segunda-feira, 6 de agosto de 2018

CAPÍTULO LIX – A EXPERIÊNCIA ANIMAL


Esse tema é apresentado para a consideração dos estudantes que, em seus estudos, frequentemente se perguntam a respeito de “horóscopos de animais”. Claro que essas indagações são perfeitamente legítimas – sendo pertinentes a um fator familiar de experiência de vida, a qual é de grande interesse para muitas pessoas.
Devido a Astrologia ser essencialmente um estudo da consciência, como uma ciência vibratória ela se aplica a qualquer forma ou plano de vida e à consciência que anima e instrui essa vida. Se o nosso conhecimento de Astrologia fosse, por si mesmo, grandemente estendido além de sua presente esfera, poderíamos – sendo todos os outros fatores iguais – fazer o horóscopo de animais individuais, conforme o fazemos de indivíduos humanos; poderíamos fazer os horóscopos dos Astros, dos Sistemas Solares e das galáxias, assim como daquelas minúsculas formas de vida que habitam esse Planeta. Quando a Astrologia é compreendida como sendo o estudo daqueles princípios ou leis pelos quais toda consciência evolui, então sua aplicação útil à vida por todo o cosmos pode ser percebida pela correspondência com a vida que conhecemos como humana.
Contudo, e aqui é o nó da questão, para compreendermos a Astrologia de outras formas e ondas de vida precisamos conhecer a consciência pertinente a aquelas formas e ondas. Podemos observar e estudar as evidências de outros tipos de consciências diferentes da nossa, mas sendo “particular e peculiarmente Humanos Terrestres”, nós não podemos compreender os planos de consciência com os quais outras formas, sub-humanas e super-humanas, estão alinhadas. De fato, muitos humanos têm apenas uma observação turva e distorcida da consciência do seu semelhante humano! A vida Animal é animada a partir de um centro diferente do nosso – sendo nós humanos muito mais autônomos, e estando os animais muito mais sob um guia especializado.
Diz-se que as linhas evolutivas sub-humanas, as que agora constituem os mamíferos, alcançarão sua evolução máxima por meio do padrão humano. Assim, não somente é de interesse, mas de grande importância que aprendamos a espiritualizar nossa consciência dos membros do reino animal e nossa relação com eles; eles são fraternos conosco, como habitantes desse Planeta, e nós, como a expressão evolutiva mais elevada, temos uma responsabilidade decisiva para com eles tal como a têm os irmãos e irmãs mais velhos para com os mais novos em uma família – a correspondência no relacionamento é quase exata.
Por conseguinte, embora não possamos “fazer as Cartas Astrológicas” dos animais, podemos estudar nossas próprias Cartas em relação às nossas experiências com a vida sub-humana e nossos sentimentos acerca dela, expandindo, desse modo, nossa consciência de evolução nesse Planeta. Usando os fatores astrológicos que costumamos usar, uma Carta calculada para a hora de nascimento, por exemplo, de um gatinho ou um cachorrinho representaria o significado do animal para nossa experiência; o mesmo se aplicaria à hora de nossa decisão de trazer para o nosso lar um novo animal de estimação ou qualquer outro animal, para nossa experiência pessoal. No último caso, a motivação e o propósito representariam as notas-chaves da leitura astrológica; essa Carta, correlacionada com a nossa Carta Natal, representaria os fatores inter-relacionados da experiência que poderíamos ter com o animal. Uma Carta calculada para a hora em que escolhemos o animal poderia indicar os pontos básicos referentes à conformidade do animal ao nosso propósito. Muitas pessoas acham que seu relacionamento com um animal inicia uma experiência significativamente notável, e essas possibilidades de experiência são o que estudaremos.
A consciência humana individual de relacionamento não faz acepção de pessoas ou coisas. Um homem pode amar sua esposa e seus filhos com ternura, solicitude e devoção, mas se sua consciência de relacionamento contém uma área de ódio, medo ou preconceito de e para com outro homem – ou outras pessoas – que sejam por acaso de outra raça ou nacionalidade, sua consciência de relacionamento não é clara ou pura. Uma mulher pode preencher os requisitos de seu trabalho profissional com um escrúpulo inabalável, mas se sua atitude para com seus colegas de trabalho – ou uma colega – é manchada com a inveja ou falsa superioridade, então sua consciência de relacionamento para com sua profissão fica correspondentemente manchada.
Muitas de tais ilustrações hipotéticas podem ser consideradas; o ponto a se considerar é esse: nosso relacionamento com outra pessoa é qualificado primeiramente por nosso sentimento acerca dele ou dela; essa área do sentimento é acesa pelo contato vibratório com a pessoa. Em outras palavras, outras pessoas simbolizam qualidades de consciência para nós porque, pela ação da simpatia vibratória, qualquer pessoa pode servir para estimular qualquer ponto de sentimento em nossa consciência de relacionamento. Até que alcancemos uma verdadeira compreensão, nós tendemos a identificar a pessoa com a qualidade estimulada em nossa consciência de relacionamento; quando tenhamos alcançado a sabedoria do relacionamento, saberemos que nossas reações de natureza desagradável devem ser transmutadas em potência espiritual de boa vontade (Amor). Por conseguinte, todos os pontos na consciência de relacionamento que identificamos como ódio, inveja, despeito, medo, falsa superioridade, tirania, etc., podem ser compreendidos como “materiais” para se usar no exercício transmutador. O fato de que muitas pessoas provaram a lei da boa vontade por meio de seus esforços transmutadores pode ser verificado em uns poucos minutos de reflexão sobre o assunto.
Qualquer foco magnético de atração no relacionamento pode ser utilizado para intensificar negativos existentes na consciência ou para alimentar as qualidades regeneradas já desenvolvidas. E “relacionamento” é seu ponto de vista de você mesmo em alinhamento vibratório com qualquer outra pessoa, criatura, coisa, atividade, acontecimento, esforço ou ambiente. Seu horóscopo natal desempenha seu maior serviço ao representar para você suas tendências básicas de ponto de vista na consciência de relacionamento. Compreender, verdadeiramente, essas tendências e as maneiras de usá-las retamente é conseguir a chave mestra de todas as outras fases do estudo de sua Carta. A evolução da consciência da humanidade é adiantada em proporção direta à medida que cada ser humano aprende a se alinhar corretamente no relacionamento com os seus semelhantes humanos e seus semelhantes animais.
Preste atenção, cuidadosamente, às últimas quinze palavras do parágrafo acima. Aquilo que agora é, foi determinado por aquilo que era; aquilo que há de ser, será determinado por aquilo que agora é. Cada ser humano do atual período de manifestação na Terra esteve alguma vez no “status animal”; cada animal é agora potencialmente um humano. Em nenhum sentido absoluto um humano é “superior” a um animal; a diferença está simplesmente no tempo de evolução. A veracidade dessa asserção será percebida instantaneamente se considerarmos o fato de que todos os Iniciados, Mestres e Adeptos – a vanguarda espiritual da atual humanidade – servem ao inspirarem e encorajarem nosso desenvolvimento e progresso espiritual. Se eles, usando uma hipótese absurda, se relacionassem conosco por meio de uma “superioridade absoluta”, por que razão seríamos incentivados, de todos os modos, a “trilhar o caminho que eles trilharam”? Se nós nos relacionassem com os animais por meio de uma “superioridade absoluta”, não haveria impulso no coração humano para melhorar as condições deles, não haveria o inspirado ímpeto para amá-los. No entanto, muitos humanos amam os animais com simpatia e abnegada devoção. Isso por si só não é uma prova de que nós sabemos intimamente que os animais trilharão o caminho que trilhamos agora? O ser humano ao se tornar totalmente consciente de sua confraternidade com os animais atinge um clímax no curso de sua jornada evolutiva; é uma tremenda expansão de sua consciência de Amor, e nesse ponto essa experiência é, inevitavelmente, acompanhada de uma compreensão maior da natureza do amor divino.
Toda posição e Aspecto em sua Carta Natal podem ser estudados como representando uma fase ou tendência de sua consciência de relacionamento. Portanto, suas atitudes e seus sentimentos para com a vida sub-humana também são representados por esses fatores do horóscopo. Uma vez que o relacionamento com a vida sub-humana está entrelaçado, intimamente ligado, na textura da experiência evolutiva humana, vamos considerar esse assunto tal como é representado pelo Grande Mandala Astrológico. Para referência à parte, faça uma cópia dele: o círculo de doze Casas tendo ao centro o símbolo tradicional do Sol; Áries como Signo Ascendente, e os trinta graus de cada Signo para cada Casa; os Regentes astrais dos Signos colocados aproximadamente nas Casas que “regem”.
Para penetrarmos no sentido mais profundo da confraternidade entre humanos e animais, consideremos primeiramente o diâmetro Sagitário-Gêmeos, os Signos da nona e terceira Casas do Grande Mandala que são regidos por Júpiter e Mercúrio, respectivamente. Júpiter, no sentido cósmico, é o Princípio da Função Orgânica e o Princípio de Hierarquia. É o poder da Mente Divina pelo qual todo fator de um arquétipo é concebido em perfeito relacionamento com todos os outros fatores, para função, expressão e uso (É opinião considerado do autor que Vênus, como regente de Libra está Exaltado em Sagitário; sua Exaltação em Peixes deriva de sua regência de Touro). Como o Princípio da Função Orgânica, Júpiter representa o crescimento de partes de uma coisa em termos de seu propósito e em termos do inter-relacionamento com as outras partes da mesma coisa. Como Princípio de Hierarquia, Júpiter representa a função inter-relacionada das coisas em termos de inteligência relativa ou suscetibilidade relativa às forças da inteligência.
Nesses termos, vê-se a colocação das partes de uma coisa em relação a outras partes correspondendo à afinidade com a inteligência diretiva. Sagitário é polarizado por Gêmeos; o terceiro Signo do Grande Mandala contado a partir de Áries e no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, sendo o significador zodiacal da raiz da consciência fraternal; e consciência fraternal é aquela percepção clara de “paralelismo” ou “similitude correspondente” no relacionamento. Todas as células do seu corpo são fraternais uma com as outras, sendo parte celulares do mesmo corpo; mas as células dos seus dois olhos são fraternais por especialização. Todos os habitantes desse Planeta são fraternais uns com os outros, mas todos os mamíferos são fraternais por especialização, entre si os humanos também são “especialmente fraternais”, os quadrúpedes são “especialmente fraternais” entre si, as aves são “especialmente fraternais”, etc. Cada especialização tem uma especialização adicional, mas todas as especializações são agrupadas na unidade: os Habitantes Terrestres. Os Planetas do nosso Sistema são “fraternais uns com os outros”, e o nosso Sistema é especialmente fraternal com os outros seis Sistemas que compreendem nossa galáxia imediata. Em qualquer plano de dimensão que você considere, a função orgânica em termos de hierarquia e fraternidade está ilustrada. Isto significa que a consciência de fraternidade do ser humano não está completa até que ele se conscientize do valor dessa convivência inter-relacionada, nesse Planeta, com todas as outras criaturas, sub-humanas e super-humanas. Uma questão, naturalmente, surge desse ponto: o que nós humanos podemos fazer, e o que precisamos fazer, relativamente aos nossos sentimentos acerca dos habitantes de outros Planetas? Essa pergunta pode ser respondida por cada ser humano, por si mesmo, no devido tempo.
O serviço é também uma coisa de “reciprocidade”; aquele que deseja ser bem servido deve, por sua vez, servir bem. A vida animal é utilizada para servir aos humanos, e com abuso dos princípios do serviço, por épocas incontáveis e nesse abuso de princípios do serviço o ser humano gera muito destino maduro indesejável. A sexta Casa e o Signo de Virgem simbolizam a consciência humana do princípio do serviço; esse é exteriorizado pelas experiências do ser humano como um servidor e por seus relacionamentos com aqueles que o servem, sejam animais ou humanos. A vida animal tem sido e é sacrificada para servir de alimento ao reino humano, mas o que dizer do ser humano que abusa do serviço (inconsciente) da vida animal pela destrutividade insensível e arbitrária? A sexta Casa é polarizada pela Casa doze e pelo Signo de Peixes; você pode ver a possibilidade de muitos humanos, por meio de um ato de paixão descontrolado nessa vida, passarem muitos anos confinados em prisões como um resultado de destino maduro de destruição malvada de vidas sub-humanas, ou danos a elas, em uma encarnação anterior? A maldade e a destrutividade estão na consciência, e quer sejam elas dirigidas contra os humanos ou contra os sub-humanos, isso não invalida a potência do destino maduro.
A vida, de uma maneira ou de outra, impõe restrições àqueles que, por seus atos, provaram não estar qualificados para desfrutar de liberdade. Portanto, se você tenciona comprar animais – ou outro meio de admiti-los em sua experiência – para o serviço, inclua em seu projeto dar bom serviço aos que vão servi-lo. Se você depende deles para a realização de atividades de trabalho, correspondentemente eles dependem de você quanto a cuidados e proteção. Se sua atitude para com seu servidor sub-humano é a de respeito – que é Amor – você não estará fugindo à sua responsabilidade e ele estará capacitado a executar o máximo de serviço para você. Além disse, pela experiência mútua no Amor, você adiantará a evolução do animal pelo treinamento e ele adiantará suas necessidades mundanas, sem que você gere um destino maduro punitivo.
Muitas pessoas cuidam devotadamente de seus companheiros animais e, ao mesmo tempo, adotam atitudes muito limitadas e constrangedoras contra seus companheiros humanos. Parece que o destino maduro relativo ao mundo animal está sendo expiado por esse tipo de programa de vida. Essas pessoas estão sendo focalizadas, na presente vida, numa especialização da consciência de vida e amor; é possível que somente expressando amor e dando serviço aos seus “companheiros animais” possam essas pessoas polarizar espiritualmente sua consciência de relacionamento de modo a desenvolver, subsequentemente, apercepções mais ricas e mais elevadas de respeito e boa vontade para com os humanos. Essa faceta da experiência humana poderia ser ilustrada pelo diâmetro Leão-Aquário, sendo polarizado em cruz pelo diâmetro Escorpião-Touro. A regeneração dos resíduos emocionais negativos, representada por Escorpião, sendo exteriorizada pela mordomia da vida animal, representada por Touro, é a maneira pela qual a consciência de Amor Leão-Aquário, temporariamente restringida, é repolarizada internamente para melhor liberação posterior.
Concluindo: consideraremos o significado do Trígono de Ar para o relacionamento dos humanos com os animais. Libra, Signo Cardeal e de Ar regido por Vênus, é a apercepção da relatividade, o cerne básico, essencial da consciência de relacionamento; é a apercepção que possibilita a qualquer humano realizar relacionamentos com as vidas subumanas, humana e super-humana. Aquário, Signo Fixo e de Ar, regido por Urano, é o recurso da consciência de amor impessoal, transcendental, pelo qual o humano realiza o impulso e a capacidade para amar a vida mesma através de quaisquer de suas formas externas. Aquário ilustra o amor sentido por Luther Burbank pela vida das plantas, o laço de amor que une um ser humano cego ao seu cão-guia; é a consciência de amor regenerada que une os humanos em grupos para fomentarem o bem-estar do sub-humano. Gêmeos, Signo Comum, de Ar e regido por Mercúrio e nono Signo a partir de Libra, é a apercepção do relacionamento como fraternidade – essa sábia consciência de similitude pelos quais os humanos percebem sua união com os outros humanos e com quaisquer ou com todas as outras formas de vida. São Francisco, o inspirado místico que amava a vida, chamava de “irmãos” ou “irmãs” a todos os seres viventes; ele sabia que era um “irmão mais velho” daqueles que se arrastavam ou voavam e, amando-os como os amava, entendia o amor de Deus por ele. Que a Luz e o Amor interpenetrem a consciência que temos de todos os nossos companheiros na vida.

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