A arte
de sarar é uma extensão impessoal do amor parental bipolar. A preservação do
corpo gerado é um dos fatores envolvidos na responsabilidade parental; a
sabedoria, que é conhecimento destilado a partir da experiência através de
encarnações, é acrescentada à necessidade básica de amor dos pais para formar a
essência das artes de cura, pela qual a humanidade em serviço preserva e
protege o composto de suas miríades de corpos. Consideremos um mandala básico
indicativo dessa extensão:
Primeiro,
um círculo com o diâmetro vertical e os signos de Câncer e Capricórnio nas
posições inferior e superior, respectivamente. Essa é o mandala essencial dos
pais – o materno e o paterno do EU SOU abstrato do Ascendente. Em seus estados
primitivos, a humanidade funcionou instintivamente no parentesco, seguindo o
chamado da necessidade geradora como preenchimento de um desejo expresso
intensamente com, talvez, o mínimo daquilo que podemos chamar de “afeição”. Com
a concepção, cuidados neonatais, sucessos e insucessos na preservação da
criança, a espécie humana primitiva cumpriu com a responsabilidade pela forma.
Entretanto, com a evolução e os desdobramentos do potencial amoroso, os pais
desenvolveram a consideração pelas crianças enquanto indivíduos, e com essa
consideração nasceu o desejo de compreendê-las. As artes sanadoras nasceram com
o primeiro humano que exercitou seu pensamento e criatividade, enquanto
expressão da proteção parental instintiva de preservar a vida do outro. Esta
pessoa hipotética, seja quem for, projetou do potencial amor-sabedoria uma imposição
de mente e vontade sobre o fenômeno da natureza para preencher a aurora da
necessidade do serviço amoroso impessoal. O homem sempre se move em direção às
extensões de relacionamento de sangue no desdobramento de seus potenciais.
Primeiro seus pais, irmãos e irmãs, esposo e filhos; então os membros de um clã
ou tribo e assim por diante - até que ele atinja uma oitava de consciência na
qual percebe o brilhar de sua vida – relacionamento com todas as pessoas. Ele “toma
conta” de seus animais, primeiro porque ele foi dependente deles para trabalho
e comida; entretanto, com o “brilhar dos relacionamentos de vida” ele percebeu
que está relacionado com os animais do mesmo modo que seus parentes e outros
humanos, como consequência, ele estendeu seu conhecimento de sarar para
beneficiar não apenas pessoas, mas toda vida animal também. O universalista se
descristaliza a tal grau que o que quer possua de potencial de serviço amoroso
é irradiado para todas as criaturas que necessitam dele.
Agora
acrescente ao mandala em mãos, o diâmetro Peixes-Virgem; pontos equivalentes em
Câncer-Peixes e Capricórnio-Virgem se conectam por linhas curvas no sentido
anti-horário. Dessa forma vemos uma figura composta do movimento do diâmetro
Câncer-Capricórnio rodado nove signos, vindo repousar nos signos que
representam a oitava da sabedoria parental. “A experiência evolutiva nascida da
Sabedoria” é o significado arquetípico de qualquer padrão de signo de nona
casa. Um parente devotado, mas não iluminado, pode fazer todo esforço para
sarar uma criança amada, mas a sabedoria resulta na arte de fazer qualquer
coisa de acordo com seus princípios essenciais. Assim, os especialistas
médicos, diagnosticadores, cirurgiões, enfermeiras, dentistas, ginecologistas,
nutricionistas, herbalistas, veterinários, psiquiatras etc., compreendem a
grande fraternidade de terapeutas, os “pais e mães impessoais” que consagram
seus esforços para a manutenção da saúde interna e exterior de todas as
criaturas. Dessa fraternidade, há dois tipos básicos que estudaremos por
mandalas. O mandala do curador exotérico é o diâmetro Virgem-Peixes, polarizado
por Gêmeos, regido por Mercúrio e signo da terceira casa a partir de Áries.
Gêmeos é o conhecimento factual, é compreensão derivada da observação do
fenômeno físico e o estudo de dados e fatos gravados. A abordagem exotérica da
arte terapêutica se baseia em uma abordagem na qual o corpo em si é a fonte de
suas próprias doenças, e como tal, ele foi o meio a partir do qual o homem foi
impelido a se familiarizar com a estrutura e funções de seu veículo físico. Em
seus estágios precoces de evolução, ele sabia apenas aquilo que via ou percebia
por meios físicos; sua consciência e apreciação da vida focada em sua reação ao
mundo objetivo ao seu redor. Assim, ele estudou seu corpo observando o que
acontecia a ele sob certas condições e experiências. Ele aprendeu os diferentes
tipos de reação à dor que era capaz quando seu corpo era afetado de formas
específicas por forças e agentes exteriores. Este “mandala da cura”, polarizado
por Gêmeos, sendo essencialmente objetivo, é o mandala de toda arte diagnóstica
que pertence a todo ramo da cura, seja interior ou exterior. Ele também se
refere às artes da cirurgia e tratamento médico que se aplicam diretamente à
condição física.
O homem
aprendeu rápido sobre os efeitos externos (ambientais) em sua evolução, mas
levou bastante tempo para se tornar consciente do significado da influência de
seus estados interiores sobre seu bem-estar físico. O primeiro humano
(hipotético) que percebeu que um estado emocional ou mental tem efeito direto
sobre a condição de seu corpo, enquanto causa de uma anormalidade, foi o
primeiro terapeuta esotérico. Ele foi o primeiro a reconhecer a coexistência
das vidas objetiva e subjetiva. Suas observações foram a gênese daquelas
subsequentemente desenvolvidas em relação à causa subjetiva de todas as
anormalidades ou desarmonias – lesões assim como doenças. Em suma, estas
observações se referem à causação cármica das desarmonias físicas. (O Faraó
Alado, de Joan Grant, nos conta como os grandes sacerdotes curadores do antigo
Egito perceberam, pelo exame clarividente, as causas interiores das desarmonias
físicas). O imortal Paracelso pode ser referido como a “síntese” (na história
relativamente recente) desse “primeiro terapeuta esotérico”. Com o mandala em
mãos, acrescentemos agora o símbolo de Sagitário, polarizando Gêmeos, assim
formando a cruz mutável da instrumentação, a extensão do mandala do curador
exotérico, o retrato do homem enquanto instrumento para sua própria cura. A
principal congestão envolvida é a congestão em ignorância, a “cegueira ao
princípio”, em última análise a causa de todas as doenças e injúrias físicas. O
ponto inicial dessa cruz é o signo de fogo de Sagitário - correspondendo ao
Áries da Cruz Cardinal. A identidade é; “Eu sou um curador”.
Agora,
por clareza, “construa” o mandala de Sagitário assim: a horizontal esquerda
Sagitário; a vertical superior, Virgem; a horizontal direita, Gêmeos; a
vertical de baixo, Peixes. A radiação preservativa da cura de Sagitário é
polarizada pelo conhecimento de Gêmeos; o diâmetro parental é o diâmetro
abstrato do serviço da Virgem-Peixes. O instinto maternal primitivo de Câncer
está aqui mostrado como sendo a maternidade universal do compassivo Peixes; o
instinto paternal primitivo de Capricórnio, exaltação do princípio masculino,
Marte, está aqui mostrado enquanto cuidados do elemento terra através de
Virgem, enquanto sabedoria expressa através do serviço amoroso. Agora
acrescente a quinta e nona cúspides e os signos de Áries e Leão,
respectivamente; conecte os três pontos de fogo por linhas retas formando o
trígono da individualização dinâmica que caracteriza todos os grandes curadores
esotéricos; cada um desses, pela natureza de seu propósito e cumprimento de
responsabilidade, é um precursor na medida em que acrescentam um ponto de
entendimento que serve para transcender as limitações do conhecimento puramente
exotérico. Todo curador, independente a que ramo da arte sirva, que aplica uma
compreensão inspirada das causas internas da injúria e doença é um curador
esotérico; apenas aqueles que focam exclusivamente no corpo são considerados “exoteristas
puros” das artes da cura.
A
(quinta cúspide) do amor potencial desse mandala foca a arqui-regeneração da
coragem e todos os curadores esotéricos devem expressar plenamente essa
virtude. A maioria da humanidade é e sempre foi “esotericamente falando” –
congesta em aparências externas e cega para as realidades interiores. Para
rasgar o véu da ignorância de modo que a humanidade possa ser alertada quanto a
“ser a causadora das próprias desarmonias” é necessária uma coragem imensa e um
zelo fogoso por parte dos grandes curadores. O medo instintivo do desconhecido
que caracteriza a ignorância é o maior desafio à integridade pessoal dos
curadores e este desafio tem que ser tratado pelo exercício dos impulsos mais
dinâmicos representados pelo Marte ariano. Leão, na quinta cúspide desse
mandala focaliza a vibração de “poder e autoridade” do Sol na casa que se
refere ao entendimento e ao ensino. Quem, nas artes da cura, presumiria ou
ousaria apresentar especulações enquanto verdades em relação à cura subjetiva –
ou seja, sem a autoridade da compreensão “verdadeira” dos princípios
envolvidos? Nesse fator do mandala, vemos a “realeza da verdadeira compreensão”,
a “nobreza das percepções iluminadas”. As verdades exteriores, importantes e
significantes para o desenvolvimento das artes de cura, são reflexos espelhados
das verdades interiores. A nona casa de Leão é a “sabedoria que irradia amor” e
a expressão de verdades interiores compreendidas constitui a essência da cura
em qualquer plano; esta sabedoria é uma contribuição vital à experiência humana
em qualquer aspecto.
Como
Câncer é o símbolo daquilo que, em consciência, impele a mulher a sacrificar
sua substância corpórea para a encarnação de Egos, assim é Peixes, enquanto o
signo da quarta casa da “mandala do curador”, o sacrifício espiritual que é
feito por todos os verdadeiros curadores. A “substância” desse sacrifício é o
ideal de todos os curadores, masculinos ou femininos, oferecido continuamente
para que o ideal de saúde se manifeste na experiência humana. Como a mulher
primitiva instintivamente ama sua prole, da mesma forma a polaridade feminina
em todos os seres humanos ama aquilo que é jovem, indefeso e não formado. E “não
formado” significa “ignorante”. O sacrifício, através do idealismo, oferecido
pelos curadores é frequentemente infinitamente maior em intensidade em relação
ao que seria qualquer sofrimento físico. Para se ter uma ideia, uma humanidade
radiante e saudável maldita continuamente pelas forças congestas do
materialismo, preconceito, estupidez e inveja é uma crucificação do espírito
que pode ser – e tem sido – abismal em intensidade. O coração materno de todos os
curadores suporta estas lacerações em serviço, assim como em outra instância, a
mulher suporta as dores do parto e da gestação. Assim se configura uma imagem
para todos os curadores: serem capazes de neutralizar as forças de congestão
através da oferta contínua de suas identidades e seus impulsos simpáticos.
Nesse serviço universalizante, tudo em sua natureza que é “Mãe” alcança oitavas
superiores de consciência, de modo que todos possam se beneficiar a partir do
derramamento de seus impulsos compassivos e simpáticos.
Se a
necessidade de curar deriva da essência materna feminina, então o trabalho real
de cura deriva da essência paterna enquanto universalização estendida do
princípio do serviço inerente ao trígono de terra, iniciado pelo Saturnino
Capricórnio, mas focalizado nesse mandala pelo Mercurial Virgem, a “localização
masculina” deste planeta mental. Toda simpatia no mundo pode ser, do ponto de
vista vibratório, uma agência de cura, mas o total das artes de cura é tão
complexo e tão variado são os fatores com os quais lidam, que o aprendizado dos
processos evolutivos implica na aplicação de muito estudo e observação. A
polarização de Sagitário por Gêmeos e de Peixes por Virgem nos mostra que o
conhecimento factual de todos os planos de existência, em termos humanos,
representa o preenchimento ou cumprimento da necessidade ou instinto básico
pelo qual o humano busca tornar-se um instrumento para os poderes de cura. Todo
estudo e aprendizado a partir da experiência serve em última análise ao
propósito de alertar a consciência do curador para uma percepção da saúde
enquanto atributo universal. Um pai humano inteligente não concebe sua
responsabilidade como sendo um “faça tudo pela criança”; ele sabe que sua
responsabilidade é de guiar e alertar a criança no exercício de seus potenciais
individuais. Assim, o curador, como “pai universal”, estuda a doença e as
lesões com o propósito de alertar o paciente (sua “criança”) a uma percepção de
sua responsabilidade em determinado assunto. O “coração de pai” do curador diz:
“Minha criança, você deve aprender porque se encontra nessa condição e
exercitar-se de acordo com uma compreensão clara dos princípios de seu corpo”.
O
curador, um ser humano em evolução com problemas como todos, pode se
congestionar e causar a si mesmo uma “derrapada para trás” no cumprimento de
seu serviço universal. Ele é, como todos os demais, um aspecto do Grande
Mandala que dá pistas na forma de riscos específicos se o curador operar a
partir de uma base de consciência congesta.
O signo
de Câncer simboliza não apenas “lar e vida privada” senão também o arquétipo da
consciência de aderência a uma raça, nacionalidade ou religião particulares.
Estes fatores são parte de nossa “consciência de ninho” e servem como “moldes
evolucionários”. O curador que “congestiona em Câncer” é aquele que se
exercitará ao máximo para ajudar alguém “do seu próprio tipo”, mas pode recusar
seu auxílio a alguém “fora das fronteiras” em relação a ele. Independente da
estratégia e habilidade, este tipo de ação demonstra sua ignorância em relação
aos princípios das artes de cura. O signo de Capricórnio, focalizado por
Saturno, é ortodoxia, organização e padrões convencionais. É através da
vibração saturnina, em certos padrões, que a individualidade do curador é
desafiada por “aquilo que foi estabelecido como padrão e ética profissional”.
Todos os grandes curadores são grandes devido às suas individualidades e
coragem de convicções inspiradas. A ganância pelo dinheiro, aplauso e “reputação”
que caracterizam os curadores cristalizados é um composto de forças que
frequentemente desafiam a integridade do indivíduo. Se ele transcende esse desafio,
sua Luz continua a arder com brilho e pureza; se ele sucumbe a qualquer fator,
sua luz, cedo ou tarde, diminui e se torna incoerente. O curador não pode “vender
sua Luz rio abaixo” em acordo com aquilo que é cristalizado e sem princípios e
esperança que a mantenham clara e luminosa. A complementação de Sagitário por
Gêmeos não regenerado, é congestão no desenvolvimento intelectual à custa do
impulso espiritual. Se o curador reagiu a desapontamentos e dificuldades com
cinismo e antipatia gradualmente progressivas, ele pode ser tentado a encontrar
consolo “voltando-se aos livros e se afastando das pessoas”. Um curador existe
como tal devido às necessidades das coisas viventes e não por causa do que está
nos livros. O conhecimento deveria estar “casado” com o ideal espiritual de
completar, da forma mais plena possível, o serviço amoroso que é a razão de ser
do curador.
Qualquer
estudante de astrologia que deseja iniciar um período de estudo dos mapas de
curadores ou de fatores astrológicos relativos a “habilidades curativas”
deveria preparar sua mente para esse estudo, lendo primeiramente as biografias
dos grandes curadores como “sintonia” com o espírito da natureza humana que
torna pessoas curadores. Ele deveria familiarizar-se mercurialmente com os
passos significantes no desenvolvimento das artes de cura através da evolução
humana. Isso é comparável, no plano intelectual, com a “meditação em mandalas”
uma vez que a mente é sensibilizada pela vibração de curadores. Sugere-se
também a leitura da inigualável Canção de Bernardette de Franz Werfel enquanto
algo especial para todos os estudantes que desejem sensibilizar sua percepção a
respeito da instrumentalização de todos os grandes curadores, assim como dos
recursos ocultos pelos quais os grandes centros de cura são estabelecidos. A
literatura teosófica e rosacruciana são claramente conhecimentos inestimáveis
com relação ao assunto cura.
Algumas observações gerais: as artes cirúrgicas são caracterizadas pela vibração marciana; aquelas do tratamento médico e diagnóstico por Mercúrio. A Lua e Vênus são notáveis nos padrões relativos às especialidades femininas; Saturno nas artes quiropráticas e ortopédicas. Uma pessoa abençoada com poder vibratório de cura tem frequentemente um Sol fortemente aspectado e claro, com ênfase em signos fixos, particularmente Escorpião e Leão. Os signos de Peixes e Câncer assim como o planeta Júpiter são “básicos” nos mapas de curadores. Se o curador for verdadeiro, ele é um preservador – e Júpiter é o princípio da preservação e da melhoria. A décima segunda casa – responsabilidade de compromisso cármico aos limitados – deve estar bem configurada nos mapas daqueles que servem em hospitais e outras instituições de cura. Vênus pode ou não estar em destaque nesses mapas, mas a Lua estará – uma vez que é o símbolo da simpatia materna instintiva e também da necessidade pública. Uma forma de cura inspirativa pode ocorrer na consciência de qualquer um que estude o tema da cura – e o astrólogo, “irmão gêmeo” do curador esotérico, deve irradiar cura pela sua amizade, percepções e amor impessoal. Ele funciona como “curador da psique” por seu alerta à consciência da humanidade para as verdades dos princípios de vida.
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