quinta-feira, 8 de outubro de 2015

CAPÍTULO XLV – ESPECTRO

        Espectro é uma das palavras arquetípicas mais importantes no estudo de expressões artísticas; a palavra, na aplicação arquetípica ou concreta, deriva do Latim e significa "olhar para". "Emanação" é processo pelo qual os potenciais de algo se manifestam; "espectro" é o resultado - o total dos potenciais perceptíveis, qualidades e partes. Usualmente utilizamos a palavra "espectro" para designar aquela aparência de um raio de luz refratado em suas cores componentes (partes) e isso é um exemplo excelente para o propósito desse estudo pois a astrologia em si é percebida visualmente. O arco íris é o exemplo concreto perfeito. Ele é um espectro natural; mas ele é mais que isso - ele é o símbolo perfeito de "espectro" enquanto palavra arquetípica. O raio da luz solar é macrocosmos, o arco íris é microcosmos; o arco íris como espectro é macrocosmos para cada uma das cores que designa, seu "microcosmos"; "Espectro", enquanto palavra arquetípica, se aplica a cada uma das cores como "macrocosmo" para cada uma de suas sombras, gradações ou qualidades. Em outras palavras ele é gerado como produto da luminosidade e refração; suas características básicas são "cores designáveis"; elas são por sua vez qualificadas por gradações e sombras que também podem ser designadas por palavras específicas.
                No que diz respeito a nosso sistema solar, o espectro original está na imaginação criativa do Deus pai-Mãe. A Mente Divina, que é a Fonte de cada arquétipo (ex: arco íris) manifesto nesse sistema, é a fonte de todo "espectro de manifestação" (ex: todos os tipos de arco íris) e todos os espectros de manifestação de cada arquétipo manifesto (ex: as cores totais e separadas, suas gradações, de cada arco íris). Por analogia, então, a Mente Divina corresponde ao raio da luz solar em nossa ilustração; um arquétipo é arco íris (uma manifestação da luz); um sub-arquétipo é uma das cores designáveis residentes no arco íris.
                A manifestação arquetípica da Mente Divina (a imaginação criativa do Deus Pai-Mãe) é observada como sendo nosso próprio sistema solar. O “espectro de emanação” seria a progressão dos planetas desde o momento da emanação do primeiro até que o último tenha emanado. O espectro de suas qualidades ocultas seria a gradação evolucionária do Logos Planetário do sistema análogo às cores diferenciadas do arco íris. A cor tem um espectro de frequência (quantidade) vibratória (sombreado específico) e também um espectro de qualidade vibratória (radiância relativa ou monotonia). O espectro de qualidade vibratória do sistema solar todo seria a soma da gradação de todos habitantes desse sistema em termos de “maior ao menor” (ou “menor ao maior”) exercícios de consciência espiritual. A mesma classificação poderia designar o espectro de qualidade vibratória dos habitantes de qualquer planeta e por sua vez, seu agrupamento por raça e ou nação. Esta analogia é aplicável ao tom arquetípico – o material essencial do manifestante e intérprete musical.
                O tom é o arquétipo de todo som, uma vez que pela sua natureza, ele é vibração rítmica audível. “Fraterno” com a cor, o tom tem um espectro duplo: frequência vibratória (baixa e alta) e qualidade vibratória; o espectro da qualidade vibratória tonal também é dual: aquele da Dinâmica (de suave a intenso) e do Poder (da monotonia à riqueza de tons). O espectro da “frequência tonal” é a manifestação inteira da escala tonal desde a velocidade vibratória mais lenta (mais baixa) até a mais rápida (mais alta). Esta “escala total” é dividida em “oitavas” e assim como o arco-íris é dividido em “cores” (cores são simplesmente as “oitavas” em um raio de luz). Assim como cada cor do arco-íris é um “espectro de sombras” também cada oitava tonal é um “espectro”. Cada sombra perceptível e designada de uma cor específica, a soma total da qual é a “matriz” de uma cor específica é análoga a cada nuance da nota musical. As nuances de uma nota musical específica na composição, compõem a “matriz” da nota assim como o envelope etérico humano, animal, vegetal ou mineral é sua matriz. O tom, em relação a seus sobre tons, é “incorporação vibratória condensada” – um fator específico de um sistema musical.
                O espectro dinâmico da cor é sua gradação do branco à sua densidade extrema; o espectro dinâmico do tom é a gradação representativa “suave-intenso – softness-loudness”. O espectro de poder de ambos cor e tom é a gradação desde “o poder menos impactante” (monotonia) ao “máximo poder impactante” (colorido tonal de qualidade carregada). Um grande pianista, pela ação controlada da mão, pulso ou dedos na compressão completa da tecla, pode criar um “pianíssimo” de delicada suavidade cujo poder será levado aos cantos distantes da sala de audiência. Outros, menos habilidosos, podem tocar o mais alto possível e os tons por eles soados serão duros ou sem vida. A analogia disso com a “monotonia” ou “brilho” ao interpretar princípios conforme representados no horóscopo é uma das coisas que você deve levar em consideração.
                O artista manifestante usa um espectro de meios para suas expressões. Este espectro vai desde o meio abstrato mais concreto (design) ao mais evanescente e abstrato meio – ritmo. Ele também inclui três meios concretos: tom, cor e substância. A linha é o meio abstrato entre o design e o ritmo. A linha é o símbolo arquetípico do “processo de manifestação”. O desenho de uma linha pode ser “espaçado” (ritmizado), e dele derivam todas as formas (designs) incorporadas (envoltas); assim como a linha em si emanou a partir de sua fonte, o ponto.
                Letra e palavra; tom e corda; linha e design (incorporação bidimensional) e massa (design tridimensional) compõem os meios do artista para representar seus conceitos de arquétipos, seja manifestamente ou interpretativamente. Ritmo, o espaçamento da sequência, ou da manifestação sequencial, é um "denominador comum" de todas as formas de arte, pois o ritmo é o arquétipo da natureza de todo movimento.
                A analogia do "espectro em Astrologia" com o "espectro nas artes" é fascinante devido à sua clareza. O recurso arquetípico de ambas as formas de interpretação é a consciência humana; o propósito arquetípico de ambas é interpretar a natureza dos arquétipos divinos através de conceitos manifestos; a ação arquetípica de ambas é intensificar, vivificar e iluminar a percepção humana a seu próprio respeito, outras pessoas e do mundo ao seu redor; a reação arquetípica a ambas ocorre a partir da composição do sentimento instintivo e do conhecimento instintivo.
                A palavra "artista" é arquetípica; seus dois princípios "emanações" são artista manifestativo (criativo) e artista interpretativo. O primeiro ser humano que se moveu ou colocou seu corpo em certa posição a dar expressão a um estado emocional específico foi o "primeiro" dançarino manifesto. O primeiro humano que reconheceu que "o ponto, a linha e o círculo" poderiam ser utilizados para simbolizar o ser, a consciência e a existência da humanidade - ou de um ser humano - foi o primeiro astrólogo manifesto. (Deve ser observado nesse momento que o "ponto, linha e círculo" são os "ingredientes" arquetípicos dos símbolos planetários assim como do desenho estrutural do mapa). O astrólogo manifestativo, assim como o artista manifestativo - corporifica seu conceito de arquétipo por um símbolo originalmente concebido; o símbolo é seu modo de representar a natureza, propósito e objetivação de um princípio cósmico. O astrólogo interpretativo estuda e percebe intuitivamente os significados dos símbolos já manifestos; ele cumpre sua função aplicando sua compreensão dos símbolos à interpretação do horóscopo. (Por exemplo, o autor sugere a consideração do seguinte enquanto símbolo "manifesto" para o planeta Plutão; um círculo envolvendo a seta para cima usada no símbolo de Marte; a seta é o potencial de expressão energética; o círculo é o subconsciente coletivo da humanidade - o desejo de poder arquetípico enquanto "fluído congelado" aguardando liberação através da expressão); é o conceito do autor do significado da regência de Escorpião por Plutão e co-regência por Marte.
                A palavra arquetípica espectro tem polaridade. A polaridade masculina é "espectro de qualidade vibratória" e a polaridade feminina é o "espectro de formas manifestas" que é a cristalização do desenho arquetípico. Estas duas polaridades de espectro são vistas na astrologia desse modo: a polaridade masculina (subjetividade) é toda a "extensão vibratória" dos doze signos zodiacais, do primeiro segundo de Áries ao último segundo de Peixes. Este é o espectro da consciência, humanamente falando; é o espectro dos poderes cósmicos, divinamente falando. Do ponto de vista da polaridade como ela se manifesta nos atributos da natureza humana, ela é o espectro de qualidade genérica - o composto de "atividade" e "reatividade" que todos humanos partilham. Ela compõe a essência de nossa projetividade e reflexibilidade, nossa expressão e nossa percepção. Como "polaridade" é um composto, nós reconhecemos que este aspecto "masculino subjetivo" do mapa é uma "dispersão de pontos", cada um dos quais é um potencial pelo qual expressamos de acordo com nossas percepções, e percebemos de acordo com nossa capacidade de expressão. Expressão é o processo pelo qual a individualidade se manifesta; Percepção é a polaridade experienciada. Estas ações ocorrem em sequência temporal, mas sua fonte é uma unidade de consciência.
                A polaridade objetiva "negativa" ou "feminina" do espectro astrológico é a sequência das doze casas, desde a décima segunda até a primeira em sentido anti-horário. Estas descrevem experiências específicas nas quais e através das quais a consciência é expressa e percebida. Elas se referem à “objetividade” da vida. Cada casa é um “mecanismo” para focalização (como “parentes” focalizam a identidade de uma criança) das expressões de nossas percepções de princípios de vida específicos. Cada casa é um sub-arquétipo da palavra arquétipo “matriz”; ela nutre nossa experiência e crescimento do mesmo modo que o corpo materno nutre a gestação da criança internamente e o poder do pai nutre o bem estar da mãe e criança externamente. Assim esses doze padrões de experiência “gestam” nossos desdobramentos espirituais no tempo-espaço. Na congestão (expressão não regenerada da percepção cristalizada) permanecemos “ligados” à matriz experiencial; através da expressão regenerada das percepções cristalizadas, ganhamos domínio sobre o ambiente, assim como com a maturidade ganhamos “domínio” sobre nossas dependências de nossa matriz bipolar: pai e mãe. Assim nos capacitamos para funcionar cada vez mais com consciência individualizada dos princípios ao invés da conformidade repetitiva à limitação das aparências . Lembre que este “espectro de casas” é uma polaridade do arquétipo da experiência humana; assim nenhuma parte dele é “boa” ou “má”. As casas, em seu todo, são materiais a serem usados; elas são designações das quais devemos aprender os princípios – assim como o estudo das cores nos auxilia na compreensão da natureza da luz.
                Os planetas são focalizadores dos signos que regem; eles são especificamente colocados, pela Lei da Causa e Efeito, nas duas representações do espectro astrológico – signo e casa. Assim como cada cor tem sua gradação e cada som tem sua gama de subtons, cada planeta tem seus “espectro pessoal” de natureza dual. Um é o “espectro padrão” – todos os aspectos possíveis com outros planetas; o outro é o “espectro focal” – todos os possíveis posicionamentos em casas e signos enquanto especificações dos “pontos” genéricos significantes no horóscopo individual. Um planeta sem aspecto é como um tom “monótono e seco” na música – ele tem pouco “poder de movimento”. Uma congestão no relacionamento entre planetas é como qualquer problema técnico em qualquer arte – a pessoa tem que “aprender os princípios” envolvidos assim como o artista tem que superar sua ignorância ou inadequação de forma a manifestar ou interpretar de forma mais perfeita seus conceitos dos arquétipos. O artista “superando seu problema” é análogo à pessoa com aspecto congesto se tornando ciente dos princípios envolvidos em seu padrão de experiência particular a gerar uma ação com base em uma consciência expandida.
                O arqui-espectro do “padrão astrológico” é dual: o sub-espectro dos três quadrados (cardeal, fixo e mutável) e o sub-espectro dos quatro trígonos genéricos (fogo, terra, ar e água). O quadrado triplo em quatro variações é o arqui-símbolo do atributo do Deus Pai-Mãe a tomar forma. O trígono quádruplo em três variações, é o arqui-símbolo do potencial divino inerente em toda forma (manifestação ou identidade). A conjunção de dois planetas é realmente o símbolo arquetípico do casamento; dois planetas são “fundidos” para o início de toda uma série de relacionamentos-aspectos entre si durante as encarnações vindouras. (Assim como no casamento duas pessoas são “fundidas” para um relacionamento mútuo durante os anos vindouros. Pense sobre isso). Em outras palavras, o aspecto de conjunção é análogo ao ponto central do círculo pois o ponto central emana os potenciais ao Ascendente; o aspecto de conjunção emanará uma série de aspectos planetários enquanto a pessoa progride através de suas encarnações sucessivas.
                Todos os aspectos planetários têm “espectros” nesse sentido: pela significância da “orbe” dois planetas têm aspecto exato entre si, eles têm aspecto aproximado entre si ou eles não têm aspecto entre si. Este é o espectro de “exatidão de aspecto” – a exatidão de um aspecto determina a intensidade de seus efeitos, congestivamente ou expressivamente. O aspecto da quadratura tem polaridade no sentido de simbolizar arquetipicamente a congestão expressão (masculina) ou congestão da percepção (feminina). A quadratura, o sextil (alquimia, regeneração dinâmica), a conjunção (fusão de poderes), e a oposição (focalização planetária de um diâmetro) têm espectro apenas no sentido de que quaisquer signos, casas ou planetas podem aparecer nesses padrões. O aspecto do trígono tem o espectro dual da polaridade:
                Usamos o triângulo equilátero repousando sobre sua base horizontal (os três signos de terra da Grande Mandala) como símbolo para o “aspecto trígono”. Como os signos de terra são usados, e como esta é a representação mais estática do trígono, esta é realmente a polaridade feminina do mesmo; ela é o resultado de se ter exercitado amor-sabedoria relativos no passado, e esta é outra forma de dizer “Maestria relativa”. A pessoa com um aspecto de trígono desfruta de uma certa harmonia, abundância ou integração nesta encarnação devido a seus esforços no passado. A polaridade masculina do trígono é encontrada no elemento fogo de Áries-Leão-Sagitário. Este é o exercício dinâmico da consciência espiritualizada, sendo a maior oitava do aspecto sextil. Como causa e efeito têm a mesma fonte, podemos ver que esta representação dual da polaridade do trígono nos diz: “Sim, tenha os benefícios dos frutos desse aspecto mas lembre-se que você está evoluindo; você deve usar o trígono como poder dinâmico para elevar a qualidade de sua Maestria relativa para percepções maiores no futuro”.
                Seu horóscopo se revestirá de “brilho” e “radiância” extras se pensares em termos de espectro, assim como sua apreciação da arte ganha em profundidade na medida em que te tornas ciente dos valores e belezas dos seus variados atributos e essências. “Veja” os quatro trígonos genéricos desdobrados a partir dos pontos estruturais cardinal, fixo e mutável; “veja” a quimicalização do espírito em direção à objetificação pelo desdobramento dos três modos das quatro cruzes estruturais dos signos de fogo, terra, ar e água. Pense espectro em relação a tudo que vem à sua atenção – arquétipos, sub-arquétipos e assim por diante – por um instante. Você desdobrará concomitantemente uma capacidade marcante de perceber os valores das posições e padrões planetários. “Pensar espectral” é pensar arquetipicamente. Pensar arquetipicamente é exercitar a mente ritmicamente.


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