quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

CAPÍTULO XXXV – SEGURANÇA

          “Existir” é “estar em movimento”, mas “viver construtivamente” é “existir com uma consciência de base e objetivo”. Nesta consciência está a raiz do sentimento de segurança independente das circunstâncias externas. A mandala astrológica representa isso da seguinte forma: desenhe um círculo com seus diâmetros horizontal e vertical; coloque o símbolo de Áries no Ascendente, Capricórnio no meio do céu e Câncer no fundo do céu; conecte Áries a Capricórnio e Câncer por linhas retas.
            Áries é o Eu sou primordial – a consciência da essência individualizada. Como Vida é ação, “ser” significa “expressar”, “projetar” e “agir e reagir”. Criatividade e epigênese são, dependendo da oitava evolucionária, os arqui-princípios da ação da vida pois todas as expressões são radiativas e afetivas por natureza. Marte é então o Princípio da Ação, a “Chispa da Chama Central” que provê todo aspecto epigenético com a faculdade de movimento projetivo. Mas, Marte precisa de um objetivo para o qual se dirigir, de outro modo sua ação é esvaziada de propósito ou significado. Suas ações desfocadas são, portanto energia perdida. Desperdiçar o reservatório de energia é depletar a consciência do Eu sou; o resultado desta depleção é uma polaridade do sentimento de insegurança.
            Ter uma percepção deformada do Eu sou é estar relativamente descentralizado e correspondentemente, relativamente suscetível aos impactos de outras projeções de poderes mentais, emocionais, psíquicos e físicos. Lembre-se que no tiro ao alvo, atirar e lançar não tem nenhum significado se não há um alvo em que se focar para treinamento; o alvo simboliza quimicamente o objetivo de desenvolver a coordenação física para a qual o atirador ou o lançador praticam. Continuar a atirar e lançar sem o foco do alvo é “Marte sem um objetivo”; esta ação pode resultar em algum grau de exercício muscular, mas pouco, se algum, resultado sobre a coordenação muscular.
            Nós chamamos as crianças em crescimento de “adultos jovens”. Quando os objetivos do amadurecimento vital não são focalizados, então o crescimento mecânico – como no caso do treinamento de tiro e lançamento sem objetivo – eventualmente resulta na insegurança consequente ao desperdício de movimento e energia. “Encarnar” tem como propósito a doação de vida que é maturidade e que, astrologicamente, é indicado pela exaltação de Marte em Capricórnio, o signo saturnino do poder de assumir e cumprir responsabilidades. Estas responsabilidades são inerentes ao fato de que a maturidade da consciência implica em auto direcionamento e a responsabilidade espiritual é sua expressão construtiva. Na oitava genérica da expressão, “expressão construtiva” é vida geradora e cuidado com o que foi gerado, seja a encarnação de outros Egos – “nossas crianças” – ou o início de um padrão de trabalho – “nosso serviço”.
            Desperdiçar o amadurecimento é, em alto grau, uma ação mecânica que resulta em insegurança quando a pessoa é convocada em seu tempo para uma expressão madura, mas é incapaz de exercê-la. Ele fica à mercê das vibrações e poderes de outras pessoas e ele é incapaz de funcionar a partir de seu centro de auto direcionamento. Marte, deixando Áries e viajando pelo mapa em sentido anti-horário, deve se elevar a partir do ponto de Câncer no fundo do mapa; permanecer ancorado a uma segurança dependente é evitar a propulsão dinâmica ascendente do verdadeiro crescimento. Qualquer pessoa assim afundada tenta funcionar a partir da força de outra pessoa, ele não “conhece sua essência”. Ele fica fixo na “base”, mas como é incapaz de objetivos individualizados, não pode evitar sua falha em vivenciar o ideal da verdadeira segurança.
            Como aquilo que está crescendo precisa de proteção e sustentação, a verdadeira segurança dependente é o preenchimento de necessidades legítimas. O feto precisa da substância materna, o bebê e a criança em crescimento precisam de comida, abrigo, orientação e amor; o estudante precisa educação, o trabalhador precisa de um serviço objetivo e um rendimento. Todas as pessoas em evolução precisam do senso de segurança a partir de identidades específicas – afiliação familiar, afiliação religiosa, afiliação nacional, afiliação racial – até que sua verdadeira natureza interior se realize. Congestões na segurança-dependência resultam em anormalidades sexuais e psicológicas, cristalização em opiniões, preconceito, intolerância, fixação em expressões químicas como símbolos de segurança, medos raciais e nacionalistas e inimizades, sobretudo na incapacidade para se ajustar às mudanças necessárias para o desenvolvimento e flexibilização da consciência.
            Uma pessoa “chega” em um ponto específico de sua evolução; quando ela identifica aquele ponto como “uma realidade” ela permanece, de certo modo, parado por um tempo até cumprir os requerimentos daquele ponto. Se ela falha em se ajustar às mudanças necessárias – permanece fixa naquilo que se tornou familiar – ela “morre por dentro”, pois sua consciência não permite que as forças evolucionárias da vida se expressem através dela. E aquele “ponto” pode ser qualquer das coisas inumeráveis com as quais os humanos se identificam durante a sequência de suas encarnações.
            O signo de Câncer na Grande Mandala é o “símbolo-ninho” para a pessoa dependente. Exotericamente ele é “fonte quimicalizada” (considerar como manifesta na região química do mundo físico – sugestão do tradutor)– ventre, mãe, lar, nação e raça. Esotericamente ele é sua própria base psicológica – suas bases interiores como consciência de recurso de expressão para sua necessidade individualizada de maior preenchimento. A base psicológica nunca é dependente das expressões químicas da vida; uma vez estabelecida, a pessoa se baseia nela onde quer que vá durante sua encarnação. Esta instituição interior torna possível a ele se ajustar a quaisquer mudanças exteriores de circunstâncias, aqui é vista uma figuração da Lua – regente de Câncer – sendo exaltada em seu próprio signo de décima primeira casa, Touro. Touro corresponde a Câncer assim como Aquário regido por Urano corresponde a Áries – o padrão do signo da décima primeira casa é liberação e impessoalidade.
            A pessoa desorganizada– o nômade, o fora da lei e o insano – é assim, pois perdeu o senso de contato com sua identidade e foco interior. O nômade tem experiência, certamente, mas ela tem natureza de um movimento sem objetivo na vida; o fora da lei perdeu seu senso de pertencimento com as outras pessoas – ele está em estado de protesto contínuo contra algo nele mesmo (algo da fonte vibratória da encarnação presente) que ele não compreendeu ou percebeu claramente. Em outras palavras, não há conexão nas mentes destas pessoas, entre o que elas foram no passado, o que elas deveriam ser agora e o que elas podem vir a ser no futuro. Seu passado esquecido e seu futuro não delineado os mantêm suspensos em um presente sem propósitos.
            A pessoa que designamos “avara” é uma das mais inseguras, pois não está consciente da fonte de seu apego à quimicalidade – dinheiro – como símbolo de segurança. Sua ambição e incessante acúmulo representa seu fundamento interior dissoluto – ele busca segurança em “possuir” algo cuja identidade essencial é “meio de troca como expressão de sentimento em relação a outras pessoas”.
            A ligação excessiva a alguém amado é também sinal da dependência de segurança negativa, pois a pessoa em sofrimento identifica o outro humano como sua base psicológica. O amor devoto e fiel não é em si um “mecanismo de congestão”, senão a expressão de oitava superior do coração humano. Mas o tipo de amor que não pode viver de modo independente da proximidade química não é verdadeiramente amor, mas um símbolo de insegurança interior; qualquer um que identifique o outro como “segurança” está fora de sua própria base interior – ele é continuamente aflito por ansiedades, apreensões e tensões. A pessoa “deslocada” de si, diz que está ansiosa a respeito do bem estar do amado, mas é sua própria segurança que a deixa ansiosa. O amor verdadeiro é doador de saúde, fortalecedor da fé, inspirador de confiança; o “amante” temeroso em tensa dependência expressa justamente o oposto.
            Vemos então que a dependência excessiva de recursos exteriores é a raiz primordial da insegurança. A correção é encontrada na compreensão do que o externo simboliza e em estabelecer a realidade daquele símbolo na consciência, passando a expressar a partir daquela base psicológica; esta expressão é auto regeneradora e auto direcionadora; ela é simbolizada pela linha desenhada de Câncer em direção ascensional a Capricórnio na Grande Mandala. Esta é a figura da pessoa dependente e imatura transmutando sua consciência a partir da experiência para alcançar o estado de indivíduo maduro e independente. Nós reconhecemos, pois a polaridade é interativa e retroativa, que o diâmetro Câncer-Capricórnio representa as inseguranças presentes resultantes do passado não realizado e as seguranças presentes resultantes de realizações passadas. Aquilo que agora é estabelecido como som, a base psicológica integrada de poder, é pábulo para o exercício das realizações de responsabilidade. Ser livre da dependência de fatores externos qualifica para o auto direcionamento e funcionamento eficiente e dinâmico. Muitas pessoas assumem responsabilidades – família, trabalho etc. – mas sua base psicológica fragmentada, com a dependência resultante do exterior como segurança, os desqualifica para o cumprimento pleno daquilo que assumiram.
            Por exemplo – e há muito disso a ser estudado nesses tempos – um homem assume a responsabilidade de um trabalho no governo; ele é inseguro pela sua dependência excessiva do dinheiro como símbolo de segurança; ele denigre os princípios inerentes às responsabilidades de sua ocupação; ele “trabalha sobre os princípios de levar vantagem” e falha em cumprir o que prometeu para conquistar seu símbolo ilusório de segurança; em sua próxima encarnação ou em alguma encarnação futura – sua fé nas outras pessoas será desafiada pela sua falsidade e falta de princípios; elas simplesmente representarão sua própria insegurança intensificada, o resultado de sua imaturidade espiritual prévia (presente). Isto é um ponto importante a considerar: aderir aos princípios de um padrão de trabalho ou um padrão de relacionamento assegura a eficiência máxima na realização da responsabilidade e correspondentemente, uma eficiência máxima na maturação da base psicológica a ser trazida como “pábulo de força” para a próxima encarnação. O acúmulo de pábulo de força equivale ao acúmulo de Maestria relativa; a depleção do pábulo de força é estagnação em cumprir com o ideal.
            A pessoa que assume um padrão de responsabilidade e trai aquele padrão por escuridão interior e falta de princípios desintegra sua própria base psicológica em algum grau. Ele se desqualifica para maior expressão de poder até que acesse sua consciência, enfrente e passe nos testes que a Vida (sua própria consciência) traz para que prove seu mérito. Quando você como astro-filósofo estudar mapas para analisar as causas dos problemas alheios e reconhecer que o sofrimento decorre da dependência excessiva de fatores externos, saiba então que em algum lugar no passado ele se desqualificou e suas desqualificações se manifestam desta vez pela sua reação de dependência nas fraquezas dos outros. Ele dirá a você que seus pais nunca lhe deram o suficiente, ele nunca tem folga, seu chefe nunca o aprecia, sempre tiram vantagem dele e o provocam, ele sempre se envolve em acidentes automobilísticos, seus filhos estão sempre doentes, ele se divorciou três vezes, foi traído pela mulher que amava, etc. Estas histórias sempre representam inseguranças terrivelmente profundas, o resultado direto da traição dos compromissos de responsabilidade no passado. Agora, tal pessoa não sabe justamente quem é ou o que está aqui a fazer; suas motivações são minimamente percebidas; ele é desinformado de seus recursos de poder (pábulo de força); e sua consciência dos princípios de experiência é na melhor das hipóteses borrada. Ele tem que aprender novamente qual é a sua identidade e o que significa compreender princípios de experiência e os métodos espirituais para se expressar de acordo ao Princípio.
            Agora – um caso muito em evidência nos dias de hoje – segurança internacional.
            Este termo é um composto da consciência de segurança de cada humano agora encarnado. Nestes últimos tempos passamos a reconhecer mais claramente o “Um Mundo” que em qualquer outro momento histórico. Reconhecer “Um Mundo” é assumir a responsabilidade de viver de acordo. Não reconhecer – ou não ser capaz de reconhecer – “Um Mundo” simplesmente representa a aderência a conceitos nacionalistas separatistas; Não se pode esperar que pessoas nacionalisticamente pensantes “pensem internacionalmente” assim como não se espera que uma criança pequena ame as mães e os pais de outras crianças como seus próprios. Mas – e isto é muito significante – há muitos encarnados que professam a “Consciência de Um Mundo”, mas que a violam continuamente. O que nos traz à questão do “Americanismo”:
            Encarnar como cidadão dos Estados Unidos da América é assumir a responsabilidade de viver a “Consciência de Um Mundo”. Você e Eu e qualquer outro cidadão Americano qualificado para a encarnação aqui, e devemos justificar aquela qualificação ou reencarnar – sob formas muito menos liberais de governo. Estamos estabelecidos como uma nação sob a diretiva espiritual de liberdade e justiça para todos – e o “todos” não se restringe apenas aos Americanos. A comunidade desta nação é principalmente derivada dos antepassados de Europeus, Asiáticos e Africanos e devido à consciência – qualidade em que estamos – de sintonia aos princípios democráticos do viver fomos permitidos – temporalmente –a encarnar sob uma forma de governo baseada naqueles princípios.
            O horóscopo dos Estados Unidos da América apresenta o Sol e três planetas no signo de Câncer – somos verdadeiramente um “ninho” para humanos de todos os tipos de antecedentes raciais, nacionais e religiosos. O Sol em Câncer é o regente da quarta casa, e naquele signo se encontra em seu próprio signo da décima segunda casa – o “padrão redentor”. Câncer está na segunda e terceira cúspides; o Sol e dois dos planetas estão na segunda casa; Mercúrio, regente do Ascendente Gêmeos e dispositor do Marte e Urano Geminianos, está em Câncer na terceira casa; a Lua, regente da segunda e terceira casas está em Aquário; Saturno, regente da oitava e da nona casas, está exaltado em Libra em trígono com a Lua. Nossa “base psicológica nacional” (não há planetas na quarta casa em Leão) está focada nesta “congregação planetária” no signo de Câncer; pode ser interpretado como: educação e trocas de substâncias materiais de acordo com princípios governamentais democráticos como recurso espiritualizado de nosso progresso e evolução nacional.
            Alguma vez cometemos ultraje a estes princípios? Nosso tratamento aos nossos Índios Americanos e cidadãos Negros diz sim. Alguma vez gastamos nosso fabuloso legado de recursos naturais? A resposta é sim. Como nação inspirada democraticamente, permitimos a compra e venda de camaradas humanos? A história da escravidão negra neste país diz sim. Estimulamos a fraqueza de outras pessoas? A história dos calotes das dívidas de guerra de outras nações diz sim. Estamos em Dezembro de 1950 – jornais nas últimas semanas revelaram a permissão da venda de produtos Americanos a nações contra as quais estamos em guerra – uma repetição, em parte, da história da venda de sucata de ferro aos Japoneses durante seu ataque aos Chineses nos anos 30. Isto, da parte de um governo democrático é certamente a blasfêmia suprema contra nosso princípio de “justiça para todos”.

            Para dizer mais, aquele “nada pode ser feito a esse respeito” é o máximo supremo da patética aquiescência; tais violações de nossos poderes, como custódia de substâncias, devem ser interrompidas. Desde que uma expressão química apenas representa um estado interior, dizer que estamos “com medo dos comunistas Chineses”, “com medo dos Russos”, “com medo de bombardeio atômico” é apenas meia verdade. Estamos receosos dos resultados de nossa própria violação dos princípios e o caminho que estamos enveredando hoje no oriente é o resultado da difamação daqueles princípios que inspiraram a fundação desta nação. Alimento para o pensamento! Permita-se cada Americano se aperceber de como vive sua cidadania. A cidadania americana é uma benção a ser honrada na vivência – não é apenas algo que “caiu em nosso colo” para se tirar vantagem de modo impensado e dispendioso. Na medida em que nos expressamos em termos de intolerância religiosa, preconceito racial, corrupção financeira e falta de integridade pessoal, nos desqualificamos para este privilégio; na medida em que auxiliamos os outros a responsabilizarem-se na administração de recursos de forma inteligente e pelo bem de todos na terra, mantemos nossa mente aberta para a melhor apreciação das qualidades e direitos de todos assim como nossas qualidades democráticas. Nós, como nação, somos o poder democrático; nós, como Americanos, somos microcosmos daquele poder e é nossa responsabilidade espiritual e nossa alegria pessoal manifestar aquele ideal enquanto estivermos encarnados. Isso, nada mais, assegurará nossa segurança nacional e individual. Devemos, como Americanos e Terráqueos, operar a partir de base psicológica – “o pábulo de poder” – de nossos princípios espirituais. A regeneração de Capricórnio e o cumprimento do idealismo democrático é o “amadurecimento” da base de Câncer. Compreender essa maturidade é o significado de “ser Americano” e o significado de “sermos Terráqueos democráticos”.