domingo, 10 de fevereiro de 2013

CAPÍTULO XVI - O ASTRÓLOGO


Livre tradução de: http://www.rosicrucian.com/sia/siaeng20.htm#chapter1
 
            O astrólogo pertence a um daqueles grupos de pessoas que, impulsionadas pelo amor impessoal, buscam atrair mais elementos para o aprimoramento das condições humanas. O Astrólogo atingiu um ponto de desenvolvimento em que seus recursos internos, extraídos de encarnações passadas, tem características tais de esfera de ação que não mais podem ser retidos, e sim exteriorizados. Em outras palavras, tem algo em si que não satisfaz nos meros níveis de experiências pessoais ou biológicas. A naturalidade de sua ação impessoal torna-se uma expressão de seu próprio desenvolvimento e de sua experiência como ser humano; entretanto, suas intenções são para o mundo dos seres humanos em geral.

          Consideremos o astrólogo à luz de “esquemas astrológicos”: tracemos, pois, o diâmetro vertical e horizontal no circulo do zodíaco. A cruz resultante simboliza a humanidade do astrólogo, isto é, um homem ou uma mulher encarnados com o propósito de se desenvolverem no trato com problemas, provas e tentações peculiares, talvez sujeitos às várias formas de provas, através do sofrimento. É a sua parte pessoal, mas, ao agregarmos à cruz-padrão mencionada, a cúspide da nona casa, temos a emergência do astrólogo, surgindo das limitações de um simples ser humano. Ao anexarmos, ainda, o símbolo de Júpiter à nona casa, fica assinalada sua identidade essencial: ele é “Irmão mais velho”, o instrutor.

          Na condição humana, neste plano, ele é irmão de todos aqueles que vêm a ele em busca de orientação, reconhecendo que palmilha os mesmos caminhos peculiares a todas as pessoas, mas que o diferencia dos demais: os fundamentos de seu amor impessoal, o alcance da compreensão das condições humanas e suas faculdades mentais abstratas. Tais fundamentos elevam sua consciência a um nível que transcende as bases biológicas das motivações de pensamentos e de sentimentos comuns, podendo ver através dos conceitos de raça, de grupo-religião, de casta, de formas familiares, das relações físicas e mesmo sexuais. O modo de trato com seus irmãos e irmãs mais jovens nasce do estudo e da compreensão de seus modos vibratórios, isto é, da expressão de suas consciências.

          Seu estudo fundamental é aquele que representa a natureza vibratória da entidade a que chamamos humanidade, nas miríades de expressões e variações, manifestadas por impressões e sentimentos subconscientes, inclinações emocionais, atributos e condições físicas e reações específicas em relação a todos os campos de experiência e relacionamento comuns a ela através de seu processo evolutivo. A humanidade não é apenas uma família – é uma coisa única, um padrão particular de expressões da vida.

          O astrólogo é, naturalmente, uma faceta dessa totalidade; e pela percepção e compreensão relaciona-se a muitas outras facetas, tal como uma pessoa que, no alto de uma montanha, relaciona-se com os que estão subindo ou com aquelas que permanecem no vale. Nesse nível particular de evolução ele já extraiu algo daquilo que os escaladores da montanha ou aqueles que estão no vale ainda não extraíram, quer dizer, a consciência dos princípios universais e de suas expressões, através dos processos da vida humana. Por sua vez, ante ele também existem montanhas mais altas, nas quais se situam aqueles que estabeleceram “pontos de observação” mais elevados. Entretanto, há um denominador comum a todos: é a consciência impessoal, o sentimento de fraternidade que o relaciona com aqueles que ainda estão subindo e com os outros que permanecem no vale do mundo e ainda com aqueles que lhe estão acima. Eis porque ele é o irmão mais velho para aqueles que estão abaixo, ao passo que, para os que lhe estão acima, é irmão mais moço. Para os que estão no vale, todos os que estão subindo no topo representam os irmãos mais velhos, pois os de baixo ainda permanecem no vale da consciência meramente material e biológica.

          Em nosso esquema, a nona casa simboliza o aspecto do conhecimento ou da sabedoria do Astrólogo. Seu aspecto Amor é mostrado pela décima primeira casa. Acrescentando o símbolo de Aquário à cúspide da décima primeira casa e mais o símbolo de seu regente, Urano e sombreando a nona e décima primeira casa, de modo que sobressaiam das demais e, finalmente, traçando linhas que partam da terceira e quinta casas, designaremos um conjunto com dois modos de polaridade: 1) a nona casa, ligada a terceira casa, mostra o conhecimento que ascendeu à sua transcendente expressão de sabedoria extraída da experiência; 2) a décima primeira casa ligada a quinta casa, o amor impessoal como expressão criativa que ascendeu ao nível espiritual de limitado amor impessoal pela humanidade, não importando os primitivos níveis de manifestação ou desenvolvimento. O aspecto de amor consciente do Astrólogo, designado pela décima primeira casa e a essência vibratória de Urano, é a culminação de todas as casas de relacionamento e da mais espiritualizada expressão dos signos de ar. A décima primeira casa é o relacionamento humano em sua mais multiforme expressão. Representa todos os modos de relacionamento, isto é, o poder-amor em suas expressões de “água da vida”, a panacéia para todas as experiências emocionais, o supremo alvo de todo o amor humano. Chamamos a esse estado de “Amizade pura” – a essência do melhor que pode originar-se da unidade das pessoas, não importando quem ou o que possam ser como indivíduo.

          Esse aspecto-amor, por sua própria natureza, é a essência incorporada ou fundida dos aspectos - amor de ambos os sexos ou polaridades. O Astrólogo, por meio de sua experiência intensificada em encarnações passadas, extraiu a tal grau a compreensão das características emocionais masculinos e femininos, que se tornou assim, hábil para compreender os íntimos problemas do homem e da mulher. Dessa forma, para o cumprimento de seu serviço, pode avaliar a direção a ser tomada ao iniciar o processo de correlação e de regeneração.

          A consciência do Astrólogo, com referência ao seu aspecto-amor, poderá ser mais claramente delineada por outro desenho (aquele que mostramos refere-se particularmente às direções evolucionárias ou aos caminhos que devem ser percorridos por todos os que buscam prestar o serviço por meio da interpretação astrológica). A florescência da consciência amorosa do astrólogo mostra-se pelo círculo no qual as cúspides da terceira, sétima e décima primeira casas formam um triângulo equilátero, sendo bastante interessante um ponto deste triângulo – a cúspide da terceira casa – que situa no hemisfério inferior ou na consciência do Ego; e a cúspide da sétima casa marca o ponto de equilíbrio, sendo oposto ao Ascendente; e a cúspide da décima primeira casa, representando o mais elevado ponto da consciência de relacionamento encontra-se no hemisfério superior ou consciência da alma. Há neste esquema um denominador comum – a Fraternidade ligando essas três casas entre si. A terceira casa, no nível biológico, são “irmãos e irmãs; numa expressão mais impessoal os “companheiros estudantes”, aquelas pessoas de qualquer idade ou condição, companheiros da mesma religião ou interpretação filosófica. A sétima casa é o relacionamento fraternal de uma pessoa ou consciência com uma expressão complementar, seja sexual ou vibracional. A “Fraternidade do casamento” pode ser assim descrita: um homem e uma mulher servem conjuntamente na fruição da vida por meio de experiências amorosas e procriativas. Marido e mulher, nessa forma vital de servir são realmente irmão e irmã, numa expressão de consciência intensificada da terceira casa pela reunião dos poderes de atração e do desejo gerando a liberação do amor. A décima primeira casa, no hemisfério da consciência da alma é a expressão transcendente das duas primeiras, uma vez que representa a expressão do amor para com a entidade total que designamos sob o nome de Fraternidade. Assim a expressão do amor não está confinada a uma parte apenas ou a partes selecionadas da humanidade. Impulsionado espiritualmente o Astrólogo permanece como símbolo vivo daquele amor que não reconhece barreiras ou limitações de qualquer espécie em suas expressões.

          Consideremos agora um desenho que é o retrato simbólico do Astrólogo dentro das expressões compostas da consciência humana e espiritual. Com o circulo dividido em casas, sombreiem as seis primeiras casas com a cor escura, marrom ou azul; as sétima e oitava casas com a cor vermelha, simbolizando os “fogos” do relacionamento e de regeneração; e as quatro casas restantes permanecem em branco; símbolo da consciência espiritualizada. O retrato resultante é o de um ser humano cujos elementos vibratórios e ambientais são essencialmente os de qualquer outra pessoa; ele tem experimentado muito desenvolvimento através da transmutação de suas vibrações inferiores pelos poderes espiritualistas do idealismo, do amor, do serviço, do sacrifício, da autodisciplina e do cumprimento de responsabilidades. Ele tem sido muitas coisas – como trabalhador; tem cumprido a maioria dos padrões de experiência na relação de amor – como macho e fêmea; ele é – ou tem sido – algo assim como um artista porque suas percepções mentais incluem a compreensão do simbólico e do abstrato. Está cônscio do drama da vida, e é sensível às nuances dos pensamentos e sentimentos humanos quando se apresentam nos problemas que ele estuda. Ele conhece o mal, mas sua mente e seu coração se fixam no bem. Ele estuda os problemas para cumprir o propósito de achar suas soluções. Sendo sua motivação amorosa, ele irradia encorajamento, neutraliza o medo, ilumina a consciência de seus irmãos e irmãs ao alertá-los para a força e poderes que possuem. Ele é – e se dá conta de que é – uma “porta aberta” através das quais todos os que queiram, podem passar da escuridão de seus padrões não regenerados para a luz do conhecimento de si mesmo. Não aprova nem desaprova qualquer coisa que vê em qualquer Carta astrológica – mantém seus sentimentos pessoais fora do quadro – porque reconhece que cada Carta é uma representação do bem em formação.

          Em relação à pessoa que pede a sua ajuda, vêmo-lo representado por este desenho: uma roda astrológica com as primeiras seis casas coloridas ou sombreadas, e com as seis casas superiores deixadas em branco. Neste desenho, as casas inferiores sombreadas representam a pessoa com o seu problema; as casas em branco representam o astrólogo e sua consciência espiritualizada. Todos os problemas humanos são originados nas expressões não regeneradas das seis primeiras casas; eles são trazidos ao seu foco mais intenso através da ação conjugada das sétima e oitava casas, e as soluções são encontradas nos poderes regeneradores das quatro últimas casas. Nesta representação o astrólogo reflete os potenciais de regeneração da pessoa. A ação magnética do poder do amor atrai a pessoa ao astrólogo, que espera ajudar a todos os que precisam dele e, pelos poderes destilados de sua consciência regenerada, está apto a estudar a Carta do requerente, lançando-lhe um facho de luz nos recantos obscuros e percebendo o corretivo espiritual necessário à consciência do indivíduo para o seu problema.

          Em contato com a pessoa, o astrólogo tem a responsabilidade de pôr de lado todos os padrões de perturbação pessoal quando assume a tarefa de ler-lhe a Carta astrológica. Ele deve ser o hemisfério branco, e na eventualidade de estar lidando com uma perturbação pessoal profunda parece que seria melhor protelar a leitura até que possa estabilizar seu equilíbrio interno. Reconhecendo a qualidade impessoal do seu serviço, ele sabe que é um instrumento pelo qual o bem do indivíduo é trazido à tona, e que realmente não tem o direito de impor a pessoa, já perturbado ou preocupado, os seus próprios atritos íntimos. Sua responsabilidade é a de refletir luz – clara, forte e firmemente.

          Como todas as formas de serviço impõem certos padrões característicos de prova para os aspirantes, pode ser bom considerar algumas das principais provas que são, cedo ou tarde, enfrentadas por todos os astrólogos.

A grande responsabilidade do astrólogo é manter seu ponto de vista livre de toda falsa pretensão, de orgulho e cobiça de poder. Tais tentações são muito sutis, de maneira que pode ser muito difícil percebê-las conscientemente. O ser capaz de ler um horóscopo com sensibilidade coloca nas mãos do astrólogo certo poder sobre a mente ou sobre as emoções da pessoa da Carta; esta, sendo até certo ponto dependente do astrólogo, pode tender a sentir e expressar certa reverência ao astrólogo, o que pode ser muito lisonjeiro à sua humana consciência. O astrólogo deve manter respeito à sua própria instrumentação; se assim faz não cairá na armadilha de permitir que a sua habilidade se converta numa fonte de estímulos às vaidades latentes; ao invés disso, ele a conservará como uma “candeia ardendo brilhantemente no altar do serviço espiritual”.

         O astrólogo servirá melhor se puder manter o rendimento de seu serviço livre de todos os reclamos limitadores de remuneração financeira. Se ele pode ganhar a vida de outra maneira e faz do seu trabalho astrológico uma expressão criativa, ele tem muito melhor oportunidade de manter seus canais abertos e desobstruídos. O cliente tem todo o direito de oferecer compensações se assim o deseje – desde que queira estabelecer equilíbrio na relação com o astrólogo pelo que ele considere um intercâmbio correto e para expressar o seu apreço. Contudo, a remuneração não pode ser deixada transformar-se em um fator estático para o astrólogo se o mesmo quer manter-se como um símbolo de dádiva universal. A partir do momento em que estabelece um programa de taxa específica para seu serviço ele se arrisca a isolar-se de muitas pessoas que podem precisar de sua ajuda, mas que não podem solicitá-la porque não podem pagá-lo. Em suma, o astrólogo que mantém seus canais de serviços abertos e livres é o que serve melhor, mais completamente, mais felizmente e mais espiritualmente.