Quando analisamos o símbolo de Júpiter
vemos um semicírculo sobrepondo-se, ou cobrindo, a cruz da manifestação
material. Este semicírculo pode ser interpretado como a Lua – a função de
nutrir – ou como um símbolo geral do espírito. Em ambos os casos é transmitida
a essência do propósito de Júpiter.
No primeiro caso vemos o “princípio de
nutrição” permeando toda manifestação física – preservando, curando e ampliando
as partes componentes da experiência como encarnação; o segundo caso identifica
Júpiter como o agente pelo qual as forças espirituais são manifestas à consciência terrena.
Júpiter sempre deve atuar através da
forma; sua esfera de ação está condicionada definitivamente pelos ditames e
exigências de saturno. Ele não é transcendente como Urano e Netuno; é uma
“sombra antecipada” deles, já que proporciona um canal para a apresentação
exotérica das verdades espirituais. Em aplicação psicológica, ele é aquelas
qualidades da mente e do coração que proporcionam avivamento e exaltação à
consciência evoluinte. Ele é o sangue arterial no corpo físico – o fluido
fresco, puro e nutritivo que em seu curso efetua um trabalho de renovação e
sustento. Ele é a nona casa do horóscopo – a
compreensão e julgamento verdadeiros, destilados da experiência, e que
provêem pábulo para o progresso construtivo da vida.
Sempre há uma qualidade de “mais” na
vibração de Júpiter. Ele é “mais que o suficiente”. É grandeza e amplitude em
qualquer forma. Ele não é uma vibração especificamente estética, mas sua
“personalidade” é por certo claramente evidenciada na complexidade,
magnificência e esplendor dos cenários do balé e das grandes óperas. Ele é a
extensão da energia de Marte que chamamos “representação”. Ele é o entusiasmado,
risonho, progressista e generoso amante da vida.
Se fosse requerida apenas uma palavra
para resumir as virtudes de Júpiter, por certo essa palavra deveria ser benevolência. Júpiter é a nossa
capacidade de dar – sincera, abundante e sabiamente. É através de Júpiter que
nos misturamos com as vidas dos outros com pretexto de ajudá-los, irradiando-lhes o melhor do nosso coração, da nossa
mente e dos nossos recursos materiais. Júpiter é filantropia, é a benevolência
da religião. Ele é qualquer meio pelo qual nós, individual e coletivamente, melhoramos as condições desse plano
evolutivo. Júpiter pode ser expresso, é claro, em termos de “eu e só eu”,
mas não é apenas isso. Não importa quanta riqueza o individuo adquira, quão
grande seja sua mansão, quão repleto seja seu guarda-roupa, quão vasta seja sua
herança, ou quão extensos tenham sido seus estudos, ele não vive a altura de
seu Júpiter enquanto não der algo de sua abundância para melhorar algo fora de
sim mesmo. É por meio dessa expansão que Júpiter neutraliza possíveis
dificuldades causadas pela cristalização de Saturno devido ao medo de perder.
Júpiter e Saturno trabalham de mãos dadas quando a receita se faz acompanhar de
uma despesa beneficente.
Atenção, senhores psiquiatras,
psicólogos e astro-analistas: Júpiter nunca demonstra seu poder mais
especificamente que quando um gasto é feito como expressão de gratidão por se
receber algo em troca. A gratidão sincera – a uma pessoa ou a Deus –
proporciona uma qualidade de abertura de consciência que a sintoniza mais e
mais com o crescimento e com a abundância de expressão. Nenhum aspirante deixa
passar um único dia de sua vida sem sentir e/ou expressar gratidão a alguém por
algo. Esta gratidão é sincera, jubilosa, positiva;
não é um rastejar servil pelo qual aquele que recebe degrada-se a si
próprio e insulta àquele que dá. A psicologia de Júpiter – agradecimentos pela
dádiva e o desejo de compartilhá-la com outros – é algo profundo e de longo
alcance. É alimento para a mente, para o corpo e para a alma, infundindo de
fato uma corrente de energia renovadora nas condições a que se permitiu
tornarem-se cristalizadas, mórbidas e doentias. O Dia Nacional de Ação de
Graças é comemorado quando o Sol transita pelo signo de Sagitário – regido por
Júpiter!
Alguns pretendem que Júpiter seja
considerado um símbolo do pai – exercendo a versão masculina do impulso de
nutrir. Seja como for, de uma coisa podemos ter certeza: Júpiter é o símbolo do
professor ou do “pai espiritual”. Júpiter nutre a mentalidade espiritual e,
como tal é representado pelo sacerdote. Todo professor é um parente espiritual
– seu trabalho e propósito é guiar a pessoa mais jovem, ou menos desenvolvida,
ao longo de linhas de desenvolvimento não especificamente relacionadas com as
necessidades físicas. Saturno é o princípio da Lei, no sentido esotérico; mas a
Casa IX é a profissão da lei, como proteção às pessoas. A Casa IX é também a
Igreja como instituição protetora e instrutora. Por conseguinte a Casa IX,
através da regência de Júpiter, parece resumir a “consciência do certo e do
errado”, não no sentido abstrato ou absoluto, mas em termos de ciclo de
desenvolvimento da pessoa, de seu background familiar e dos moldes religiosos
envolvidos.
Júpiter é a nossa expressão externa e
direta dessa consciência, de maneira que sua posição e aspectos no horóscopo mostram
como e por quais meios, se existe algum, nós sentimos o impulso de ensinar às
pessoas o caminho (nós pensamos) que devem seguir. Uma Casa IX não aflita por
planetas que a ocupem ou pelo seu planeta regente, indica que a pessoa, de modo
geral, não terá dificuldades em encontrar a religião que realmente necessita e
quer, na presente encarnação. Ela será posta em contato com os mestres mais
adequados para satisfazer seus anseios espirituais. Aflita, a IX Casa indica
obstáculos para se alcançar satisfações religiosas ou filosóficas. Grandes
atrasos, confusões, desilusões e desapontamentos são indicados pelas aflições
da Casa IX, e as aflições ao próprio Júpiter mostram como nós, individualmente,
precisamos nos disciplinar e exercitar para expressarmos nossa capacidade total
como mestres ou líderes morais. Pode-se identificar muito carma nas aflições da
Casa IX por dedução de Causa e Efeito; eles são os “desvios” cometidos pelo
indivíduo no caminho de seu desenvolvimento espiritual. Este desenvolvimento de
consciência e compreensão espirituais certamente comprova a função de Júpiter
como o “Princípio do Aperfeiçoamento”.
Uma das mais fascinantes fases da
interpretação astrológica encontra-se nos aspectos “negativos” ou “cármicos” de
Júpiter. Benevolência, elevada compreensão, proteção, abundância, generosidade
– como pode tal planeta representar o “mal”? Abundância, meus amigos,
abundância!
No que Tange a Júpiter ser “dinâmico”,
seus malefícios são encontrados, como nos casos do Sol, Marte e Urano, no desequilíbrio,
no descontrole e na negligência. Quando o desejo de melhorar é pervertido,
Júpiter se manifesta por muitas maneiras desagradáveis, sendo o principal:
ORGULHO AUTO-INDULGENTE: Isto
significa o indivíduo cujos anseios por auto-aprovação são tão fortes que ele
não pode ouvir conselhos ou crítica sincera. Por isso ele não pode – e
geralmente é assim – melhorar a si mesmo por um ou outro processo, mas
prossegue mantendo uma avaliação distorcida do seu próprio mérito. O
astro-analista que interpreta para uma pessoa com este aspecto precisa usar de tática – você não pode ajudá-lo
focalizando seus defeitos porque então ele resistirá e se ressentirá de suas
observações. Você deve manter uma atitude de aprovação e, sem faltar à verdade,
deve adoçar-lhe o remédio. Se ele pede a “verdade nua”, lembre-se de que para
ele o “disfarce” torna a verdade aceitável. Analise cuidadosamente a Carta de
modo a encontrar algo em que ele possa sentir-se justificadamente orgulhoso de
si mesmo. Ao mesmo tempo você deve verificar que tipo de obstáculo em sua vida
leva-o a usar uma máscara de falsa superioridade. Seu orgulho pode
centralizar-se na família, na posição, na nacionalidade, nos seus
conhecimentos, na posse de dinheiro ou num talento genuíno. Não importa, o que
quer que seja valioso para seu eu interior deve tornar-se utilizável e
objetivável para ter qualquer valor real.
ARROGÂNCIA: Esta qualidade é uma
variação da anterior, e é causada por uma combinação de Marte com Júpiter
aflito; uma qualidade notavelmente desamorosa que leva o indivíduo a “forçar
suas pretensões”. A pessoa arrogante é essencialmente indelicada – suas
atitudes para com outras pessoas parecem conter condescendência, superioridade
injustificável e esnobismo, e certa crueldade com que expressa seu falso
orgulho, não importando quem seja ofendido no processo.
RIQUEZA: A abundância financeira é uma
das armadilhas favoritas do diabo. Uma vez que o dinheiro é um meio de troca,
nada mais nada menos, somente as pessoas que podem usá-lo sem ser escravizados ou enganados por ele é que possuem uma consciência
financeira bem integrada. A riqueza, para certos tipos de pessoas, é sinônimo
de caráter, de virtude, de espiritualidade, etc. Dizem que o êxito de um
casamento é garantido se o marido em perspectiva tem “posses em abundância”.
Para esses tipos o ganho financeiro justifica a perpetração de qualquer tipo de
desonestidade, injustiça ou deturpação de responsabilidade. “Homem de sorte”,
dizem, é o rico, é aquele que tem tanto dinheiro que não precisa trabalhar.
Pode comprar tudo que deseja, seus filhos podem ter tudo o que querem e sua
esposa nada no luxo e na ociosidade. Ocasionalmente eles dizem que sua riqueza
pode compensar qualquer sofrimento ou problema em suas vidas. Tais pessoas não
podem aprender através de seus sofrimentos, nem podem entender ou lidar com
seus problemas. Ao receberem uma herança de milhões, elas podem fazer a viagem
mais curta possível para o desastre. Atribuem ao dinheiro um poder que ele não
possui – e assim esgotam os seus próprios poderes. O descendente de uma família
fabulosamente rica há alguns anos atrás herdou algo próximo de 10 milhões de
dólares ao completar seus 21 anos. Vivia cercado de luxo desde a mais tenra
idade – e não sabia nada mais. Aos 35 anos suicidou-se, deixando um bilhete
para um amigo, em que dizia: “restam-me somente 15 mil dólares – não tenho nada
por que viver”. Isto é simbólico de um Júpiter, possivelmente aflito por
Netuno, regendo a Casa 12 – a ilusão do poder da riqueza como fonte da própria
ruína. Deixemos os ricos com seus Júpiteres aflitos encarregarem-se do uso que fazem do dinheiro e do grande poder que lhe
atribuem sobre eles mesmos. A riqueza implica em grande esfera de
utilização – e, desde que “não podemos levá-la conosco”, podemos ao menos
aprender a aplicá-la como expressão de um viver construtivo e produtivo.
GENEROSIDADE: Em certos ciclos de
evolução as pessoas são provadas na sinceridade com que expressam seus impulsos
de dar. Pode-se pensar superficialmente que, se um homem sente um impulso de
dar alguma coisa, como pode haver impedimentos? Mas há, e aqui está um exemplo
hipotético: durante a encarnação passada a pessoa viveu principalmente para
adquirir – dava somente quando era absolutamente necessário, ou com o motivo
dissimulado de obter algo em troca. Na última parte da vida ele foi alvo de um
ato generoso e desinteressado praticado por outra pessoa. Ele sentiu por isso
profunda gratidão, de modo que quando faleceu impressionou seu subconsciente
com o desejo de viver mais para poder por sua vez expressar sua gratidão. Na
presente encarnação ele vem com aquele anelo à flor da pele, mas a sinceridade desse anelo, em
virtude de ter-se desenvolvido tardiamente, tem que ser provada para que sua realidade possa incorporar-se à sua consciência. Por conseguinte,
ele pode ter um pai super-indulgente para com ele e que não lhe permita dar
nada a ninguém – então a pessoa vê-se envolvida numa circunstância de atrito. Se ele quer realmente expressar seu
sentimento de gratidão deve resistir à super-indulgência do pai. Se permitir
que a influência do pai o afaste de sua via de expressão, então ele falha na
prova. À medida que permita que outras
influências abafem seus generosos impulsos ele voltará a emaranhar-se, não
apenas no próprio interesse, mas num complexo de frustração muito doloroso. Seu
“desejo de dar” representa um impulso de sua natureza superior – a frustração
desse desejo causa uma reação especial de auto-desprezo e sentimento de
indignidade e auto-degradação. Se no exemplo acima, de alguém com pais
super-indulgentes, o indivíduo percebe que o ressentimento e o atrito aumentam
e transparecem em suas atitudes para com os pais, ele pode, com abordagens
filosóficas contrariar essas tendências e transmutá-las através do sentimento de gratidão aos pais por
proporcionarem-lhe uma prova muito necessária, ainda que inconscientemente.
Sua atitude deve “salientar-se” cada vez mais consoante seus propósitos de
crescimento. Os grandes líderes religiosos, ou quaisquer pessoas que “doam o
melhor de si mesmos”, são testados desta maneira. Elas darão o melhor de si
mesmas, não importa qual seja o resultado imediato.
EXPERIÊNCIA NA IGREJA: Em seus
processos de crescimento em direção ao desenvolvimento da compreensão
espiritual, muitas pessoas acham que suas lições advêm do distinguir o “real do
irreal” através de contatos com outras pessoas em atividades na igreja. Este
tipo de carma – Júpiter aflito regendo ou ocupando a Casa 12 – parece
referir-se a pessoas que vieram à presente encarnação com uma forte “ânsia por
religião”. Muito de suas transmutações pode ser estimulado pelo contato com
hipócritas, fanáticos, e por aqueles cujas pretensões espirituais não coincidem
com o seu desenvolvimento. Tais pessoas – membros da mesma igreja – são
objetivações dos aspectos aflitivos a Júpiter, e suas “atuações” são por certo
uma fonte de grande provação para o aspirante. Ele ama sua igreja, acredita e
tem fé nos ensinamentos, procura por todos os modos possíveis estabelecer
cooperação e harmonia com os outros, para que a igreja possa permanecer
acreditada junto à comunidade como um modelo de conduta espiritual – e o que
ele consegue? Cada um empurrando e lutando para ser o dirigente deste ou
daquele “comitê”, crítica caluniosa o tempo todo; o ministro faz de seus
ensinos religiosos flagelo e castigo; o benfeitor ameaça retirar seu apoio
financeiro toda vez que seus desejos pessoais – e preconceitos – parecem ser
ignorados, e assim por diante. Você já deparou com tais, uma e outra vez. Tudo
isso é representação de falso orgulho, arrogância, presunção e pretensão, blefe
e falsa aparência. Não são imagens bonitas, mas são Júpiter não regenerado. O
indivíduo com a vibração de Júpiter aflito que é lesado e desiludido (provado)
por tais pessoas contempla o reflexo de suas próprias experiências do passado.
Ele agora é sincero e aspirante, mas nesta encarnação são dadas oportunidades à
sua sinceridade, à sua fé, e à sua confiança nos princípios espirituais, de ver o que é real e o que é irreal e
falso. Ele poderá fracassar em sua prova se permitir que as “sombras” o desviem
de seu progresso. Ele deve aprender das
sombras, não ser dominado por elas.
Na linguagem psicológica o termo “mecanismo” é
usado para identificar certas tendências subconscientes profundamente
arraigadas. Correlacionando isso com astrologia, nós identificamos o “mecanismo
de defesa” como Marte, e o “mecanismo de fuga” como Netuno. Júpiter certamente
identifica-se como “mecanismo de compensação”. Todos e cada um de nós estamos
em busca de realização, e quando os padrões cármicos criam desordem,
imperfeições, frustração e carência, sentimos automaticamente impulso de compensar
a nós mesmos naquilo que sentimos ser a nossa mais profunda perda. Em
outras palavras, somos levados a estabelecer “melhoramento” e “beneficência”
mesmo que tenhamos de fazê-lo no lugar de outrem. O aspecto na Carta que
indique a “carência” ou “frustração” mais fortemente sentida pode, por certo,
envolver Júpiter – mas não necessariamente. Todavia, em virtude da própria
natureza deste planeta, não é razoável supor-se que a expressão “positiva” dele
pode prover a mais direta e satisfatória “compensação”? É através de Júpiter
que nos damos; quando damos
abrimo-nos, em consciência, para receber.
Não podemos receber a realização das nossas mais profundas necessidades a não
ser que, e até que, ponhamos em ação
nossa boa vontade de tornar essa realização possível para outro. Então
entremos em “contato” com nosso Júpiter por expressão direta em termos de sua
posição por Casa (fator ambiental), de aspectos benéficos (esfera de ação
construtiva) e de planetas com os quais ele se relaciona por aspectos benéficos
(relacionamentos, atividades). Um Júpiter sem aspectos indica que “é tempo de
começar a dar”. Enquanto pensarmos na vida em termos de “auto-isolamento”,
estagnamos – e Júpiter se torna cada vez mais obstruído pelas cristalizações de
Saturno. Júpiter com múltiplos aspectos, mas aflito, necessita de vários tipos
de controle e orientação; Júpiter nessas condições pode representar muitos complexos
psicológicos que a pessoa deve, para compreendê-los claramente, abordar com a
razão, com fatos, com discernimento e com análises. Mercúrio-Saturno é o
corretivo mais intimamente aplicável às desordens de Júpiter.
Ao sintetizarmos os padrões Júpiter em
uma Carta, observamos não somente os aspectos, a Casa que ocupa e a Casa que
rege; devemos estudar, também correlativamente as condições da Casa 9, para
obtermos a imagem de Júpiter com significador espiritual. Júpiter indica o
nível de consciência espiritual das pessoas que se manifesta através das
formas. Nesse sentido, ele emparelha-se às vibrações de Urano e Netuno nas
vidas das pessoas que alcançaram, em certa medida, a consciência da
transcendência.
Júpiter amplia, qualquer coisa que
toque. A menos que esteja dignificado – em Sagitário – é importante analisar
com cuidado as condições do seu planeta dispositor. Um Júpiter inteiramente
aflito, ou variável, “dispositado” por um planeta sem aflições indica que as
qualidades construtivas do planeta “dispositor” podem ser usadas para ajudar
Júpiter a controlar-se e a disciplinar-se. Júpiter sem aflições “dispositado”
por um planeta aflito indica que este planeta pode, em grande medida, ser
redimido de suas aflições através da expressão das melhores qualidades de
Júpiter. Neste caso, Júpiter deve “limpar a casa onde mora” – expressões
construtivas de sua vibração proporcionam um canal de transmutação para o
planeta aflito.
A conjunção aflitiva de Júpiter com
outro planeta indica a tendência desse planeta para expressar-se excessivamente
– implica numa qualidade de “demasia”. As expressões da pessoa no sentido das
condições e experiências do planeta em conjunção são desviadas, porque Júpiter
aflito é “fraco em julgar”; definindo-se “julgamento” como “conhecimento da
alma”, destilação de experiência – não o resultado do estudo concreto. Todavia,
no caso de tal conjunção aflitiva, o poder de Júpiter promete grande recompensa
se o planeta em questão for expresso construtivamente; A expressão construtiva
do mesmo só pode ocorrer como resultado de destacada observação associada a uma
extensa auto-disciplina. A contínua expressão negativa de tal conjunção –
energias sem direção – indica um inevitável esgotamento de recursos.
As “graduações” de Júpiter mostram que
suas vibrações se expressam mais puramente em Sagitário, Câncer e Peixes. Ele
está em desvantagem nos signos mercuriais: Gêmeos e Virgem, e, na opinião do
autor, Júpiter é perfeitamente menos jupiteriano em Virgem e Capricórnio.
Virgem é analítico, detalhista, meticuloso e crítico – oposto do magnânimo
generoso Júpiter. Em Capricórnio, Júpiter é oportunista – ele tende a dar, mas
visando aquilo que pode receber em troca. O impulso religioso, misturado com a
vibração de Saturno, tende ao formalismo e ao dogmatismo. Se Júpiter tem
múltiplos aspectos em Capricórnio e tem alguma ligação direta com a casa 9 da
Carta, então o impulso religioso é amplo, mas a pessoa deve estudar religiões
com o propósito de compreendê-las para poder entender outras pessoas, e não com
o propósito de reprimir, discutir ou forçar suas opiniões aos outros. Se o
indivíduo é um mestre, qualquer classe de mestre, seu Júpiter em Capricórnio
enfatiza tendência para a ambição e para a ostentação. Ele deve aprender de
algum modo a “penetrar na mente de seus pupilos” para que em seus ensinamentos,
possa ser mais apto para desenvolver as capacidades latentes deles. Sua
tendência será tentar adaptá-los à sua particular maneira de pensar. Júpiter em
Capricórnio precisa aprender como dar – e dar sem considerar a possibilidade de
um retorno.
Em Leão, Júpiter brilha
esplendorosamente, mas quando aflito, a auto-justificativa e o amor próprio são
fortes. Esta é uma “posição de nobreza”, mas se for pervertido e debilitado ele
pode manifestar uma arrogância abrasiva e superioridade gigantesca. Em Touro,
combinado com a vibração de Vênus, Júpiter se colore de “abundância financeira”
– expressa suas qualidades em termos de coisas da terra. Em Aquário ele é muito
sociável e humanitário; busca estabelecer e manter a abundância em suas
relações com amigos – é uma influência benéfica em atividades de grupo. E assim
com os demais signos.
Júpiter na Casa XII: os aspectos
benéficos descrevem Júpiter como um “anjo da guarda” – uma profunda percepção
subconsciente de proteção. Isto evidencia ter “dado sigilosamente” no passado e
é promessa de “sorte de último instante”, nesta encarnação. Tudo parece estar
perdido, então aparece alguém em cima da hora para salvar a situação. Este é o
tipo de pessoa que não deve fazer alarde de suas dádivas – se o fizer corrompe
a expressão pura de Júpiter e enfraquece seu poder para fazer o bem. Não
importa o signo em que este planeta se encontre, a Casa XII está associada ao
signo de Peixes, de maneira que Júpiter nesta Casa indica, em certa medida, a
posse de uma irradiação de poder curativo para aqueles que estão doentes e
reclusos. Nenhuma pessoa com esta posição deve pensar que não existe ninguém
que não precise dela – há uma abundância delas em hospitais, orfanatos e
asilos, onde podem dar o melhor de si mesmas para aliviar aos que sofrem e
melhorar as condições. Dar dinheiro para bons propósitos é muito nobre, mas
quando Júpiter se encontra em suas melhores condições, impele o indivíduo a dar
de si mesmo – seu tempo, seu trabalho e seu interesse.
Júpiter aflito na casa XII é a
“própria ruína através do falso orgulho” – uma condição subconsciente que
“apaga” a auto-perspectiva. Indica também o carma que se pode cumprir pela – ou
através da – posse de riqueza, e como o mau uso dessa abundância pode conduzir
a uma deterioração interna. A Casa de regência de Júpiter, em termos de
experiência e/ou relacionamento, é vista aqui como indicativa da condição de
limitação que pode ser redimida, se não estiver ocupada, pela expressão das
qualidades construtivas de Júpiter. Júpiter na Casa 12 lança um “manto de
segredo” na Casa que tem Sagitário na cúspide, e aflições de outros planetas a
Júpiter indicam uma tendência para a clandestinidade, hipocrisia, e falsa
aparência. Júpiter, para viver em plenitude, “não deve aparecer” – e se suas
expressões externas têm que ser experimentadas em segredo ou nos bastidores,
então é melhor que seja expresso com a maior sinceridade e autenticidade
possíveis, caso contrário corrupção pode ser o resultado.
Júpiter na casa II; com aspectos
benéficos é garantida abundância financeira se o indivíduo trabalha naquilo
para que foi destinado, o trabalho que mais ama e através do qual pode dar o
melhor de si mesmo. Em outras palavras, Júpiter só pode “render prêmio” se for
expresso de tal maneira que seja capaz de irradiar o que há de melhor em si, o
que levanta essa questão: que tal o homem com Júpiter na Casa II que só é capaz
de realizar um tipo de trabalho “rotineiro” dia após dia? Ele não está
consciente de amar seu trabalho – fá-lo para ganhar bastante dinheiro para
viver. No entanto, ele pode garantir para si um ganho crescente se faz esforço
para melhorar sua habilidade e a esfera de expressão de seu trabalho, ainda que
dentro das limitações de um emprego rotineiro. Sempre há oportunidade para fazerem-se
melhoramentos – e o homem que se esforça para isso, mesmo inconscientemente,
contribui de modo geral para seu emprego. À medida que ele melhora, o trabalho
como um todo também melhora. Júpiter não apenas “ama ao que dá com alegria”,
mas estende a mão como ajuda a todo aquele que melhora de algum modo.
Júpiter na casa VI: Sem aflição
assegura a saúde. Se os padrões gerais na Carta mostram tendências para doenças
ou desarmonias físicas, esta posição de Júpiter promete alívio se a pessoa
mesma faz o que pode para estabelecer hábitos corretos e construtivos, e
processos salutares. Ela deve tentar melhorar suas próprias condições físicas.
Aplicada ao trabalho, esta posição de Júpiter parece indicar garantia de que o
indivíduo “fará o trabalho que gosta de fazer”; ele tem um canal desimpedido
para aplicar em suas experiências de trabalho seu entusiasmo e determinação
para progredir e ser bem sucedido. Aflito, Júpiter mostra tendências para
desarmonias físicas em razão de excessos, e no trabalho, inclinação para fazer
o tipo de trabalho que pode lhe render maior ganho pelo menor esforço. Se a
pessoa não dá através de seu trabalho, diminui suas oportunidades e esgota suas
capacidades de progredir.
Júpiter na casa X: Aflito, indica uma
condição sutil que justifica uma análise cuidadosa. Na consciência de tal
pessoa, “reputação” é tida como uma fonte de proteção e benemerência, não
importa quão ilusória sejam. O “desejo de melhorar” vê-se expresso aqui como o
“desejo de melhorar aos olhos das outras pessoas ou da sociedade em geral”.
Esta posição é a essência da simulação, da aparência forcada, planejada, artificial,
que se usa para ocultar deficiências e indignidades de toda sorte. É o caso do
sacerdote mundano que glorifica a Deus na maior das catedrais, e da congregação
mais rica, para quem a religião é um assunto de publicidade, renome e fama. É o
“parasita” da sociedade que se sente feliz e à vontade somente quando visto ao
lado das pessoas de bem, que “se preserva” por viver na boa impressão que causa
naqueles a quem admira e considera “superiores”. Júpiter aflito na casa X ou em
conjunção com o regente aflito da mesma revela muito da mesma qualidade. A
reputação parece ser o foco da expressão de Júpiter em um e outro caso. Renome,
sua verdadeira conquista ou o desejo de “ir fundo” para alcançá-lo, é uma
extensão de “reputação”. O grande homem pode tê-lo conferido a si sem ter
qualquer desejo disso; outra pessoa pode achar que sua capacidade de melhorar a
si mesma pode crescer na medida em que seja aclamada por seus êxitos; outra
ainda deseja tão fortemente um tipo de auto-aprovação advindo do reconhecimento
público que não tem escrúpulos de conquistá-lo por algum meio. Com este padrão
de Júpiter aflito, estude a Carta cuidadosamente para identificar as possíveis
deficiências que a pessoa tenta encobrir, aquelas coisas que a impelem a
compensar através da simulação. Se buscar ser orientada para um viver
construtivo, os resíduos que atravancam sua mente e suas reações devem ser
removidos, e suas possibilidades de conseguir êxito verdadeiro precisam chamar
sua atenção.
Júpiter na casa IV: Júpiter cria uma
condição de abundância na Casa que ocupa. Esta posição, apoiada por aspectos
benéficos, promete fartura na última parte da vida, e uma espécie de
“florescimento” de impulsos superiores aparece como resultado de atividades
construtivas durante os anos de desenvolvimento. Qualquer um pode ter que
enfrentar toda sorte de dificuldades no decurso de uma encarnação, mas Júpiter
na Casa IV faz de sua vida doméstica um santuário. As aflições a Júpiter na
Casa IV mostram quanto desgaste pode ser causado pela perda de oportunidades de
crescimento e melhoramento, criando-se assim para os últimos anos uma condição
em que o círculo do lar torna-se o único refúgio de paz e conforto. É uma
indicação de pais ricos ou, pelo menos, generosos. O padrão é estampado com
colorido de abundância. A pessoa encontra em sua vida doméstica enriquecimento
de coração e de espírito, e, não importa o que possa ser aos olhos do mundo ou
em suas atividades profissionais, irradia o melhor de si mesma para sua
família. Quando estabelece o seu próprio lar, ela sintoniza com algo em sua
natureza que representa o melhor em si. A vibração de Júpiter que se expressa
através das condições da Casa IV pinta a imagem de um marido devotado, de um
pai generoso e amoroso, e/ou de uma matrona honesta e respeitável.
Júpiter na casa V: Abundante
capacidade amorosa; os filhos são considerados como bênçãos da vida. As
aflições podem indicar experiências pelas quais o indivíduo, como pai, deve
desenvolver compreensão e capacidade de julgar, mas, no geral, ele descobre que
sua vida expande-se amplamente através do contato com seus filhos. Em virtude
de Júpiter ser basicamente masculino, sua posição na quinta casa na Carta de um
homem indica o prazer que ele encontra na paternidade. Seu amor pelas crianças
é ilimitado – ele gostaria de fazer tudo por elas. Max Heindel tinha Júpiter em
Sagitário na Casa V – era verdadeiramente um “pai espiritual”, sua capacidade
de amar com devoção não tinha limites. Júpiter aflito na quinta Casa necessita
de disciplina e discernimento. Trata-se do pai que pode facilmente estragar
seus filhos por excesso de complacência, ou cuja preocupação excessiva por eles
pode levá-lo a protegê-los demasiadamente. Ele precisa encontrar algum meio de
desenvolver uma atitude mais desapegada, mais impessoal, para com eles. Júpiter
não regenerado na Casa V ou regendo esta, indica excessivo apego aos prazeres
como “mecanismo de compensação”. Trata-se do homem que não sabe como converter
suas habilidades em valores práticos, por isso melhora suas condições
financeiras no jogo e na especulação barata. Da mistura com a vibração de
Marte, os prazeres do sexo podem ser meios usados para “compensar” impulsos
amorosos não realizados. Padrões negativos Júpiter-Netuno envolvendo a Casa V
podem ser muito maus – uma vez que Netuno é a essência do mecanismo de escape,
de modo que se os desejos de prazeres e “alegrias” são excessivos, o apetite
exausto pode converter-se em sombrias compensações nas drogas e no excesso de
bebidas. Este padrão exerce uma influência de perversão nas experiências do
prazer – o artifício, a luxúria e a sensação mórbida podem substituir as coisas
que são verdadeiramente sadias e “recreativas”. Uma vibração aflitiva de
Júpiter expressando-se através da quinta Casa não pode fazer nada melhor que
fixar, se possível, respostas às atividades do prazer que conduzem à melhora da
saúde por vias naturais. O ar livre, as marchas, a natação, a jardinagem, etc.,
poderiam ser exercitados, pelo menos parcialmente, com bons resultados.
Júpiter na casa III: É uma expressão
mental do planeta. O estudo torna-se um canal para o melhoramento, e a educação
uma necessidade. Fluência de expressão está indicada, mas se aflito, Júpiter
precisa de método e rotina. Os aspectos benéficos indicam felicidade através do
relacionamento com irmãos, o que por sua vez “alimenta” as possibilidades de
êxito no relacionamento na maturidade. Geralmente indica capacidade de
abundantes recursos mentais, uma mente fértil em idéias e capaz de reter muito
conhecimento. As possibilidades para expressão em público considera-se como
incentivos para o estudo e o desenvolvimento intelectual.
Júpiter na casa IX: Na nona Casa, ou
em Sagitário, ou “disposto” por um planeta nesta Casa, ou em qualquer outra
ligação direta com a mesma Casa, Júpiter enfatiza a “capacidade de aspiração
espiritual”. Os padrões profissionais referem-se mais especificamente à lei, à
igreja e ao ensino. O próprio Júpiter mostra como expressamos nossas convicções
religiosas, sendo que o planeta regente da Casa IX indica os nossos sentimentos
básicos a respeito da religião em geral e nossa atitude quanto a isso. Uma Casa
IX vazia – desocupada, Júpiter sem aspectos, e o resgate desta Casa
insignificante por esfera de ação – mostra que a pessoa ainda não sintonizou-se
com o lado “compreensão” da vida. Ainda está envolvido com as “coisas como
coisas”. Na medida em que Júpiter e a Casa IX ganham escopo, os padrões mostram
até que ponto a pessoa já destilou compreensão a partir dos seus padrões e
experiências, e até que ponto busca compreensão maior. A mentalidade de Júpiter
é a mente que antes de tudo interessa-se mais por princípios que pelo árido
conhecimento concreto. Ela vê as cerimônias e acessórios da igreja como símbolos
de verdades internas e se interessa em descobrir a origem desses símbolos
externos. A pessoa com a Casa IX fortificada “buscará até encontrar” o conceito
religioso que satisfaça mais plenamente suas necessidades, e quando o encontra
reconhece-o quase imediatamente.
Quando estudamos uma Carta do ponto de
vista psicológico, é importante obter uma “imagem” da habilidade da pessoa para
pensar em termos de princípios – porque toda a psicologia corretiva se baseia
na harmonização com os princípios do pensamento e da ação. Se a Casa IX é
fraca, devemos falar à pessoa em termos que ela possa entender – devemos usar
“termos terrenos”. Deste modo o astro-analista realiza seu propósito como uma
expressão das faculdades da IX casa – como um pai espiritual ele, por sua
compreensão, guia “seus filhos” mediante conselhos construtivos dados de
maneira simples, e sempre com a finalidade de “elevar” e encorajar. O astrólogo
liga-se espiritualmente a todas as pessoas que procuram, de algum modo,
melhorar a vida dos outros. Sugiro ao leitor praticar a síntese do Princípio de
Melhoramento em relação às outras Casas.
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