sexta-feira, 4 de outubro de 2013

CAPÍTULO XXII - A QUINTA CASA



A Quinta casa do horóscopo abstrato é o segundo ponto de quadratura do signo fixo e do signo de fogo. A descarga de seus potenciais proporciona uma canalização muito grande para o avanço espiritual.
            A Quinta casa está abaixo do horizonte – no hemisfério norte – é à direita da vertical da roda, a oeste. Ela é a casa central do quadrante iniciado pela quarta casa; este quadrante é chamado o setor da família. Estando abaixo do horizonte, a quinta casa fica no hemisfério que pertence à consciência do eu separado. Situando-se a oeste, ela está no hemisfério “predestinado” – aqueles capítulos de experiências que a Vida nos traz para que as vivamos da melhor maneira possível; nós não exercitamos autodeterminação nestes padrões quanto o fazemos – ou podemos fazer – naqueles do hemisfério leste.
            Os quatro signos fixos – Touro, Leão, Escorpião e Aquário – e suas correspondentes casas: as segunda, quinta, oitava e décima primeira – são signos e casas de recursos e sustentação pelos quais são “alimentados” os quadrantes iniciados pelos cardeais. A primeira casa inicia a consciência de “EU SOU um indivíduo”; a quarta casa diz: “EU SOU um fator individual em um padrão de família, herança e aparência”. Os recursos possibilitados pela quinta casa capacitam a Humanidade a convencer-se de que: “Eu tenho o poder de contribuir para a corrente da vida através do exercício de minha consciência de amor e para sustentar minhas criações pelo meu próprio recurso de poder amoroso”. O Sol, que rege abstratamente a quinta casa do signo de Leão, é o símbolo essencial do Poder de qualquer classe, exatamente como, de modo literal, é a fonte radiante de vida para o nosso sistema solar, sua criação. A partir deste recurso somos impelidos a liberar energias fornecedoras de vida através do exercício do amor paterno e proporcionamos encarnação a outros Egos que nos chegam como filhos. Nós também damos vida às expressões impessoais na criatividade artística. Biológicas ou impessoais, amando nossos filhos ou amando a nossa criatividade e o trabalho a que nos devotamos, todas essas liberações são expressões do aspecto criador do poder do amor.
            Em virtude dos recursos do imenso potencial significado pelos quatro signos fixos e suas casas, os padrões não regenerados pelos envolvidos implicam numa correspondente intensidade de carma. A palavra-chave essencial implicada em Leão não regenerado é: uso indevido do poder através do exercício do egotismo (por “Leão não regenerado” entenda-se padrões fricativos concernentes a planetas em Leão ou ao próprio Sol, aonde quer que este se localize na Carta). O símbolo que usamos para o “aspecto quadratura” – um quadrado com base horizontal –, quando aplicado à roda caiu de tal modo que os ângulos coincidem com os pontos médios das casas fixas; o segundo destes – o ponto médio de Leão – é o ponto de convergência para cima quando percorremos a roda no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio a partir do Ascendente. Nesta ilustração somos alertados da importância de regenerar-se a quinta casa; até que o potencial seja regenerado, a consciência permanece fixa nos níveis da posse e do egotismo – na segunda e quinta casa, ambas abaixo do horizonte. Se pudermos imaginar a quadratura fixa sendo “detida” na sexta cúspide e tendo suas correntes “cortadas”, as energias que – simbolicamente – tentavam subir para o quadrante do relacionamento acima do horizonte são frustradas, agitando-se violentamente para frente e para trás dentro das cinco primeiras casas, e o EU SOU da primeira casa permanecendo fixo na expressão limitadora do desejo de posses e do desejo de poder; as posses convertem-se em objetos da consciência de amor e as pessoas que deveriam ser amadas e sustentadas pelo amor convertem-se em objetos da consciência de poder, para serem dominadas e utilizadas como o são as posses, inanimadas. Este padrão de frustração apresenta um grande símbolo: a história da desumanidade do ser humano para com o ser humano; o aprisionamento do indivíduo por si próprio.
            Quando o ser humano identifica suas posses como símbolo de poder, e as crianças mais como objetos de poder do que de amor, vemos a consciência do egotismo atropelando através da experiência humana. Esta consciência, ativada pelas quatro primeiras casas e sustentada – se podemos chamar a isso sustentação – por níveis não regenerados da quinta casa, ilustra de forma simbólica o conceito de dinastia: grupos de indivíduos unidos vibratoriamente por meio de um padrão de família ou de um padrão nacional, os quais aderem a um modelo de família como uma expressão de poder e egotismo. O indivíduo e seus direitos essenciais são desprezados – na melhor das hipóteses, um penhor – na manutenção desse plano fixo, rigidamente organizado. O matrimônio é baseado na posição, na herança e nas posses; a religião é uma conformação a rituais e dogmas pela qual o poder e a supremacia do padrão são continuamente enfatizados; a educação é um instrumento para a modelagem das mentes consoante a conveniência do plano. Com efeito, a terceira casa neste símbolo está empalada entre a primeira e a quinta casa. Não havendo liberação além da quinta casa a educação permanece simplesmente como uma coisa de rotina, tradição e repetição de uma organização intelectual limitada. A história se repete uma e outra vez; todos têm atravessado fases em que funcionamos como – e nos sentimos como – cifras em uma família ou padrão nacionalista; isso é realmente uma expressão da consciência tribal da humanidade. Como tal isso preenche uma necessidade evolutiva e, como tal, é bom. Contudo, e no devido tempo, deve ser superado para que a raça evolua. Aqueles que reconhecem até certo ponto seus próprios poderes, mas permanecem não regenerados, são os que agem como, tiranos, déspotas e autocratas de famílias, grupos e nações; são os que “dão as ordens” e os que “manejam o chicote”. Aqueles que permanecem nas quatro primeiras casas, e ainda não se deram conta de seus poderes, são as vítimas dos outros; são os supersticiosos e os crédulos, são os indivíduos servis e os escravos. Eles vivem em sua consciência superficial, em seus desejos e necessidades físicas, em sua subserviência a qualquer coisa que receiem ou que não entendem. Resumindo, eles ainda não se conscientizaram de que são recursos de poder e de autodeterminação. Estão pouco cientes do potencial individual e existem como fatores de um padrão que serve de modelo para suas experiências.
            Quando as pessoas chegam ao ponto de se sentirem insatisfeitas, inquietas e aborrecidas com os padrões cristalizados em que vivem, e desejosos de encontrar uma liberação mais satisfatória e ampla de suas energias, então estude a Carta visando analisar os potenciais da quinta casa. Tal análise deve naturalmente incluir um estudo do Sol, porque o Sol é o símbolo abstrato da habilidade para a autodeterminação. Muitas pessoas cristalizam-se porque situam suas vidas em canais que elas próprias não querem realmente; em outras palavras, elas se desviam para a artificialidade do padrão e, “fartas” do seu próprio erro, anseiam voltar para seus “eus” verdadeiros e começar a viver construtivamente e felizes consoantes os melhores potenciais de suas Cartas. Algumas dessas pessoas desviam-se por causa de uma reação de medo, ou de subserviência, a uma vontade mais forte que visa forçá-las a errar devido à ignorância ou a uma falta de simpatia na percepção de suas necessidades. Pode-se dizer que a autodeterminação é um aspecto da coragem – a quinta casa é uma autoexpressão respaldada pelas qualidades regeneradas da primeira casa. Contudo, quando o propósito é eletrificado na consciência, ocorre uma liberação de esperança, de coragem, de entusiasmo renovado, e então a pessoa sente que verdadeiramente “nasceu de novo”. Ela deve saber o que quer fazer de sua vida, e se continua a cumprir seus padrões de responsabilidade tem todo direito de reajustar seu avanço para o alto. Ao lidar com uma Carta semelhante faça mandalas de cada aspecto do Sol; determine até que ponto a pessoa pode redirecionar um novo curso de vida, e ajude-a a entender por que ela foi impelida a desviar-se do caminho certo, para que possa enfrentar no futuro com maior êxito, os desafios de seus aspectos de consciência.
            Em relação aos padrões fricativos que envolvem a quinta casa, um em particular pode ser tratado aqui: a ajuda que o astrólogo, como amigo filósofo, pode prestar a pais chocados pelo que talvez seja a forma mais patética de sofrimento humano – sua reação de dor ao passamento de uma criança ou de um bebê amados. Todos os serem humanos encarnam através de seus pais, especificamente, pela Lei de Simpatia Vibratória. As pessoas que, como marido e mulher, convidam amorosamente outro Ego para encarnar podem ter atrás de si uma história de possessividade e dominação paternal sobre seus filhos no passado. A mente consciente pode não reconhecer isso – e geralmente não reconhece – mas se uma nova encarnação é bloqueada aos pais, sob o ponto de vista filosófico, não precisam sentir que a sua experiência de pais foi frustrada. Essa transição foi feita pela Lei, exatamente como foi a encarnação.
            A explicação oculta é que muitos Egos encarnam por pouco tempo para restabelecer contato com esta dimensão, isso para que seu avanço possa efetuar-se mais completamente. Tais crianças vêm a pais que, por alguma razão íntima, devem aprender a soltar. Em algum lugar no passado houve demasiada subjugação como uma expressão de autoridade ou poder dos pais, e talvez por isso o progresso da criança no passado tenha sido inibido ou frustrado. Além disso, quando um Ego efetua a transição de maneira súbita ou violenta e o corpo físico é destruído, a pessoa pode voltar muito brevemente para estabelecer seus elos, e então, não pretendendo permanecer por um período inteiro de experiência de encarnação, prossegue em seu progresso. Se você puder, encoraje a flexibilização no ponto de vista das mentes de tais pais; anime-os a renovar, se possível, a expressão de seu poder de amor de alguma forma. Estimule-os, sobretudo a neutralizar tendências para prolongar a dor, o pesar tristonho e desintegrador, mostrando-lhes que enquanto estiverem encarnados não precisam suprimir todas as expressões de seu potencial de amor. Em outras palavras, tente ajudá-los a manter viva e expressiva sua consciência de quinta casa. Manter viva a quinta casa significa manter vivo o coração.
            No mandala dos signos de fogo liguemos as cúspides da primeira, quinta e nona casas, formando um triângulo equilátero, a linha “ascendente” que é a vertical da quinta à nona.
            Quando o aspecto de “poder” da quinta casa é ampliado pela consciência de amor o emblema simbólico vai da potencialidade à alegria. A sugestão neste ponto é que nós consideramos a alegria muito mais significativa que uma simples sensação – geralmente temporária – de bem-estar ou de satisfação. A alegria é um estado de espírito em que – ou pelo qual – o Eu Superior da Humanidade é capaz de expressar sua liberação construtiva a despeito das condições e assuntos externos, porque alegria é um dos atributos da consciência de amor. Ela possibilita a liberação de poder para maior bem de todos os envolvidos porque o amor clareia as percepções para uma consciência do bem inerente a todas as pessoas e do melhor potencial e significado de qualquer experiência.
O melhor de Leão – e da quinta casa – é o “coração alegre”, o entusiasmo irradiante e transbordante de espíritos elevados que animam a vida humana – e as relações – de amabilidade, alegria de viver e encanto. É o emblema do prazer e da magnificência pelo qual a consciência do homem expressa sua compreensão de amplitude – interna e externa. É a “Casa dos hobbies”, já que um hobby, no sentido verdadeiro da palavra, é o escape criador de um grande interesse, um querido passatempo, uma atividade recreativa e harmonizante. Uma nova orientação psicológica pode ser dada às pessoas que estagnaram por demasiada preocupação com a rotina, com o cumprimento de responsabilidade e com as coisas práticas. Todas podem achar uma canalização para a liberação de impulsos criativos e recreativos se desejam muito organizar devidamente suas vidas. Repetidas vezes a psicologia tem provado o poder de um hobby vibracionalmente sincronizado para infundir na vida humana uma nova consciência de alegria, de entusiasmo e de bem-estar em todos os planos.
            A primeira casa é autoconsciência; a quinta casa é autoexpressão criadora; a nona casa é o aspecto criador de sabedoria destilada da experiência. A primeira casa é o ser – Eu Sou –; a quinta casa é o ser alegre – Eu Amo –; a nona casa é o ser sadio – Eu Compreendo.
            A quinta casa é o amor em sua expressão mais particularizada. É uma irradiação da consciência individual, que é uma liberação de poderes da pessoa de quem eles emanam e um calor e estímulo para aqueles que o recebem. A quinta casa é tradicionalmente chamada de “casa das crianças”. Essa interpretação, contudo, é um derivado. Na Carta de um indivíduo específico a quinta casa é o emblema do seu potencial de amor criador: ela pinta o quadro de sua consciência dos filhos como um fator em sua consciência de relação – é seu potencial como um amoroso doador de vida.
            O Amor pelo qual nós cuidamos de outros Egos é nosso nível dessa expressão de Amor Divino pelo qual um sistema solar é encarnado. Daí poder-se ver por que o egotismo da parte dos pais e mestres pode ser um agente mortífero para as vidas dos filhos e dos discípulos. O egotismo é retroativo; retrocede violentamente para os níveis da autoglorificação e do interesse próprio. O Amor interessa-se pelo verdadeiro bem estar e progresso daqueles a quem dá vida. Kahlil Gibran refere-se aos pais que amam verdadeiramente como “arcos dos quais partem flechas” – para continuar seu desenvolvimento e cumprir seus próprios propósitos e destinos.
            Vamos apreciar mais que nunca essa expressão de Amor que torna possível nossa encarnação. Aprendemos sobre amor parental daqueles que o foram antes de nós, e reconheçamos que nosso avanço tornou-se possível porque, ao liberarem amor, eles aproveitaram a oportunidade para liberar vida. E devemos reconhecer também que quando nós, sejamos pais ou não, criamos uma beleza maior para todos, estamos liberando nossos recursos de jovialidade; fazendo isso, pelos processos de vibração simpática criamos realmente a alegria na consciência de todas as pessoas que entram em contato conosco. Queremos viver a vida em termos de alegria, corajosamente, generosamente e formosamente. Para isso devemos expressar a alma do coração e viver amorosamente.

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