.
          Júpiter aflito na casa XII é a “própria ruína através do falso orgulho” – uma condição subconsciente que “apaga” a auto-perspectiva. Indica também o carma que se pode cumprir pela – ou através da – posse de riqueza, e como o mau uso dessa abundância pode conduzir a uma deterioração interna. A Casa de regência de Júpiter, em termos de experiência e/ou relacionamento, é vista aqui como indicativa da condição de limitação que pode ser redimida, se não estiver ocupada, pela expressão das qualidades construtivas de Júpiter. Júpiter na Casa 12 lança um “manto de segredo” na Casa que tem Sagitário na cúspide, e aflições de outros planetas a Júpiter indicam uma tendência para a clandestinidade, hipocrisia, e falsa aparência. Júpiter, para viver em plenitude, “não deve aparecer” – e se suas expressões externas têm que ser experimentadas em segredo ou nos bastidores, então é melhor que seja expresso com a maior sinceridade e autenticidade possíveis, caso contrário corrupção pode ser o resultado.
          Júpiter na casa II; com aspectos benéficos é garantida abundância financeira se o indivíduo trabalha naquilo para que foi destinado, o trabalho que mais ama e através do qual pode dar o melhor de si mesmo. Em outras palavras, Júpiter só pode “render prêmio” se for expresso de tal maneira que seja capaz de irradiar o que há de melhor em si, o que levanta essa questão: que tal o homem com Júpiter na Casa II que só é capaz de realizar um tipo de trabalho “rotineiro” dia após dia? Ele não está consciente de amar seu trabalho – fá-lo para ganhar bastante dinheiro para viver. No entanto, ele pode garantir para si um ganho crescente se faz esforço para melhorar sua habilidade e a esfera de expressão de seu trabalho, ainda que dentro das limitações de um emprego rotineiro. Sempre há oportunidade para fazerem-se melhoramentos – e o homem que se esforça para isso, mesmo inconscientemente, contribui de modo geral para seu emprego. À medida que ele melhora, o trabalho como um todo também melhora. Júpiter não apenas “ama ao que dá com alegria”, mas estende a mão como ajuda a todo aquele que melhora de algum modo.
          Júpiter na casa VI: Sem aflição assegura a saúde. Se os padrões gerais na Carta mostram tendências para doenças ou desarmonias físicas, esta posição de Júpiter promete alívio se a pessoa mesma faz o que pode para estabelecer hábitos corretos e construtivos, e processos salutares. Ela deve tentar melhorar suas próprias condições físicas. Aplicada ao trabalho, esta posição de Júpiter parece indicar garantia de que o indivíduo “fará o trabalho que gosta de fazer”; ele tem um canal desimpedido para aplicar em suas experiências de trabalho seu entusiasmo e determinação para progredir e ser bem sucedido. Aflito, Júpiter mostra tendências para desarmonias físicas em razão de excessos, e no trabalho, inclinação para fazer o tipo de trabalho que pode lhe render maior ganho pelo menor esforço. Se a pessoa não dá através de seu trabalho, diminui suas oportunidades e esgota suas capacidades de progredir.
          Júpiter na casa X: Aflito, indica uma condição sutil que justifica uma análise cuidadosa. Na consciência de tal pessoa, “reputação” é tida como uma fonte de proteção e benemerência, não importa quão ilusória sejam. O “desejo de melhorar” vê-se expresso aqui como o “desejo de melhorar aos olhos das outras pessoas ou da sociedade em geral”. Esta posição é a essência da simulação, da aparência forcada, planejada, artificial, que se usa para ocultar deficiências e indignidades de toda sorte. É o caso do sacerdote mundano que glorifica a Deus na maior das catedrais, e da congregação mais rica, para quem a religião é um assunto de publicidade, renome e fama. É o “parasita” da sociedade que se sente feliz e à vontade somente quando visto ao lado das pessoas de bem, que “se preserva” por viver na boa impressão que causa naqueles a quem admira e considera “superiores”. Júpiter aflito na casa X ou em conjunção com o regente aflito da mesma revela muito da mesma qualidade. A reputação parece ser o foco da expressão de Júpiter em um e outro caso. Renome, sua verdadeira conquista ou o desejo de “ir fundo” para alcançá-lo, é uma extensão de “reputação”. O grande homem pode tê-lo conferido a si sem ter qualquer desejo disso; outra pessoa pode achar que sua capacidade de melhorar a si mesma pode crescer na medida em que seja aclamada por seus êxitos; outra ainda deseja tão fortemente um tipo de auto-aprovação advindo do reconhecimento público que não tem escrúpulos de conquistá-lo por algum meio. Com este padrão de Júpiter aflito, estude a Carta cuidadosamente para identificar as possíveis deficiências que a pessoa tenta encobrir, aquelas coisas que a impelem a compensar através da simulação. Se buscar ser orientada para um viver construtivo, os resíduos que atravancam sua mente e suas reações devem ser removidos, e suas possibilidades de conseguir êxito verdadeiro precisam chamar sua atenção.
          Júpiter na casa IV: Júpiter cria uma condição de abundância na Casa que ocupa. Esta posição, apoiada por aspectos benéficos, promete fartura na última parte da vida, e uma espécie de “florescimento” de impulsos superiores aparece como resultado de atividades construtivas durante os anos de desenvolvimento. Qualquer um pode ter que enfrentar toda sorte de dificuldades no decurso de uma encarnação, mas Júpiter na Casa IV faz de sua vida doméstica um santuário. As aflições a Júpiter na Casa IV mostram quanto desgaste pode ser causado pela perda de oportunidades de crescimento e melhoramento, criando-se assim para os últimos anos uma condição em que o círculo do lar torna-se o único refúgio de paz e conforto. É uma indicação de pais ricos ou, pelo menos, generosos. O padrão é estampado com colorido de abundância. A pessoa encontra em sua vida doméstica enriquecimento de coração e de espírito, e, não importa o que possa ser aos olhos do mundo ou em suas atividades profissionais, irradia o melhor de si mesma para sua família. Quando estabelece o seu próprio lar, ela sintoniza com algo em sua natureza que representa o melhor em si. A vibração de Júpiter que se expressa através das condições da Casa IV pinta a imagem de um marido devotado, de um pai generoso e amoroso, e/ou de uma matrona honesta e respeitável.
          Júpiter na casa V: Abundante capacidade amorosa; os filhos são considerados como bênçãos da vida. As aflições podem indicar experiências pelas quais o indivíduo, como pai, deve desenvolver compreensão e capacidade de julgar, mas, no geral, ele descobre que sua vida expande-se amplamente através do contato com seus filhos. Em virtude de Júpiter ser basicamente masculino, sua posição na quinta casa na Carta de um homem indica o prazer que ele encontra na paternidade. Seu amor pelas crianças é ilimitado – ele gostaria de fazer tudo por elas. Max Heindel tinha Júpiter em Sagitário na Casa V – era verdadeiramente um “pai espiritual”, sua capacidade de amar com devoção não tinha limites. Júpiter aflito na quinta Casa necessita de disciplina e discernimento. Trata-se do pai que pode facilmente estragar seus filhos por excesso de complacência, ou cuja preocupação excessiva por eles pode levá-lo a protegê-los demasiadamente. Ele precisa encontrar algum meio de desenvolver uma atitude mais desapegada, mais impessoal, para com eles. Júpiter não regenerado na Casa V ou regendo esta, indica excessivo apego aos prazeres como “mecanismo de compensação”. Trata-se do homem que não sabe como converter suas habilidades em valores práticos, por isso melhora suas condições financeiras no jogo e na especulação barata. Da mistura com a vibração de Marte, os prazeres do sexo podem ser meios usados para “compensar” impulsos amorosos não realizados. Padrões negativos Júpiter-Netuno envolvendo a Casa V podem ser muito maus – uma vez que Netuno é a essência do mecanismo de escape, de modo que se os desejos de prazeres e “alegrias” são excessivos, o apetite exausto pode converter-se em sombrias compensações nas drogas e no excesso de bebidas. Este padrão exerce uma influência de perversão nas experiências do prazer – o artifício, a luxúria e a sensação mórbida podem substituir as coisas que são verdadeiramente sadias e “recreativas”. Uma vibração aflitiva de Júpiter expressando-se através da quinta Casa não pode fazer nada melhor que fixar, se possível, respostas às atividades do prazer que conduzem à melhora da saúde por vias naturais. O ar livre, as marchas, a natação, a jardinagem, etc., poderiam ser exercitados, pelo menos parcialmente, com bons resultados.
          Júpiter na casa III: É uma expressão mental do planeta. O estudo torna-se um canal para o melhoramento, e a educação uma necessidade. Fluência de expressão está indicada, mas se aflito, Júpiter precisa de método e rotina. Os aspectos benéficos indicam felicidade através do relacionamento com irmãos, o que por sua vez “alimenta” as possibilidades de êxito no relacionamento na maturidade. Geralmente indica capacidade de abundantes recursos mentais, uma mente fértil em idéias e capaz de reter muito conhecimento. As possibilidades para expressão em público considera-se como incentivos para o estudo e o desenvolvimento intelectual.
          Júpiter na casa IX: Na nona Casa, ou em Sagitário, ou “disposto” por um planeta nesta Casa, ou em qualquer outra ligação direta com a mesma Casa, Júpiter enfatiza a “capacidade de aspiração espiritual”. Os padrões profissionais referem-se mais especificamente à lei, à igreja e ao ensino. O próprio Júpiter mostra como expressamos nossas convicções religiosas, sendo que o planeta regente da Casa IX indica os nossos sentimentos básicos a respeito da religião em geral e nossa atitude quanto a isso. Uma Casa IX vazia – desocupada, Júpiter sem aspectos, e o resgate desta Casa insignificante por esfera de ação – mostra que a pessoa ainda não sintonizou-se com o lado “compreensão” da vida. Ainda está envolvido com as “coisas como coisas”. Na medida em que Júpiter e a Casa IX ganham escopo, os padrões mostram até que ponto a pessoa já destilou compreensão a partir dos seus padrões e experiências, e até que ponto busca compreensão maior. A mentalidade de Júpiter é a mente que antes de tudo interessa-se mais por princípios que pelo árido conhecimento concreto. Ela vê as cerimônias e acessórios da igreja como símbolos de verdades internas e se interessa em descobrir a origem desses símbolos externos. A pessoa com a Casa IX fortificada “buscará até encontrar” o conceito religioso que satisfaça mais plenamente suas necessidades, e quando o encontra reconhece-o quase imediatamente.
          Quando estudamos uma Carta do ponto de vista psicológico, é importante obter uma “imagem” da habilidade da pessoa para pensar em termos de princípios – porque toda a psicologia corretiva se baseia na harmonização com os princípios do pensamento e da ação. Se a Casa IX é fraca, devemos falar à pessoa em termos que ela possa entender – devemos usar “termos terrenos”. Deste modo o astro-analista realiza seu propósito como uma expressão das faculdades da IX casa – como um pai espiritual ele, por sua compreensão, guia “seus filhos” mediante conselhos construtivos dados de maneira simples, e sempre com a finalidade de “elevar” e encorajar. O astrólogo liga-se espiritualmente a todas as pessoas que procuram, de algum modo, melhorar a vida dos outros. Sugiro ao leitor praticar a síntese do Princípio de Melhoramento em relação às outras Casas.