O estudo de governos
aristocráticos, através de vários períodos históricos e de diferentes nações,
nos revela o que acontece quando, por um conceito ilusório, procuramos separar
nossos padrões de destino comum dos de nossos semelhantes. Esse conceito,
difundido pelo mecanismo das religiões organizadas, Cristãs ou não Cristãs, tem
resultado em algumas das mais terríveis causas de destino maduro porque, por
sua própria natureza, procura lutar contra a mesma coisa que todas as religiões
buscam estabelecer: o sempre claro senso de Unidade (de Deus e da Vida) na
consciência humana. O pai, separado em consciência de seu filho como um
companheiro humano, diz: “Faça o que eu digo. Sou seu pai”. Não há nada em tal
ordem que apele para a razão ou para o coração da criança. A ordem serve para
intensificar sua sensação de inferioridade no relacionamento subserviente a seu
pai, ao invés de aumentar a fraternidade.
A característica do “EU SOU” de
Áries como Ascendente desse mandala descreve a Humanidade como um auto-governante
em potencial porque é, por atributo, um agente de expressão individualizado. A
grande maioria de nós não tem a consciência de poder para o autogoverno e,
menos ainda para governar aos outros. Mas, em virtude de sermos agentes de expressão,
influenciamos (uma oitava microcósmica de governo) outros em cada coisa ou tudo
que pensamos, sentimos, dizemos e fazemos. Existe apenas um Ascendente,
arquetipicamente ou concretamente, e como governança é estabelecer a ordem do
cosmos, podemos melhorar a qualidade de nossa influência sobre outras pessoas.
É verdade interessante, que não podemos governar ou influenciar alguém que seja
indiferente a nós ou que seja mais perfeitamente organizado do que somos –
somos influenciados por aquelas pessoas muito mais do que as influenciamos.
Portanto, temos de nos governar melhor se quisermos atrair melhor “influência
de governança” dos outros. Aplique isto ao relacionamento dos cidadãos de uma
nação com seus governantes hereditários ou eleitos. Veja a história da
civilização francesa sob os reinados de Luiz XIV, Luiz XV e Luiz XVI. A
corrupção e o cinismo dos dois primeiros representavam, perfeitamente, muito do
que estava degenerado nos conceitos gerais de vida das pessoas. A ineficácia de
Luiz XVI possibilitou às forças desintegradoras da revolta – ele não podia nem
mesmo defender a classe que representava – descristalizar aquela forma
particular de governo aristocrático e abrir caminho para a forma mais
democrática.
Se nosso propósito de vida
necessita que exerçamos poder em funções públicas, então saibamos que temos a
oportunidade de nos posicionar como símbolos de boa ou má influência;
simbolizaremos o que quer que concebamos como princípios de governo.
Podemos permanecer congestionados na
ignorância desses princípios, e assim refletir a ignorância das pessoas que
representamos, ou podemos nos ajustar ao aprendizado e assim simbolizar uma
qualidade cada vez melhor de vibração de poder.
Na consideração do Grande Mandala,
vemos que o diâmetro Câncer-Capricórnio – como “a linha dos pais” – exemplifica
o padrão de “governo do povo pelo povo”: os dois tipos de governo representados
são o comunitário (Câncer) e o aristocrático (Capricórnio).
Agora consideremos o significado
de Áries como expressão de regência individual:
A qualidade “EU SOU” desse Signo
simboliza o sentido da existência individualizada. Desde que é aquela da qual
toda expressão, como individualização pessoal, se torna possível, ela é também
aquela pela qual todas as oitavas do governo humano se tornam possíveis. Um
governante – de qualquer tipo – nunca pode ser mais que ele é como pessoa – sua
expressão de governo é projeta por meio da consciência de si mesmo como uma pessoa.
Tenha em mente que governança, no sentido político, é uma extensão da paternidade.
As mesmas palavras-chave aplicáveis aos diferentes tipos de governantes se aplicam,
também, em sentido mais localizado, aos diferentes tipos de pais. Isso é assim porque
a qualidade-matriz do diâmetro Câncer-Capricórnio designa nossa cidadania ao grupo-família
e ao grupo-nação em que encarnamos por lei de destino maduro e atração vibratória.
A oitava vibratória mais inferior
de Marte é notada em sua função como liberador das compressões
Plutão-Escorpião. Esse é o governante como ditador autocrático. Seu “EU SOU” é
“Eu sou um símbolo personalizado de toda ignorância repleta de ódios e cobiças dos
meus governados”. O czar russo Ivan, o Terrível, foi um exemplo perfeito desse
tipo de governante; seu povo era uma massa bárbara, ignorante, brutal, e a
subserviência desse povo ao seu infame governo despótico foi a síntese da
escravidão. A oitava seguinte – sincronizando com as necessidades evolutivas do
povo russo – foi exemplificada em Pedro, o Grande. Exatamente tão despótico
como foi “o terrível”, este homem funcionou em uma oitava mais alta de
percepção e propósito. Sua vontade, intensamente concentrada, serviu para
coordenar seu povo, e ele lutou durante anos para desenvolver e expandir o
poder econômico de sua nação e para introduzir nela pelo menos vestígios da cultura
da Europa ocidental. Nesse tipo de governante as características de
insensibilidade, brutalidade impetuosa, egotismo e falta de compaixão são
fortemente pronunciadas. Seu egotismo, contudo, serve a um propósito dos mais
importantes – o de consolidar a nação em uma identidade e unidade coerentes. O
adormecido “Eu sou” da vibração grupal da nação é despertado pelo poder do “Eu
sou” pessoal do governante autocrático. O “Eu sou” de um governante
aristocrático degenerado é exemplificado pelo caráter e personalidade de Luiz
XV, rei de França. A presunção e o cinismo desse homem, regente-símbolo de um dos
mais degenerados e corruptos períodos da história dessa nação, retrata
perfeitamente os negativos cristalizados desse tipo de governo – o da
hierarquia – a forma que provê pontos de concentração de poder dentro do
palácio da nação. Um exemplo regenerado desse tipo de governo – e ela foi um
exemplo notável – foi o da grande Rainha Elizabeth da Inglaterra. Culta, de
enorme erudição, devotada ao progresso e bem-estar de seu país com todas as
fibras do seu ser, essa brilhante e intrépida mulher simbolizou as aspirações culturais
e econômicas de seu povo vigoroso e empreendedor. Ela estava tão definitivamente
em um nível mais elevado do que muitos desses governantes de sociedades com consciência
de classe, que seu intenso amor patriótico a fazia aborrecida com a guerra e a destruição;
ela é considerada a mais humanamente motivada e iluminada regente de sua época
e uma das soberanas de maior projeção na história da humanidade. A uniformidade
do seu país como potência mundial, sob a motivação de um intenso orgulho nacional,
enfatizou a qualidade capricorniana de superioridade que caracteriza essa nação
– um exemplo interessante de peculiaridade de personalidade nacional. Outras degenerações
de conceito hierárquico – e isso na forma mais cristalizada – são vistos no velho
conceito de casta da Índia, só recentemente descristalizado. Esse conceito
(derivado de como o ser humano imagina a Hierarquia Cósmica) provocou a
escravidão cármica para milhões de seres humanos por muito tempo.
Há diversos exemplos notáveis de
governo de Câncer. Esse é o tipo de governo que se concentra na perpetuidade do
bem-estar, material ou espiritual. A corrupção desse padrão é vista na distribuição
de dinheiro, alimento e diversão para a massa, por indivíduos como os
governantes romanos Nero e Calígula. Um gesto ostensivo de preocupação pelo público
mascarava, nesses casos, um horrendo medo e terrível cobiça. Eles exemplificaram,
com sua política de dar, os piores aspectos desse padrão governamental.
Regenerado, nós vemos no governo
da religião humanística dos Quakers, um dos melhores exemplos desse tipo, na
atualidade. Sua política de pacifismo universal é, naturalmente, uma motivação
espiritual de tremendo poder para o bem no mundo. Sua contribuição para o
bem-estar humano é patente. A administração do Exército da Salvação é outro exemplo.
O serviço de ensino e cura realizado por certas ordens religiosas representa um
belo aspecto de conceito de governo. Mesmo aqueles que funcionam inteiramente
no que é chamado “ordem contemplativa” dão, se suficientemente evoluídos, uma
notável contribuição redentora por meio de seu trabalho nos planos internos;
esse serviço não é percebido ou observado pelo mundo externo – é uma
alimentação vibratória baseada na renúncia da consciência de personalidade. Com
efeito, podemos considerar que a vibração de Júpiter, como significador da 9ª
Casa abstrata, se mistura com a vibração Lua-Câncer para indicar a essência do
governo pela organização da autoridade religiosa. É possível que você aprecie
um estudo biográfico de governantes – desde o iluminado Faraó Aquenáton,
através dos tempos, e chegar a uma clara compreensão de como os governantes,
como seres humanos individuais, personificam o inconsciente coletivo, a ignorância
e congestão coletivas, e as necessidades evolutivas coletivas da massa. É um estudo
fascinante, e é algo que todo estudante de ocultismo e filosofia deve empregar algum
tempo e atenção.
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