sábado, 22 de agosto de 2015

CAPÍTULO XLIII – A SENDA ASTROLÓGICA




                O propósito da presente exposição é duplo. Está bem que novos estudantes de astrologia obtêm uma perspectiva do que esse Caminho pede deles em termos de treinamento mental e o que o mesmo inclui em expansão de conhecimento e compreensão. Os estudantes experientes no caminho deveriam lembrar-se das necessidades de seu Caminho escolhido e atualizar seus propósitos, métodos e objetivos espirituais. O Caminho Astrológico é longo e contém vários desdobramentos complexos; a “visão de longo alcance” e serena e a inabalável paciência são os requisitos primários para o preenchimento de suas fases. Alguns estudantes, na vida presente, podem estar recapitulando o conhecimento obtido através do estudo em vidas passadas, agora prontos para começar a aplicar seu conhecimento e compreensão; alguns podem ainda estar continuando seu programa de absorção, e outros ainda podem estar dando seus primeiros passos nesta Senda. Independente disso, todos deveriam ter um conhecimento compreensivo de todo o programa envolvido nesse estudo complexo de forma que o propósito e o ideal espirituais possam ser sustentados firmemente.
                 A ciência arte chamada “astro-logia” é o estudo das leis universais conforme se aplicam ao desdobramento da consciência evolutiva; a consciência é a luz primordial e os símbolos das “luzes” – Sol, Lua e planetas – são utilizados para designar as faculdades, veículos e poderes pelos quais a consciência em desdobramento se torna ciente da consciência divina. Assim como o nosso Sistema Solar é um dos sete Sistemas que compreendem um plano cósmico, também cada uma das “luzes do sistema solar” é uma parte da família, inter-relacionada e interdependente das outras e do sol central; todas sendo exteriorizações da consciência criativa divina de nosso Logos. Astrologia não é primariamente um “estudo das estrelas” – esta é a profissão do astrônomo. O astrólogo é um estudante dos modos de consciência exteriorizados como corpos planetários, solar e lunar de nosso sistema. Nós humanos temos correspondência com estes corpos planetários pois eles e nós somos criações da mesma Fonte Divina e a afinidade vibratória nos alinha em conjunto nesse sistema solar. O astrônomo auxilia o astrólogo ao fornecer dados cientificamente calculados em relação às relações geocêntricas e heliocêntricas das “luzes” em relação ao cinturão zodiacal; este dado é sincronizado com os princípios têmporo-espaciais da encarnação para o cálculo do horóscopo natal que simbolicamente representa o estado cíclico presente de uma consciência humana em evolução. O “astr” de astrologia se refere a “estrela” apenas exotericamente; esotericamente e filosoficamente ele se refere àquela luz que é consciência. É pelo grau e qualidade da consciência em evolução que todo fenômeno, experiência e relacionamento são interpretados; isto se refere ao corpo físico assim como a todos os ambientes, atividades, acontecimentos, lições cármicas, aspirações e ideais. Todos esses fatores são simbolicamente representados em essência pelo horóscopo natal; a soma total dos “conteúdos” de um mapa representa as inclinações e tendências em pontos de vista pessoaiso resultado específico do modo que exercitou suas inclinações e tendências em encarnações passadas até a vida presente. Quando o estudante de astrologia estabelece a percepção do “caminho astral” como sendo o estudo da consciência – sempre evoluindo através da experiência encarnatória e padronizada pelos grandes Princípios Arquetípicos do Universo – ele então avaliará apropriadamente cada fator do estudo com seu centro básico e assim manterá todas as avaliações na proporção e perspectiva adequadas. Todo fator em um horóscopo calculado corretamente é uma representação exata dos resultados na consciência de causas na consciência. A regeneração da consciência determina condições melhoradas, avaliações mais confiáveis de experiências e uma melhor e mais clara percepção dos poderes – potenciais e atuais.
                Os antigos eram encorajados em suas percepções da Natureza Divina e Consciência pela técnica da “personalização”; modos e facetas da Essência Divina eram expostos como “deuses e deusas”. As versões anglicizadas de alguns desses nomes divinos são hoje aplicadas à identidade dos planetas – o nome de cada planeta representando um composto ou síntese de potenciais divinos, princípios e poderes. Assim, ao considerarmos as diversas fases da Senda Astrológica nós também personalizaremos, para concretude e em imaginação considerarmos a natureza e habilidades de alguém que chamaremos “O Astrólogo Mestre”, que identificaremos como o protótipo de todos os astrólogos e estudantes de astrologia, passados, presentes e futuros. Seu nome será “Astrofilo” (aquele que ama astrologia), e ele é aquele que por muitas vidas e por muitos séculos se dedicou à sempre em expansão compreensão dos princípios astrológicos. Como Mestre-Astrólogo, ele é aquele que agora é capaz de correlacionar todas as fases de aprendizado com o simbolismo astrológico. Ele será compreendido como sendo o “ideal personalizado” de todos os que caminham a “Senda Astral”.
                Astrofilo sempre foi, é agora e continuará a ser um aspirante espiritual. Isso significa que ele não permite que seu desejo pelo conhecimento astrológico supere seu desejo pela compreensão do uso correto do conhecimento astrológico. Ele dedica sua aplicação de conhecimento ao serviço da iluminação humana, pois reconhece que o serviço de iluminação é o propósito básico para a obtenção de conhecimento antes de tudo. Ele sabe que o preenchimento máximo de seu entendimento é apenas um fragmento da sabedoria universal, assim, com humildade verdadeira, ele mantém sua mente e consciência sempre abertas e ajustáveis à consideração de ideias novas. Ele é tão impessoal e honesto em suas avaliações de seu próprio mapa assim como com o mapa de qualquer outra pessoa pois sabe que apenas honestidade total nutrirá seu próprio desdobramento e habilidade. Suas empreitadas intelectuais e analíticas – extensivas, profundas e cristalinas como devem ser – são continuamente nutridas pela oração; sempre que a necessidade é sentida ele convida a recarga de sua consciência e intuição pelos poderes da Mente Superior. Todo ato ou trabalho em seu serviço astrológico é dedicado e consagrado por seu amor a Deus e irmãos humanos. Ele reconhece ser “Irmão mais velho” de – provavelmente – a maioria da humanidade, mas ele nunca esquece ser na mesma medida uma criança do Pai Divino assim como o mais ignorante e não inspirado de seus irmãos. Seu cálculo de cada horóscopo é um ato de ritual espiritual pelo qual as forças de sua mente, consciência e Espírito são focalizadas e unificadas para a realização de seu serviço.
                Como um irmão, Astrofilo é sinceramente apreciador dos empreendimentos e aspirações dos humanos em todas as sendas que sirvam à iluminação e regeneração humana. Através de suas muitas vidas passadas ele compartilhou a absorção do conhecimento com parceiros-estudantes que representam todas as linhas de questionamentos e investigações. Ele mantém uma gratidão essencial a todos os professores e experiências que servem para melhorar sua educação astrológica, filosófica e espiritual. Ao encontrar uma correlação entre seu mapa e qualquer experiência, ele aprecia a experiência, seja dolorosa ou difícil, pois serviu para expandir seu conhecimento e compreensão. Ele lamenta e se ressente da ausência de experiências; a adaptação saudável de sua mente – dedicada à recepção da Verdade – permite que não ocorra a retenção mórbida de interpretações negativas da experiência senão comprazer-se em toda oportunidade para a expansão da compreensão e percepção. Ele busca sempre evitar atitudes e pontos de vista equivocados e assim recusa a reter em sua consciência aquela qualidade de ação mental que alimenta o preconceito ou a falsa aprovação. Ele busca considerar suas próprias experiências com equanimidade espiritual de modo a poder representar com maior perfeição a equanimidade da verdadeira iluminação para aqueles que auxilia.
                Como cientista, Astrofilo é o primeiro de todos os matemáticos e geômetras. Os aspectos técnicos de seu trabalho requerem uma compreensão fluente de todos os princípios aritméticos e de certos princípios revelados através da geometria. Como a álgebra é a exposição matemática da Lei universal de Correspondência, o conhecimento desse ramo da ciência capacita Astrofilo a avaliar e tabular toda e qualquer equação vibratória a ser encontrada em um dado mapa, ou que forme os “padrões de ligação” entre dois ou mais mapas. Em seu treinamento, nos primórdios da Atlântida, Caldeia e Egito, Astrofilo aprendeu que a acurácia no cálculo e compreensão matemáticos não só permitiu a percepção de um modo da Verdade, mas que a aceitação das disciplinas mentais envolvidas no treinamento exteriorizaram a sinceridade de sua busca da verdade. A acurácia é verdade exteriorizada; e devido à tremenda complexidade das “coisas” estudadas na Senda Astrológica, a boa vontade para disciplinar o corpo mental de modo a obter os resultados corretos na empreitada matemática é um fator importante na dedicação do astrólogo em seu serviço. Sempre que possível, Astrofilo busca determinar a acurácia de todos os dados; ele trabalha com aquele dado de tal modo que a acurácia máxima possa ser alcançada. Em seu trabalho de ensino, Astrofilo encoraja seus estudantes de todas as formas a apreciarem o valor do treinamento matemático; ele sabe por experiência própria que a Humanidade deve muito à Matemática pelo que ela proporciona em termos de disciplina, harmonização e focalização dos veículos mentais e dos poderes da consciência. Para ser bem sucedido nas empreitadas matemáticas, não se pode satisfazer com nada menos que os resultados corretos (confiáveis)!
                É interessante – e significante – notar que muitas formas de exploração visual são feitas através de uma estrutura circular. Nossos dois olhos são focados de forma que tudo o que vemos se dá a partir de uma “janela circular”; o astrônomo observa através de um mecanismo circular para estudar e explorar uma porção do sistema solar, uma galáxia ou alguma outra divisão do universo fenomênico exterior à terra; o químico e o biólogo examinam através de um microscópio circular para estudar a “pequenez” dos fenômenos materiais. Em seu trabalho como estudante da consciência humana, Astrofilo também centra sua atenção em um diagrama circular formado por certo arranjo do cinturão zodiacal que contém um corpo especializado de símbolos dispostos de acordo com princípios matemáticos acurados que traduzem uma revelação de leis espirituais. Astrofilo é um especialista no sentido que seu objetivo primário é servir à promoção da iluminação humana, mas os princípios inerentes em seu estudo especializado são tão relevantes quanto todas as formas de exploração feitas por outros cientistas.
                Dentro do escopo do conhecimento, Astrofilo está em conformidade com todos seus irmãos-cientistas; as essências de seu estudo e exploração são representadas de alguma forma ou grau em todas as outras áreas de estudos pelas quais a natureza do universo é revelada e compreendida. Na medida em que a natureza do universo é compreendida a realização da unidade com o universo se mostra. Astrofilo deve usar os poderes de análise do mesmo modo que um químico o faz, mas em acréscimo deve também sintetizar, pois seu propósito não é ensinar a “separatividade entre homem e universo” senão revelar a unidade dos humanos entre si, com todas as criaturas e com a fonte divina. O fator analítico em seu estudo concerne ao humano enquanto aspecto individualizado da consciência, com necessidades cármicas de experiência e “tendências pessoais” particulares. O fator de síntese é atualmente um processo da Mente Superior pelo qual Astrofilo pode auxiliar a pessoa experienciar uma expansão em sua percepção da unidade em si mesma através do desenvolvimento da autonomia espiritual e da percepção da unidade com outros humanos através da afinidade do destino comum e do propósito evolucionário.
                Além de cientista, místico e sacerdote, Astrofilo é também um artista interpretativo. Ele busca encontrar, através do estudo das indicações do horóscopo, aqueles modos e técnicas pelos quais a pessoa envolvida pode através da regeneração da consciência se tornar conscientemente mais e mais sensível às belezas de sua própria consciência espiritual. Todo princípio usado na representação astrológica tem sua contraparte em uma – ou todas – as belas artes. Em uma análise global dos fatores astrológicos, encontramos design, ritmo, cor (por implicação), estrutura, massa (por implicação), espectro e todo aspecto concebível da beleza que possa ser realizada ou exteriorizada pelos seres humanos. Durante os muitos anos e vidas de sua experiência, Astrofilo apreciou o contato com artistas e intérpretes de todos os tipos. Sua afinidade espiritual com essas pessoas se baseou no fator inspiracional inerente a toda expressão artística e serviço de iluminação. “Iluminar” pode ser pensado como um processo pelo qual “luz é lançada sobre a consciência” ou “a presença da luz na consciência é revelada”. Qualquer humano, por qualquer meio, que serve para revelar a harmonia a outras pessoas é um inspirador; harmonia é a revelação do equilíbrio através de todas as partes de uma coisa e constitui o reatar consciente do equilíbrio que caracteriza nosso propósito evolutivo. Foi daquele estado que fomos projetados, enquanto individualizações, no início de nossa experiência como humanos. Toda apreciação da Beleza é um vislumbre do “céu em nossa consciência”, e através de seu conhecimento alquímico Astrofilo é capaz de auxiliar as pessoas a compreenderem como elas podem efetivar a regeneração consciente de seus poderes interiores e, portanto florescer mais amplas e puras percepções da beleza de suas naturezas divinas.
                Após muitas vidas devotadas à prática de verdades realizadas e de acordo com altos padrões éticos, Astrofilo encontrou um estranho e maravilhoso despertar de sua própria consciência. Este dizia respeito à cognição que “os planetas” que ele estudou por tanto tempo nos horóscopos eram modos pelos quais o divino se revelava através da consciência humana. Como resultado, Astrofilo percebeu estar se tornando cada vez mais consciente da presença de Deus em todos os aspectos planetários – cada aspecto sendo assim percebido como sendo uma indicação não de “mal ou bem absolutos”, mas em algum grau daquele ponto de vista espiritual. Os aspectos até então considerados “maus” foram então percebidos serem, na verdade, figuras simbólicas dos métodos experimentais pelos quais o humano deve em última instância realizar sua própria natureza divina. Toda quadratura e oposição registram condicionamentos carmicamente programados e qualificados a partir dos quais, através da experiência encarnatória, o humano será confrontado com os resultados de seus pensamentos e ações passados; ao experienciar estes resultados ele aprenderá em maior grau aqueles modelos de pensamento e ações que facilitarão ao invés de obstruir o desdobramento evolucionário assim como a realização dos mais altos ideais espirituais.
                Leitor, estas coisas ditas aqui sobre “Astrofilo” estão realmente sendo ditas sobre você – agora um estudante de astrologia, talvez um praticante – em quem em algum ponto do Caminho pode florescer os poderes do veículo mental perfeitamente treinado, o poder alado da intuição e o poder claro diamantino da claricognição através de sua aplicação contínua e devota ao estudo da astrologia. Que o Espírito interior o proveja da força da paciência, o entusiasmo da alegria inspiracional e a benção da sempre em expansão apreciação de seus parceiros humanos, através do estudo perseverante da busca da verdade nos horóscopos enquanto necessidade. A vida provê toda oportunidade para o preenchimento da Senda Astrológica.

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