terça-feira, 5 de maio de 2015

CAPÍTULO XL – LUZ COMO COMUNICAÇÃO

De um ponto de vista esotérico, como usualmente utilizamos a palavra, “comunicar” significa um processo pelo qual o conhecimento ou informação são transmitidos de uma mente à outra. Entretanto, um estudo e síntese de suas raízes derivativas revela seu significado esotérico, o que nos torna possível compreender mais verdadeiramente o significado real e uso correto desta função de transmissão sensorial, intelectual e espiritual. Sua derivação direta é da palavra latina comunicare que significa compartilhar. Nela encontramos duas palavras raízes básicas: "com" se refere a "juntos" e "un" se refere a "unicidade" ou "unidade". Assim vemos que "comunicação" é um meio pelo qual as diversas mentes e consciências são, em graus variados, unificadas pelo processo de compartilhamento. Este compartilhamento é um processo polarizado: o polo positivo é revelado em ações de radiação, expressão, informação, falar, escrever, projetar telepaticamente e projetar inspiracionalmente; o polo negativo se revela em ações de percepção, reação ao estímulo vibratório, percepção em todos os sentidos, aprendizado, compreensão e realização. Tudo que se estabelece na mente divina pode ser transmitido a - ou compartilhado com - mentes ou consciências diversificadas ou individualizadas. O objetivo evolucionário final é a realização da unidade das diversas mentes com a Mente Una de nosso Criador.
            Antes de considerar os significados ocultos, cármicos e evolucionários da comunicação entre humanos, devemos considerar a comunicação básica, primordial ou absoluta entre a Consciência Divina e a consciência humana - o "compartilhamento criativo da Luz". A Mente Divina se faz conhecível a nós - "fala conosco" - ao manifestar-se em estados infinitamente variantes de vibração objetiva - o mundo físico natural. Ela também nos proveu criativamente com centros e órgãos de sensopercepção no exercício dos quais podemos aprender a respeito de nossa origem a partir da observação da manifestação. Através da visão, nós percebemos e conhecemos a manifestação de Deus como cor; através da audição, percebemos e conhecemos a manifestação de Deus como tom; através do toque, percebemos e conhecemos a manifestação de Deus como textura e densidade; através do paladar, percebemos e conhecemos a manifestação de Deus como mistura química; através da olfação, percebemos e conhecemos a manifestação de Deus como emanação ou radiação química invisível e silenciosa. Ampliando, formas "transcendentais" de sensopercepção estão inclusas na clarividência, intuição, clariaudiência, claricognição, telepatia e inspiração. Por estas faculdades os aperceberes internos ao Humano são revelados em instâncias que transcendem as "limitações do Tempo-Espaço". Todas essas faculdades e poderes sensíveis e suprassensíveis tornam possíveis as muitas variações de ação comunicativa e troca entre o Divino e Seu microcosmos sub-humano, humano e super-humano "irmãos e irmãs". Aquele que sabe mais (desenvolveu mais consciência) compartilha com aquele que sabe menos (é menos evoluído em consciência e conhecimento); aquele que sabe menos (é menos desenvolvido em consciência e conhecimento) recebe e aprende daquele que sabe mais e é mais evoluído em consciência. A atração magnética das diferenças relativas em consciência e similaridades de necessidades cósmicas para realizar a unidade é o relacionamento de comunicação entre todas as coisas viventes. Comunicação é fraternidade em ação; comunicação Confiável, construtiva e possível de ser colocada a serviço é o amor fraterno em ação. Agora, para a astrologia:
            Antes que o humano possa se expressar a outra mente de modo comunicativo, ele deve passar por um "processo dentro de si" pelo qual formule aquilo que ele deseja transmitir. De forma sutil, mas perene, esta formulação é uma interação da mente subconsciente com as percepções conscientes. Antes que qualquer fato ou realização possam ser transmitidos, eles antes devem ser aprendidos e a faculdade particular para o aprendizado ser exercitada anteriormente ao momento presente. É a mente subconsciente - simbolizada astrologicamente pela Lua - que age como armazém de memórias, as impressões residuais estabelecidas pelos exercícios passados da consciência. É a mente consciente - simbolizada astrologicamente por Mercúrio - que conhece e se expressa de acordo com as necessidades presentes. Pela qualidade adesiva e retentiva da mente subconsciente o Homem permanece ligado àquilo que ele foi e expressou no passado e suas cognições e interpretações do presente são estabelecidas sobre o que ele evoca como memória ou memória-sentimento de seu passado. Portanto, vemos que um indivíduo sempre se comunica consigo antes de transmitir ou expressar sua consciência para outra pessoa. Um exemplo simples: alguém pergunta a você que horas são - ele precisa daquele fator de informação; antes que possa responder, você precisa "receber a comunicação - por meio visual - daquilo que seu relógio informa". Ao formular uma cognição você se torna capacitado para transmitir aquele fato como ação comunicativa para a outra pessoa. Mas, mesmo antes disso, você precisou aprender como ler o relógio em algum momento passado. Assim - você "desenhou em seu passado" para cumprir as necessidades de comunicação de seu amigo no presente. E assim vai eternamente: o passado é o "pábulo" sobre o qual o presente desenha para construir o futuro. No horóscopo individual, a correlação entre a Lua e Mercúrio mostra a "mistura" alquímica da memória-sentimento, estabelecida pelo exercício da consciência no passado com a percepção pelos sentidos e intelecto exercitadas pela consciência no presente. Também a correlação de Lua-Mercúrio com Júpiter mostra o processo alquímico pelo qual o indivíduo está destilando o apercebimento da verdade - uma cognição do fato que está acima e isento de todo erro pessoal subconsciente de interpretação por dor, prazer, preconceito, antipatia ou favoritismo. A correlação Lua-Mercúrio com Urano mostra a evolução alquímica das faculdades da intuição e previsão; com Netuno, se mostra a "gestação" das faculdades clarividentes e clariaudientes (a evidência de coisas não vistas e não ouvidas) assim como o estabelecimento evolucionário do poder da fé e de se comunicar pela oração.
            O que segue deve ser compreendido como um ensaio básico da natureza da comunicação. Agora, para propósitos astropsicológicos práticos, nos concentraremos no símbolo arquetípico básico da comunicação e da faculdade comunicativa - o planeta Mercúrio, regente de Gêmeos e Virgem.
            Crie uma cópia da "mandala de Gêmeos": a sequência zodiacal colocada ao redor de um círculo com Gêmeos como signo Ascendente. Note que o eixo Touro-Escorpião, do desejo-poder e do poder regenerativo, ocupa o diâmetro da sexta e décima segunda casas. Touro se refere ao centro laríngeo, o mecanismo pelo qual as criaturas vocais criam o tom; lembre-se que tudo que escutamos é percebido como um aspecto da vibração tonal. Escorpião se refere àquela faculdade de gerar, ou "evocar", material para outro corpo físico. Através de Touro, geramos ou "evocamos" material tonal para a incorporação, para a manifestação perceptível, de ideias, pensamentos, sentimentos, emoções, conhecimento, compreensão e realização; no plano da sensopercepção é o poder e faculdade de gerar tom que "obscurece" (relação da décima segunda casa com o Ascendente) toda a ação comunicativa. É o poder de Mercúrio para formular tons como palavras faladas ou cantadas pela interação entre a respiração dos pulmões e a mobilidade dos lábios e línguas; é também o poder de Mercúrio de usar as mãos para escrever ou desenhar figuras simbólicas imitativas da palavra falada, como palavras escritas ou diagramas e de tons enquanto notação musical. Na mandala geminiana, o signo da Lua, Câncer, está na segunda cúspide. Aqui se vê que a consciência humana de nacionalidade "assessora" a evolução desta faculdade para expressar e se comunicar pela linguagem. A aderência cristalizada a uma nacionalidade provoca conhecimento limitado e uso de linguagem sistematizada - tal pessoa pode se comunicar, na escrita (ou leitura) e fala apenas com aqueles que conhecem sua linguagem particular. Mas no plano do uso presente do intelecto, aquela aderência pode ser descristalizada pelo aprendizado de outra língua, ou outras línguas. Por meio dessa extensão descristalizante a pessoa poderá se comunicar com um correspondente maior número da pessoas, seu "campo de interação humana" aumenta, sua apreciação do pensamento e modo de viver dos outros se aprofunda e consequentemente, no plano dos reconhecimentos espirituais ele se encontra experienciando um grau maior de sintonia com outros humanos. As diferentes linguagens proporcionam barreiras comunicativas apenas para aqueles que se recusam sair das aderências cristalizantes a determinada linguagem; para aqueles que "saem", as barreiras se desintegram no mesmo grau. Nisso, vemos novamente uma ilustração concreta do fato que a comunicação é fraternidade expressa; no mesmo grau que mais e mais meios de comunicação sejam aprendidos, a espiritualização do relacionamento fraterno e simpatia serão realizados, apreciados e expressados.
            No presente em que se presencia o aparecimento do rádio, televisão, aeronaves supersônicas e todos os mecanismos pelos quais as limitações têmporo-espacial são cientificamente transcendidas, um paralelo se vê no campo dos empreendimentos espirituais humanos. Muitas pessoas, de todas as nações, estão também buscando explorar as causas dos impedimentos no funcionamento humano individual. São pessoas que estão dando um ímpeto poderosamente regenerativo à evolução humana pelo serviço dedicado às questões humanas, redimindo muito carma negativo construído em suas vidas individuais passadas devotando-se a "auxiliar outras pessoas a se ajudarem" a sair de estados de anormalidade cármica, subnormalidade e disfunções das funções saudáveis normais. No que diz respeito à comunicação, espera-se que as seguintes observações sirvam para aprofundar a compreensão interior das causas cármicas que minam as faculdades comunicativas no corpo humano; o primeiro ponto a ser considerado é a epigênese:
            Epigênese se refere à faculdade do humano de construir a qualidade de seu veículo em correspondência com a qualidade e estados de sua consciência. (Epi-gênese deriva de duas palavras raiz que significam "construir sobre"). Trata-se da faculdade criativa possuída e - consciente ou inconscientemente - exercitada por todos os humanos desde a aurora de seu procedimento evolucionário como humanos. Pela epigênese, o Homem revela seu gosto criativo a seu próprio Creador; é a "raiz" subjacente ao florescimento, nos tempos vindouros, de sua verdadeira atividade criativa enquanto consciência Divina. O princípio, ou lei, de causa e efeito operando sobre a faculdade da epigênese em humanos explica todas as qualidades condicionadas de manifestações física, emocional e mental no veículo humano - congestionadas, desviadas, aleijadas ou harmonizadas, potentes e eficientes. Na presente consideração da faculdade comunicativa e propósito, encontramos que a mandala de Gêmeos tem muito a nos dizer sobre a causação cármica dos impedimentos e defeitos na fala que se apresentam nos corpos humanos ao nascimento ou que "aparecem" durante a encarnação como resultado de um potencial vibratório congesto sendo estimulado pela ação do tempo. Tais condições como mudez congênita, palato em fenda, língua anormalmente grossa, gagueiras e condições traumáticas que lesam o mecanismo vocal, língua ou lábios, etc., são as principais que revelam exteriormente que as pessoas aflitas causaram algum impedimento na comunicação no passado. A memória subconsciente retida da ação destrutiva ou congestiva influencia e o corpo físico presente reproduz, por epigênese, o potencial negativo como "retorno cármico" de modo que a pessoa possa explorar o aspecto negativo da consciência do "outro lado da cerca" e assim aprender um pouco mais sobre as verdades da faculdade comunicativa e seu uso correto para desenvolvimento e evolução futuros. Muitos e muitos tipos de ação e influência no passado podem causar defeitos comunicativos na vida presente, mas a mandala de Gêmeos nos mostra as pistas ocultas básicas para a causação da maioria destas condições deficitárias - e experiências dolorosas:
            A posição do eixo Touro-Escorpião, coincidindo com as cúspides da sexta e décima segunda casas é o primeiro ponto a considerar. Este é o eixo da consciência de poder enquanto “desejo”, ou colocado de outro modo, a consciência individualizada do desejo. Tendo em mente que o desejo é uma potência da consciência que pode variar em qualidade, desde as maiores luxúrias humanas, ganância e retaliação às mais sublimes formas de aspirações espiritualizadas, percebemos que o uso correto desta potência – conforme mostrado nesta mandala – é uma forma de serviço contributivo (Escorpião na cúspide da sexta casa) e construtor da consciência de saúde. Exemplo disso é a expressão de amor mútuo através do exercício do mecanismo sexual; outro é a conservação disciplinada das energias vital e magnética para uso em atividades e trabalhos construtivos. Assim como para Escorpião na sexta casa; sua polaridade maior no plano físico é o signo oposto de Touro, na décima segunda cúspide desta mandala, que é o símbolo da criatividade dos tons liberados através da palavra falada – a incorporação audível de sentimentos, pensamentos, ideias, opiniões e realizações.
Pense sobre isso: uma pequena palavra – um “sim” ou “não” – falada em certo tom de voz, comunicando a outra pessoa uma decisão específica, sentimento, realização ou reconhecimento pode mudar o curso de uma vida humana caso a pessoa reaja ao que escuta nesta palavra. Uma pequena palavra, pronunciada como julgamento para afetar outra vida ou destino, pode ser falada de modo a mente subconsciente do orador “prender e sustentar” uma impressão de malícia ou destrutividade em grau tão forte que o retorno cármico a partir daquela expressão pode vir a se manifestar em experiência dolorosa várias vidas mais tarde. Por medo uma palavra necessária pode ser guardada; o poder inerente à palavra não falada será retido como potencial para bloqueio em um tempo futuro; o conteúdo de dor relacionado à descristalização subsequente necessária será proporcional ao bem que poderia ter resultado caso a palavra boa original tivesse sido falada.

Para o insight ou conhecimento das causas cármicas relativas às dificuldades e impedimentos de comunicação, temos que estar dispostos a flexibilizar nosso ponto de vista e reconhecer que a causa desses efeitos, manifesta no presente por epigênese, pode ter se estabelecido há muito tempo no subconsciente do sofredor. Usar o poder criativo da palavra falada para canalizar forças destrutivas e falsas é assegurar experiências futuras de bloqueios na comunicação. No caso da repetição continuada em suas formas extremas, o veículo mental se degenera em tal grau de astúcia, que condições como “idiotia” e “debilidades mentais” resultam como retorno cármico, especialmente se a crueldade deliberada foi a motivação emocional original. A presente experiência de muitos tais sofredores está sendo ajudada pelo poder do amor expresso no cuidado e considerações dadas por aqueles em busca de assisti-los – e esse amor é também um retorno cármico estabelecido decorrente de ações bem intencionadas e gentilezas no passado. Assim, nesses tempos, vemos – pela observação do fato que os humanos estão buscando ajudar e reabilitar mesmo os casos mais trágicos de escuridão, impedimento e degeneração relativa – que as únicas barreiras para a comunicação são aquelas que o próprio homem ergue; o Criador nos revestiu com potenciais mentais e espirituais além da faculdade de assegurar nossa eventual comunicabilidade com todos os planos de vida. No senso universal ou absoluto, não há barreiras para a comunicação. Todas as mentes individuais funcionam sob a lei e pela liberação e refinamento de potenciais no escopo inclusivo da mente única – que é a luz única, a consciência única – as linhas sempre irradiantes da comunicação de “um com todos e de todos com o Um” perpétua e perfeitamente sustentadas. Pelo uso correto de nossos fatores Mercuriais nós reproduzimos a sempre abertura de nossas linhas de comunicação com parceiros humanos nesse plano.

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