domingo, 8 de fevereiro de 2015

CAPÍTULO XXXVII – LUZ – PARTE I





            Iluminação é sempre um ato de revelação. Ela não significa, como alguém pode supor, dar algo novo à coisa em consideração e nem dar algo novo à pessoa que está considerando a coisa. Ela é sempre um ato pelo qual, em grau relativo, a verdade da coisa em consideração pode ser mais claramente percebida. Esta percepção nunca pode ser “dada” de uma pessoa para a outra, pois se trata sempre de experiência subjetiva; a pessoa que a experiencia só pode fazê-lo quando estiver propriamente condicionada e amadurecida para isso. Seu condicionamento e amadurecimento – sincronização do desejo pela Verdade com a capacidade de utilizar aquilo que percebeu – torna possível reagir ao estímulo de outra pessoa ou a uma experiência de modo que sua consciência da coisa considerada se abre para um grau relativamente maior de Verdade. Podemos dizer que naquele momento ele “ganhou mais sabedoria sobre a coisa” – esta percepção da natureza da coisa é então “mais sábia” que antes.

            Nestes dias de curiosidade aumentada em relação a cada faceta e funcionamento da experiência humana não surpreende que muitas pessoas no mundo todo estejam abrindo suas mentes para percepções mais claras da natureza da ciência artística oculta chamada “astrologia”. Esta série de artigos sob o título geral de luz, dos quais este é o primeiro discurso, é apresentada a estes curiosos na esperança de que os que agora estão “propriamente condicionados e amadurecidos” encontrem, checando, a experiência de perceber mais claramente representações do que a astrologia realmente é e como o conhecimento de sua natureza pode ser mais construtivamente e filosoficamente utilizado. Seu propósito é completamente consistente com sua natureza – seu propósito é iluminar e sua natureza é a apresentação simbólica da consciência da Humanidade em evolução, “em massa” ou individualmente.

            Algumas vezes nos tornamos mais vividamente conscientes de algo ao considerar o que este algo não é. Básica e essencialmente, a astrologia não é um estudo de eventos; em termos que o horóscopo de uma pessoa não é o estudo da “pessoa em sua vida”; não é uma superstição, apesar de muitas pessoas terem-na utilizado de forma a evidenciar seus medos supersticiosos da vida e experiência; ela certamente não é um estudo da “boa ou má sorte”; seu propósito primário não é delinear o tempo de eventos passados ou futuros; e – dada esta reflexão considerável – não é um “estudo das estrelas”.

            Os “nãos” da astrologia mencionados acima poderiam muito bem ser referidos como os “nós” nos conceitos de muitas pessoas em relação à astrologia. Dois deles são baseados em inverdades, os outros contêm suficiente conteúdo de conhecimento ou sabedoria para tornar a astrologia construtivamente útil – mas apenas quando o praticante é motivado por ideais elevados de auxílio aos outros, e quando ele é o tipo de pessoa que esteja sempre pronto a considerar novas revelações da verdade astrológica. Nenhuma pessoa encarnada que seja capaz de utilizar o conhecimento astrológico é “nova no assunto”; todas estas pessoas estão recapitulando conhecimento da matéria adquirida em vidas prévias e, em justiça a esforços passados, agora se requer esforço para desfazer os “nós” dos conceitos congestionados, superstições, e meias verdades a partir da expansão da mente e aumento na “vontade para a Verdade”. O nome desta ciência artística contém a pista para o que ela é verdadeira e plenamente; vamos analisar isto para uso contínuo durante a experiência destas séries.

            O prefixo “astr” de astrologia é uma entre várias centenas de palavras raízes derivadas de linguagens com significado esotérico e exotérico. Exotericamente ele se refere a “estrela”, e neste sentido a astrologia é compreendida como sendo um estudo da influência exercida pelas estrelas nos céus sobre o caráter e destino humanos, como se nós humanos “devêssemos fazer o que as estrelas nos sugerem fazer – ou ser ou pensar – ou desenvolver”. Um conceito irracional como este de “influência brilhante” tem o efeito desintegrador de intensificar os medos humanos em relação a “destino” assim como suas próprias fraquezas e ignorância. No plano do exercício intelectual, mesmo as abordagens mais exotéricas podem ser de auxílio, desde que a pessoa seja familiarizada com alguns símbolos particulares, e que o estudo das palavras chave interpretativas desses símbolos resulte no treinamento da faculdade do pensamento abstrato. Mas, como conhecimento sem uso não é a razão de ser da astrologia, devemos olhar mais profundamente na palavra para descobrir as verdades de seu propósito.

            Esotericamente o termo “astr” de astrologia se refere à luz. O homem tem, desde tempos imemoriais, olhado para as estrelas no céu como símbolos da mais pura luz. O astrônomo estuda os corpos celestes em termos de sua distância de nós, seu tamanho, peso, densidade e relações espaciais. O astrólogo estuda o que eles simbolizam como luzes de consciência.

            Novamente esotericamente, há duas conotações na palavra “luz”. Uma é aquela da luz que torna a percepção visual possível àqueles que estão encarnados. Em termos de vida manifesta, a luz é um poder criativo, um atributo de todas as coisas manifestas que possuem um potencial criativo ou de manifestação. Mas, antes que esta luz possa “ser” deve haver aquilo que cria a luz visual e aquilo é a luz da consciência. A consciência criativa daquilo que chamamos “vida” (na falta de palavra mais específica) através do processo “descendente”, consciência criativa do logos galáctico e solar – tudo o que está em evolução – origina qualquer e todas as formas e graus de luz que podem ser percebidas em todo universo manifesto. Em outras palavras, a luz perceptível é a polaridade negativa, a reflexão manifesta da consciência de atributo criativa positiva. As sentenças de abertura do livro do Gênesis contêm a seguinte: Deus disse, “Deixe que a luz seja e a luz se manifestou”. Se alguém acredita que a palavra “Deus” se refere à essência criativa cósmica ou à motivação criativa e mente de um logos solar não importa nesta conexão; o que deve ser considerado é que a consciência de poder criativo foi estabelecida e que a luz foi o primeiro gesto do ato criativo. As “trevas” referidas dizem respeito ao estado de vida ainda não formada que denominamos “caos”. “Caos” não significa, como alguns podem pensar, “nada”; é a essência de vida a ser utilizada pelas motivações criativas e mentes para manifestação. A luz manifesta é a projeção da inteligência criativa em manifestação. A consciência é aquele grau de perceptividade – iluminação do poder, que é o principal requisito da ação criativa. Um logos solar é consciente do poder para criar-manifestar – através do estabelecimento de um corpo central – “sol” – e uma emanação de outros corpos – “planetas” que, no total, compreende seu campo de evolução. O logos evolui através da evolução de suas miríades de ondas de vida e formas que habitam os corpos planetários; macrocosmos e microcosmos são interdependentes – a evolução de cada um serve, e é coincidente com, a evolução do outro. Pelo atributo da consciência e da faculdade da escolha, os humanos exercem seu potencial criativo para suplementar suas evoluções. Nós humanos não somos “criadores”, mas tendo o poder da regeneração da consciência, revelamos o potencial para criatividade. Assim como nosso logos solar – Deus – é, assim nós somos destinados a nos tornar através do desdobramento da percepção-consciente – de nossa identidade verdadeira e, correspondentemente, poderes. Se, então, a astrologia não é um “estudo das estrelas”, mas um estudo em símbolos arquetípicos da consciência, podemos abrigar nossos preconceitos acumulados sobre a questão e olhar para os horóscopos – nosso próprio particularmente! – quanto ao que eles sejam de fato e ao que eles se destinam.

            A sentença que a astrologia é um estudo da influência do Sol, Lua e planetas sobre nós – enquanto humanos individuais ou coletivos – não é uma inverdade, mas para nosso propósito há outra abordagem à questão que vai mais profundamente e deve ser considerada. No que diz respeito a “efeito de planetas sobre humanos” digamos que a astrologia é o estudo das correspondências entre os poderes vibratórios planetários e nossos poderes atuais ou potenciais. Nós, enquanto humanos, estamos fraternalmente relacionados a todos os outros humanos como expressões do mesmo arquétipo neste planeta. Nós somos também – de forma mais indireta – fraternos a todas as expressões de vida neste planeta. Nossa habitação – Terra – é o corpo manifesto de um Ser que em sua oitava de funcionamento é fraterno aos Regentes planetários de nosso sistema solar; portanto, em inúmeros níveis de correspondências, tudo neste sistema está inter-relacionado. E, tudo são as ideias manifestas de nosso Criador – nosso Logos Solar –, “Deus Pai-Mãe”. Como os planetas de nosso sistema constituem a incorporação de Seres cuja consciência de vida os qualifica para aquele trabalho, e cada um tem sua função e efeitos evolucionários particulares, no sistema total ou qualquer fator dele, nós, como humanos e estudantes de astrologia estudamos nossos horóscopos para nos tornarmos sensíveis a níveis mais altos de consciência de vida através de conhecimento ou percepção dos nossos potenciais em correspondência com as qualidades e significância daqueles seres cuja consciência provê estrutura e padrão ao nosso sistema. Os símbolos astrológicos do Sol, Lua e planetas designam o que chamamos de “regência” das partes de nossos corpos, qualidades de personalidade e caráter, os princípios inerentes em nossas capacidades de expressão e reação, as qualificações vibratórias de nossas experiências e relacionamentos. Todos esses fatores considerados em conjunto ou individualmente têm como propósito expandir e purificar a consciência – “nos iluminar” ou “tornar o self mais consciente da luz” do Self – sendo o Self o Espírito que identifica a afinidade e unidade do humano com seu Criador.

            Visando estabelecer mais firmemente uma nova abordagem ou compreensão, descobriu-se ser de grande auxílio parar de falar do assunto em consideração em termos de padrões de hábitos usados por talvez um longo tempo. Há vários clichês que os estudantes astrológicos aprenderam e usaram e, para se abrir mais extensamente à percepção da “Astro-luz”, temos que praticar alguns novos termos e referências. Por exemplo:

            Achamos muito fácil e natural dizer em relação ao horóscopo de uma pessoa: “Esta pessoa tem um Urano ruim”. Olhe para aquela sentença por um momento do ponto de vista de tornar-se mais consciente do que ela diz. Em primeiro lugar ninguém pode “ter” nenhum planeta; em segundo lugar nenhum planeta é “ruim”. Como poderia, sendo uma criação divina? Revisemos um pouco isso: “A consciência dessa pessoa dos princípios simbolizados por Urano está congesta, não organizada, desorganizada, imatura ou não evoluída.” Nós não dizemos que a pessoa é má, sem sorte, maldosa ou azarada. Simplesmente se quer dizer que o desenvolvimento da pessoa – através de ninguém sabe há quanto tempo – não recebeu muita atenção regenerativa aos aspectos do Espírito caracterizados pelo símbolo planetário de Urano; dizemos que ele tem em haver experiência considerável em crescimento, desenvolvimento e integração para chegar àquele ponto. Mas aquilo não o torna ruim, mal ou desafortunado – simplesmente significa que ele tem que se desenvolver de certa forma específica em sua evolução pessoal. O horóscopo é um registro simbólico da consciência – não é uma figura de escuridão estática, seu maior valor está em revelar as essências dos compromissos de vida da pessoa, assim como seu estado evolucionário relativo.

            Podemos dizer – frequentemente (e quão frequentemente!): “Esta posição de Saturno e este aspecto a Saturno torna esta pessoa um avaro”. Espere um instante! Todas as hostes celestiais juntas não podem “tornar alguém avaro”. O registro de Saturno no horóscopo representa uma ação da consciência pessoal – ou falta de consciência – em relação à posse de bens materiais. A avareza é um desequilíbrio na consciência – é sobrevalorizar a aquisição como tentativa de contrabalançar um profundo e incrustrado medo da perda. Pare com esta atitude injusta em relação a Saturno – ele tenta arduamente nos ensinar lições importantes e uma delas é o uso inteligente dos meios materiais. Ele diz: “Minha natureza corresponde ao seu potencial para aprender – entre outras coisas – a usar a substância e meios materiais de modo inteligente. Até que você traga para a consciência a noção deste princípio para seu crescimento, Eu tenho que falar a você através de seu medo da perda; quando você aprender a usar; de forma balanceada, o poder particular de consciência que eu simbolizo você saberá que eu sempre tenho sido seu professor e amigo. Concorde com o que eu represento enquanto poder e qualidade de consciência e sua maestria se expandirá em liberdade e alegria; você saberá então que não precisa me culpar pelas suas lágrimas e inseguranças”. Dizemos – às vezes com uma leve queimação de inveja: “Que pessoa de sorte! Ela tem algo em trígono com Júpiter”. Júpiter sorri de modo gentil e compreensivo e nos diz – talvez um pouco triste pela nossa inveja – “me permita lembrar que Eu simplesmente simbolizo sua própria consciência de poder pessoal de melhora, aumento e expansão de sua natureza e condições; você não recebe nada de mim – você expressa meu princípio de aumento e expansão através de otimismo, gentileza, generosidade e coragem; o que você expressa você atrai de volta; se sua consciência se revela por desequilíbrios de extravagância, autoindulgência excessiva, falso orgulho ou ambição Eu não posso me apresentar regenerativamente em seu mapa, pois você, em sua consciência de mim, não se qualificou para tal assim como esta pessoa o fez. Você precisa não invejar este desenvolvimento. Meu princípio serve a todos. Tenha isso em sua consciência de vida, faça isso de seu próprio ser a partir de boas ações e sua consciência cedo ou tarde florescerá e manifestará aquela forma particular de Luz que Eu represento”.

            E assim por diante – com cada um dos outros pontos planetários. Devemos finalmente considerar apenas outro ponto, devido a seu significado especial no horóscopo – o símbolo do Sol.

            O autor sugere que cada estudante de astrologia, que se sinta inclinado, a inaugurar a prática de colocar o símbolo tradicional para o Sol – o ponto circunscrito pelo círculo – no centro de cada horóscopo; este símbolo, por correspondência, é aquele de nosso Criador, nossa própria essência espiritual, nosso átomo semente e a vontade de viver eterna e indestrutível que caracteriza a consciência a permear a dimensão tempo-espaço. Este é a construção mais simples e mais perfeitamente focada, o mais puro arquétipo de todos os símbolos astrológicos – é apropriado que ele seja usado para designar a consciência Humana da Fonte, Identidade e Atributo Divinos. Outro símbolo que o autor sugere é um semicírculo sobre uma linha horizontal que pode ser legitimamente e efetivamente usado como o Sol no horóscopo, como um “fator planetário” regente do signo fixo de fogo Leão. Como este símbolo é sujeito a padrões e aspectos, qualificações e movimentos como qualquer outro símbolo planetário, ele deve ser estudado como representando a evolução da consciência da natureza Solar da pessoa. A aparência circular do símbolo Solar (o “Símbolo do Espírito”) corresponde à aparência do círculo horoscópico – ambos centrados pelo mesmo ponto. O “símbolo planetário Solar” corresponde em aparência com o semicírculo superior do horóscopo, a linha horizontal correspondendo ao diâmetro horizontal do horóscopo – o “EU SOU” da consciência individual e a contraparte do Ascendente pela cúspide da sétima casa. Também como figura este símbolo sugere o nascer do sol na aurora – e seu uso no horóscopo é nos manter cientes dos atributos solares que estamos buscando florescer através de nossa experiência evolutiva.

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