Houve
um tempo que o escritor compartilhava a compreensão comum a muitos estudantes
de astrologia de que a quadratura e a oposição sendo “maus aspectos”
significariam a mesma coisa; e ainda que os “bons aspectos” trígono e sextil
eram pensados da mesma forma. Veio um tempo em que o escritor percebeu que se a
quadratura e a oposição, assim como o sextil e o trígono representassem a mesma
coisa, então teriam o mesmo símbolo para representar ambos os pares de
aspectos. Deve ser claro na mente dos estudantes que cada símbolo utilizado na
astrologia tem seu significado único e particular e que nenhum para de símbolos
pode significar a mesma coisa. Não há exceção a esta observação. Estes símbolos
são figurações de profundas realizações espirituais dadas à Humanidade pelos Grandes,
tempos atrás.
Se
o progresso da roda do ascendente à décima segunda casa representa a evolução
cíclica, a colocação dos planetas por signo e casa a focalização da consciência
para a expressão durante a encarnação, então os aspectos representam o
mecanismo do espírito em ação – o como desta expressão sem fim. As ciências
mecânicas requerem um conhecimento dos pesos, alavancas, balanços e
contrabalanços, gravidade, propulsão e assim por diante; em outras palavras, os
princípios de como o mecanismo funciona para alcançar certo resultado. Um
horóscopo, obtido a partir de sua apresentação geométrica, contém figuras da
manifestação destes princípios na encarnação humana como expressões da
consciência, e cada símbolo utilizado nesta ciência particular representa uma
essência ou uma função daquela essência.
A
abordagem dinâmica da psicologia humana provou que uma mudança de ponto de
vista frequentemente torna possível a determinação da causa de um problema e
revela a direção necessária a ser tomada. Nós, como estudantes de astrologia,
tendemos a cristalizar nosso ponto de vista dos aspectos quadratura e oposição
e determinar, mentalmente, que eles são maus aspectos. As palavras “bom” e “mau” têm sido parte de nossa imagem mental desde que fomos
capazes de interpretar qualquer coisa; se buscarmos uma abordagem
construtivista da astrologia psicológica, devemos mudar nosso ponto de
vista e atitude em relação aos significados destes símbolos particulares de
expressão de energias.
É um ponto debatido esta referência
a “maus” aspectos. Será que pessoas desinformadas astrologicamente, passando
por problemas pessoais, podem realmente ser ajudadas se suas mentes e
sentimentos são impressos por referências aos “maus” aspectos em seus mapas?
Não há como escapar – todos temos reações subconscientes e instintivas a
palavras como “mau” – elas acendem nossas imagens interiores ou memórias dos
padrões experienciais do feio, sofrido, amedrontador e do difícil. O astrólogo
que diz: “Ah, isto é muito sério – você tem um mau aspecto entre Saturno e
Marte” se arrisca a provocar um estado de depressão no cliente. Há algo tão
ameaçador nesta sentença que, por gentileza e misericórdia, não devemos
apresentar estas interpretações a pessoas que vem a nós para auxílio.
Astrólogos que se fixaram na
“maldade” dos aspectos de quadratura e oposição são aqueles que não se
perguntaram sobre o significado real destes símbolos. Por “significado real” se
quer dizer significado espiritual ou filosófico. Desde que devemos identificar
estes símbolos de forma a transmitir nossos pensamentos, mudemos nossa
abordagem verbal para algo que o cliente possa reagir mais favoravelmente.
Sugere-se que a palavra “atritivo”
substitua a palavra “mau”. Todos compreendem que atritivo significa
resistência, e que esta palavra não incomoda tanto as pessoas. Além disso, como
no caso de um fósforo que por fricção (atrito) se acende, o resultado é luz e
calor. Assim é conosco em nosso interior e nossos aspectos de quadratura e
oposições. Certos níveis de nossa consciência se atrita com outros níveis; o
resultado é uma ignição de consciência a partir da dor reativa, que serve para
apontar a necessidade de um redirecionamento de consciência. Desde que todos os
padrões planetários do horóscopo estão englobados no mapa, vemos que a
humanidade interpreta a experiência a partir de dentro – na consciência – não
de fora. Em outras palavras, a fonte de nossas interpretações-experiências não
são as experiências em si, mas nosso próprio centro de consciência e reação.
Consideremos os símbolos da
quadratura e da oposição em termos de sua figura abstrata essencial. Use um
mapa em branco com as doze casas para cada. Para a quadratura, conecte os
pontos médios das casas fixas (2,5,8,11) por linhas retas; o resultado é um
quadrado repousando sobre uma base horizontal que começa, ciclicamente, na
segunda casa. Este é o símbolo que utilizamos para o aspecto da quadratura
entre quaisquer dois planetas no horóscopo.
As casas envolvidas nesta figura são
as “casas de recurso”, os inexauríveis recursos de intensos desejos,
sentimentos, amor e capacidades. Estas quatro casas e seus signos abstratamente
relacionados (Touro, Leão, Escorpião e Aquário), incluem nossos mais profundos
potenciais de reação. Todo estudante de astrologia sabe que há dois outros
quadrados, o cardinal e o mutável; mas é o quadrado fixo que é utilizado para
portar essa abstração da “maldade” – dificuldades e dores, tristezas, limitações
e todas as maneiras de negativismo. Este símbolo nos diz, quando ele relaciona
quaisquer planetas em quaisquer dois signos ou casas, que a presente
necessidade de regeneração entre estes dois pontos é muito grande. Note que no
desenho do quadrado, quando chegamos ao final da horizontal inferior – na
quinta casa – nós fazemos um ângulo reto, não diagonal para a direita ou
esquerda, mas diretamente para cima, de modo a progredir mais no caminho
espiritual. Assim é com as outras viradas – ângulos retos em cada canto. Assim
o aspecto de quadratura é visto como sendo descomprometido em suas demandas de
consciência; por esta razão o aspecto de quadratura é tido como sendo o “mais
difícil”, o “pior” ou o “mais maligno” dentre as relações planetárias. Somos taxados
mais severamente em nosso desenvolvimento nesses pontos. Por quê?
O horóscopo, como um todo, é uma
composição da consciência da pessoa dos princípios cósmicos – em seu nível
evolutivo particular. Portanto se segue que dois planetas quaisquer em um mapa
não são “maus planetas”; simplesmente significa que a pessoa está em um estado
de consciência de relativa insensibilidade ao princípio. A sensibilidade
individual pode ser muito variável e esta variedade é mostrada pelos aspectos
atritivos múltiplos a cada planeta do mapa: o planeta pode estar quadrado por
Marte e oposto pela Lua, mas em trígono com Vênus e em Sextil com Plutão.
Estamos destinados a experienciar padrões de reação a cada planeta em relação a
cada outro planeta de modo a completar nosso destino vibracional como seres
humanos; nada menos que isso.
Como nossas experiências são, em uma
análise final, desencadeadas pelos nossos contatos com outras pessoas e devido
a nos projetarmos nas relações de acordo com nossa consciência, ocorre que as projeções
não regeneradas criam padrões de destino que nos retornam na forma de
experiências de uma qualidade dolorosa ou “má” qualidade. Sofremos através
desses alertas pois somos feitos para perceber, pelas nossas reações às outras
pessoas e experiências, nosso próprio estado não regenerado. O Eu superior nos
“grita”: “Estude isso e aprenda com isso; nao faça isso para outra pessoa, você
o fez muito frequentemente no passado; eu insisto que você redirecione sua
reação quanto a esta particular experiência de relacionamento, pois se não o
fizer continuará a dirigir erroneamente sua energia e escurecer sua consciência
mais do que nunca”. Assim, o padrão que aparece como quadratura no horóscopo
entre dois planetas representa a necessidade, nesta encarnação, de uma drástica
revisão na consciência. A palavra “atritiva” prova seu valor aqui devido aos
fogos da estarem mais intensamente acesos nestes pontos e através da dor-reação
– a luz mais brilhante é dirigida para os cantos mais escuros. O Eu superior
está buscando reestabelecer a sincronização harmoniosa com sua consciência
tornando possível sua percepção dos resultados indesejáveis do contínuo mal
direcionamento de suas energias, mostrando a você a necessidade de fazer uma reviravolta
em seu caminho.
Os aspectos da quadratura e da
oposição têm um fascinante “denominador comum”. Aplique o símbolo da oposição à
segunda roda em branco, utilizando as cúspides das casas 2 e 8 como diâmetros;
desenhe círculos ao redor destes diâmetros, que claro, sejam tangentes um ao
outro no centro do mapa. Os diâmetros dos dois pequenos círculos formam juntos,
um diâmetro do próprio círculo e este diâmetro conecta os pontos médios das
casas 2 e 8; ciclicamente falando, o ponto de partida deste símbolo é o mesmo
que o ponto de partida do quadrado fixo. O recurso de desejo da segunda e
oitava casas é comum a ambos os símbolos, e o processo espiritual fundamental e
oculto implícito é regeneração.
Uma peculiaridade do aspecto de
oposição é que ele “polariza” o mapa. O ponto mais baixo do símbolo está no
quadrante “individualista” do hemisfério inferior; o ponto mais alto, na oitava
casa, é a “extensão” do mais baixo. A segunda casa é “lidar com o material”;
este é elevado à sua oitava superior através da transmutação da natureza de
desejos nas relações com as pessoas: o Poder do Amor em efetuar a redenção da
consciência. Deve haver alguma razão muito importante para os dois círculos
pequenos, deste símbolo, serem conectados por uma diagonal de 45o ao
invés de uma horizontal ou vertical. Uma horizontal é toda direita e esquerda;
uma vertical é toda para cima e para baixo. Entretanto, a diagonal deste
símbolo é para cima e para frente, uma composição de vertical e horizontal, o
conceito essencial de todo processo e proposta evolucionários.
A opinião consensual é de que o
aspecto da oposição implica em uma necessidade de escolher entre uma coisa e
outra. Alguns astrólogos interpretam isso como significando que deveríamos
escolher um planeta para funcionar, mesmo em detrimento do outro. Outros dizem
que deveríamos realizar um esforço para utilizar ambas as vibrações planetárias
ao mesmo tempo, da melhor forma que pudermos. A primeira destas abordagens é
basicamente insustentável; não podemos deixar de lado nenhum de nossos fatores
astrológicos – nós vivemos com e expressamos todos através de todo o curso da
encarnação. A segunda abordagem se aproxima muito mais das atuais necessidades
do aspecto, pois ela nos instrui a utilizar ambos os fatores planetários. Entretanto,
o Eu superior nos fala através do próprio significado do aspecto. Você vai
expressar estes dois planetas não regeneradamente ou regeneradamente? O ponto
não é qual dos dois planetas você vai expressar, mas qual das duas oitavas de
consciência você vai expressar – aquela que você tem estado, tende a permanecer
e que deveria agora estar saindo dela, ou aquela para a qual você está
evoluindo, aquela que te remete para dentro ou para fora? Aquela que é
autopreservação ou autodesenvolvimento? Aquela que resulta na parada da
realização ou aquela que abre as portas de sua consciência à percepção da
beleza, verdade e bondade? Este é o significado esotérico do aspecto da
oposição e pelo qual podemos compreender por que a palavra chave percepção é
usada para identificar seus propósitos.
Assim como em cima, é embaixo.
Quando o Sol e a Lua entram em conjunção a cada 28 dias uma nova “inspiração” é
tomada pelo corpo vibracional da humanidade; duas semanas mais tarde esta “inspiração”
é “exalada” na Lua Cheia. Esta ação é a grande vida oscilatória e rítmica de
nossa existência oculta e o padrão – concepção e expressão – é experimentado
por todos os nossos órgãos vibracionais em relação não apenas com os planetas,
mas – e isso é importante – também os signos de sua dignidade. Assim como cada órgão
de nossos corpos físicos tem sua própria forma padrão de crescimento, função, e
realização, também cada planeta o tem em relação com o corpo todo de consciência.
Um planeta no signo de sua dignidade
“retornou à sua base” após uma passagem através do zodíaco; sua essência acumulada,
destilada das suas experiências através de muitas encarnações passadas está
agora com força total e pronta para iniciar um novo ciclo a partir das bases
evolucionárias dele e sua. Um planeta no que chamamos signo de seu “detrimento”
não é um planeta “mau”; ele está a meio caminho ao redor de sua própria órbita
evolutiva, fazendo oposição com o signo de sua dignidade – o mais longe de “casa”
que ele pode. Um mapa contendo planetas em signos de seu “detrimento” revela
que a pessoa, em consciência, está naquele ponto crítico em seu ciclo evolutivo
presente, e qualquer aspecto atritivo àquele planeta representa uma via para
suas maiores potencialidades regenerativas. Esta encarnação, com planetas em
detrimento, é muito significativa por que a pessoa se aperceberá de suas deficiências
interiores de maneira muito aguda.
Se um planeta em detrimento se
apresenta como o regente do mapa (regente do signo Ascendente) então a
criticidade desta encarnação se intensifica. O regente do mapa é o símbolo
planetário da consciência do EU SOU: no signo de detrimento – oposto a sua
própria dignidade – o mapa pode realmente contar uma história de grande conflito
espiritual uma vez que os aspectos atritivos a um regente “detrimentado” torna
possível que a pessoa se identifique com a escuridão. Ele tende a interpretar
seus próprios potenciais da personalidade através de sua consciência não regenerada
e vivendo daquela forma, pode arriscar um acentuado “retrocesso” em sua
evolução. Os aspectos regenerados do mapa com o regente aí posicionado servem
para torná-lo inconscientemente voltado “em direção à luz” e vivendo por estes padrões,
ele assegura uma virada para cima em seu desenvolvimento, não apenas para esta encarnação,
mas para todas as seguintes.
Assim como o nascimento físico é o
resultado da concepção e a Lua Cheia é o resultado da lunação previa a ela,
também um aspecto de oposição entre dois planetas é a percepção que resulta da conjunção
destes dois planetas em algum momento de encarnações passadas da pessoa. Não há
efeitos sem causas, e desde que o padrão cósmico se manifesta em todos os
planos, devemos saber ao estudar o aspecto de oposição que nesta encarnação a
pessoa está se apercebendo destes dois poderes vibracionais particulares, ou
qualidades, em sua própria natureza de forma muito importante e significativa.
Reconheça que as tensões interiores podem ser muito grandes mesmo com apenas um
aspecto de oposição no mapa. Os padrões de experiência representados pelos
planetas envolvidos – por regência ou por ocupação – demandam e tornam urgente
a expressão da natureza regenerada e espiritualizada da pessoa. Repetir as
qualidades atritivas não regeneradas manterá a pessoa na “escuridão” não apenas
nesta encarnação, mas talvez por vários “capítulos” a virem – e os testes serão
no futuro ainda mais severos.
A criticidade deste aspecto é
claramente demonstrada quando o aspecto da oposição é ativada por eclipses,
luas progredidas, ou aspectos planetários progredidos fazendo quadraturas
simultâneas aos dois planetas. Nesta estimulação do aspecto, o resíduo não regenerado
na consciência da pessoa – em qualquer idade – “sai da casinha” e ela experimenta
um teste de suas capacidades regenerativas que pode ser bastante severo. Por
outro lado, quando a oposição é ativada por um planeta em trígono e o outro em
sextil, então o que de regeneração já se estabeleceu pode ser utilizada para
lidar com a experiência manifesta. A ativação “favorável” do aspecto de oposição
sempre implica, em algum grau, um teste, mas “mais do melhor da consciência”
estará mais prontamente acessível.
No que se segue é vista a razão pela
qual o aspecto de oposição é universalmente considerado “não tão mau” como a
quadratura; porque mesmo que os dois planetas envolvidos não tenham outros
aspectos, o padrão como um todo é ativado quatro vezes pela combinação de
trígonos e sextis em relação às duas vezes que ele é quadrado. Muito mais “elasticidade”
é aproveitada e os impulsos de regeneração são muito mais numerosos no longo
prazo.
Um final feliz: tanto a oposição como
a quadratura podem ser “salva-vidas” de grande benefício quando feitas por um
Saturno em um mapa sem nada de terra. A pessoa com este mapa precisa lastro,
precisa controle e direção, precisa de canalizadores para suas energias. Tal
Saturno simplesmente diz – e isso prova que a quadratura e a oposição não são essencialmente
más – “Eu observarei que você mantenha seus pés no chão, de modo que sua vida
possa ser vivida com propósito e construtivamente; você terá responsabilidades
a cumprir, ambições a alcançar, e qualidades a regenerar e redirecionar; minha vibração,
apesar de parecer te colocar para baixo às vezes, é realmente sua maior benção
porque ela o manterá alinhado às correntes da experiência em desdobramento”.
desde que desejemos nos aperceber de nossas necessárias transformações.
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