sexta-feira, 12 de junho de 2015

CAPÍTULO XLI – LUZ COMO PROSPERIDADE




            A palavra “afluência” é derivada de duas palavras Latinas: “a” significa “para” ou “em direção”, e “fluere” significando “fluir”. Nós comumente a utilizamos para nos referir a condições caracterizadas por abundância, prosperidade, plenitude de suprimento e riqueza, mas uma consideração da derivação da palavra nos dá uma pista para seu significado esotérico. Ela não é basicamente uma descrição de condições senão uma qualidade de consciência pela qual a abundância é percebida e manifesta. Em outras palavras, a consciência humana – a “luz pela qual o humano percebe a Luz” – contém um potencial de funcionar “afluentemente” de forma que, correspondentemente, condições de abundância possam fluir em direção a e interiormente aos ambientes e afazeres humanos. Como o desejo de vivenciar a saúde é uma das muitas conquistas humanas para perceber a Luz, assim é o desejo de vivenciar afluência; é importante considerar como um ser humano pode gerar o tipo de consciência que torna a abundância evidente em sua vida.
            Se a consciência de “fome” é indicativa de uma necessidade profundamente sentida, então a “pobreza” é uma combinação daquela necessidade com uma convicção de que a necessidade pode não, não será ou deverá não ser satisfeita. A pobreza é o oposto da afluência – ela representa uma condição “limite” da consciência que se exterioriza pela deficiência ou falta relativa de coisas essenciais ou desejadas. Não nos sentimos “pobres” por não ter algo ao que nos sentimos indiferentes; “sentir-se pobre” é sentir-se privado daquilo pelo que temos um forte sentimento de desejo ou necessidade. O complexo de pobreza é uma forma de padrão mental, de qualidade congesta, pelo qual um humano se priva de realizações de afluência; esta privação é uma convicção de deficiência que caracteriza seu viver geral ou se manifesta em algum fator específico ou área de sua vida. O complexo de pobreza é sempre um retorno cármico de mau uso ou abuso dos meios e oportunidades em vidas passadas. Ele é essencialmente construído sobre o medo residual ou culpa trazida – como reação no subconsciente – de ações passadas caracterizadas pelo desperdício, destrutividade, desonestidade ou desonra. Pelo desperdício minamos nossa consciência de uso correto; pela destrutividade ativamos um poder de repulsão no subconsciente que “nega” nosso desejo de atrair aquilo que agora queremos ou requeremos; pela desonestidade ou desonra nós privamos outros daquilo que é deles por direito e o resíduo subconsciente, que se apresenta como complexo de pobreza, é a enervante “sem vida” essência do medo e culpa. Tenha curta ou longa duração, o “sentimento de pobreza” é sempre um indicativo, entregue à mente consciente a partir da reação do subconsciente, de que uma drástica revisão da consciência se faz necessária. Aquela revisão deve ser estabelecida na mente subconsciente antes que as condições melhoradas apareçam nos assuntos exteriores. Em outras palavras, o sentimento da pessoa sobre a vida e ela mesma deve ser mudado por um processo de “abertura” de forma que ela, por expressão de sua consciência, possa “fluir mais livremente na vida” e consequentemente as manifestações da abundância da vida possam “fluir mais livremente em seus assuntos pessoais”. A água é talvez o símbolo mais perfeito do princípio da afluência da vida; lembre que ela deve ser liberada a partir de seu estado de suspensão enquanto nuvem, neve e gelo antes que possa fluir doadora de vida como rios. É o poder do calor que libera o potencial da água de seu estado estático enquanto gelo e neve; correspondentemente, alguma forma de calor espiritual deve ser estabelecida na subconsciência humana como meio de revitalizar sua aparência em si e em suas condições. Como esta conquista renovadora é feita? Consideremos o que a Grande Mandala Astrológica (o círculo com doze casas circundado pelo cinturão zodiacal com Áries no Ascendente) tem a nos dizer:
            Olhe primeiro para os dois signos que focalizam os dois braços do diâmetro vertical: Câncer, água cardinal, está na extremidade inferior; Capricórnio, terra cardinal, está na extremidade superior; o eixo vertical total é a linha de geração ou parental. A Lua, regente de Câncer, é o símbolo arquetípico da mãe; Saturno, regente de Capricórnio, é o símbolo arquetípico do pai. Esotericamente, estes dois signos e a linha que eles formam como “emanação” a partir do centro do mapa, se referem ao atributo gerador do ser humano quanto a seu próprio destino pela maneira que ele exercita sua consciência, de encarnação a encarnação. O humano qualifica a linha evolucionária de sua existência pelo que ele estabelece em sua mente subconsciente (Câncer) e pelas formas que ele exterioriza o estabelecido (Capricórnio). Pela sua participação no poder criativo do pensamento, cada humano é a mãe e o pai da qualidade de sua própria linha evolucionária. Pelos seus poderes de reação no sentimento, ele se apercebe do que ele estabeleceu em sua mente subconsciente; por seus poderes de expressão (pensamento, palavra e atos) ele corporifica aquilo que estabeleceu em seu território subconsciente. A “convicção de pobreza” é uma “escuridão no subconsciente” – significa que a pessoa, no passado, identificou-se com a escassez por algum tipo de ação representante do mau uso ou abuso de oportunidades e meios. Em suma, por suas falhas nessas questões, ele “alberga” a condição presente ou situação por ele “identificada como pobreza”. A pobreza não é uma realidade da vida, senão uma interpretação individual de condições baseadas em reação cármica. Pense por um instante: A vida é “pobreza-penúria”? Nosso planeta é “pobreza-penúria”? Todo ser humano tem o mesmo tipo de complexo de pobreza que outro ser humano? Todos têm que sofrer do complexo de pobreza eternamente? A resposta a todas essas questões é não. Consideremos uma pista astrológica esotérica muito importante e interessante para os meios pelos quais o complexo de pobreza pode ser descristalizado de modo que as energias bloqueadas possam ser liberadas afluentemente.
            A pista é encontrada nas exaltações planetárias – poderes anímicos de percepção espiritual, destilados a partir da regeneração consciente em vidas passadas – assim como se apresentam na Grande Mandala Astrológica: Júpiter, regente de Sagitário, exaltado em Câncer; Lua, regente de Câncer, exaltada em Touro; Vênus o princípio do Equilíbrio – através da troca, rege Touro e Libra; Saturno, regente de Capricórnio, exaltado em Libra; Marte, regente de Áries, exaltado em Capricórnio. Primeiro Júpiter exaltado em Câncer, como apreciação do poder de “doação”:
            Se desejarmos superar um complexo de pobreza, temos que expressar nossa sinceridade naquele ponto fazendo algo de natureza afluente para manifestar a condição desejada em termos de experiência humana. Aquela forma de expressão é o que chamamos “dar”. A sentença “é mais abençoado dar que receber” é muito mais que “provérbio antigo”. Ela contém uma diretiva metafísica profunda e oculta: o ato de dar é uma benção para a mente subconsciente de quem dá. Se você estiver convencido, em seu subconsciente congesto que um estado desejado ou requerido “não é para você”, mas você faz algo para tornar possível a outra pessoa realizá-lo, você toma o primeiro e mais importante passo em descristalizar seu próprio complexo de pobreza. Caso seu complexo de pobreza fosse “total”, você nem pensaria em tentar fazer aquilo evidente para outra pessoa. O fato de você dar daquela coisa imprime na mente subconsciente que você está ciente da disponibilidade da coisa. Com aquela ação, realizada em sincera atitude de auxílio, você começa liberar as energias subconscientes, pois dar é afluência em ação. Você se abre então às possibilidades de reconhecer a coisa desejada ou necessária em suas próprias relações e ambiente. Consequentemente, o resultado é que você criou mais luz em sua mente subconsciente e aquela criação a partir de então se torna um imã que passa a atrair coisas consistentes com seus desejos ou necessidades. Com o sentimento de iluminação, resultante da “liberação” decorrente de sua ação de doar e da maior consciência de doação, a exaltação de Marte em Capricórnio o torna mais consciente do que você deve fazer, como disciplina pessoal e desenvolvimento, de modo a tornar aquele empreendimento alcançado uma “associação permanente” de sua consciência anímica. Em outras palavras a nova abertura o leva a um espaço novo de aventura espiritual, cujo objetivo é a organização integral, para uso permanente, do novo atributo espiritual. Um ato de doação e auxílio sincero inicia o processo de afluência; mas Marte exaltado – esforço construtivo persistente – deve ser usado de modo a dissolver completamente o complexo de pobreza presente há muitos anos e que a energia relacionada ao mesmo seja completamente traduzida em consciência de Luz. Isso significa que mais auto-honestidade precisa ser alcançada; coragem e autoconfiança precisam ser desenvolvidas; mais esforço metódico e consistente precisa ser usado nas condições e atividades presentes; todas as tendências e inclinações a segurar outros – mentalmente, emocionalmente ou fisicamente – em qualquer tipo de ligação excessiva precisará ser abandonado. Lembre-se, você quer liberdade de seu complexo de pobreza, portanto deve dar aos outros a dádiva da liberdade; para fazer isso você terá que deixar certos tipos de medo, mas a intrepidez é em si um atributo de afluência. Como poderia a água fluir se houvesse medo de se mover, e se houvesse medo de derreter no gelo e neve? Temos que ser entusiásticos em derreter e dissolver as congestões secretas quando buscamos a consciência – e evidências – da afluência. Os poderes da Verdade, Coragem, Fé, Amor, Alegria e Liberdade são as “qualidades termais” pelas quais o espírito derrete as constrições paralisantes estabelecidas pelo “ego pessoal” em sua expressão de interpretações degeneradas.
            Se a abundância financeira é seu símbolo de afluência desejado ou requisitado, então os dois pontos que estão exaltados nos signos de Vênus nos dá algumas pistas. A pessoa que exercita o cuidado das questões materiais de forma caótica e desorganizada - não importa quanto dinheiro tenha - está operando longe da afluência, pois este tipo de funcionamento é evidência concreta de fraquezas no trabalho. A exaltação da Lua em Touro - o signo da segunda casa - pode ser dita como portadora da palavra chave: Eu estabeleço afluência pelo cuidado correto - agora. Em casa, em estabelecimentos de negócios, em atividades profissionais ou assuntos comerciais, os humanos não podem ser desorganizados em seus padrões de trocas financeiras e esperar continuar registrando afluência. Nós impomos fardos aos outros se perpetuarmos desordens em questões pessoais e cedo ou tarde teremos que corrigir o desequilíbrio. O signo de Touro é polarizado pelo signo fixo de água Escorpião que se refere à consciência sexual. É fato estabelecido, por investigação psicológica e metafísica, que a consciência do dinheiro tem como contraparte a consciência sexual. Ambas são aspectos do desejo por manutenção e perpetuação. Assim, congestões nas atitudes em relação ao dinheiro e ou sexo, têm efeito retroativo em seu oposto. Nesses dias de "aceleração evolucionária" os humanos têm muitas chances de resolver muito carma de vidas passadas, sendo sexo e dinheiro os desejos responsáveis por muitas das expressões negativas de nossas vidas passadas.
            Considere isso à luz dos programas de forte taxação com os quais estamos lidando. Também à luz do que é revelado nesses dias em relação aos aspectos sexuais da natureza humana – as condições cármicas da consciência geradora que estão sendo reveladas em tantas formas complexas. Portanto, uma “consciência monetária sobrecarregada de pobreza” pode bem ter suas raízes em condições psicogenéticas de tipo constritivo e todas essas condições requerem maior afirmação da consciência de amor ou de boa vontade em relação a outros humanos. Saturno, regente de Capricórnio, está exaltado em Libra, a sétima casa da Grande Mandala. Esta é a insígnia, de forma astrológica simples, da Regra de Ouro – o cumprimento perfeito da experiência através da consciência harmonizada do relacionamento humano e a consciência de justiça espiritual que aquela forma de conquista inclui. Afluência é a providência da Vida para nosso sustento. Aquela “providência” está estabelecida para nosso uso, mas se qualquer coisa em nossa consciência busque privar outra daquilo que é seu correto cumprimento, então bloqueamos nosso reconhecimento da afluência da Vida; limitamos nossa expressão; e a pobreza se faz presente.
            O símbolo tradicional do Sol – o ponto circunscrito pelo círculo – pode ser tomado para esta consideração, como símbolo de todos os potencias de afluência, o símbolo da inteira providência da Vida. A partir do que ele representa, emanam todas as coisas necessárias para nossa evolução emanam – assim como tudo representado em um horóscopo “emana” a partir do ponto central. O Sol, como regente do signo de fogo Leão, pode ser visto como o símbolo da afluência da luz espiritual – todo Amor, todo Sabedoria, todo Verdade, todo Beleza, todo Ideação que os humanos possam realizar e, da mesma forma, todas as representações materiais que interpretemos a partir de uma consciência espiritualizada. O poder em todos os graus possíveis é representado pelo Sol, e assim, ele representa todos os graus possíveis de poder que o humano pode alcançar. Poder é – é parte de nossa “missão de vida” alcançar seu reconhecimento em nosso interior.
            Como a pobreza é uma ilusão criada pela consciência humana relativamente não evoluída, não é estritamente verdadeiro, do ponto de vista filosófico, que "Saturno seja o símbolo da pobreza". Tal interpretação é uma injustiça a Saturno. Saturno nos fala a partir de nossos medos e culpas, das áreas não preenchidas de nossa experiência; quando essas áreas são preenchidas, a segurança se estabelece na consciência e consequentemente surge aquela sensação interior de desimpedimento geradora da afluência. Também as quadraturas no mapa representam áreas de tensão interior que podem ser interpretadas como "potencial de pobreza". A regeneração alquímica pela expressão dos atributos espirituais dos pontos planetários envolvidos "derreterá o gelo" da congestão interior. A pessoa que sofre de sensação de "pobreza educacional" deve primeiro curar sua mente subconsciente recarregando-a com um forte desejo de aprender; o desejo de aprender é o desejo de experienciar afluência no plano mental, e essa forma de afluência só pode ser experienciada quando se permite abrir a mente. Tendências ao preconceito, dogmatismo, teimosia e tirania mental devem ser afrouxadas e a humildade de um verdadeiro aprendiz deve se estabelecer no subconsciente. Se um curso não estiver disponível, então o aprendiz sincero abrirá sua mente à percepção de outros canais de estudo e aprendizado: bibliotecas, livrarias, palestras públicas estão disponíveis em abundância hoje em dia. Se um aprendizado específico for desejado, então a pessoa deverá indicar seu desejo sincero sendo determinada em organizar sua vida e afazeres para a realização do objetivo. As pessoas podem aprender muito pelo método barato de se tornar mais perceptível ao mundo a seu redor.
            A pobreza de amor, amizade e companhia é, talvez, a mais trágica de todas as evidências de congestão cármica. As pessoas que sofrem dessas privações devem atentar ao fato de que amor e amizade são estados de consciência - estabelecê-los na consciência torna possível sua expressão afluente nos relacionamentos. Também é importante reconhecer que muitas pessoas que buscam profundamente por alegria nos relacionamentos e por ideais de companheirismo não são amistosas consigo mesmas, a despeito de quão devotadas possam ser aos outros. O respeito e a apreciação por si, enquanto expressão de Vida Divina, e os potenciais pessoais de revelar aquilo que é bom e belo, podem ter que ser estabelecidos em lugar da auto depreciação, sentimentos de inferioridade e afins. A falta de harmonia em tais padrões de relacionamento como aqueles com um dos pais ou parente fraterno podem ter que ser transformados expandindo a consciência do relacionamento de formas mais universais. Mas, sempre devemos lembrar que o desejo de verdadeiramente compreender os outros deve - e pode - destravar as áreas bloqueadas de qualquer relacionamento humano. Devemos ser afluentes em nossa boa vontade para com os outros se quisermos conquistar afluência em nossa experiência.