domingo, 13 de julho de 2014

CAPÍTULO XXX – INTERCEPTAÇÕES

Livre tradução de: http://rosanista.users4.50megs.com/library01/siaeng38.htm


            Astrologia, em sua simplicidade, é complicação sobre complicação. Na mente de muitos estudantes, entretanto, o problema das interceptações se apresenta como complicação desanimadora. Este material é oferecido como alimento para o pensamento em uma tentativa de tornar claro o propósito e significado dos signos e planetas dispostos de modo que suas “áreas” vibratórias não toquem as cúspides das casas. “Interceptações” podem significar “pobres de nós” até que percebamos a possibilidade de um significado filosófico por trás desse padrão particular. Quando o fazemos, permanecemos em nosso caminho para encontrar uma abordagem organizada para sua interpretação.
            Primeiramente uma dissecção da estrutura horoscópica. Use um mapa com doze casas; conecte com linhas retas os pares de cúspides conforme a seguir:
            Quatro horizontais – paralelas ao diâmetro horizontal: cúspides das casas 11-9, 12-8, 2-6 e 3-5.
            Quatro verticais – paralelas ao diâmetro vertical: cúspides das casas 12-2, 11-3, 9-5 e 8-6.
            A mandala com esta aparência simboliza a simetria da estrutura astrológica. Estas linhas conectam os pontos da circunferência do mapa que estão equidistantes das linhas arquiestruturais dos diâmetros horizontal e vertical. Estas, por sua vez, formam o composto das linhas de força básicas aos conteúdos do mapa. Estes dois diâmetros simbolizam a cruz da encarnação. Agora crie um quadrado simétrico conectando estes “pontos cardinais” com linhas retas. Este quadrado é a abstração da estrutura relacional, nosso “campo de experiências” pelo qual desdobramos nossos potenciais encarnatórios. Crie outro quadrado conectando os pontos médios das casas 2-5-8 e 11. Este forma o símbolo do quadrado estático – símbolo arquetípico da congestão dos potenciais espirituais. Esta congestão é descristalizada pelo símbolo composto pelos diâmetros das casas 1-7, 3-9 e 5-11. Este símbolo – o aspecto de sextil – é um símbolo simétrico aberto que representa as “linhas de força” inerentes ao composto de dois triângulos equiláteros fechados; estes dois triângulos são formados pelas linhas retas que conectam as cúspides das casas (1) 1-5 e 9 e (2) 7,11 e 3.
            Todos esses desenhos são figuras balanceadas e simétricas inerentes à essência interior do mapa. Uma vez que são desenhos estruturais, aplicam-se a todos os horóscopos, pois a estrutura de qualquer horóscopo é uma divisão em doze do interior do mapa em secções iguais – casas – de trinta graus cada. O composto desses desenhos ilustra, por simetria, a igual importância de todas as casas. Nenhuma casa é mais importante que a outra; toda casa é um canal de liberação de potenciais e de desdobramento consciencial direcionado à realização dos ideais encarnatórios. Elas também servem, pela sua simetria, para ilustrar a igual importância de ambos os sexos, visto que a simetria destas figuras é continuamente evidente independente de qual ponto estrutural das quatro casas cardinais está posicionado no ascendente.
            Para completar a “simetricalidade”, adicionamos agora os símbolos dos signos zodiacais na parte externa do mapa, começando com Áries na cúspide da primeira casa e prosseguindo nas demais casas com a sequência regular. O resultado é a Grande Mandala Astrológica – a abstração a partir da qual todos os horóscopos derivam. A adição dos signos zodiacais integra vibração com estrutura. Agora reconhecemos que a aplicação de trinta graus aos trinta graus de cada casa representa um carregamento da estrutura com vida vibratória; assim como uma casa se torna um lar quando usada como habitação por pessoas e um violino se torna um instrumento musical quando é tocado.
            Em um horóscopo sem signos interceptados, o paralelo simétrico de signos e casas está evidente em toda parte. As três cruzes estruturais: cardinal, fixa e mutável, e os quatro trinos genéricos: fogo, terra, ar e água aparecem em sequência regular e em formação geométrica; os seis diâmetros estruturais estão em paralelo com as seis polaridades vibracionais, os quadrantes das casas estão em paralelo com os quadrantes zodiacais e a descrição planetária dos regentes planetários das doze casas é concisa e clara. O padrão de trino representado pelo elemento genérico vibracional que cobre as cúspides das casas 1-5 e 9 representa o recurso arquetípico da espiritualização criativa na presente encarnação. O “padrão de estrutura zodiacal” representado pela vibração dos signos sobre as cúspides das casas 1-4-7 e 10 representa o recurso arquetípico da consciência de relacionamento e de interpretação da experiência de relacionamento.
            Antes de prosseguir em detalhes sobre os padrões de interceptações, consideraremos o padrão de décima segunda casa – em relacionamento por sequência – de qualquer casa em um horóscopo.
            Lembremos que toda casa é a décima segunda casa da casa que se segue a ela; todo signo é o décimo segundo signo daquele que se segue a ele; nos horóscopos os signos se correlacionam às casas, assim, por exemplo:
Leão na cúspide da decimal segunda casa é o signo da decimal segunda casa do ascendente Virgem; Gêmeos na oitava casa é a décima segunda casa do signo de Câncer na cúspide da nona, etc.
A décima segunda casa é “aquilo a partir do que algo emana”. O Ascendente “emana” a partir da décima segunda casa assim como o diâmetro Ascendente-Cúspide da casa 7 emana a partir do diâmetro das cúspides das casas 4-10 ou assim como o trígono de Áries-Leão emana do trígono Sagitário-Áries ou ainda como a quadratura de Libra-Capricórnio emana da quadratura Câncer-Libra e assim por diante. Na grande mandala, o trígono de fogo de Áries-Leão-Sagitário, iniciado pelo Áries cardinal, emana do trígono de água Peixes-Câncer-Escorpião; sendo este último iniciado no passado pelo cardinal Câncer, “raiz” da linha vertical da “hereditariedade vibracional”. Este diâmetro vertical. Este diâmetro vertical – abstratamente Câncer-Capricórnio – do qual emanam Áries-Libra – é a representação simbólica astrológica do que a maioria das pessoas denomina “hereditariedade”.
Os processos da Vida como evolução são uma contínua emergência daquilo que foi (o passado) para aquilo que agora é (o presente) e assim por diante para aquilo que será (o futuro). Nada “apenas aparece”; aquilo que foi condicionado é; aquilo que está sendo condicionado será. A sequência de casas correlacionadas com a sequência de signos é a maneira astrológica de representar a sequência do eterno “tornar-se” da vida como uma contínua liberação de potenciais. Em outras palavras, o horóscopo é o símbolo estático da eterna rítmica (a simetria do tempo) emergência de potenciais de oitavas a oitavas em perpétuo desdobramento.
Assim, quando o desdobramento de um humano individual é desacoplado do tempo rítmico, ocorre um defeito na sincronização do signo com a casa. Qualquer que seja a razão cármica ou condicionamento de consciência, a ênfase de um nível de desdobramento à custa de outro gera o aparecimento de signos interceptados no mapa natal como representação de um defeito estrutura-vibração.
Para ilustrar: use qualquer mapa à disposição que tenha um diâmetro interceptado. Aplique a abordagem explicada a seguir conectando os “pontos” que representam a estrutura de cruzes e trígonos. Em algum lugar na extensão da linha você verá um defeito na simetria destes desenhos, pois em algum lugar um ponto da cruz ou do trígono não coincidirá com uma cúspide de casa. Assim, o conteúdo vibracional do mapa é retirado de sua simetria e o conteúdo sequência do mapa é retirado de seu ritmo. Há vários graus de complexidade e dificuldade em interpretar “mapas interceptados” assim como algumas outras situações. Vejamos se podemos organizar uma abordagem padrão, começando pela mais fácil:
Tipo 1-A: O horóscopo tem as cúspides da primeira, quarta, sétima e décima casas cobertos por uma cruz vibracional perfeita – cardinal, fixa ou mutável. Neste padrão, o composto “gerador” (quarta-décima) e o composto “gerado” (primeira-sétima) coincidem com os quatro quadrantes do zodíaco e a clareza de uma estrutura básica de relação-estrutura é representada.
Tipo 1-B: Os requisitos acima estão ausentes no mapa genérico básico. Esta é uma variação do mapa natal pela qual o signo contendo o regente planetário natal é usado como Ascendente. Esta variação focaliza o poder do regente vibratório do mapa – o planeta que rege aquele signo.
Tipo 2 – três possibilidades:
A – Um trino genérico perfeito cobre as cúspides da primeira, quinta e nona casas;
B – Um trino genérico perfeito cobre as cúspides da sétima, décima primeira e terceira casas;
C – Um trino genérico perfeito focalizando estruturalmente nas cúspides da quarta ou décima casas.
Em todas essas classificações, o problema dos signos interceptados é comparativamente minimizado, pois os símbolos arquetípicos da cruz e ou do trino estão sincronizados com os pontos de estrutura básicos do mapa. Quando a colocação dos signos interceptados “cria um distúrbio” no relacionamento entre a sequência de signos e a sequência de casas dos pontos estruturais, o problema da interceptação se torna mais complexo. Estude seus mapas com signos interceptados com um olhar nas relações de cruz completa ou trino completo por sequência a partir do Ascendente. Em outras palavras, descubra quão próximo o mapa com signos interceptados está em relação a preencher os requerimentos de um desenho simétrico. Fazendo isso, você mentalmente minimiza os “riscos” apresentados pelas complexidades das “irregularidades” no mapa.
“Um mal passado impulsionando a presente encarnação” está representado abstratamente em uma mandala a seguir: um mapa com doze casas com Áries no Ascendente; os símbolos para os signos mutáveis são colocados apropriadamente nas cúspides das casas mutáveis. Em outras palavras, a modulação para regenerações futuras é mostrada pela quadratura das casas mutáveis focalizado pelo mais mutável dos quatro signos – Peixes – como o “fim de um ciclo prévio” a partir do qual o presente emana. Aplique este pensamento a qualquer horóscopo: que cruz aparece como o composto das modulações da cada quadrante do mapa em direção ao próximo quadrante? Esta cruz tem muito a dizer sobre os requisitos redentores necessários para os quadrantes iniciados pelas casas cardinais – assim como todo horóscopo se inicia a partir da décima segunda casa em direção à primeira casa. Cada casa mutável constitui o background cármico para o quadrante a seguir; os signos que cobrem estas cúspides representam a congestão quaternária da consciência focalizada no mapa pelos planetas regendo aqueles signos.
Como resultado de um diâmetro interceptado no mapa haverá dois pares de casas cobertas pelo mesmo diâmetro. Onde este “fenômeno” ocorrer, você saberá que as casas envolvidas nesta “duplicação” representam os padrões de experiência nos quais a pessoa envolvida está “reparando situações passadas”; em outras palavras as duas casas com o menor grau do signo em suas cúspides portarão o passado; as duas casas com os graus maiores nas cúspides portaram o passado não preenchido projetado no presente. Este padrão nos diz também que a influência dos planetas que regem os signos é em algum grau, “mantida em suspensão” até que certo grau de redenção tenha ocorrido. Os planetas que regem as cúspides duplicadas trabalham em “turno extra”; no caso de Vênus e Mercúrio – que regem normalmente dois signos – sua influência pode se estender a três casas e sua significância na soma total do mapa é aumentada. Assim como – em termos humanos – se João repete em um exame na escola, terá que estudar mais aplicadamente para cumprir seu trabalho naquela matéria.
É muito interessante estudar mapas que tenham o mesmo signo no Ascendente e na casa 12. Estes mapas têm duas classificações principais: (1) aqueles com o próximo signo interceptado na primeira casa; (2) aqueles com o próximo signo na segunda cúspide. A primeira classificação nos diz que a pessoa pode ter ficado fora de encarnação por um tempo anormalmente longo; ele tem que se conectar com sua encarnação passada, recapitular algo de seus erros passados – se o regente da décima segunda casa e do Ascendente estiver congestionado, aprender com seus erros e se aplicar com medidas mais construtivas e então se mover em seguida para a progressiva vibração representada pelo signo interceptado na primeira casa. Este padrão promete progresso nesta encarnação, mas também que a pessoa que subconscientemente viver a vida presente em termos de seu passado, encontrar-se-á com um “muro branco” – o poder de congestão representando que os recursos do passado se extinguiram; seu impulso natural para progredir será temporizado pela conscientização dos potenciais representados pelo signo interceptado na primeira casa e sintonizar-se com esta vibração representará uma “nova vida” em consciência. Ele então sentirá intensamente a necessidade de “deixar o passado” e colocar em sua bagagem a “companhia vibratória” representada pela influência planetária do signo interceptado na primeira casa.
Este padrão também qualifica sua consciência marital, visto que a interceptação da primeira casa tem sua contraparte na sétima. É uma consciência dupla de sua nova vida, e sua consciência de relacionamento deve se desdobrar e progredir caso ele busque de fato transcender o impulso gravitacional ou congestivo de negativos passados. Se a segunda cúspide portar o próximo signo em sequência, então sabemos que a pessoa está destinada nesta encarnação a expressar uma oitava superior da qualidade de seu passado, e se a interceptação em seu mapa indicar que a cúspide de sua quarta ou décima casa estiver no mesmo trino genérico que seu signo Ascendente está, sabemos que aquele parente – pai ou mãe – representa uma representação do melhor do passado da pessoa como contribuição para o melhor de seu desenvolvimento nesta encarnação. Ninguém repete sempre exatamente um nível de uma encarnação à outra – elevação é um fator a ser sempre considerado na interpretação cármica.
De uma perspectiva prática, não há muito mais que possa ser dito aqui como interpretação dos vários possíveis posicionamentos dos diâmetros interceptados. Você, como estudante astrológico, pensador e filósofo deve exercitar a capacidade de sua própria consciência de princípios estruturais na aplicação dos mapas que você venha analisar.
Estrutura-estrutura-estrutura é sua chave para encontrar significado nos signos interceptados e nos planetas que eles contenham. Encontre quantas “regularidades” e “simetrias” puder em cada mapa deste tipo – em referência aos padrões de cruz e trino – então estude a sequência de modo que você possa determinar as possibilidades de porque um diâmetro pode representar um “puxão para trás” ou a “promessa de desenvolvimento futuro” nesta encarnação. Os diâmetros duplicados – quando alinhados com a estrutura-sequência – indicarão que par de casas representa uma condição do passado que deve ser repetida – para a completa realização – no presente.
Flexibilize sua consciência da estrutura horoscópica. Você será – ou pode ser – desafiado por este estímulo a seu intelecto e à sua capacidade de sensibilidade estética e compreensão. O ritmo, sequência, desenho e drama que são representados na mandala astrológica são arquetípicos de todos os princípios artísticos; e em um sentido filosófico específico, eles representam o magnífico fluxo dos princípios vitais, visto simbolizarem as grandes leis universais de Causa e Efeito, Polaridade e Harmonia Divina.

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