Astrologia, em sua
simplicidade, é complicação sobre complicação. Na mente de muitos estudantes,
entretanto, o problema das interceptações se apresenta como complicação
desanimadora. Este material é oferecido como alimento para o pensamento em uma
tentativa de tornar claro o propósito e significado dos signos e planetas dispostos
de modo que suas “áreas” vibratórias não toquem as cúspides das casas. “Interceptações”
podem significar “pobres de nós” até que percebamos a possibilidade de um
significado filosófico por trás desse padrão particular. Quando o fazemos,
permanecemos em nosso caminho para encontrar uma abordagem organizada para sua
interpretação.
Primeiramente uma dissecção da estrutura horoscópica. Use
um mapa com doze casas; conecte com linhas retas os pares de cúspides conforme
a seguir:
Quatro horizontais – paralelas ao diâmetro horizontal:
cúspides das casas 11-9, 12-8, 2-6 e 3-5.
Quatro verticais – paralelas ao diâmetro vertical:
cúspides das casas 12-2, 11-3, 9-5 e 8-6.
A mandala com esta aparência simboliza a simetria da
estrutura astrológica. Estas linhas conectam os pontos da circunferência do
mapa que estão equidistantes das linhas arquiestruturais dos diâmetros
horizontal e vertical. Estas, por sua vez, formam o composto das linhas de
força básicas aos conteúdos do mapa. Estes dois diâmetros
simbolizam a cruz da encarnação. Agora crie um quadrado simétrico conectando
estes “pontos cardinais” com linhas retas. Este quadrado é a abstração da
estrutura relacional, nosso “campo de experiências” pelo qual desdobramos
nossos potenciais encarnatórios. Crie outro quadrado conectando os pontos
médios das casas 2-5-8 e 11. Este forma o símbolo do quadrado estático – símbolo
arquetípico da congestão dos potenciais espirituais. Esta congestão é
descristalizada pelo símbolo composto pelos diâmetros das casas 1-7, 3-9 e
5-11. Este símbolo – o aspecto de sextil – é um símbolo simétrico aberto que
representa as “linhas de força” inerentes ao composto de dois triângulos
equiláteros fechados; estes dois triângulos são formados pelas linhas retas que
conectam as cúspides das casas (1) 1-5 e 9 e (2) 7,11 e 3.
Todos esses desenhos são figuras balanceadas e
simétricas inerentes à essência interior do mapa. Uma vez que são desenhos
estruturais, aplicam-se a todos os horóscopos, pois a estrutura de qualquer
horóscopo é uma divisão em doze do interior do mapa em secções iguais – casas –
de trinta graus cada. O composto desses desenhos ilustra, por simetria, a igual
importância de todas as casas. Nenhuma casa é mais importante que a outra; toda
casa é um canal de liberação de potenciais e de desdobramento consciencial
direcionado à realização dos ideais encarnatórios. Elas também servem, pela sua
simetria, para ilustrar a igual importância de ambos os sexos, visto que a
simetria destas figuras é continuamente evidente independente de qual ponto estrutural
das quatro casas cardinais está posicionado no ascendente.
Para
completar a “simetricalidade”, adicionamos agora os símbolos dos signos zodiacais
na parte externa do mapa, começando com Áries na cúspide da primeira casa e
prosseguindo nas demais casas com a sequência regular. O resultado é a Grande
Mandala Astrológica – a abstração a partir da qual todos os horóscopos derivam.
A adição dos signos zodiacais integra vibração com estrutura. Agora
reconhecemos que a aplicação de trinta graus aos trinta graus de cada casa
representa um carregamento da estrutura com vida vibratória; assim como uma
casa se torna um lar quando usada como habitação por pessoas e um violino se torna
um instrumento musical quando é tocado.
Em um
horóscopo sem signos interceptados, o paralelo simétrico de signos e casas está
evidente em toda parte. As três cruzes estruturais: cardinal, fixa e mutável, e
os quatro trinos genéricos: fogo, terra, ar e água aparecem em sequência
regular e em formação geométrica; os seis diâmetros estruturais estão em
paralelo com as seis polaridades vibracionais, os quadrantes das casas estão em
paralelo com os quadrantes zodiacais e a descrição planetária dos regentes
planetários das doze casas é concisa e clara. O padrão de trino representado
pelo elemento genérico vibracional que cobre as cúspides das casas 1-5 e 9
representa o recurso arquetípico da espiritualização criativa na presente encarnação.
O “padrão de estrutura zodiacal” representado pela vibração dos signos sobre as
cúspides das casas 1-4-7 e 10 representa o recurso arquetípico da consciência
de relacionamento e de interpretação da experiência de relacionamento.
Antes
de prosseguir em detalhes sobre os padrões de interceptações, consideraremos o padrão
de décima segunda casa – em relacionamento por sequência – de qualquer casa em
um horóscopo.
Lembremos
que toda casa é a décima segunda casa da casa que se segue a ela; todo signo é
o décimo segundo signo daquele que se segue a ele; nos horóscopos os signos se
correlacionam às casas, assim, por exemplo:
Leão na
cúspide da decimal segunda casa é o signo da decimal segunda casa do ascendente
Virgem; Gêmeos na oitava casa é a décima segunda casa do signo de Câncer na
cúspide da nona, etc.
A décima
segunda casa é “aquilo a partir do que algo emana”. O Ascendente “emana” a
partir da décima segunda casa assim como o diâmetro Ascendente-Cúspide da casa
7 emana a partir do diâmetro das cúspides das casas 4-10 ou assim como o
trígono de Áries-Leão emana do trígono Sagitário-Áries ou ainda como a
quadratura de Libra-Capricórnio emana da quadratura Câncer-Libra e assim por
diante. Na grande mandala, o trígono de fogo de Áries-Leão-Sagitário, iniciado
pelo Áries cardinal, emana do trígono de água Peixes-Câncer-Escorpião; sendo
este último iniciado no passado pelo cardinal Câncer, “raiz” da linha vertical
da “hereditariedade vibracional”. Este diâmetro vertical. Este diâmetro
vertical – abstratamente Câncer-Capricórnio – do qual emanam Áries-Libra – é a
representação simbólica astrológica do que a maioria das pessoas denomina
“hereditariedade”.
Os
processos da Vida como evolução são uma contínua emergência daquilo que foi (o
passado) para aquilo que agora é (o presente) e assim por diante para aquilo
que será (o futuro). Nada “apenas aparece”; aquilo que foi condicionado é;
aquilo que está sendo condicionado será. A sequência de casas correlacionadas
com a sequência de signos é a maneira astrológica de representar a sequência do
eterno “tornar-se” da vida como uma contínua liberação de potenciais. Em outras
palavras, o horóscopo é o símbolo estático da eterna rítmica (a simetria do
tempo) emergência de potenciais de oitavas a oitavas em perpétuo desdobramento.
Assim,
quando o desdobramento de um humano individual é desacoplado do tempo rítmico,
ocorre um defeito na sincronização do signo com a casa. Qualquer que seja a
razão cármica ou condicionamento de consciência, a ênfase de um nível de
desdobramento à custa de outro gera o aparecimento de signos interceptados no
mapa natal como representação de um defeito estrutura-vibração.
Para
ilustrar: use qualquer mapa à disposição que tenha um diâmetro interceptado.
Aplique a abordagem explicada a seguir conectando os “pontos” que representam a
estrutura de cruzes e trígonos. Em algum lugar na extensão da linha você verá
um defeito na simetria destes desenhos, pois em algum lugar um ponto da cruz ou
do trígono não coincidirá com uma cúspide de casa. Assim, o conteúdo
vibracional do mapa é retirado de sua simetria e o conteúdo sequência do mapa é
retirado de seu ritmo. Há vários graus de complexidade e dificuldade em
interpretar “mapas interceptados” assim como algumas outras situações. Vejamos
se podemos organizar uma abordagem padrão, começando pela mais fácil:
Tipo 1-A:
O horóscopo tem as cúspides da primeira, quarta, sétima e décima casas cobertos
por uma cruz vibracional perfeita – cardinal, fixa ou mutável. Neste padrão, o
composto “gerador” (quarta-décima) e o composto “gerado” (primeira-sétima)
coincidem com os quatro quadrantes do zodíaco e a clareza de uma estrutura
básica de relação-estrutura é representada.
Tipo 1-B:
Os requisitos acima estão ausentes no mapa genérico básico. Esta é uma variação
do mapa natal pela qual o signo contendo o regente planetário natal é usado
como Ascendente. Esta variação focaliza o poder do regente vibratório do mapa –
o planeta que rege aquele signo.
Tipo 2 –
três possibilidades:
A – Um
trino genérico perfeito cobre as cúspides da primeira, quinta e nona casas;
B – Um
trino genérico perfeito cobre as cúspides da sétima, décima primeira e terceira
casas;
C – Um
trino genérico perfeito focalizando estruturalmente nas cúspides da quarta ou
décima casas.
Em todas
essas classificações, o problema dos signos interceptados é comparativamente
minimizado, pois os símbolos arquetípicos da cruz e ou do
trino estão sincronizados com os pontos de estrutura básicos do mapa. Quando a
colocação dos signos interceptados “cria um distúrbio” no relacionamento entre
a sequência de signos e a sequência de casas dos pontos estruturais, o problema
da interceptação se torna mais complexo. Estude seus mapas com signos
interceptados com um olhar nas relações de cruz completa ou trino completo por
sequência a partir do Ascendente. Em outras palavras, descubra quão próximo o
mapa com signos interceptados está em relação a preencher os requerimentos de
um desenho simétrico. Fazendo isso, você mentalmente minimiza os “riscos”
apresentados pelas complexidades das “irregularidades” no mapa.
“Um mal
passado impulsionando a presente encarnação” está representado abstratamente em
uma mandala a seguir: um mapa com doze casas com Áries no Ascendente; os
símbolos para os signos mutáveis são colocados apropriadamente nas cúspides das
casas mutáveis. Em outras palavras, a modulação para regenerações futuras é mostrada
pela quadratura das casas mutáveis focalizado pelo mais mutável dos quatro
signos – Peixes – como o “fim de um ciclo prévio” a partir do qual o presente
emana. Aplique este pensamento a qualquer horóscopo: que cruz aparece como o
composto das modulações da cada quadrante do mapa em direção ao próximo
quadrante? Esta cruz tem muito a dizer sobre os requisitos redentores
necessários para os quadrantes iniciados pelas casas cardinais – assim como
todo horóscopo se inicia a partir da décima segunda casa em direção à primeira
casa. Cada casa mutável constitui o background cármico para o quadrante a
seguir; os signos que cobrem estas cúspides representam a congestão quaternária
da consciência focalizada no mapa pelos planetas regendo aqueles signos.
Como
resultado de um diâmetro interceptado no mapa haverá dois pares de casas
cobertas pelo mesmo diâmetro. Onde este “fenômeno” ocorrer, você saberá que as
casas envolvidas nesta “duplicação” representam os padrões de experiência nos
quais a pessoa envolvida está “reparando situações passadas”; em outras
palavras as duas casas com o menor grau do signo em suas cúspides portarão o
passado; as duas casas com os graus maiores nas cúspides portaram o passado não
preenchido projetado no presente. Este padrão nos diz também que a influência
dos planetas que regem os signos é em algum grau, “mantida em suspensão” até
que certo grau de redenção tenha ocorrido. Os planetas que regem as cúspides
duplicadas trabalham em “turno extra”; no caso de Vênus e Mercúrio – que regem
normalmente dois signos – sua influência pode se estender a três casas e sua
significância na soma total do mapa é aumentada. Assim como – em termos humanos
– se João repete em um exame na escola, terá que estudar mais aplicadamente
para cumprir seu trabalho naquela matéria.
É muito interessante
estudar mapas que tenham o mesmo signo no Ascendente e na casa 12. Estes mapas
têm duas classificações principais: (1) aqueles com o próximo signo interceptado
na primeira casa; (2) aqueles com o próximo signo na segunda cúspide. A
primeira classificação nos diz que a pessoa pode ter ficado fora de encarnação
por um tempo anormalmente longo; ele tem que se conectar com sua encarnação
passada, recapitular algo de seus erros passados – se o regente da décima
segunda casa e do Ascendente estiver congestionado, aprender com seus erros e
se aplicar com medidas mais construtivas e então se mover em seguida para a
progressiva vibração representada pelo signo interceptado na primeira casa.
Este padrão promete progresso nesta encarnação, mas também que a pessoa que
subconscientemente viver a vida presente em termos de seu passado,
encontrar-se-á com um “muro branco” – o poder de congestão representando que os
recursos do passado se extinguiram; seu impulso natural para progredir será
temporizado pela conscientização dos potenciais representados pelo signo
interceptado na primeira casa e sintonizar-se com esta vibração representará
uma “nova vida” em consciência. Ele então sentirá intensamente a necessidade de
“deixar o passado” e colocar em sua bagagem a “companhia vibratória”
representada pela influência planetária do signo interceptado na primeira casa.
Este
padrão também qualifica sua consciência marital, visto que a interceptação da
primeira casa tem sua contraparte na sétima. É uma consciência dupla de sua
nova vida, e sua consciência de relacionamento deve se desdobrar e progredir
caso ele busque de fato transcender o impulso gravitacional ou congestivo de
negativos passados. Se a segunda cúspide portar o próximo signo em sequência,
então sabemos que a pessoa está destinada nesta encarnação a expressar uma
oitava superior da qualidade de seu passado, e se a interceptação em seu mapa
indicar que a cúspide de sua quarta ou décima casa estiver no mesmo trino
genérico que seu signo Ascendente está, sabemos que aquele parente – pai ou mãe
– representa uma representação do melhor do passado da pessoa como contribuição
para o melhor de seu desenvolvimento nesta encarnação. Ninguém repete sempre
exatamente um nível de uma encarnação à outra – elevação é um fator a ser
sempre considerado na interpretação cármica.
De uma
perspectiva prática, não há muito mais que possa ser dito aqui como
interpretação dos vários possíveis posicionamentos dos diâmetros interceptados.
Você, como estudante astrológico, pensador e filósofo deve exercitar a
capacidade de sua própria consciência de princípios estruturais na aplicação
dos mapas que você venha analisar.
Estrutura-estrutura-estrutura
é sua chave para encontrar significado nos signos interceptados e nos planetas
que eles contenham. Encontre quantas “regularidades” e “simetrias” puder em
cada mapa deste tipo – em referência aos padrões de cruz e trino – então estude
a sequência de modo que você possa determinar as possibilidades de porque um
diâmetro pode representar um “puxão para trás” ou a “promessa de
desenvolvimento futuro” nesta encarnação. Os diâmetros duplicados – quando
alinhados com a estrutura-sequência – indicarão que par de casas representa uma
condição do passado que deve ser repetida – para a completa realização – no
presente.
Flexibilize
sua consciência da estrutura horoscópica. Você será – ou pode ser – desafiado
por este estímulo a seu intelecto e à sua capacidade de sensibilidade estética
e compreensão. O ritmo, sequência, desenho e drama que são representados na
mandala astrológica são arquetípicos de todos os princípios artísticos; e em um
sentido filosófico específico, eles representam o magnífico fluxo dos
princípios vitais, visto simbolizarem as grandes leis universais de Causa e
Efeito, Polaridade e Harmonia Divina.
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