segunda-feira, 4 de abril de 2016

CAPÍTULO XLIX - ARQUITETURA

      A arquitetura é, em essência, arte manifesta enquanto expressão da consciência humana da protetividade cósmica.
       O que quer o homem construa, através de suas expressões nesta arte, é um símbolo de seu desejo instintivo de envolver, englobar e proteger aquilo que ele cultua. Esta arte difere das outras três artes dimensionais - dança, escultura e drama - no fato de preencher e envolver o espaço. Há certa utilidade na natureza essencial dessa arte que também a diferencia das outras artes. Construções, para cumprir com sua razão de ser, devem ser ocupadas por algo ou habitadas por alguém. Assim, de todas as artes, a arquitetura é a menos abstrata e a mais útil, sendo aquela mais básica às necessidades da humanidade.
      Uma analogia - o céu azul e o marrom da terra são o teto e o chão da habitação humana neste planeta, a vasta casa de nossa vida física provisionada enquanto criação de Deus. Como todos compartilham desse teto e chão, o homem como individualização de consciência e como uma "centelha do Fogo Divino", deve microcosmicamente reproduzir este padrão como expressão de sua Divindade. Assim, ele constrói "teto e chão" para envolver o coração de suas criatividades (lar e trabalho) e aquele de sua reverência, a igreja. Como o lar e a igreja simbolizam o núcleo da consciência de relacionamento para a humanidade e para Deus, estas "construções" desde tempos imemoriais se erguem como os dois empreendimentos arquitetônicos essenciais.
            A Divindade da espécie humana é o átomo semente permanente que permanece através dos ciclos de encarnação. A primeira casa que é construída para ele é no interior do corpo materno antes do nascimento. O corpo materno é o envoltório de protetividade que nutre o Ego encarnante. A matriz etérica é o "corpo exterior" no qual vivemos durante a encarnação e nosso corpo físico de carne tem os limites da pele, esqueleto e estruturas orgânicas nas quais o átomo semente é entronizado. O pai funciona em correspondência com sua parceira providenciando os limites do lar para proteger seus dois "mais amados" e o lar é a especificação do espaço no qual a vida de relacionamento de pessoas atraídas entre si por necessidades vibratórias específicas é perpetuada. Todas essas "construções" (a matriz etérica, o útero, o envelope físico e o lar) são a "humanidade" daquilo que é "arquitetura" em arte manifesta. O homem nunca construiu sozinho por si mesmo - ele sempre construiu, como Deus constrói, como expressão de sua oitava de Protetividade Cósmica. Assim como a água e subsequentemente o ar foram os "lares" originais nos quais vivemos como involuções físicas, também o grande "mar de magnetismo elétrico" é o "lar" de nossa consciência de relacionamento e o "lar" é a expressão química individualizada da consciência humana de relacionamento focalizado na oitava geradora do ser. Durante a encarnação, o homem habita ou pode habitar em muitas casas, mas o relacionamento com outros humanos é o "lar vida" de sua consciência. Sentimos-nos "em casa" (e isto não é apenas uma figura de linguagem) com aqueles que amamos, nos sentimos "fora de (nosso correto) lugar" entre aqueles que não gostamos. Com os que amamos nós "construímos facilmente" os requisitos do relacionamento - em qualquer oitava de experiência ou consciência. Construir com beleza é expressar amor. "Construir sem beleza" é enfatizar (acumular) as congestões na consciência de desejo-ignorância; as construções resultantes são "templos para o feio". O homem expressa seu "melhor arquitetônico" quando ele constrói (qualquer coisa) enquanto expressão do melhor e mais elevado de sua mente e coração. As espirais crescentes dos templos e catedrais são desenhos que simbolizam as aspirações espirituais do homem em direção a seu "paraíso perdido" - em direção ao qual ele retorna nas espirais ascendentes do progresso evolucionário. Essas espirais são variações do desenho básico da pirâmide, que discutiremos nesse discurso.
            Aquilo que é intimamente externo a nós é o reflexo exterior da construção interior. Consciência - e nada mais - é o material que usamos para construir qualquer coisa, em qualquer oitava, ciclo ou dimensão. O resultado da construção material é o efeito da forma que o homem impôs sua mente, talentos e habilidades sobre as substâncias maleáveis; e mente, talentos e habilidades são todas oitavas da consciência. Ele impõe sua consciência nas "coisas da arte" para corporificar seus conceitos de arquétipos na arte manifestativa; ele impõe sua consciência nas "coisas do relacionamento" enquanto suas "corporificações da consciência do relacionamento", para envolver, proteger e perpetuar aquilo que se encontra regenerado ou não nos relacionamentos humanos. Nós podemos construir "cavernas para chacais e esconderijos para ladrões" assim como podemos construir "lares para os amados e templos para os adorados". Tudo isso, em suas miríades de expressão, são construções com os materiais da consciência.
            Como cada humano é uma consciência individualizada, somos os construtores de tudo o que é manifesto em nossas vidas. Encarnando, servimos para construir uma nova identidade para nossos pais, uma vez que eles foram instrumentos na construção de um veículo para nós. Cada criança contribui com material de relacionamento e experiência de relacionamento para a "construção" de seus pais como indivíduos e como casal. Ele expressa sua consciência, eles reagem; eles expressam, ele reage nos anos de seu desenvolvimento e pelo tempo que sua relação com seus pais continuar. A criança foi magnetizada a seus pais pela lei e construiu a qualidade particular de consciência parental pelos seus exercícios como pai e mãe em encarnações passadas. Em outras palavras, seus pais são a expressão quimicalizada de sua consciência de "pais"; eles, de certo modo, e em relação a ele, são algo que ele mesmo construiu. Cada ser humano é, portanto, o arquiteto de seus próprios pais. Concretamente isto é representado no horóscopo pelo diâmetro vertical das cúspides da quarta e décima casas. Os "pais" do arquétipo humanidade se apresentam no diâmetro zodiacal de Capricórnio-Câncer focalizados pelos arquitetos planetários Lua e Saturno, os "construtores da forma" de nosso arquétipo vibratório. Este diâmetro é, claro, complementado pelo de Áries-Libra, assim como o diâmetro vertical de um horóscopo é complementado pelo diâmetro horizontal do Ascendente e sétima cúspide. Aprofundando em uma ilustração astrológica: podemos pensar no mapa como a planta de um edifício, de tão arquitetônicos são os símbolos.
            Um círculo com diâmetros vertical e horizontal; os símbolos para os signos cardinais nos pontos estruturais, Áries como signo Ascendente. Conecte os pontos estruturais com linhas retas formando um quadrado. Os quatro ângulos retos são os "envoltórios" dos ângulos feitos no centro pelos diâmetros dos pontos médios das casas fixas (Touro, Leão, Escorpião e Aquário); os ângulos retos do quadrado dos signos fixos são os envoltórios do ângulo central feito pelos diâmetros vertical e horizontal. Os lados dos dois quadrados têm o mesmo comprimento. Os pontos cardinais bisseccionam quatro semicírculos; os pontos fixos bisseccionam quatro quadrantes.
            O círculo é ao mesmo tempo a perfeita ideia de "Humanidade" na Mente Divina, a manifestação perfeita daquela ideia na forma e a perfeita objetivação de todos os potenciais inerentes ao Ponto Central; pela perfeição de sua beleza ele é o símbolo arquetípico do Dourado Manto Nupcial que será usado pelo arquétipo humanidade na alvorada da liberação desta manifestação, ou que é usado por cada indivíduo no momento de sua liberação. O Dourado Manto Nupcial é a habitação perfeita do átomo semente - todos humanos têm uma matriz etérica, mas nem todos usam uma bela matriz; é o perfeito embelezamento e pureza dessa matriz que identifica o Dourado Manto, o resultado de toda nossa construção encarnatória.
            Foi feita uma referência prévia à convicção do autor de que o círculo que circunscreve o quadrado cardinal e suas "linhas de força" (a Cruz Cardinal), em combinação com o Ponto Central, é uma "visão de olho de pássaro" (olhando para baixo a partir de cima) de uma pirâmide. O arquétipo humanidade evolui da inocência - o estado de Espírito Virginal - ao limite da quimicalização por um processo espiralar de afastamento descendente do ponto, em circunvoluções sempre expansivas (separativas). O potencial essencial perfeito permanence sempre, mas o homem encarnado e novo para esse plano vê apenas a quimicalidade da vida e da sua própria natureza. Ele desconhece sua unidade com a vida e apenas indistintamente a sente em seus sentimentos de unidade instintivos com outros humanos com os quais está proximamente associado por laços de sangue ou de parentesco.
            Na maior parte das vezes ele está consciente das diferenças entre ele e seu pai, mãe e outras pessoas : fortes e fracos, jovens e idosos, masculino e feminino, etc., mas suas similitudes com outras pessoas, independente da aparência externa, não são reconhecidas até que os processos evolucionários ocorram. Conhecer um relacionamento é estar consciente da vida humana “interior” e aquela percepção é o princípio da sabedoria. A consciência da humanidade em evolução não está ciente da forma circular essencial do raio de luz sobre o qual viaja; ele é sempre circular mas quando se “choca com a tela da materialidade” a consciência humana subdesenvolvida vê apenas quadrado – as agudas diferenciações entre as pessoas, não a unidade pela qual todos são afiliados em espírito.
            As duas representações do quadrado simétrico em nossa mandala simboliza a estrutura da família humana e o material do qual aquela estrutura é construída. A família é exteriormente o macho e fêmea da manifestação humana geradora; interiormente é o masculino e feminino da consciência genérica. Os pontos estruturais do quadrado dos signos fixos simbolizam as focalizações dos diâmetros do desejo-amor que é a substância alimentar do total de nosso relacionamento humano – vida – o equipamento que usamos para construir cada lar de trocas por relacionamento. Os pontos estruturais cardinais são as quatro focalizações da identidade humana – madura e imatura do macho e da fêmea – Pai, Mãe, Filho e Filha; também o macho e fêmea como causador e reator aos efeitos das causas. A partir dessa cruz da Polaridade da Identidade, alimentada pelo recurso desejo-amor dos diâmetros dos signos fixos distribuídos pelos diâmetros assimétricos das oitavas de sabedoria da cruz mutável, a espiral ascendente da evolução inicia. Assim que o ser humano precisa encarnar ele participa nestas três cruzes; mas na medida em que a identidade separativa é transmutada em unidade, desejo em amor e ignorância em sabedoria, os quadrados se tornarão cada vez menores, continuamente aproximando-se da semelhança com o círculo, que por sua vez é a representação perfeita do menor de todos os círculos, o ponto. Você pode fazer uma imagem desse desaparecimento do quadrado ao desenhar um círculo envolvendo o quadrado cardinal. No interior do quadrado desenhe um círculo, no interior daquele círculo outro quadrado e assim por diante, até que a figura se torne tão pequena que você não pode prosseguir. Lembre-se que o “quadrado” é um desenho arquetípico; “quadrado cardinal”, “quadrado fixo” e “quadrado mutável” são três variações de um mesmo desenho; fixo e mutável são sub-arquétipos do cardinal enquanto desenho arquetípico da identidade e relacionamento humanos. Assim, ao desenhar estes quadrados cada vez menores em círculos cada vez menores, você está de fato representando, em essência, todas as três formas do quadrado em todas oitavas evolutivas. Quando você desenhou o primeiro círculo dessa ilustração (e o quadrado cardinal em seu interior) você representou a humanidade pronta para evoluir; cada quadrado sucessivamente menor no interior dos círculos, em pares, representa uma oitava superior – como nas histórias de uma construção que seja piramidal em sua forma. Se você desenhar ou imaginar uma pirâmide sendo cortada por planos horizontais uns sobre os outros você compreenderá a essência de como cada nível espiralar do círculo e cruz é análogo aos pisos de um edifício, cada piso contendo muitos quartos nos quais diferentes atividades ocorrem – ou nos quais diferentes expressões da Consciência ocorrem. Neste desenho indique “primitivo” no primeiro nível e designe diferentes níveis da pirâmide cortados por planos como representando diferentes períodos da história em que o homem tornou evidente o progresso evolucionário. Em cada nível da cruz cardinal das trocas no relacionamento humano, a cruz fixa dos recursos desejo-amor e a cruz mutável da sabedoria-destilação são encontradas em conjunção ou sincronização com o eterno ideal que as envolve e intepenetra. Com a aproximação do ponto alto (o ponto central do mapa astrológico, conforme sabemos), amor e sabedoria tornam-se cada vez mais fundidos, e as quatro identidades perdem sua qualidade separativa e se mesclam cada vez mais no ideal de relacionamento de fraternidade, aquilo que nosso relacionamento com o outro é de fato. Somos todos fraternos pois somos os "filhos e filhas" do Deus Pai-Mãe; nossa "filiação" é nossa natureza bipolar essencial - "macho e fêmea" dizem respeito à nossa natureza apenas quando encarnados, e nas oitavas superiores do ser ela se aplica apenas a nosso estado espiritual gerador, sendo que os poderes da bipolaridade se fundem quando alcançada a perfeita consciência do "amor pleno". Somos cientes de "amores" enquanto estamos nos níveis inferiores da espiral ascendente - identificamos a existência do amor com a existência de outras pessoas em nossas vidas e experiências. Em verdade, o amor é um aspecto do círculo, sendo onipresente na pureza perfeita em todos os níveis de ser. Assim que o topo da pirâmide se aproxima, a "separatividade dos amores" é transcendida e o ponto no topo da pirâmide - o final da espiral ascendente - é a consciência perfeita da "unidade" do amor enquanto Atributo Divino. Assim como a sabedoria é destilada das experiências na espiral, as congestões do medo e do ódio são dissipadas pela luz da razão e compreensão, que por sua vez, são as iluminações da mente pelo poder do amor e inspiração da beleza.
            Faça uma cópia do mapa com as doze casas, conecte os pontos das cúspides em sequência por linhas retas criando doze triângulos isósceles. Cada um desses triângulos é metade de um triângulo equilátero, cujos lados são as cúspides das casas alternadas. Há dois tipos desses equiláteros: aqueles dos trígonos de ar e fogo e aqueles de terra e água. Pense no "equilátero de Áries" como sendo: "masculino Áries e feminino Touro" e assim por diante em todo o mapa. Esses equiláteros, três de cada elemento genérico, apresentando polaridade pela divisão em duas partes iguais, são as casas básicas reais do mapa no que concerne a consciência genérica. Como cada uma das doze casas mundanas focaliza os princípios de um dos doze signos zodiacais, reconhecemos que eles são especializações das duas partes das secções genéricas de cada trígono. Faça esta figura desenhando quatro rodas e pintando de preto cada um dos signos de um elemento assim como seu signo sucessivo. Há muito alimento para o pensamento nessa representação de casas enquanto divisões genéricas da experiência. A aparência regular das doze casas ilustra uma representação muito mais objetiva do ciclo de experiências durante os anos de encarnação. Elas são, em qualquer apresentação, salas com um piso particular da construção de sua vida. Na medida em que os elementos vibratórios de seu mapa estiverem congestos, você se verá em situação de "viver em um piso inferior na construção de sua vida".

            Pense em seu horóscopo como um piso planejado, a planta da mansão evolucionária (construção) que você está habitando agora. Seu mapa simboliza seu potencial de ser um arquiteto espiritual. Os conteúdos de seu mapa representam os materiais anímicos que você está usando para construir sua pirâmide - seu Manto Dourado - o composto do melhor de sua consciência destilada de todos os níveis prévios de experiência e realização. Torne-se mais ciente que nunca da beleza da arte arquitetônica - permita-se apreciar os valores estéticos das belas construções, e filosoficamente permita-se tornar mais do que nunca ciente de seu significado para a experiência humana.