terça-feira, 1 de janeiro de 2013

CAPÍTULO XV – PLUTÃO – O PRINCÍPIO DO FOGO CONGELADO



Este assunto é apresentado na esperança de que seja uma contribuição útil àqueles estudantes de astrologia que se interessem por psicologia, a fim de permitir-lhes compreender melhor os aspectos de desejo da consciência humana. Podemos fracassar em nossa tarefa de "iluminadores" se não aceitarmos intimamente procurar soluções para as emocionalidades complexas e desviadas que resultam de confusões e frustrações da consciência sexual das pessoas. Evolução é geração e regeneração; fobia, psicose, fixação, etc, são termos usados para indicar níveis de consciência emocional que, em virtude da falta de escape construtivo, permitiu-se que estagnasse, cristalizasse, congestionasse e retrocedesse.
Na aplicação de interpretações astrológicas para as descobertas da psicologia moderna, não existe símbolo único mais significativo que o signo em sua colocação como significador vibratório da Casa 8 da roda abstrata.
Como signo fixo de água, ele pode ser comparado ao gelo comprimido e imóvel. Como significador emocional, é sentimento em sua forma mais intensa. Ele é o grande oceano de poder do desejo, do qual a humanidade inteira recebe seu pábulo emocional para ser transmutado através do amor para a regeneração da Vida. (Fisiologicamente, Escorpião representa todas as funções excretoras do corpo - a eliminação das substâncias em estado fluídico, as quais, pela boa saúde, devem ser "descarregadas" para que os processos regenerativos e transmutativos do corpo possam ser efetuados).
A referência ao Amor citado acima poderá ser mais bem compreendida se adotarmos um desenho ilustrativo: façamos um círculo em branco e coloquemos o símbolo de Áries na cúspide da primeira casa, e Touro na cúspide da segunda casa. Este é o retrato do “EU SOU”, (1ª casa), a afirmação do ser consciente - e do “EU TENHO”, (2ª casa), o reconhecimento da relação com as coisas da Vida através da consciência de posse. Touro, Venusino, signo de terra e fecundo, simboliza a manutenção e sustento da vida física; ele é nossa "raiz na Terra", pela qual, através do senso de posse, mantemo-nos agarradosàs experiências da vida. A níveis primitivos da Casa 2, a consciência de relacionamento com outras pessoas não está - nem precisa estar - implicado necessariamente com outra pessoa; mas é um estado de “sentimento” ou “emoção” de propriedade pelo qual cinzelamos o destino de acordo com nossa consciência de "avaliar as coisas da terra".
Acrescentemos a este desenho o símbolo de Libra na cúspide da sétima casa. O “EU SOU” de Áries na primeira casa encontra agora sua realização ou transcendência, no “NÓS SOMOS” da sociedade, do matrimônio ou do relacionamento de qualquer natureza. A consciência de isolamento da Casa 1 amplia-se através da mutualidade de experiência "em conjunto".
A sétima casa é a primeira casa do hemisfério superior, a iniciação aos níveis da consciência anímica pela experiência do reconhecimento amoroso, ou destilação do amor através dos mecanismos do relacionamento. A manutenção ou sustentação da Casa 7 encontra-se na casa 8, a "polaridade da consciência anímica" da casa 2. Como dissemos, ela é o recurso do desejo, o "fogo do intercâmbio de polaridades".
Coloquemos o símbolo de Escorpião na cúspide da oitava casa, completando-se assim o quadro do lançamento do indivíduo aos níveis evolutivos de experiência através do poder do amor para a transmutação e regeneração de sua consciência (sugerimos que todo o estudante de astrologia medite sobre este esquema; ele é o quadro simbólico do Jardim do Éden, relatado na Bíblia, o nascimento da consciência sexual e a iniciação ao matrimônio. A interpretação adulterada desta alegoria através dos tempos, na experiência humana, tem causado mais tragédias e sofrimentos do que se possam atribuir a qualquer outro fator isolado. "Eva" é a consciência anímica ou a metade superior da roda astrológica. "Ela" surge da necessidade do indivíduo transcender as condições da primeira casa (isolamento para auto-manutenção, inocência e/ou ignorância). Cada ser humano real é um composto vibratório de "Adão e Eva"; o sexo é mera especialização de polaridade expressa em termos físicos durante determinada encarnação para  específicas necessidades geradoras e evolutivas. Não pode haver tal coisa como superioridade do macho sobre a fêmea - todos somos inerentemente ambos, na consciência e na subconsciência. Os Astrólogos devem compreender isto.
Façamos agora outro desenho, em nosso estudo do signo de Escorpião. Em uma roda astrológica em branco conecte os pontos médios das casas fixas - 2ª, 5ª, 8ª e 11ª (signos fixos) - por meio de linhas retas. O resultado será a forma geométrica perfeita do "quadrado estático" repousando sobre sua base (este é o nosso símbolo para o "aspecto quadratura" - a relação entre dois planetas que se encontram dentro de uma órbita de noventa graus entre si). Considerando que os significadores vibratórios dessas casas são todos signos de poder emocional, devemos estudar por pares a relação de polaridade desses signos. Liguemos o ponto médio da casa 2 ao ponto médio da casa 8, e o ponto médio da casa 5 ao ponto médio da casa 11. A polaridade Leão-Aquário é o poder do amor pessoal criador, expresso na relação de pai para filho, sendo realizada espiritualmente na vibração aquariana do poder do amor impessoal que inclui todos os padrões de relação tal como são realizados nas amizades e na fraternidade. Estes dois signos são o poder do amor como radiações. O padrão Touro-Escorpião representa os recursos do poder do amor através da função evolutiva do “desejo de posse das coisas” e do “desejo de posse na experiência amorosa”.
O “quadrado estático” que traçamos aqui dá-nos a pista para o verdadeiro significado do “aspecto quadratura” que usamos em astrologia. Os padrões fricativos mostrados em um horóscopo simbolizam potencialidades para sofrimento – os “problemas” – devidos a frustrações e/ou expressões não espiritualizadas do poder do desejo. Esclarecendo:
Os problemas - como a dor – são acesos em nossa consciência pelo contato com outras pessoas e através de nossa reação vibratória aos seus padrões de consciência. Isto só pode ser possível por meio de experiências determinadas pelos setores das casas 7 e 8 da roda astrológica, que são os setores de “intercâmbio de vibrações”. Nossos estados não regenerados de consciência, os desejos não realizados ou não expressos, sincronizam-se com um padrão complementar da outra pessoa, e então nossa experiência de relação é objetivada. Como esta fase de vida nos chega através de outra pessoa, consideremos o traçado do quadrado estático começando com Escorpião.
A roda astrológica, como sabemos, é uma representação abstrata dos processos evolutivos através de sucessivas encarnações. O nascimento físico é simbolizado, em cada encarnação pelo Ascendente, a cúspide da primeira casa. Contudo, em cada encarnação inicia-se um “segundo nascimento” na primeira reação à consciência sexual: o reconhecimento do complemento de alguém, o “outro eu” de alguém, seu símbolo vivente da realização desejada e necessitada. Por conseguinte, podemos pensar que a roda astrológica começou suas revoluções a partir do momento em que a humanidade – no sentido abstrato (Adão e Eva) – percebeu o desejo de realização através dos processos de intercâmbio de polaridade, começando como o intercâmbio vibratório da experiência do sexo físico, e passando por todos os estágios de desenvolvimento nos intercâmbios mentais e criadores e relações biológicas e não biológicas.
Escorpião então é visto como o recurso vibratório do poder do desejo para a entidade que chamamos humanidade, e do qual todas as coisas viventes recebem sua expressão criadora e perpetuação. Em virtude de estarmos respaldados por muitas e muitas encarnações em que expressamos este poder de certas maneiras, podemos considerar cada ser humano análogo, simbolicamente, a um iceberg que mostra acima da superfície apenas uma pequena fração de seu corpo inteiro. Cada um de nós possui uma “grande área” de potencial de desejo submerso ou desconhecido que deriva diretamente de nosso vínculo com esse recurso. Por isso, tal vínculo mútuo tem sido chamado por muitos pensadores como “inconsciente coletivo”. Todo ser humano em um dado momento de qualquer estágio de sua evolução, vibra a certo nível desse “corpo de desejo coletivo” (de maneira similar ou análoga à vibração específica de qualquer cor em relação ao espectro total, ou a de qualquer tom em relação ao "corpo das vibrações tonais").
Em termos tradicionais e ortodoxos, podemos dizer que Escorpião representa a “fonte do mal”. O demônio é o eterno tentador, o eterno impulsionador para a direção errônea, a eterna armadilha para o incauto, o arqui-destruidor do bem, o adversário do ser humano, e um “fedor nas narinas do Mais Elevado”. Não queremos discutir com a ortodoxia, mas essas frases representam atitudes simplistas de pessoas que veem a vida e seus capítulos como “preto ou branco”, “dia ou noite”, “o alto ou o baixo”, “essencialmente bom ou essencialmente mal” e assim por diante. Esses níveis de conceitos tem sido e ainda são necessários por servirem de referências de conduta à humanidade em evolução. É preciso que haja alguns tipos de moldes em que o homem possa derramar as expressões de si mesmo, caso contrário toda a vida em evolução seria caótica e insípida. O desejo em si não teria propósitos evolutivos para ajudar, além da satisfação das necessidades mais primitivas.
Contudo, um processo alquímico atua através da evolução de qualquer indivíduo, par ou grupo de indivíduos pela espiritualização da consciência amorosa e do desenvolvimento e expressão da inteligência. O amor próprio se torna amor de casal e amor à prole; a autoproteção se torna devoção à família, à tribo e ao estado; as forças da sexualidade são elevadas em qualidades vibratórias para se estender a níveis de criatividade e poder mental. Através disso tudo a consciência do indivíduo se desenvolve e amadurece no desejo por aprimoramento, expansão em conhecimento cada vez mais amplo do universo de outras pessoas e finalmente desponta em sabedoria e realização de ideais. Assim, Escorpião, por meio dos padrões da oitava casa, torna possível a extensão de experiências para as expressões transcendentes das Casas 9, 10, 11 e 12. Escorpião é mau somente à mente que vê o mal como uma “entidade estática”. Entretanto, pela aproximação feita pela realização dinâmica, este signo é a fonte de todo amor, de toda aspiração e, através do cumprimento das experiências de relacionamento, a fonte de toda sabedoria.
Uma vez que Escorpião é um signo fixo de grande poder em potencial, as posições planetárias ou padrões que envolvem sua vibração podem ser interpretadas como respaldadas por um enorme recurso, resultado de uma “prolongada compreensão” da força do desejo nesse ponto. Os padrões de Escorpião – e seus tipos – nunca são superficiais ou insignificantes. Atente cuidadosamente para qualquer aspecto natal referente a este signo, porque suas potencialidades são muito amplas para “grande bem ou grande mal”. O desejo se concentra aqui, de maneira que sua liberação construtiva e expressão é uma imposição nesta encarnação. O fracasso e um destino doloroso serão infalíveis no futuro. Nenhuma inibição emocional pode ser comparada com Saturno em Escorpião em intensidade de medo ou fixação; nenhum potencial de propósitos é mais firme que o sol em Escorpião. Marte em Escorpião pode representar o desejo sexual em sua mais aguda necessidade de expressão. Mercúrio em Escorpião deve vigiar suas expressões – respaldadas por impulsos não regenerados de ciúmes, frustrações, medos, etc.. Suas palavras podem ter um efeito devastador nas mentes e sentimentos de outras pessoas. A Lua e Vênus em Escorpião intensificam em alto grau os padrões que se referem especificamente aos níveis da consciência feminina de qualquer pessoa, homem ou mulher. Há, ou pode haver, uma certa implacabilidade, crueldade ou tendência para “expressar-se através da dominação” quando esses fatores não são liberados satisfatoriamente. Todas essas posições planetárias requerem transmutação de expressão através da liberação possibilitada pela consciência amorosa da mutualidade nas relações, intercâmbio sexual satisfatório e fertilidade na geração ou, em níveis impessoais, pelo serviço amoroso ou por algum tipo de criatividade. Estes são os fogos que não podem permanecer indefinidamente no estado de ardência reprimida; deve-se deixá-los “arder com os fogos do viver”.
Como estamos em busca de compreensão, existe um fator psicológico envolvido na vibração de Escorpião que deve ser considerado, embora desagradável. Sendo um estado emocional individual e coletivo, esse fator é o resultado essencial da falha na libertação construtiva desse impulsos de desejo que são necessariamente intensos. Em virtude do corpo físico ser uma expressão externa do interno, consideremos como este problema se manifesta no plano físico.
Como já dissemos, Escorpião representa toda função excretora do corpo físico. A falha em realizar estas descargas tão necessárias provoca o estado de congestão e suas consequências, as possibilidades de desarmonia física.
Em comparação, entretanto, muito mais difícil é remediar congestões na natureza do desejo. Com um pouco de reflexão, qualquer estudante pode reconhecer condições de congestão de desejo em si mesmo ou nas naturezas daqueles que conhece bem. Tais congestões tomam às vezes formas muito trágicas, pelo que devemos aprender a reconhecê-las.
A tragédia básica e essencial de um Escorpião não regenerado é a frustração do impulso gerador. Desta particular congestão surge uma miríade de doenças emocionais, nervosas e mentais que podem afligir a humanidade em quase todas as fases de desenvolvimento. É verdade que há umas poucas pessoas encarnadas em qualquer tempo que não precisam dessa forma particular de liberação, mas tais pessoas são raras e distantes entre encarnações. É natural e saudável que as pessoas, de modo geral, experimentem a realização do impulso de acasalamento no companheirismo inerente à relação amorosa. Falhar nessa realização, quando sua necessidade é profundamente sentida, tem representado um quadro terrível de sofrimento e perpetração de males a outros. Escorpião frustrado - seja onde estiver colocado no horóscopo – dá-nos um quadro que indica a possibilidade da pessoa poder expressar crueldade, desonestidade, homicídio, e toda classe de destruição como uma satisfação substituta dessas coisas que, em sua natureza de desejo, clamam por gratificação. Como o corpo físico pode apresentar erupções cutâneas devidas a condições tóxicas acumuladas, assim também a consciência pode apresentar erupções de toda classe de impulsos negros como forma de descarga. A história do desenvolvimento da humanidade como organismo sexual é crivada de capítulos de medos, perversões, doenças e loucuras, toda vez que sem o preparo interno, as pessoas “concordam” em viver emocionalmente dentro de padrões distantes de sua maneira de realização amorosa.
O matrimônio, que deveria ser a resposta natural entre duas pessoas em termos de harmonia emocional, foi transformado em uma ferramenta para servir a interesses familiares, aquisição de propriedades, de fortuna, de poder temporal, interesses de continuação de dinastias e somente os céus sabem o que mais. Uma fórmula religiosa completa foi baseada na atitude de que o homem, sendo um verme e incapaz a não ser para castigo eterno, não tinha direito ao gozo espontâneo nem à realização de seus impulsos e de sua vida. Esta “filosofia” vem corrompendo as mentes e emoções de milhões de pessoas através dos séculos. Atualmente estamos começando a descobrir as raízes desses males emocionais, de maneira que, estudando-as, somos forçados a concluir que a vida não pode ser bem vivida a menos que se baseie numa filosofia de liberações sadias, construtivas, amorosas e felizes.
Alguns resultados de ter sido instrumento para desviar a vida emocional e a felicidade dos outros:
Pessoas cujas vidas parecem estar consagradas ao sofrimento devido à falta de experiência amorosa; matrimônios em que os cônjuges parecem viver em permanente atrito – antiga inimizade; filhos são fontes de contínua ansiedade e cuidados em virtude de doenças mentais ou físicas – ou deficiências essenciais de caráter; mulheres persuadidas a se casarem com homens que as mantêm em contínua escravidão aos seus impulsos de desejos, sem resultados frutíferos; homens que não se livraram das amarras psicoemocionais à mãe; crianças que nascem de pais que não as desejam e não as tratam com afeição e consideração; pessoas que passam uma inteira encarnação com medo da própria sexualidade, envergonhando-se até de pensar em “fazer algo a respeito”.
E assim vai: tormento, dor, medo, sentimentos de inferioridade, crueldade, dominação, autodestruição e até loucura: evidências da congestão da natureza de desejos. O remédio se encontra na educação esclarecedora, espiritualizada, mais a determinação vitalizada de viver sadiamente, expressivamente, belamente e amorosamente no relacionamento consigo mesmo e com as demais pessoas. Assim o recurso de desejo é transmutado e expresso em termos que contribuem para a evolução, bem como para a redenção de padrões cármicos a se converterem em consciência espiritualizada.
Achamos que a meditação sobre um signo ou um planeta que se relacione com o “horóscopo abstrato” é uma base confiável para todo estudo da ciência astrológica interpretativa. Por “horóscopo abstrato” queremos significar uma roda astrológica  com Áries na cúspide da primeira casa, Touro na cúspide da segunda casa, e assim por diante em torno da roda. Isto coloca os trinta graus de cada signo na sua Casa correspondente. O posicionamento dos planetas nos signos e Casas de suas dignificações completa o quadro.
Na primeira parte deste capítulo nós consideramos o signo de Escorpião em sua “relação de quadratura” com os outros três signos fixos – os signos do “recurso de poder emocional”, que são a sustentação dos signos cardeais que os precedem.
Agora devemos considerar Escorpião em sua relação com os outros dois signos de seu elemento – água. Nosso desenho será um círculo em branco com Câncer na cúspide da quarta casa, Escorpião na cúspide da oitava casa e Peixes na cúspide da décima segunda casa. Ligue estas cúspides por linhas retas, de maneira que formem um triângulo equilátero. Dos três signos de água e respectivas casas, a quarta casa está no hemisfério inferior ou hemisfério de consciência do ego; as outras casas (8ª e 12ª) estão no hemisfério de consciência anímica. Consideremos agora a quarta casa:
O segundo aspecto da consciência cardeal é “EU SOU”; isto é, em termos da relação do Ego com heranças, familiares, consciência racial e identificação com as correntes da Vida. Câncer, signo cardeal-água, é gerador no sentido de que é a nossa consciência de “formação de lar”; é a base (o ponto mais inferior do círculo) a partir da qual nos levantamos através de sucessivos padrões evolutivos.
Escorpião e a oitava casa sustentam a sétima casa, que é o ponto focal de nossa mais intensa consciência de relação no matrimônio (amor) ou na inimizade (amor não realizado). Consequentemente, o intenso poder emocional concentrado de Escorpião – através do impulso sexual e de suas derivações – é necessário aqui. Escorpião é geração e suas espiritualizações por meio da regeneração no amor.
Peixes e a décima segunda casa simbolizam a água como um meio envolvente. Considerado abstratamente, é a essência do passado trazido para o presente. Todos os signos mutáveis e respectivas casas são “modulações” de um quadrante vibracional ou ambiental ao quadrante seguinte. Assim, a décima segunda casa é a modulação de uma encarnação para a encarnação que se segue ou – considerado inversamente – é a chave essencial para se compreender o que, no passado, impeliu à encarnação presente. Simboliza a emotividade dos signos de água em seus aspectos. Mais transcendentes e impessoais da universalidade do Amor, da Simpatia e da Compaixão-Compreensão. Câncer é identificação emocional com a família, Escorpião é identificação emocional na parceria; Peixes é identificação emocional com as causas mundanas, bem-estar universal e progresso evolutivo como expressões das faculdades e consciência mais espiritualizadas.
Os signos de água em conjunto simbolizam as nossas faculdades como “placas de ressonância”; nossa “reação vibratória aos padrões vibratórios de outras pessoas”; “sentimentos familiares subconscientes instintivos”, “impulsos de desejo subconscientes” e “recordações subconscientes de encarnações anteriores”.
Uma vez que a base de toda interpretação astrológica é “Conhece-te a ti mesmo”, sugiro-lhe familiarizar-se com o padrão do signo de água girando o desenho que fizemos de modo que o seu Ascendente fique na cúspide da primeira casa. Mesmo que seu horóscopo Natal tenha signos interceptados, este giro da roda mostrará um quadro de como, em geral, a consciência do signo aquoso se aplica à sua variação astrológica individual. Estude cuidadosamente, dando ênfase à cúspide que comporta Escorpião para prosseguimento desta discussão. Aborde-o desta maneira: “Escorpião indica a concentração da minha consciência de desejo em tal e qual casa em tal e qual quadrante do mapa astrológico”. Medite retrospectivamente sobre suas experiências passadas que se relacionem com este padrão. Aplique esta técnica colocando Escorpião de outro modo, em todas as cúspides da roda. Prolongue sua abordagem mental aplicando o trígono dos signos de água e a quadratura dos signos fixos às doze possíveis posições abstratas.
Nossa próxima consideração sobre o signo de Escorpião será a sua relação com Libra, o signo cardeal que o precede. Em uma roda astrológica em branco ponha Libra na cúspide da sétima casa e Escorpião na cúspide da oitava casa. Partindo do centro da roda escureça as linhas que representam as cúspides das sétima e oitava casas, e então, sombreie estas mesmas casas de modo a se destacarem das outras casas. Isto é feito com o propósito de alertá-lo para o intenso significado emocional destes setores das duas casas e dois signos na roda.
Libra, cardeal-ar, é a correspondência vibratória da primeira casa do hemisfério da consciência anímica; ela inicia o terceiro setor da roda pela ação dinâmica da atração magnética entre duas pessoas. O egoísta, individualista, “EU SOU” – Adão – da primeira casa, prolongado até o “Eu sou uma unidade no relacionamento familiar” da quarta casa, converte-se na sétima casa em “Eu sou um dos dois fatores complementares de um padrão de experiência emocional intensamente focalizado”. Vênus, como regente de Libra, é o símbolo abstrato da “consciência de Eva” de todo ser humano, o meio de redenção do egoísmo isolador inerente em todos nós, e o canal essencial pelo qual todos nós encontramos a fonte de nossos melhoramentos e refinamentos através de intercâmbios na mutualidade – em todas as fases e níveis.
Escorpião seguindo-se a Libra é o alimento do desejo pelo qual essa experiência é sustentada, e a oitava casa é o processo de geração, regeneração, renovação e transmutação pelo qual o Entendimento é destilado – levando da oitava casa às transcendências das quatro casas restantes da roda. Acrescente ao nosso desenho uma linha reta desde a nona cúspide até o Ascendente, abarcando as últimas quatro casas. Este setor de quatro casas é a consciência resultante de expressões transmutadas da natureza de desejos; a espiritualização sendo possível pelo amor. Aplique este desenho a seu próprio mapa para meditação. Vá além: estude-o aplicando-o às doze posições possíveis do horóscopo abstrato. Utilize a abordagem da palavra-chave básica para os setores e casas individuais, tendo em mente que Escorpião transmite a intensidade da natureza de desejos; o ponto focal da consciência sexual; o capítulo de experiência que requer o máximo de seus podres para regeneração e transmutação; os níveis de sua consciência emocional que buscam o melhoramento da qualidade vibratória pelo amor; e o melhoramento da expressão pela ação construtiva.
Mantém-se aqui o ponto de vista de que Plutão é o regente de Escorpião; Marte é o co-regente como expressão ativa de Plutão. E por estas razões:
As qualidades essenciais da “natureza espiritual” de um planeta devem coincidir com as qualidades essenciais do signo que ele rege. Marte não é somente o Princípio da Energia, mas é a expressão dessa energia na ação. Seu signo é Áries – o passo inicial da roda, a “nova vida”, a consciência de Ser e Fazer. Sua essência é dinâmica de qualquer modo: impelindo, energizando, impregnando e vitalizando. É a abstração da personalidade individual combatendo com a Vida e suas partes componentes como coisas a serem vencidas através do instinto de auto-preservação e auto-expressão.
Plutão, remoto e lento, é a essência abstrata da natureza fixa, congelada, e comprimida de Escorpião – o mais rígido de todos os signos (Leão, fixo e fogo, brilha com poder e resplendor; Touro fixo e terra é fértil e expressivo; Aquário, fixo e ar, é a vibração do gênio – transcendente e inventivo; dos signos de água, Câncer é o suscetível e taciturno; Peixes é extremamente impressionável e sutil), Escorpião ardendo com a compressão de seus fogos internos de sentimentos intensos, raras vezes se expressa ao máximo, mas quando o faz é com grande e notável eficácia. Como um vulcão, essas expressões ocorrem quando o impulso para se expressar excede a consciência de conter-se e a liberação de energia se faz para efeitos e resultados de longo alcance. Voltemos ao desenho de Libra – Escorpião com a linha traçada da nona cúspide ao Ascendente. O que transmite essencialmente este desenho?
Em retornos periódicos – volta após volta da roda – o desenho simboliza a necessidade de reencarnação para maior espiritualização da consciência, devido a fracassos ou não cumprimento dos padrões de regeneração por parceria da encarnação anterior ou ciclo de encarnações. O Ascendente carrega nas costas o setor completo de quatro casas que inclui a nona, a décima, a décima primeira e a décima segunda casa. Plutão, como regente de Escorpião coloca-se no portal da vida espiritual em qualquer fase de relação a relação – e isto é significativo – da essência de relação do passado ao presente e do presente ao futuro. As últimas quatro casas da roda representam o “Vinho do Espírito” destilado de todas as relações cumpridas.
Agora, se no começo da encarnação o Ego é incapaz de afirmar “EU SOU”, de que vale a encarnação? O fato de que a encarnação se efetua é prova de que a Centelha da Consciência eterna e indestrutível busca mais espiritualização, não importa quão limitada possa ser a capacidade de auto-expressão. O deficiente congênito, o cego, o deficiente mental e todas as pessoas com defeitos semelhantes são personificações da expressão do hemisfério inferior da roda – considere isto cuidadosamente – liberação sem amor dos fatores geradores e regeneradores. O progresso da vida é regeneração; aquelas vidas que parecem retroceder são elas próprias objetos de devoção, sacrifícios e amor da parte dos pais ou de outros, que necessitam de medidas extremas para liberar seus recursos de conhecimento, compaixão e simpatia; assim os processos de melhoramento e regeneração são mantidos e perpetuados. As nona, décima, décima primeira e décima segunda casa não apenas representam pessoas que vivem uma consciência espiritualizada, mas que também representam padrões de trabalho ou serviço prestados àqueles que personificam um mau destino em suas aflições de sofrimento e ignorância. Em outras palavras, aqueles que aprenderam as lições da oitava casa destilam, para serviço a todos, os poderes espiritualizados pelos quais as aflições e sofrimentos podem ser e são redimidos. Por conseguinte, as pessoas iluminadas consideram toda encarnação significativa e valiosa; seus pontos de vista estendem-se além do superficial e transitório; elas percebem as leis da vida se expressando e reconhecem que há possibilidade de regeneração em qualquer e em todas as fases da existência humana.
A abordagem feita pela moderna psicologia corretiva – permita nos referir outra vez ao nosso desenho – é para ajudar as pessoas que estão aflitas física, emocionais, mentais e psiquicamente a restabelecer sua habilidade de dizer “EU SOU” em termos de (1) cura física e melhoria da capacidade física; (2) compreensão de seus padrões emocionais de fixação, medo, frustração ou inibição de forma que seus complexos e compressões íntimos possam ser liberados e se estabeleça um despontar de autoconfiança, saúde sexual-emocional, reajuste de relações, otimismo, alegria e amor; (3) disciplinas e diretrizes para uma percepção mental mais forte e mais eficiente de modo que a pessoa possa ajustar-se melhor com as coisas e pessoas que o rodeiam. Todos esses fatores apontam diretamente para um nível mais elevado de consciência do “EU SOU”. Não há outra base para viver a vida em termos construtivos e frutíferos.
Devemos considerar agora que de encarnação a encarnação começa uma vida interna com cada despontar da consciência sexual e com o reconhecimento da experiência sexual. Mais destino pode ser criado a partir do padrão de uma experiência conjugal do que de qualquer outro fator isolado no desenvolvimento humano. Todos os fatores essenciais são envolvidos: intercâmbio sexual, criação de filhos, problemas econômicos, complicação no relacionamento, etc., formando-se assim um conjunto de padrões de reação emocional bastante complexo. Como todos somos individuais, a despeito de quão íntimos ou ligados aos nossos cônjuges possamos nos sentir, não podemos, no final das contas, e nem devemos tentá-lo, pôr de lado a consciência de “EU SOU”. Até mesmo o tentar efetuar esta divisão interna causa, até certo ponto, o naufrágio da integridade, o enfraquecimento da autoconfiança e o esgotamento das expressões de habilidade. O “EU SOU” de Marte-Áries seria – e consequentemente deve ser assunto de autoconsciência honesta, integridade e saúde emocional. Até que esse trampolim se torne a base de nosso “salto à vida” arriscamos a atolar nos pântanos da indecisão, da falsidade, e em todas as formas de complicações trágicas. Plutão, como regente de nossa intensa capacidade de desejo, libera-se através de Marte quer como meio de destruição, dominação, ganância, crime, perversão e doença querem como uma expressão de coragem, autoconfiança, atividade e trabalhos construtivos, ardor de impulso amoroso e verdadeiro, mutualidade sexual sadia e recompensadora, e como centelha luminosa pela qual a vida se expressa com calor e luz, alegria e progresso.
Quando sua vida parece chegar a um ponto de estagnação e, através de uma sensação de inércia ou enfraquecimento, sentir que desconhece novas direções e novos caminhos de crescimento, mas quer continuar progressivamente, olhe seu mapa astrológico e detenha sua atenção na cúspide que tem Escorpião, isto para alertar a você mesmo seus recursos. Então, considerando a casa em que encontra Áries e o potencial indicado por seu Marte, descubra como posso dizer “EU SOU” em termos mais grandiosos e melhores do que até então. Este é o processo nos planos internos:
Você está consciente de um forte desejo de adiantar sua vida de algum modo. O desejo não liberado e não expresso se acumula até estabelecer-se uma congestão; esta congestão resulta em desejos e ciúmes dos outros, autocompaixão e diminuição do autorrespeito e autoconfiança. Recorre então a futilidades e superficialidades para preencherem o “vazio doloroso”, e sua vida prossegue vagueando por toda sorte de (realmente indesejáveis) caminhos secundários e desvios.
Assim, pois, você sabe que deve fazer algo por você mesmo a partir do seu centro de consciência. Seu começo de qualquer coisa é feito com a consciência de seu Áries e/ou sua primeira casa; uma consciência ampliada ou dilatada do potencial de seu Áries-Marte é a chave para uma maior liberação do seu desejo de progredir. Não é o que alguém pense que você possa fazer, deve ou não deve fazer, mas vale o que diz seu horóscopo sobre seu padrão de progresso.
Sem fugir às legítimas responsabilidades ou maltratar injustamente a quem quer que seja, responderá à primeira oportunidade que sincronize com o seu propósito progressista. Sua resposta será em termos de um “bom Marte” – ansiosamente, entusiasticamente, corajosamente e positivamente. Você diz, com efeito, “Eu desejo liberar algo de melhor que tenho a oferecer para a minha própria vida e para minhas relações com as outras pessoas – algo dos recursos profundos, ocultos, de minha consciência e de minhas habilidades. Estou determinado a fazer disto uma contribuição valiosa e construtiva a ser expressa e realizada com honestidade, integridade e coragem”.
Por uma atitude tal e sentimento íntimo, os recursos de Plutão, o Corpo de Desejos coletivo, são liberados na vida através de você, servindo para estimular as vibrações espirituais e a consciência de todos os que entram em contato com você. Isto, em suma, é a redenção do relacionamento, a essência da experiência amorosa.