sexta-feira, 13 de novembro de 2015

CAPÍTULO XLVI – RITMO


Livre tradução de: http://rosanista.users4.50megs.com/library01/siaeng55.htm
            Nesse estudo do ritmo nosso objetivo é compreender a natureza e a essência do mais evanescente e intangível atributo da manifestação cósmica. Discutiremos esta matéria do ponto de vista mais arquetípico possível; é necessário fazê-lo se quisermos perceber o significado desse atributo para a essência das artes.

            Movimento é a palavra arquetípica que significa a ação da alquimia cósmica. As manifestações do universo estão continuamente em estado de mudança de uma forma, grau, tamanho, qualidade, volume, ciclo e oitava a outra. Nenhuma coisa manifesta permanece estritamente a mesma de ano a ano – ou mesmo dia após dia. Tudo responde à essência dinâmica das forças evolucionárias na direção de uma finalidade em que os potenciais inerentes serão realizados e cumpridos. Seu corpo cresce em tamanho e em capacidade de expressão ou ele deteriora e diminui sua capacidade; qualquer seja a direção, você, em seu veículo, se move de um estado a outro. Sua consciência “se move” de um estado a outro e este movimento é diretamente dependente de duas coisas: (1) sua reação a uma experiência específica e (2) sua ação posterior sobre o estimulador de sua reação. Quando sua repetição de uma reação negativa é expressa em uma ação correspondente, você determina outra causa negativa e você se move para trás. Isto é assim, pois os padrões de experiência se manifestam em sequência; se você falha em aprender o efeito prévio de uma causa específica e coloca a ignorância em ação novamente, sua “linha da vida” retrocede ao invés de progredir. A repetição de uma reação negativa que é contrabalançada por uma ação construtiva do exercício da inteligência move sua direção evolucionária para frente e para cima. Pense sobre isso em termos de seu movimento em consciência através de sua encarnação. A liberdade completa para prosseguir a partir de um aspecto específico de um padrão de experiência específico significa que você aprendeu a aplicar o princípio inerente ao padrão de experiência em termos de seu estado-ciclo.

            Ritmo é a lei cósmica da causa e efeito trabalhando através do movimento. No ritmo, todos os efeitos ocorrem no tempo natural. Pelo ritmo, toda emanação específica “nasce” no momento consistente com seus atributos.

            A referência a “Alquimia Cósmica” é aplicável ao corpo humano dessa forma: respirar é a inalação que torna possível a oxidação; exalar é a eliminação de todo resíduo desnecessário. O batimento cardíaco torna possível ao corpo inalar de modo a alimentar e energizar os tecidos do corpo pela ação arterial; a ação venosa é a retirada daquilo que não é necessário. Estas duas ações do corpo, em acréscimo à “inalação” de alimentos e a “exalação” de restos, são as ilustrações primárias da ação rítmica na alquimização do corpo. Apesar do corpo ser programado para o cumprimento de suas necessidades, nós comemos e bebemos conforme ação consciente; a respiração e o batimento cardíaco são dirigidos pelo subconsciente – eles acontecem automaticamente. Pense um pouco sobre os ritmos naturais de sua vida física – alquimia é o propósito que está sendo cumprido por esses processos temporais. A humanidade tem outras formas de ser alertada quanto aos ritmos do universo. Consideremos alguns exemplos de ritmos no mundo natural:

            Aquela indicação métrica que em música chamamos de ritmo “dois quatro” – duas contagens completas para cada medida (um e dois e) não apenas ilustra a polaridade do tempo, mas é o arquétipo de toda ação rítmica. A contagem um é macho-masculina, o “e” é o complemento feminino da contagem; a contagem dois é fêmea-masculina, seu “e” é o complemento feminino. (O masculino-feminino do macho-fêmea é a polaridade cósmica em sua expressão quádrupla do Adão e Eva Universal). Agora:

            Respirando: contar um é o início da inalação; “e” é o complemento da inalação; contar dois é o início da exalação; seu “e” é o complemento da exalação.

            Ondas: contar um é a “reunião das forças da água” conforme elas regressam para o mar; “e” é o surgimento para frente do ápice da onda; contar dois é o quebrar da onda; “e” é o ponto mais distante onde a onda alcança na praia. Isso ilustra a “respiração” da onda, mas a música da onda é contada pelo “pulso” de seu som; contar um é a batida - o som do quebrar na praia; “e” é seu surgimento para frente até o ponto mais distante na praia; contar dois é o “som da reunião das forças”; seu “e” é o surgimento da crista da onda. O som do “quebrar” é análogo à batida da contagem um na medida musical, o “acento” mais pesado.

            Dias: o espectro dos dias de um ano tem polaridade rítmica de vários modos. Um é a polaridade do dia (existência consciente) e noite (existência subconsciente). Contar um é o nascer do sol; seu “e” é meio-dia; contar dois é o pôr do sol; seu “e” é meia-noite. Sazonalmente, no equinócio de primavera – Áries é análogo ao nascer do sol; Câncer ao meio-dia; Libra ao pôr do sol; e Capricórnio à meia-noite. (Esta analogia não se refere à Grande Mandala, que tem Câncer no ponto da meia-noite e Capricórnio ao meio-dia; ela é uma analogia aos poderes da luz do sol durante cada dia em relação a seu significado oculto durante as sequências no ano).

            Ciclo de Vida: uma ilustração perfeita do ritmo “dois quatro”, contar um é nascimento; “e” é adolescência; contar dois é maturidade; “e” é transição. Este “processo” é claramente um padrão cósmico; é a ação da Vida manifestando a si mesma.

            Amor Humano: contar um é o reconhecimento mútuo amoroso; “e” é geração; contar dois é preenchimento das responsabilidades assumidas; “e” é realização dos princípios envolvidos na experiência (preenchimento do Relacionamento).

            Educação: contar um é a ação que inicia uma experiência de estudo; “e” é o processo de aprendizado; contar dois é a ação de aplicar aquilo que foi intelectualmente aprendido; “e” é aprender através do trabalho ou através da aplicação do que foi aprendido intelectualmente. Se “dois-quatro” é o arquétipo rítmico da medida do tempo, “três-quatro” é o sub-arquétipo básico. Dois-quatro e três-quatro são as indicações métricas das quais todas as outras métricas derivam. O ritmo dois quatro é simbolizado na astrologia pelo símbolo arquetípico da cruz, quatro cada um dos signos cardeais, fixos e mutáveis. A cruz é a alquimização da consciência através da reação a (ou interpretação da) experiência encarnatória. O ritmo três-quatro é simbolizado pelo símbolo arquetípico do trígono que é o potencial espiritual inerente; este potencial é liberado e expresso pelo sextil para – e no interior – da quadratura, que é a cruz congesta. Os seis raios – três diâmetros do símbolo do sextil representando os seis signos de ar e fogo, representa o aspecto cardeal fixo e mutável desses signos masculinos, o macho dos quais é o fogo e o aspecto fêmea relacionado ao ar. O sextil então é “dois 3”; cada um desses 3, na forma fechada, é um triângulo equilátero, metade do grande trígono duplo, o poder-amor-sabedoria do macho ou fêmea individualizados. Os quatro pontos da Cruz arquetípica são os relacionamentos básicos humanos: macho e fêmea como “doadores”, macho e fêmea como “tomadores”; ou macho e fêmea como “iniciadores das causas” e macho e fêmea como “reagentes aos efeitos das causas”. Este grande símbolo representa as identidades de interação e trocas recíprocas de todos humanos entre si. O trígono (fechado) é potencial para radiação espiritual individualizada; este potencial é “fruição” daquilo que foi “fermentado” pela cruz congesta através de medo-ignorância, descristalizado por medidas decorrentes do exercício do sextil que resultaram no resíduo puro do poder, amor e sabedoria espirituais. O trígono é “aquilo que a alma manteve após a inalação da experiência quando a descristalização das congestões se cumpriu”. Pense na analogia entre o corpo físico e o corpo alma – cada um “inala e alimenta” – alquimiza, elimina o que não é mais necessário, e retêm as essências de que necessita.

            O significado oculto do trígono tem muito a dizer em respeito ao poder místico de cura do ritmo três-quatro. A astrologia ilustra isso na sequência dos signos cardinais-fixos-mutáveis. Cada signo “compreende” três decanatos e cada elemento “compreende” três signos. Os trígonos dos elementos genéricos são o ritmo três-quatro cósmico expressando-se a partir das quatro identidades básicas; isso ilustra o “envolvimento” do círculo zodiacal à semelhança do envolvimento do divino em relação ao universo. Portanto, o ritmo três quatro oferece a nosso conhecimento instintivo a lembrança da eterna Presença do Divino. Há uma sutil e quase indescritível graça e charme no ritmo três-quatro que os ritmos dois-quatro e quatro-quatro não têm. A significância oculta dos dois últimos é estrutural; mesmo no ritmo três-quatro, as frases são construídas em grupos de duas ou quatro medidas, carregando assim a afiliação do trígono com a cruz. Na musicoterapia, se provou que o ritmo três-quatro possui grande poder de confortar e acalmar. O ritmo três-quatro, na estrutura arquetípica das frases de quatro medidas, é o poder divino em manifestação.

            Quando aplicamos os significados ocultos do ritmo à astrologia em ação, encontramos coisas interessantes. A respiração básica da ação vibratória são as batidas da Lua Nova e da Lua Cheia. Esta ação é análoga à inalação de ar pelo humano; é a alquimização vibratória de todo o corpo arquetípico, humanidade, como a oxidação e a alimentação constituem o composto dos processos alquímicos físicos individuais. Conforme nossa consciência, nossos corpos “se movem” harmoniosamente ou não com as ações de nutrição. Correspondentemente, nossas almas se desenvolvem (mais) com nossas respostas à ação da vibração. Uma extensão da “respiração-lunação” é vista no estudo do eclipse solar, que é macrocosmos para a lunação (lua nova) microcósmica. Um padrão de eclipse solar é a estimulação de dois signos de um diâmetro zodiacal por dois eclipses que estão seis meses (seis signos) distantes entre si. Tal padrão cobre um ano; um ciclo de eclipse solar (estimulação dupla de dois signos do diâmetro zodiacal) cobre um período de dois anos e é marcadamente análogo a uma composição musical completa – no ritmo três-quatro.

            Conte um é o primeiro eclipse; conte dois e três daquela primeira “medida” são as duas lunações sucessivas; conte um a partir da segunda medida é o “ponto médio” da lunação, que quadra o eclipse; conte dois e três são as lunações que sucedem o “ponto-médio”; conte um da terceira medida é o próximo eclipse; as cinco lunações que o seguem repetem a sequência das primeiras duas medidas: o total de dois eclipses e suas dez lunações compreende um “padrão”; o “ciclo” é completo pelos dois próximos eclipses e suas dez lunações, fazendo uma composição vibratória completa; a Lua Cheia do quarto eclipse cairá aproximadamente em conjunção com o local do primeiro eclipse. Resumindo: um ciclo de duas estimulações de dois signos de um diâmetro zodiacal; cada eclipse tendo sua “lunação de ponto médio”; isto é análogo em música a vinte e quatro medidas no ritmo três-quatro, duas frases de oito medidas, quatro frases de quatro medidas. O “e” de cada “contagem separada” é, claro, a Lua Cheia de cada eclipse ou lunação.

            Exemplo: eclipse em 20 de Novembro de 1947 em Escorpião; lunação do ponto médio em Aquário 20 de Fevereiro de 1948; eclipse em 19 de maio de 1948 em Touro; lunação de ponto médio 13 de Agosto de 1948. As lunações em Virgem e Libra, em Setembro e Outubro de 1948, completam o "padrão", primeira metade do "ciclo" Escorpião- Touro. Eclipse de 9 de Novembro de 1948 em Escorpião, lunação de ponto médio em Aquário 9 de Fevereiro de 1949; eclipse de 9 de Maio de 1949 em Touro, seguida por cinco lunações ao eclipse de Libra (Touro-Libra regidos por Vênus - estímulo de uma vibração planetária) em Outubro de 1949, após o qual ocorreram cinco lunações até o eclipse de 28 de Março de 1950, que por sua vez inaugurou outro "ciclo de música vibratória" intitulado "Peixes-Virgem"; este último em 1952 - dois eclipses em Peixes, dois em Virgem com suas lunações de ponto médio. Como você reagiu aos estímulos sobre seu mapa durante o ciclo Escorpião-Touro? Como você está se preparando para encontrar as condições representadas em seu mapa pelos quatro eclipses em Peixes-Virgem? Agora (Agosto de 1950) estamos terminando a primeira metade do primeiro padrão deste ciclo; o segundo padrão se iniciará em 12 de Setembro pelo eclipse em 19 graus de Virgem. Como você está tocando sua "música"? Praticando com seriedade?

            Concluindo, algumas colocações sobre os ritmos em relação à sua aplicação sobre as outras artes. Música e dança são as duas artes nas quais o atributo do ritmo é mais obviamente e concretamente manifesto. Música é a percepção dos arquétipos pela audição intuitiva e a manifestação desta percepção em construções tonais. A dança é a alquimização das posturas corporais arquetípicas através do ritmo, enquanto manifestação da percepção do arquétipo; ela é pintura (ou desenho) e escultura "mobilizada"; ela é uma sequência da qual a escultura é um "ponto congelado". A pintura é manifesta basicamente por linhas. Nós reconhecemos que o trabalho da linha que coordena o tema básico de uma figura a seus fatores secundários é ritmo representado, pois a linha em um desenho ou pintura é a emanação dos pontos estruturais - assim como o é na astrologia. O tema de uma figura é claramente o arquétipo que o artista busca manifestar. Objetivamente, entretanto, a batida de uma figura é o ponto focal da expressão interpretativa. O "movimento rítmico" em uma figura está na graduação das direções das linhas e na graduação das partilhas das cores. A sequência (movimento) das harmonias inter-relacionadas do desenho e da vibração compõem a essência do "ritmo na pintura". A arte dramática tem ritmo no tempo de leitura da pauta, saídas e entradas (movimentos "para dentro e para fora"), ações no palco, e o elemento temporal proporcional na inter-relação das cenas (de cada ato) com cada outra, assim como dos atos entre si. A escultura e a arquitetura têm ritmo da mesma forma que a pintura e o desenho têm; exceto no fato da harmonia do relacionamento com a massa, ao invés das relações entre cores, seja o fator importante.

            As belas ilustrações do ritmo na astrologia são vistas no "espaçamento" das doze cúspides das casas e seu agrupamento em sequências de quadrantes e semicírculos; o "dois-quatro" de signos alternantes e dos signos opostos - também do padrão da lunação e da Lua Cheia; o "três-quatro" das cúspides em cada quadrante e dos signos em cada trígono; o "quatro-quatro" dos pontos de cada cruz e o grande padrão de ação da "conjunção, quadratura, oposição, quadratura" da lua progredida e dos planetas em trânsito.

            Há a "dança" do Sol cada ano e da Lua a cada vinte e oito dias, e de cada planeta em seu próprio tempo através do zodíaco; as “batidas” poderosas do dia e noite, do diâmetro zodiacal e da dignidade e detrimento planetários.

            Os poderosos Urano, Netuno e Plutão conduzem o fluxo de grandes ondas de vida vibratórias de humanos encarnando sob a entrada para – e na passagem através – dos signos zodiacais e seus decanatos pela alquimia rítmica destes poderes de maestria.

            Há, é claro, sua própria entrada rítmica em cada padrão básico de experiência durante sua encarnação; o “espaçamento” dos aspectos em seu mapa natal conforme eles são ritmicamente ativados a partir do horário de seu nascimento.

            Abra seus olhos e sua percepção mais do que nunca ao significado rítmico harmonioso da simbologia astrológica; ela é de modo especializado, a representação da beleza da polaridade cósmica padronizada em ação.


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