Este assunto é apresentado na esperança de
que seja uma contribuição útil àqueles estudantes de astrologia que se
interessem por psicologia, a fim de permitir-lhes compreender melhor os
aspectos de desejo da consciência humana. Podemos fracassar em nossa tarefa de
"iluminadores" se não aceitarmos intimamente procurar soluções para
as emocionalidades complexas e desviadas que resultam de confusões e
frustrações da consciência sexual das pessoas. Evolução é geração e
regeneração; fobia, psicose, fixação, etc, são termos usados para indicar
níveis de consciência emocional que, em virtude da falta de escape construtivo,
permitiu-se que estagnasse, cristalizasse, congestionasse e retrocedesse.
Na aplicação de interpretações astrológicas
para as descobertas da psicologia moderna, não existe símbolo único mais
significativo que o signo em sua colocação como significador vibratório da Casa
8 da roda abstrata.
Como signo fixo de água, ele pode ser
comparado ao gelo comprimido e imóvel. Como significador emocional, é
sentimento em sua forma mais intensa. Ele é o grande oceano de poder do desejo,
do qual a humanidade inteira recebe seu pábulo emocional para ser transmutado
através do amor para a regeneração da Vida. (Fisiologicamente, Escorpião
representa todas as funções excretoras do corpo - a eliminação das substâncias
em estado fluídico, as quais, pela boa saúde, devem ser "descarregadas"
para que os processos regenerativos e transmutativos do corpo possam ser
efetuados).
A referência ao Amor citado acima poderá ser
mais bem compreendida se adotarmos um desenho ilustrativo: façamos um círculo
em branco e coloquemos o símbolo de Áries na cúspide da primeira casa, e Touro
na cúspide da segunda casa. Este é o retrato do “EU SOU”, (1ª casa), a
afirmação do ser consciente - e do “EU TENHO”, (2ª casa), o reconhecimento da
relação com as coisas da Vida através da consciência de posse. Touro, Venusino,
signo de terra e fecundo, simboliza a manutenção e sustento da vida física; ele
é nossa "raiz na Terra", pela qual, através do senso de posse,
mantemo-nos agarradosàs experiências da vida. A níveis primitivos da Casa 2, a
consciência de relacionamento com outras pessoas não está - nem precisa estar -
implicado necessariamente com outra pessoa; mas é um estado de “sentimento” ou
“emoção” de propriedade pelo qual cinzelamos o destino de acordo com nossa
consciência de "avaliar as coisas da terra".
Acrescentemos a este desenho o símbolo de
Libra na cúspide da sétima casa. O “EU SOU” de Áries na primeira casa encontra
agora sua realização ou transcendência, no “NÓS SOMOS” da sociedade, do
matrimônio ou do relacionamento de qualquer natureza. A consciência de
isolamento da Casa 1 amplia-se através da mutualidade de experiência "em
conjunto".
A sétima casa é a primeira casa do hemisfério
superior, a iniciação aos níveis da consciência anímica pela experiência do
reconhecimento amoroso, ou destilação do amor através dos mecanismos do
relacionamento. A manutenção ou sustentação da Casa 7 encontra-se na casa 8, a
"polaridade da consciência anímica" da casa 2. Como dissemos, ela é o
recurso do desejo, o "fogo do intercâmbio de polaridades".
Coloquemos o símbolo de Escorpião na cúspide
da oitava casa, completando-se assim o quadro do lançamento do indivíduo aos
níveis evolutivos de experiência através do poder do amor para a transmutação e
regeneração de sua consciência (sugerimos que todo o estudante de astrologia medite
sobre este esquema; ele é o quadro simbólico do Jardim do Éden, relatado na
Bíblia, o nascimento da consciência sexual e a iniciação ao matrimônio. A
interpretação adulterada desta alegoria através dos tempos, na experiência
humana, tem causado mais tragédias e sofrimentos do que se possam atribuir a
qualquer outro fator isolado. "Eva" é a consciência anímica ou a
metade superior da roda astrológica. "Ela" surge da necessidade do
indivíduo transcender as condições da primeira casa (isolamento para auto-manutenção,
inocência e/ou ignorância). Cada ser humano real é um composto vibratório de
"Adão e Eva"; o sexo é mera especialização de polaridade expressa em
termos físicos durante determinada encarnação para específicas
necessidades geradoras e evolutivas. Não pode haver tal coisa como
superioridade do macho sobre a fêmea - todos somos inerentemente ambos, na
consciência e na subconsciência. Os Astrólogos devem compreender isto.
Façamos agora outro desenho, em nosso estudo
do signo de Escorpião. Em uma roda astrológica em branco conecte os pontos
médios das casas fixas - 2ª, 5ª, 8ª e 11ª (signos fixos) - por meio de linhas
retas. O resultado será a forma geométrica perfeita do "quadrado
estático" repousando sobre sua base (este é o nosso símbolo para o "aspecto
quadratura" - a relação entre dois planetas que se encontram dentro de uma
órbita de noventa graus entre si). Considerando que os significadores vibratórios
dessas casas são todos signos de poder emocional, devemos estudar por pares a
relação de polaridade desses signos. Liguemos o ponto médio da casa 2 ao ponto
médio da casa 8, e o ponto médio da casa 5 ao ponto médio da casa 11. A
polaridade Leão-Aquário é o poder do amor pessoal criador, expresso na relação
de pai para filho, sendo realizada espiritualmente na vibração aquariana do
poder do amor impessoal que inclui todos os padrões de relação tal como são
realizados nas amizades e na fraternidade. Estes dois signos são o poder do amor
como radiações. O padrão Touro-Escorpião representa os recursos do poder do amor
através da função evolutiva do “desejo de posse das coisas” e do “desejo de
posse na experiência amorosa”.
O “quadrado estático” que traçamos aqui
dá-nos a pista para o verdadeiro significado do “aspecto quadratura” que usamos
em astrologia. Os padrões fricativos mostrados em um horóscopo simbolizam
potencialidades para sofrimento – os “problemas” – devidos a frustrações e/ou
expressões não espiritualizadas do poder do desejo. Esclarecendo:
Os problemas - como a dor – são acesos em
nossa consciência pelo contato com outras pessoas e através de nossa reação
vibratória aos seus padrões de consciência. Isto só pode ser possível por meio
de experiências determinadas pelos setores das casas 7 e 8 da roda astrológica,
que são os setores de “intercâmbio de vibrações”. Nossos estados não
regenerados de consciência, os desejos não realizados ou não expressos,
sincronizam-se com um padrão complementar da outra pessoa, e então nossa
experiência de relação é objetivada. Como esta fase de vida nos chega através
de outra pessoa, consideremos o traçado do quadrado estático começando com
Escorpião.
A roda astrológica, como sabemos, é uma
representação abstrata dos processos evolutivos através de sucessivas
encarnações. O nascimento físico é simbolizado, em cada encarnação pelo
Ascendente, a cúspide da primeira casa. Contudo, em cada encarnação inicia-se
um “segundo nascimento” na primeira reação à consciência sexual: o
reconhecimento do complemento de alguém, o “outro eu” de alguém, seu símbolo
vivente da realização desejada e necessitada. Por conseguinte, podemos pensar
que a roda astrológica começou suas revoluções a partir do momento em que a
humanidade – no sentido abstrato (Adão e Eva) – percebeu o desejo de realização
através dos processos de intercâmbio de polaridade, começando como o
intercâmbio vibratório da experiência do sexo físico, e passando por todos os
estágios de desenvolvimento nos intercâmbios mentais e criadores e relações
biológicas e não biológicas.
Escorpião então é visto como o recurso
vibratório do poder do desejo para a entidade que chamamos humanidade, e do
qual todas as coisas viventes recebem sua expressão criadora e perpetuação. Em
virtude de estarmos respaldados por muitas e muitas encarnações em que
expressamos este poder de certas maneiras, podemos considerar cada ser humano
análogo, simbolicamente, a um iceberg que mostra acima da superfície apenas uma
pequena fração de seu corpo inteiro. Cada um de nós possui uma “grande área” de
potencial de desejo submerso ou desconhecido que deriva diretamente de nosso
vínculo com esse recurso. Por isso, tal vínculo mútuo tem sido chamado por
muitos pensadores como “inconsciente coletivo”. Todo ser humano em um dado
momento de qualquer estágio de sua evolução, vibra a certo nível desse “corpo
de desejo coletivo” (de maneira similar ou análoga à vibração específica de
qualquer cor em relação ao espectro total, ou a de qualquer tom em relação ao
"corpo das vibrações tonais").
Em termos tradicionais e ortodoxos, podemos
dizer que Escorpião representa a “fonte do mal”. O demônio é o eterno tentador,
o eterno impulsionador para a direção errônea, a eterna armadilha para o
incauto, o arqui-destruidor do bem, o adversário do ser humano, e um “fedor nas
narinas do Mais Elevado”. Não queremos discutir com a ortodoxia, mas essas
frases representam atitudes simplistas de pessoas que veem a vida e seus
capítulos como “preto ou branco”, “dia ou noite”, “o alto ou o baixo”, “essencialmente
bom ou essencialmente mal” e assim por diante. Esses níveis de conceitos tem
sido e ainda são necessários por servirem de referências de conduta à
humanidade em evolução. É preciso que haja alguns tipos de moldes em que o
homem possa derramar as expressões de si mesmo, caso contrário toda a vida em
evolução seria caótica e insípida. O desejo em si não teria propósitos
evolutivos para ajudar, além da satisfação das necessidades mais primitivas.
Contudo, um processo alquímico atua através
da evolução de qualquer indivíduo, par ou grupo de indivíduos pela
espiritualização da consciência amorosa e do desenvolvimento e expressão da
inteligência. O amor próprio se torna amor de casal e amor à prole; a autoproteção
se torna devoção à família, à tribo e ao estado; as forças da sexualidade são
elevadas em qualidades vibratórias para se estender a níveis de criatividade e
poder mental. Através disso tudo a consciência do indivíduo se desenvolve e amadurece
no desejo por aprimoramento, expansão em conhecimento cada vez mais amplo do
universo de outras pessoas e finalmente desponta em sabedoria e realização de
ideais. Assim, Escorpião, por meio dos padrões da oitava casa, torna possível a
extensão de experiências para as expressões transcendentes das Casas 9, 10, 11
e 12. Escorpião é mau somente à mente que vê o mal como uma “entidade
estática”. Entretanto, pela aproximação feita pela realização dinâmica, este
signo é a fonte de todo amor, de toda aspiração e, através do cumprimento das experiências
de relacionamento, a fonte de toda sabedoria.
Uma vez que Escorpião é um signo fixo de grande
poder em potencial, as posições planetárias ou padrões que envolvem sua
vibração podem ser interpretadas como respaldadas por um enorme recurso,
resultado de uma “prolongada compreensão” da força do desejo nesse ponto. Os
padrões de Escorpião – e seus tipos – nunca são superficiais ou
insignificantes. Atente cuidadosamente para qualquer aspecto natal referente a
este signo, porque suas potencialidades são muito amplas para “grande bem ou
grande mal”. O desejo se concentra aqui, de maneira que sua liberação
construtiva e expressão é uma imposição nesta encarnação. O fracasso e um
destino doloroso serão infalíveis no futuro. Nenhuma inibição emocional pode
ser comparada com Saturno em Escorpião em intensidade de medo ou fixação;
nenhum potencial de propósitos é mais firme que o sol em Escorpião. Marte em
Escorpião pode representar o desejo sexual em sua mais aguda necessidade de
expressão. Mercúrio em Escorpião deve vigiar suas expressões – respaldadas por
impulsos não regenerados de ciúmes, frustrações, medos, etc.. Suas palavras
podem ter um efeito devastador nas mentes e sentimentos de outras pessoas. A
Lua e Vênus em Escorpião intensificam em alto grau os padrões que se referem
especificamente aos níveis da consciência feminina de qualquer pessoa, homem ou
mulher. Há, ou pode haver, uma certa implacabilidade, crueldade ou tendência
para “expressar-se através da dominação” quando esses fatores não são liberados
satisfatoriamente. Todas essas posições planetárias requerem transmutação de
expressão através da liberação possibilitada pela consciência amorosa da
mutualidade nas relações, intercâmbio sexual satisfatório e fertilidade na
geração ou, em níveis impessoais, pelo serviço amoroso ou por algum tipo de
criatividade. Estes são os fogos que não podem permanecer indefinidamente no
estado de ardência reprimida; deve-se deixá-los “arder com os fogos do viver”.
Como estamos em busca de compreensão, existe
um fator psicológico envolvido na vibração de Escorpião que deve ser
considerado, embora desagradável. Sendo um estado emocional individual e
coletivo, esse fator é o resultado essencial da falha na libertação construtiva
desse impulsos de desejo que são necessariamente intensos. Em virtude do corpo
físico ser uma expressão externa do interno, consideremos como este problema se
manifesta no plano físico.
Como já dissemos, Escorpião representa toda
função excretora do corpo físico. A falha em realizar estas descargas tão necessárias
provoca o estado de congestão e suas consequências, as possibilidades de
desarmonia física.
Em comparação, entretanto, muito mais difícil
é remediar congestões na natureza do desejo. Com um pouco de reflexão, qualquer
estudante pode reconhecer condições de congestão de desejo em si mesmo ou nas
naturezas daqueles que conhece bem. Tais congestões tomam às vezes formas muito
trágicas, pelo que devemos aprender a reconhecê-las.
A tragédia básica e essencial de um Escorpião
não regenerado é a frustração do impulso gerador. Desta particular congestão
surge uma miríade de doenças emocionais, nervosas e mentais que podem afligir a
humanidade em quase todas as fases de desenvolvimento. É verdade que há umas
poucas pessoas encarnadas em qualquer tempo que não precisam dessa forma
particular de liberação, mas tais pessoas são raras e distantes entre encarnações.
É natural e saudável que as pessoas, de modo geral, experimentem a realização do
impulso de acasalamento no companheirismo inerente à relação amorosa. Falhar nessa
realização, quando sua necessidade é profundamente sentida, tem representado um
quadro terrível de sofrimento e perpetração de males a outros. Escorpião frustrado
- seja onde estiver colocado no horóscopo – dá-nos um quadro que indica a
possibilidade da pessoa poder expressar crueldade, desonestidade, homicídio, e
toda classe de destruição como uma satisfação substituta dessas coisas que, em
sua natureza de desejo, clamam por gratificação. Como o corpo físico pode
apresentar erupções cutâneas devidas a condições tóxicas acumuladas, assim
também a consciência pode apresentar erupções de toda classe de impulsos negros
como forma de descarga. A história do desenvolvimento da humanidade como
organismo sexual é crivada de capítulos de medos, perversões, doenças e
loucuras, toda vez que sem o preparo interno, as pessoas “concordam” em viver
emocionalmente dentro de padrões distantes de sua maneira de realização
amorosa.
O matrimônio, que deveria ser a resposta natural
entre duas pessoas em termos de harmonia emocional, foi transformado em uma
ferramenta para servir a interesses familiares, aquisição de propriedades, de
fortuna, de poder temporal, interesses de continuação de dinastias e somente os
céus sabem o que mais. Uma fórmula religiosa completa foi baseada na atitude de
que o homem, sendo um verme e incapaz a não ser para castigo eterno, não tinha
direito ao gozo espontâneo nem à realização de seus impulsos e de sua vida. Esta
“filosofia” vem corrompendo as mentes e emoções de milhões de pessoas através
dos séculos. Atualmente estamos começando a descobrir as raízes desses males
emocionais, de maneira que, estudando-as, somos forçados a concluir que a vida não
pode ser bem vivida a menos que se baseie numa filosofia de liberações sadias,
construtivas, amorosas e felizes.
Alguns resultados de ter sido instrumento
para desviar a vida emocional e a felicidade dos outros:
Pessoas cujas vidas parecem estar consagradas
ao sofrimento devido à falta de experiência amorosa; matrimônios em que os
cônjuges parecem viver em permanente atrito – antiga inimizade; filhos são fontes
de contínua ansiedade e cuidados em virtude de doenças mentais ou físicas – ou deficiências
essenciais de caráter; mulheres persuadidas a se casarem com homens que as
mantêm em contínua escravidão aos seus impulsos de desejos, sem resultados
frutíferos; homens que não se livraram das amarras psicoemocionais à mãe;
crianças que nascem de pais que não as desejam e não as tratam com afeição e
consideração; pessoas que passam uma inteira encarnação com medo da própria
sexualidade, envergonhando-se até de pensar em “fazer algo a respeito”.
E assim vai: tormento, dor, medo, sentimentos
de inferioridade, crueldade, dominação, autodestruição e até loucura: evidências
da congestão da natureza de desejos. O remédio se encontra na educação esclarecedora,
espiritualizada, mais a determinação vitalizada de viver sadiamente, expressivamente,
belamente e amorosamente no relacionamento consigo mesmo e com as demais
pessoas. Assim o recurso de desejo é transmutado e expresso em termos que contribuem
para a evolução, bem como para a redenção de padrões cármicos a se converterem em
consciência espiritualizada.
Achamos que a meditação sobre um signo ou um planeta
que se relacione com o “horóscopo abstrato” é uma base confiável para todo
estudo da ciência astrológica interpretativa. Por “horóscopo abstrato” queremos
significar uma roda astrológica com Áries
na cúspide da primeira casa, Touro na cúspide da segunda casa, e assim por
diante em torno da roda. Isto coloca os trinta graus de cada signo na sua Casa
correspondente. O posicionamento dos planetas nos signos e Casas de suas
dignificações completa o quadro.
Na primeira parte deste capítulo nós
consideramos o signo de Escorpião em sua “relação de quadratura” com os outros
três signos fixos – os signos do “recurso de poder emocional”, que são a
sustentação dos signos cardeais que os precedem.
Agora devemos considerar Escorpião em sua
relação com os outros dois signos de seu elemento – água. Nosso desenho será um
círculo em branco com Câncer na cúspide da quarta casa, Escorpião na cúspide da
oitava casa e Peixes na cúspide da décima segunda casa. Ligue estas cúspides por
linhas retas, de maneira que formem um triângulo equilátero. Dos três signos de
água e respectivas casas, a quarta casa está no hemisfério inferior ou
hemisfério de consciência do ego; as outras casas (8ª e 12ª) estão no
hemisfério de consciência anímica. Consideremos agora a quarta casa:
O segundo aspecto da consciência cardeal é
“EU SOU”; isto é, em termos da relação do Ego com heranças, familiares,
consciência racial e identificação com as correntes da Vida. Câncer, signo
cardeal-água, é gerador no sentido de que é a nossa consciência de “formação de
lar”; é a base (o ponto mais inferior do círculo) a partir da qual nos
levantamos através de sucessivos padrões evolutivos.
Escorpião e a oitava casa sustentam a sétima
casa, que é o ponto focal de nossa mais intensa consciência de relação no
matrimônio (amor) ou na inimizade (amor não realizado). Consequentemente, o
intenso poder emocional concentrado de Escorpião – através do impulso sexual e
de suas derivações – é necessário aqui. Escorpião é geração e suas
espiritualizações por meio da regeneração no amor.
Peixes e a décima segunda casa simbolizam a
água como um meio envolvente. Considerado abstratamente, é a essência do
passado trazido para o presente. Todos os signos mutáveis e respectivas casas
são “modulações” de um quadrante vibracional ou ambiental ao quadrante
seguinte. Assim, a décima segunda casa é a modulação de uma encarnação para a
encarnação que se segue ou – considerado inversamente – é a chave essencial para
se compreender o que, no passado, impeliu à encarnação presente. Simboliza a
emotividade dos signos de água em seus aspectos. Mais transcendentes e
impessoais da universalidade do Amor, da Simpatia e da Compaixão-Compreensão.
Câncer é identificação emocional com a família, Escorpião é identificação
emocional na parceria; Peixes é identificação emocional com as causas mundanas,
bem-estar universal e progresso evolutivo como expressões das faculdades e
consciência mais espiritualizadas.
Os signos de água em conjunto simbolizam as
nossas faculdades como “placas de ressonância”; nossa “reação vibratória aos
padrões vibratórios de outras pessoas”; “sentimentos familiares subconscientes
instintivos”, “impulsos de desejo subconscientes” e “recordações subconscientes
de encarnações anteriores”.
Uma vez que a base de toda interpretação
astrológica é “Conhece-te a ti mesmo”, sugiro-lhe familiarizar-se com o padrão
do signo de água girando o desenho que fizemos de modo que o seu Ascendente fique
na cúspide da primeira casa. Mesmo que seu horóscopo Natal tenha signos
interceptados, este giro da roda mostrará um quadro de como, em geral, a
consciência do signo aquoso se aplica à sua variação astrológica individual.
Estude cuidadosamente, dando ênfase à cúspide que comporta Escorpião para
prosseguimento desta discussão. Aborde-o desta maneira: “Escorpião indica a
concentração da minha consciência de desejo em tal e qual casa em tal e qual
quadrante do mapa astrológico”. Medite retrospectivamente sobre suas
experiências passadas que se relacionem com este padrão. Aplique esta técnica
colocando Escorpião de outro modo, em todas as cúspides da roda. Prolongue sua
abordagem mental aplicando o trígono dos signos de água e a quadratura dos
signos fixos às doze possíveis posições abstratas.
Nossa próxima consideração sobre o signo de
Escorpião será a sua relação com Libra, o signo cardeal que o precede. Em uma
roda astrológica em branco ponha Libra na cúspide da sétima casa e Escorpião na
cúspide da oitava casa. Partindo do centro da roda escureça as linhas que
representam as cúspides das sétima e oitava casas, e então, sombreie estas
mesmas casas de modo a se destacarem das outras casas. Isto é feito com o
propósito de alertá-lo para o intenso significado emocional destes setores das
duas casas e dois signos na roda.
Libra, cardeal-ar, é a correspondência
vibratória da primeira casa do hemisfério da consciência anímica; ela inicia o
terceiro setor da roda pela ação dinâmica da atração magnética entre duas
pessoas. O egoísta, individualista, “EU SOU” – Adão – da primeira casa,
prolongado até o “Eu sou uma unidade no relacionamento familiar” da quarta
casa, converte-se na sétima casa em “Eu sou um dos dois fatores complementares
de um padrão de experiência emocional intensamente focalizado”. Vênus, como
regente de Libra, é o símbolo abstrato da “consciência de Eva” de todo ser
humano, o meio de redenção do egoísmo isolador inerente em todos nós, e o canal
essencial pelo qual todos nós encontramos a fonte de nossos melhoramentos e
refinamentos através de intercâmbios na mutualidade – em todas as fases e
níveis.
Escorpião seguindo-se a Libra é o alimento do
desejo pelo qual essa experiência é sustentada, e a oitava casa é o processo de
geração, regeneração, renovação e transmutação pelo qual o Entendimento é
destilado – levando da oitava casa às transcendências das quatro casas
restantes da roda. Acrescente ao nosso desenho uma linha reta desde a nona
cúspide até o Ascendente, abarcando as últimas quatro casas. Este setor de
quatro casas é a consciência resultante de expressões transmutadas da natureza
de desejos; a espiritualização sendo possível pelo amor. Aplique este desenho a
seu próprio mapa para meditação. Vá além: estude-o aplicando-o às doze posições
possíveis do horóscopo abstrato. Utilize a abordagem da palavra-chave básica
para os setores e casas individuais, tendo em mente que Escorpião transmite a
intensidade da natureza de desejos; o ponto focal da consciência sexual; o
capítulo de experiência que requer o máximo de seus podres para regeneração e
transmutação; os níveis de sua consciência emocional que buscam o melhoramento
da qualidade vibratória pelo amor; e o melhoramento da expressão pela ação
construtiva.
Mantém-se aqui o ponto de vista de que Plutão
é o regente de Escorpião; Marte é o co-regente como expressão ativa de Plutão.
E por estas razões:
As qualidades essenciais da “natureza
espiritual” de um planeta devem coincidir com as qualidades essenciais do signo
que ele rege. Marte não é somente o Princípio da Energia, mas é a expressão
dessa energia na ação. Seu signo é Áries – o passo inicial da roda, a “nova
vida”, a consciência de Ser e Fazer. Sua essência é dinâmica de qualquer modo:
impelindo, energizando, impregnando e vitalizando. É a abstração da
personalidade individual combatendo com a Vida e suas partes componentes como
coisas a serem vencidas através do instinto de auto-preservação e
auto-expressão.
Plutão, remoto e lento, é a essência abstrata
da natureza fixa, congelada, e comprimida de Escorpião – o mais rígido de todos
os signos (Leão, fixo e fogo, brilha com poder e resplendor; Touro fixo e terra
é fértil e expressivo; Aquário, fixo e ar, é a vibração do gênio – transcendente
e inventivo; dos signos de água, Câncer é o suscetível e taciturno; Peixes é
extremamente impressionável e sutil), Escorpião ardendo com a compressão de
seus fogos internos de sentimentos intensos, raras vezes se expressa ao máximo,
mas quando o faz é com grande e notável eficácia. Como um vulcão, essas
expressões ocorrem quando o impulso para se expressar excede a consciência de
conter-se e a liberação de energia se faz para efeitos e resultados de longo
alcance. Voltemos ao desenho de Libra – Escorpião com a linha traçada da nona
cúspide ao Ascendente. O que transmite essencialmente este desenho?
Em retornos periódicos – volta após volta da
roda – o desenho simboliza a necessidade de reencarnação para maior
espiritualização da consciência, devido a fracassos ou não cumprimento dos
padrões de regeneração por parceria da encarnação anterior ou ciclo de
encarnações. O Ascendente carrega nas costas o setor completo de quatro casas
que inclui a nona, a décima, a décima primeira e a décima segunda casa. Plutão,
como regente de Escorpião coloca-se no portal da vida espiritual em qualquer
fase de relação a relação – e isto é significativo – da essência de relação do
passado ao presente e do presente ao futuro. As últimas quatro casas da roda representam
o “Vinho do Espírito” destilado de todas as relações cumpridas.
Agora, se no começo da encarnação o Ego é
incapaz de afirmar “EU SOU”, de que vale a encarnação? O fato de que a
encarnação se efetua é prova de que a Centelha da Consciência eterna e
indestrutível busca mais espiritualização, não importa quão limitada possa ser
a capacidade de auto-expressão. O deficiente congênito, o cego, o deficiente
mental e todas as pessoas com defeitos semelhantes são personificações da
expressão do hemisfério inferior da roda – considere isto cuidadosamente –
liberação sem amor dos fatores geradores e regeneradores. O progresso da vida é
regeneração; aquelas vidas que parecem retroceder são elas próprias objetos de
devoção, sacrifícios e amor da parte dos pais ou de outros, que necessitam de
medidas extremas para liberar seus recursos de conhecimento, compaixão e
simpatia; assim os processos de melhoramento e regeneração são mantidos e
perpetuados. As nona, décima, décima primeira e décima segunda casa não apenas
representam pessoas que vivem uma consciência espiritualizada, mas que também
representam padrões de trabalho ou serviço prestados àqueles que personificam
um mau destino em suas aflições de sofrimento e ignorância. Em outras palavras,
aqueles que aprenderam as lições da oitava casa destilam, para serviço a todos,
os poderes espiritualizados pelos quais as aflições e sofrimentos podem ser e
são redimidos. Por conseguinte, as pessoas iluminadas consideram toda
encarnação significativa e valiosa; seus pontos de vista estendem-se além do
superficial e transitório; elas percebem as leis da vida se expressando e
reconhecem que há possibilidade de regeneração em qualquer e em todas as fases
da existência humana.
A abordagem feita pela moderna psicologia
corretiva – permita nos referir outra vez ao nosso desenho – é para ajudar as
pessoas que estão aflitas física, emocionais, mentais e psiquicamente a
restabelecer sua habilidade de dizer “EU SOU” em termos de (1) cura física e
melhoria da capacidade física; (2) compreensão de seus padrões emocionais de
fixação, medo, frustração ou inibição de forma que seus complexos e compressões
íntimos possam ser liberados e se estabeleça um despontar de autoconfiança,
saúde sexual-emocional, reajuste de relações, otimismo, alegria e amor; (3)
disciplinas e diretrizes para uma percepção mental mais forte e mais eficiente
de modo que a pessoa possa ajustar-se melhor com as coisas e pessoas que o
rodeiam. Todos esses fatores apontam diretamente para um nível mais elevado de
consciência do “EU SOU”. Não há outra base para viver a vida em termos
construtivos e frutíferos.
Devemos considerar agora que de encarnação a
encarnação começa uma vida interna com cada despontar da consciência sexual e
com o reconhecimento da experiência sexual. Mais destino pode ser criado a
partir do padrão de uma experiência conjugal do que de qualquer outro fator
isolado no desenvolvimento humano. Todos os fatores essenciais são envolvidos:
intercâmbio sexual, criação de filhos, problemas econômicos, complicação no
relacionamento, etc., formando-se assim um conjunto de padrões de reação
emocional bastante complexo. Como todos somos individuais, a despeito de quão
íntimos ou ligados aos nossos cônjuges possamos nos sentir, não podemos, no
final das contas, e nem devemos tentá-lo, pôr de lado a consciência de “EU
SOU”. Até mesmo o tentar efetuar esta divisão interna causa, até certo ponto, o
naufrágio da integridade, o enfraquecimento da autoconfiança e o esgotamento
das expressões de habilidade. O “EU SOU” de Marte-Áries seria – e
consequentemente deve ser assunto de autoconsciência honesta, integridade e
saúde emocional. Até que esse trampolim se torne a base de nosso “salto à vida”
arriscamos a atolar nos pântanos da indecisão, da falsidade, e em todas as
formas de complicações trágicas. Plutão, como regente de nossa intensa
capacidade de desejo, libera-se através de Marte quer como meio de destruição,
dominação, ganância, crime, perversão e doença querem como uma expressão de
coragem, autoconfiança, atividade e trabalhos construtivos, ardor de impulso
amoroso e verdadeiro, mutualidade sexual sadia e recompensadora, e como
centelha luminosa pela qual a vida se expressa com calor e luz, alegria e
progresso.
Quando sua vida parece chegar a um ponto de
estagnação e, através de uma sensação de inércia ou enfraquecimento, sentir que
desconhece novas direções e novos caminhos de crescimento, mas quer continuar
progressivamente, olhe seu mapa astrológico e detenha sua atenção na cúspide
que tem Escorpião, isto para alertar a você mesmo seus recursos. Então,
considerando a casa em que encontra Áries e o potencial indicado por seu Marte,
descubra como posso dizer “EU SOU” em termos mais grandiosos e melhores do que
até então. Este é o processo nos planos internos:
Você está consciente de um forte desejo de
adiantar sua vida de algum modo. O desejo não liberado e não expresso se
acumula até estabelecer-se uma congestão; esta congestão resulta em desejos e
ciúmes dos outros, autocompaixão e diminuição do autorrespeito e autoconfiança.
Recorre então a futilidades e superficialidades para preencherem o “vazio
doloroso”, e sua vida prossegue vagueando por toda sorte de (realmente
indesejáveis) caminhos secundários e desvios.
Assim, pois, você sabe que deve fazer algo por
você mesmo a partir do seu centro de consciência. Seu começo de qualquer coisa
é feito com a consciência de seu Áries e/ou sua primeira casa; uma consciência
ampliada ou dilatada do potencial de seu Áries-Marte é a chave para uma maior
liberação do seu desejo de progredir. Não é o que alguém pense que você possa
fazer, deve ou não deve fazer, mas vale o que diz seu horóscopo sobre seu
padrão de progresso.
Sem fugir às legítimas responsabilidades ou
maltratar injustamente a quem quer que seja, responderá à primeira oportunidade
que sincronize com o seu propósito progressista. Sua resposta será em termos de
um “bom Marte” – ansiosamente, entusiasticamente, corajosamente e
positivamente. Você diz, com efeito, “Eu desejo liberar algo de melhor que
tenho a oferecer para a minha própria vida e para minhas relações com as outras
pessoas – algo dos recursos profundos, ocultos, de minha consciência e de
minhas habilidades. Estou determinado a fazer disto uma contribuição valiosa e
construtiva a ser expressa e realizada com honestidade, integridade e coragem”.
Por uma atitude tal e sentimento íntimo, os
recursos de Plutão, o Corpo de Desejos coletivo, são liberados na vida através
de você, servindo para estimular as vibrações espirituais e a consciência de
todos os que entram em contato com você. Isto, em suma, é a redenção do
relacionamento, a essência da experiência amorosa.